Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte
e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los
(Mt 5, 1-2).
São quatro ações de Jesus descritas
na abertura do Sermão da Montanha (Mt 5). Faça as contas: “Vendo Jesus as multidões (1ª. Ação), subiu ao monte (2ª.
Ação) e sentou-se (3ª. Ação). Os discípulos aproximaram-se (essa ação é
dos discípulos), e Jesus começou a ensiná-los (4a. Ação de Jesus). Quatro,
você sabe, é um número de totalidade, abrangente como os quatro pontos
cardeais.
Estamos no início do chamado Sermão
da Montanha, que compreende os capítulos 5, 6 e 7 de Mateus. O Sermão da
Montanha é a proclamação da Lei do povo da nova aliança.
Vamos às quatro ações iniciais de
Jesus. A primeira foi “Vendo as multidões”... Ele vê o povo que acorre para
ouvi-lo, para pedir a cura de suas doenças... Ele não vê só com os olhos, vê
com o coração. Na história que contou do homem assaltado e caído na estrada, só
o samaritano viu, aproximou-se e cuidou dele. O sacerdote e o levita viram, mas
passaram adiante. Jesus vê as multidões como Deus que falou com Moisés no Monte
Sinai: “Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi seu grito
por causa dos seus opressores, pois eu conheço as suas angústias”. A primeira
ação foi “Ver as multidões”, um olhar de compaixão e de compromisso com o seu
bem.
A segunda ação de Jesus foi “Subiu ao
Monte”. Que detalhe curioso, “subiu ao monte”! Que monte? Com certeza, uma das
colinas próximas de Cafarnaum. O monte, na tradição bíblica, é um lugar
privilegiado de encontro com Deus. Mas, por que subiu com a multidão ao monte?
Claro, ele é o novo Moisés que está levando o povo hebreu para o Monte Sinai,
para prestar culto a Deus, celebrar aliança com ele e dele receber a Lei.
“Subiu ao monte” é uma ação cheia de significado. Refazendo o caminho da
história, Jesus, o novo Moisés, está restaurando o seu povo, que renasce em
aliança com Deus.
A terceira ação foi “sentou-se”. Por
que sentar-se? Por que estava cansado? Para ficar mais próximo do povo? Os
mestres, em Israel e em outros povos, ensinavam sentados. Na Sinagoga, o
pregador ficava sentado. Lembra Jesus, na Sinagoga de Nazaré?
Depois que leu, de pé, o profeta Isaías, sentou-se para explicar aquela
passagem. Na Sinagoga, havia uma cadeira especial para o pregador, perto do
púlpito, num lugar de destaque. Chama-se a Cadeira de Moisés. Quando pediu uma
barca para se afastar da multidão e falar-lhes sobre o Reino de Deus, lembra em
que posição Jesus ficou? Sentado, claro. Sentar-se é a posição de quem vai
ensinar, Jesus assume a condição de Mestre. É o novo Moisés que ensina a Lei de
Deus ao seu povo.
A quarta ação foi “começou a
ensiná-los”. O que ele começou a ensinar vem a seguir: as bem-aventuranças, as
bem-aventuranças do Reino. Na interpretação que se fazia do decálogo do Monte
Sinai, o bem-aventurado era o praticante da Lei, o que observava os mandamentos
e as normas. Nas bem-aventuranças do Monte, Jesus proclama que o Reino de
Deus é um dom para os humildes, os sofredores, os pecadores. O Reino é o
consolo para os aflitos e perseguidos, a vitória da justiça e da paz para os
sofredores, a força dos mansos, o conhecimento de Deus para os de coração
limpo, a misericórdia para os pecadores. Afinal, o bem-aventurado no povo da
nova aliança é o humilde e pecador amado por Deus.
Ouvindo essa palavra, sinta-se no
meio daquela multidão. Você está na lista dos bem-aventurados do Reino. Não
porque você seja muito bom, nem muito santo, nem muito praticante da Lei de
Deus. Você está na lista dos bem-aventurados porque, na sua fraqueza, nos seus limites,
na sua condição de pecador, Deus ama você. É o que Jesus está dizendo.
Vamos guardar a
mensagem de hoje
Está começando o
Sermão da Montanha. Jesus, com compaixão, vê o povo, como Deus na revelação a
Moisés, da sarça ardente. Jesus, com o povo e os discípulos, sobe ao monte. Ele
é o novo Moisés que liderou a saída do Egito e levou o povo ao Monte Sinai para
celebrar a aliança com Deus. Ele é o mestre que, sentado, ensina ao seu povo a
lei do Reino de Deus. O seu ensinamento é o manifesto do Reino. Os pequenos são
os amados de Deus, os cidadãos do seu Reino. A celebração de Todos os Santos é,
antes de tudo, a glorificação de Deus que elegeu os pequenos e sofredores como
cidadãos do seu Reino.
Vendo Jesus as
multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e
Jesus começou a ensiná-los (Mt 5, 1-2)
Vamos
acolher a mensagem com as palavras do Salmo 23,
o salmo de hoje:
— É assim a
geração dos que procuram o Senhor!
— “Quem
subirá até o monte do Senhor,/ quem ficará em sua santa
habitação?”/ “Quem tem mãos puras e inocente coração,/ quem
não dirige sua mente para o crime”.
- Glória ao Pai e ao
Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Vamos
praticar a palavra que meditamos
Para ajudar você a
guardar e praticar a palavra de hoje, fica aqui uma sugestão. Do que você vai
escutar na pregação deste domingo (na Missa de sua comunidade ou em algum meio
de comunicação), anote uma frase que tenha chamado a sua atenção.
Pe.
João Carlos Ribeiro – 29.01/04.11.2017
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