PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: O GRÃO DE TRIGO

O GRÃO DE TRIGO

Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto (Jo 12, 24)


O grão de trigo é Jesus. Somos nós também. O grão de trigo que cai na terra e morre, partindo-se na germinação, gera uma nova vida.  Jesus está falando de sua morte, propriamente do sentido de sua morte. Sua morte não seria o fim. Seria o coroamento de sua missão, o ápice do seu serviço. "Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas se morre, produz muito fruto". Se o grãozinho de trigo semeado nega-se a entregar-se, a abrir-se à terra, a dar-se por completo, permanecerá apenas um grãozinho, estéril, e daí a pouco será assimilado pela terra. Nada sobrará.  Mas, se generosamente se entregar, se se abrir de dentro pra fora, morrendo na sua condição de grão, vai gerar uma nova planta que vai dar muitas espigas, multiplicar-se, alimentar muita gente. A morte da semente é a geração de uma nova vida, é o milagre do renascimento. Olha que sábia comparação essa de Jesus. A morte já contém a vida, se a vida for vivida com sentido.


Jesus veio nos comunicar a vida de Deus e fez isso de muitas maneiras, nos entregando sua Palavra, defendendo e promovendo a vida ameaçada, ensinando-nos o mandamento do amor, trazendo-nos o perdão de Deus. Mas, o gesto mais eloquente de sua missão, a ação redentora por excelência pela qual nos comunicou a vida de Deus foi a sua morte. Deu sua vida, comunicando-nos a vida de Deus. Grão que morre, brotando em uma nova vida. A Eucaristia é a celebração dessa oferta de sua vida: corpo entregue, sangue derramado para remissão dos nossos pecados. Assim, a sua morte não é o fracasso, a derrota, o fim de tudo. Antes, é a vitória da fidelidade e do amor que nos comunicam a vida de Deus.
Agora, por que estamos lendo esse texto hoje? Por causa da festa de São Lourenço que ocorre hoje. Lourenço foi um diácono da Igreja de Roma que foi martirizado no tempo do Imperador Valeriano, no século terceiro. Primeiro, foi martirizado o Papa, Xisto II, de quem ele era colaborador. Lourenço era o tesoureiro da Igreja e o Prefeito de Roma confiscou os bens da Igreja. No dia de apresentar à justiça a riqueza da Igreja, Lourenço reuniu uma multidão de pobres e abandonados assistidos pelos cristãos e os apresentou como sendo o tesouro da Igreja. Coitado, pagou caro, foi torturado de muitas formas, até ser assado numa grelha. Mas, não perdeu a esportiva. No meio da execução, ele avisou aos carrascos que o virassem, pois já estava assado de um lado. Esse é o São Lourenço que estamos celebrando hoje.


Jesus foi o grande mártir, o exemplo número 1 para todos os seus seguidores. Ele não se poupou a si mesmo, pelo contrário, entregou-se por inteiro à missão que recebeu do Pai, inclusive abraçando todas as reações negativas que o levaram à perseguição, à prisão, à tortura e à morte cruel. Ele é o grão de trigo que se entrega à terra e gera vida nova. Lourenço, e todos os mártires, fizeram como Jesus, entregaram-se, como grãos de trigo semeados.


Vamos guardar a mensagem de hoje


Jesus comparou sua vida e sua morte com o grão de trigo semeado na terra. Toda sua vida na carne foi uma completa doação, dando-se a si mesmo, mais do que oferecendo conselhos ou curas. Ele foi o grão de trigo semeado na terra, que a si mesmo se entregou gerando vida nova. Foi na sua morte que ele nos comunicou a vida. A Eucaristia, que ele celebrou na última ceia, resume a sua completa doação de si mesmo: corpo entregue por nós e sangue derramado em nosso favor. Com Jesus, aprendemos, a realizar nossa vida com verdadeira entrega, dedicação e fidelidade até o fim. Como grãos de trigo. Se não há entrega, não vem vida nova.  
Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto (Jo 12, 24)
Vamos acolher a palavra com uma prece
Senhor Jesus,
Quantas lições aprendemos em tua Palavra! Uma família não se constrói com gente comprometida apenas pela metade, poupando-se, fazendo o mínimo. Na verdade, nenhuma vocação – a do casamento, a do serviço do altar, a da consagração – nenhuma vocação é fecunda sem entrega, sem dedicação, sem renúncia. É o grão de trigo que cai na terra e morre.  Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Pe. João Carlos Ribeiro – 09.08.2017

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