PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

NÓS SOMOS TESTEMUNHAS!




18 de abril de 2021
Terceiro Domingo da Páscoa

EVANGELHO


Lc 24,35-48

Naquele tempo, 35os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!”
37Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. 38Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? 39Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”.
40E, dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés.
41Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43Ele o tomou e comeu diante deles.
44Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.
45Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46e lhes disse: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. 48Vós sereis testemunhas de tudo isso”.

MEDITAÇÃO


Vocês serão testemunhas de tudo isso (Lc 24, 48)

Estamos no terceiro Domingo da Páscoa. A vida cristã está permanentemente sob o impacto da morte e ressurreição de Jesus. Ele viveu entre nós, padeceu, morreu e ressuscitou. Ele está vivo e presente entre nós. Nesse mistério, estamos mergulhados desde o batismo. Morremos com ele. Ressuscitamos com ele. Na Santa Missa, é também esse mistério que celebramos: sua morte e ressurreição. 

Depois da ressurreição, Jesus continuou a se encontrar com os seus discípulos, por algum tempo, ajudando-os a assimilar essa nova realidade. Por sua ressurreição, ele elevou a nossa humanidade à condição de plenitude. Não só ressuscitou, mas abriu o caminho de nossa completa realização em Deus. Como primogênito da criação, disse São Paulo, ele vai à nossa frente. 

As leituras bíblicas deste período querem nos ajudar a contemplar também o mistério de nossa participação na ressurreição de Cristo. A  sua ressurreição não é apenas a sua glorificação, na vitória sobre a morte, o pecado e o mal. É também comunicação da vida de Deus a nós, de sua graça, de seu perdão. Então, vale a pergunta: Onde nós podemos experimentar a ressurreição de Jesus? As leituras de hoje, me parece, nos dão a resposta em sete pontos.

1. Experimentamos a ressurreição de Jesus na fé que vence o medo. Jesus se apresentou no meio deles, e eles, cheios de medo, pensaram que era um fantasma. Jesus insistiu: sou eu mesmo. Vejam minhas mãos e meus pés. 

2. Experimentamos a ressurreição de Jesus na conversão, recebendo o perdão dos nossos pecados. Ele se fez vítima de expiação pelos nossos pecados. O perdão que Deus nos dá nos faz viver uma vida nova, ser conduzidos pelo Espírito Santo. 

3. Experimentamos a ressurreição de Jesus na prática dos seus mandamentos. Escreveu São João em sua primeira carta: “Naquele que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”. 

4. Experimentamos a ressurreição de Jesus na participação na comunidade que se reúne em nome de Cristo. Os dois discípulos de Emaús reintegraram-se à comunidade, em Jerusalém, onde estavam reunidos os Onze e os outros discípulos e discípulas. Na assembleia reunida, Jesus se apresentou no meio deles.

5. Experimentamos a ressurreição de Jesus na meditação das Escrituras, percebendo como o propósito de Deus se realizou em seu filho e acolhendo o que ele nos revela sobre nossa condição de seus filhos amados. 

6. Experimentamos a ressurreição de Jesus na celebração da Eucaristia. Os discípulos de Emaús contaram como encontraram Jesus no caminho e na fração do pão. O próprio Jesus, no meio da comunidade ainda perplexa, perguntou se não tinham algo para comer. E comeu peixe assado à vista de todos. Na Eucaristia, encontramos Jesus vivo e ressuscitado.

7. Experimentamos a ressurreição de Jesus no compromisso com a missão. Em seu nome, anunciamos a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações. Somos testemunhas de tudo isso (At 3,15. Lc 24,48). 

Guardando a mensagem

Neste tempo pascal, a liturgia vai nos ajudando a contemplar o mistério da ressurreição de Cristo e da nossa ressurreição com ele. A ressurreição do Senhor não é só uma verdade a ser contemplada, mas também uma experiência a ser vivida. As leituras bíblicas deste terceiro domingo da páscoa podem nos ajudar a responder a esta pergunta: “Como podemos experimentar a ressurreição de Jesus em nossa vida?”. A resposta pode ser captada em sete pontos: na fé que vence o medo, no perdão dos pecados que recebemos em nossa conversão, na prática dos seus mandamentos, na participação na comunidade cristã, na meditação das Escrituras, na celebração da Ceia Eucarística e no compromisso com a missão. Em tudo isso, age Jesus ressuscitado, por meio do seu Santo Espírito, nos unindo ao Pai.

Vocês serão testemunhas de tudo isso (Lc 24, 48)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus, 
Cremos na tua ressurreição. Por ela, elevaste a nossa condição humana ao nível da comunhão com Deus. Pela fé e pelo batismo, mergulhamos em tua morte redentora, emergindo para a vida nova da graça. Estamos ressuscitados contigo, Senhor, embora nossa condição de filhos não esteja ainda plenamente revelada. Mas, já estamos experimentando a força renovadora de tua ressurreição de muitas formas, em nossa vida cristã. Que esta dinâmica divina pela qual estás fazendo novas todas as coisas nos ajude a ser uma força de mudança neste mundo, em favor da justiça, da paz, da liberdade. Não permitas, Senhor, que a nossa inclinação para o egoísmo, para a indiferença, para o ritualismo acabem por imobilizar a tua viória sobre o pecado, o mal e a morte. Que, no mundo, como nos pedes, sejamos testemunhas de tua ressurreição na defesa e promoção da vida e na construção de um mundo renovado pela fraternidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a Palavra

O domingo, o Dia do Senhor, nossa páscoa semanal, é dia de Santa Missa com a sua comunidade. Pode ser que, dadas as restrições deste tempo de pandemia, você tenha que participar remotamente. Em qualquer caso, participe com atenção e piedade. 

Todos os domingos, eu celebro a Santa Missa, às 17 horas, com transmissão pela Rádio Tempo de Paz. Para participar, você só precisa baixar o aplicativo no seu celular. 

Um abençoado domingo. E até amanhã, se Deus quiser!

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB 

O MAR ESTAVA AGITADO



17 de abril de 2021

EVANGELHO


Jo 6,16-21

16Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. 17Entraram na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles.
18Soprava um vento forte e o mar estava agitado. 19Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros, quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e aproximando-se da barca. E ficaram com medo.
20Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. 21Quiseram, então, recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo.

MEDITAÇÃO


Soprava um vento forte e o mar estava agitado (Jo 6,18).

O que aconteceu foi o seguinte. Os discípulos, de tardezinha, pegaram a barca pra voltar para Cafarnaum, que ficava do outro lado do mar. O mar deles, na verdade, era o grande lago da Galileia. Jesus tinha ficado no monte. Tinha se esquivado do povo que o queria proclamar rei, depois da multiplicação dos pães. A travessia estava muito difícil. Escureceu, o vento contrário foi ficando forte e o mar ficou agitado. Já estavam na metade da viagem quando viram aquele vulto andando sobre as águas, vindo na direção deles. Foi um medo só. Jesus de lá gritou: “Sou eu. Tenham medo não”. Puxa, que susto. Eles ficaram esperando que Jesus subisse na barca, mas nem deu tempo. A barca de repente chegou ao destino.

O que essa história está ensinando? Só contando um fato curioso? Certamente que não. O próprio texto (Jo 6, 16-21) já nos dá uma pista de compreensão. A palavra “mar” (ou águas), por exemplo, está repetida quatro vezes. ‘Mar’ é sempre uma representação do mundo a que os discípulos estão enviados como missionários. O ‘mar’ é o mundo onde se realiza a missão. A palavra “barca” está repetida quatro vezes. Não pode ser por acaso. ‘Barca’, você sabe bem, é uma representação da comunidade, da Igreja. A barca de Pedro é a Igreja, a comunidade dos discípulos. O que é que está acontecendo? Eles estão tentando atravessar o mar e estão encontrando muita dificuldade. O que significa a barca dos discípulos atravessando o mar? É a Igreja realizando a sua missão no mundo, no meio de muitas dificuldades. Note as palavras que aparecem: já estava escuro, os ventos eram contrários, o mar ficou agitado. Que dificuldades encontra a Igreja na realização de sua missão? Nem precisamos fazer uma lista, ou precisamos? O Papa acabou de falar, na Exortação sobre a Santidade, de duas correntes muito fortes que enfraquecem a fé. Ele falou do gnosticismo e do pelagianismo. É, o mar continua revolto. E os ventos, contrários. Noite escura nessa travessia. Olha, como esse texto é atual!

Voltemos ao mar da Galileia. O que aconteceu no meio daquela apreensão toda dos discípulos, coitados, no meio daquela tempestade? Eles viram um vulto andando sobre as águas e vindo na direção deles. Ficaram de cabelo em pé. Mas, reconheceram quem era, quando ele se apresentou. Lembra o que foi que Jesus disse? Vou recordar: “Sou eu. Tenham medo não”. E quem é ele? Claro, é Jesus. Mas, ele disse SOU EU. Disse como Deus, o Pai, tinha dito no Monte Sinai a Moisés. EU SOU. Diga ao Faraó que EU SOU mandou dizer que liberte o meu povo. EU SOU é Deus. Podemos pensar assim: no meio daquele vendaval, daquela tormenta, os discípulos fizeram uma experiência maravilhosa: Jesus é Deus. Ele é EU SOU. Você lembra que muitas vezes ele foi se revelando: Eu sou o pão vivo descido do céu. Eu sou o Bom Pastor. Eu sou a Luz do Mundo. Ele é Deus. É Deus quem domina o mar, é Deus quem acalma a tempestade. Por falar em tempestade, cadê a tempestade? Mal os discípulos se prepararam para Jesus entrar na barca, tinham chegado.

Guardando a mensagem

O mar é o mundo, onde os discípulos levam adiante a missão que Jesus lhes confiou. A barca é a comunidade dos discípulos, a Igreja. De vez em quando, a comunidade se encontra cercada de problemas e dificuldades, no meio de uma verdadeira tempestade. Em momentos como esse, faz uma profunda experiência de Deus. Jesus mesmo vem ao seu encontro. Jesus é o Deus vencedor do pecado, do mal e da morte. É ele quem garante o êxito da missão, ele domina a tempestade.

Soprava um vento forte e o mar estava agitado (Jo 6,18).

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
Minha família também é como uma barca, navegando no mar. De vez em quando, dá cada tempestade! Pensando bem, nunca nos deixaste sozinhos no meio das tormentas. Nós é que somos distraídos. Tu vens ao nosso encontro, mesmo quando partimos sem ti. É quando experimentamos, com emoção, a força de tua proteção, a grandeza do teu amor. Tua presença acalma a tempestade. Muito obrigado, Senhor. Tu és o nosso Deus e Salvador. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

É possível que, hoje, se apresente uma oportunidade para você dizer uma palavra de fé que ajude a acalmar uma tempestade. Se aparecer essa oportunidade, dê seu testemunho sobre Jesus: testemunhe que é ele quem acalma o mar.

Pe João Carlos Ribeiro, SDB

A SOLUÇÃO ESTÁ EM NOSSAS MÃOS




16 de abril de 2021

EVANGELHO


Jo 6,1-15

Naquele tempo, 1Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos. 4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
5Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” 6Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”.
8Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” 10Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens.
11Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!”
13Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. 15Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

MEDITAÇÃO


Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes (Jo 6, 9)

A multidão está faminta. Jesus quer alimentá-la. Mesmo se tivessem duzentas moedas de prata, daria só um pedaço de pão pra cada um, avaliou um dos discípulos. Mas aparece um menino com uma ajuda: cinco pães de cevada e dois peixes. Era, com certeza, a refeição de sua família naquela jornada fora de casa. Era pouco. Mas, o pouco com Deus é muito. Esse pouco é a matéria com a qual Jesus vai alimentar aquelas cinco mil pessoas. Todos se sentam. Jesus pega os cinco pães de cevada, reza a oração de ação de graças e os distribui com todos. O mesmo, ele faz com os peixes. Deu pra todo mundo. Ainda manda recolher as sobras, para que nada se perca.

A multidão continua faminta. Fome de pão, de orientação; fome de educação, de saúde, de segurança; fome de justiça. Tantas situações estão esperando solução em sua casa, no seu trabalho, em sua comunidade. E você fica esperando soluções milionárias. “Se eu tivesse uma boa situação, eu ajudaria. Se Deus quiser, vou ganhar na loteria... aí contem comigo.. Ah, só se aparecer uma ajuda do exterior...”. Essa mentalidade leva ao desprezo da colaboração do pequeno. Assim, se age como aquele discípulo que achava que só dava pra se mexer se tivesse 200 moedas de prata para então, quem sabe, dar um pedacinho de pão a cada um. O ensinamento de Jesus, particularmente no evangelho de hoje, é a valorização da contribuição dos pequenos na solução dos problemas.

Tantas situações estão esperando solução em sua casa, no seu trabalho, em sua comunidade. E você fica esperando soluções messiânicas. “Vamos eleger um governante de respeito, ele vai resolver a situação. Tá chegando um cara aí formado nos Estados Unidos... se ele não resolver, ninguém mais resolve. Ah, tudo depende do padre, se o padre for bom, a construção termina rapidinho”. Em vez de se assumir a solução do problema, com as forças que se tem, fica-se esperando um salvador da pátria. Assim, você continua de braços cruzados, passando para outro a solução dos problemas. Nós temos nossa parcela de responsabilidade na solução dos problemas.

Tantas situações estão esperando solução em sua casa, no seu trabalho, em sua comunidade. E você não dá um passo, porque se resignou que aquilo não tem mais jeito. “Ah, isso sempre foi assim, não muda. Pode-se fazer o que quiser, mas nada se consegue. O mal é muito grande, a corrupção é muito antiga, o pequeno nasceu pra padecer.” Tem muita gente imobilizada por essa mentalidade determinista, que no fundo é acomodada e reacionária. Isso denota falta de confiança na sua própria força, na força dos outros e, também, na força de Deus. Na fé, fazemos as contas também com Deus, com sua graça, com sua providência. Ele abriu o mar vermelho para o povo que marchou em fuga no deserto. Ele alimentou o povo peregrino no deserto com o maná. Fazemos as contas, especialmente, com Deus.

Tantas situações estão esperando solução em sua casa, no seu trabalho, em sua comunidade. E você não se mexe porque considera que aquilo é problema dos outros, não é problema seu, não é de sua responsabilidade. Na narração da multiplicação de pães do Evangelho de Marcos, os discípulos sugeriram que Jesus despedisse a multidão, mandasse o povo se arrumar por sua conta. Jesus foi forte: “Vocês mesmos dêem de comer a essa gente”, isto é, vocês são responsáveis para encontrar uma solução para a fome do povo. Somos responsáveis uns pelos outros.

A refeição da multidão foi também uma preparação para o sacramento da ceia eucarística. Sem uma mentalidade de compromisso com o bem comum, de solidariedade, de partilha, não se compreende a Eucaristia.

Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes (Jo 6, 9)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
Vemos nessa cena da multiplicação dos pães no deserto, uma preparação para a Ceia Eucarística que celebraste com teus discípulos, antes de tua paixão e que celebras conosco todos os dias, especialmente no domingo, o dia de tua páscoa. Tu és o pão da vida. Tu a ti mesmo te deste como alimento, verdadeiro maná que alimenta para a vida eterna. Concede-nos, Senhor, que aprendamos contigo a compaixão e a partilha como disposições necessárias para celebrar contigo o sacramento da Eucaristia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

Quando for tomar as refeições principais, hoje, não se esqueça de rezar. Estando em casa e em família, agora com mais tempo, não se esqueça de, antes da refeição, bendizer a Deus pelo alimento e prometer, no seu coração, ser sempre mais solidário com quem não tem uma refeição decente.

Pe .João Carlos Ribeiro, sdb

EVANGELIZAÇÃO PEDE DECISÃO



15 de abril de 2021

EVANGELHO


Jo 3,31-36

31“Aquele que vem do alto está acima de todos. O que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. 32Dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o espírito sem medida.
35O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. 36Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele”.

MEDITAÇÃO 

Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna (Jo 3, 36).

A religião cristã anuncia Jesus Cristo, filho de Deus, que assumindo nossa humanidade, por sua morte e ressurreição, nos trouxe a paz, a reconciliação com Deus e com os irmãos, pelo perdão dos nossos pecados. Mas, você é livre de aceitar ou não o dom da salvação. Deus nos criou livres, capazes de escolha. Há quem escolha permanecer no pecado. E até opor resistência e perseguir quem espalha essa boa notícia.

De fato, a pregação do evangelho sempre encontrou muita resistência. É por isso que existem os mártires, os que sendo perseguidos, ficaram fiéis à sua fé até o fim. Aliás, o próprio Cristo foi incompreendido, perseguido e morto. O anúncio da ressurreição de Jesus foi motivo de grande alegria para os seus discípulos e seguidores que se viram frustrados, acusados e humilhados por seu julgamento e por sua execução pública. Por outro lado, esse mesmo anúncio da ressurreição foi uma acusação fortíssima à má conduta das lideranças do povo de Deus e de todos os que se deixaram manipular por elas ou se opuseram a Jesus.

Em Jerusalém, depois da ressurreição, os apóstolos foram presos e proibidos de ensinar em nome de Jesus. Foram julgados no Sinédrio, como Jesus. Claro, os chefes compreenderam que o anúncio da ressurreição era uma acusação contra eles. Disseram aos apóstolos detidos: “além de desobedecerem às nossas ordens de não pregar em nome desse homem, vocês querem nos tornar responsáveis pela morte dele”. O testemunho dos apóstolos foi forte também naquela ocasião: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem os senhores mataram, pregando-o numa cruz”.

O fato é que frente à pregação do evangelho, não se pode ficar neutro. A pregação pede uma decisão: a conversão ou a rejeição. Crer em Jesus ou rejeitá-lo. No texto do evangelho de hoje, Jesus reclama de quem não acolhe o seu testemunho. Ele vem do alto, vem do céu, ele é o enviado de Deus. Deus lhe deu a plenitude do Espírito Santo. E ele dá testemunho do que viu e ouviu. Quem aceita o seu testemunho, quem acredita no Filho possui a vida eterna. Toma posse, então, do perdão dos seus pecados e entra na dinâmica da graça e da comunhão com Deus. Mas, há quem o rejeite. Como explicou Jesus, aquele que o rejeita não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele, isto é ele permanece na condenação que já tinha com o pecado.

Guardando a mensagem

O mundo já está na divisão, por causa do pecado. O que divide não é Jesus ou o seu evangelho. O pecado é que afasta o homem de Deus e nos põe uns contra os outros, porque fomenta a desunião, a inveja, a desigualdade, a injustiça. O testemunho sobre Jesus crucificado por nossos pecados e ressuscitado para nossa salvação é uma notícia maravilhosa para o pecador (que aceita a conversão, que põe sua fé em Cristo). Mas, também pode ser ocasião de rejeição para quem não quer sair do seu pecado e, assim, dispensa a extraordinária graça da reconciliação e da eterna felicidade que ele alcançou para nós.

Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna (Jo 3, 36).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
A evangelização nos põe diante de uma decisão. Não é uma ilustração para o nosso simples deleite. Põe-nos diante de uma decisão com repercussões no nosso futuro. A evangelização nos apresenta a tua pessoa. Tu és o enviado de Deus e, ao mesmo tempo, a sua mensagem dirigida a nós. Dá-nos a graça, Senhor, de sermos prontos e generosos na acolhida da Palavra que nos liberta, da verdade de Deus que nos comunicas. E que, como teus discípulos, encontremos a vida plena e verdadeira, realização das promessas do Pai e participação na tua herança de Filho unigênito. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Como você sabe, todas as quintas-feiras, temos a Santa Missa das 11 horas. Hoje, temos uma motivação especial na celebração: hoje é o dia missionário da AMA. AMA, você sabe, é a Associação Missionária Amanhecer, que atua comigo na evangelização nos meios de comunicação social. Hoje, estamos num dia de oração com os associados. Então, fica o convite, participe conosco da Santa Missa, às 11 horas. Você pode nos acompanhar pelo Youtube ou pelo Facebook. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

COMO ACOLHER O FILHO UNIGÊNITO




14 de abril de 2021

EVANGELHO 


Jo 3,16-21

16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito.
19Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus.

MEDITAÇÃO

Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito (Jo 3, 16).

O apóstolo João falou de Deus, em sua primeira carta, de uma maneira maravilhosa: Deus é amor (1 Jo 4,7.8). Isso explica a ação de Deus. Na ação, a pessoa se revela. A criação foi um grande ato de amor de Deus. Mas, Deus fez mais ainda. Deus amou o mundo de tal forma que deu o seu filho unigênito para sua salvação. Um amor grande demais...

Deus amou tanto o mundo.... que ‘mundo’? No evangelho de São João, este que estamos lendo, a palavra ‘mundo’ tem um significado muito particular. Mundo é usado no sentido teológico, como cenário do processo de salvação. Mas, não é só o cenário, é também um protagonista do drama. O mundo é a humanidade decaída, afastada de Deus e hostil a Jesus. Pense no sentido dessa palavra: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Mundo é a humanidade decaída.

Sendo assim, fica claro, o mundo não gosta de Deus. O mundo se opõe a Deus, está possuído pelo pecado. Mas, Deus ama o mundo, isto é, a humanidade decaída, aquela humanidade representada na desobediência de Adão. E Deus quer salvar o mundo, a humanidade pecadora, que dele se afastou. É porque ama, que Deus dá seu filho unigênito para quem nele crer encontre a vida eterna.

“Dar o filho”, poderíamos entender, é mais do que “enviar”. Dar o filho nos lembra a cruz. Foi na cruz que Deus deu seu filho, que morreu em expiação do pecado do mundo. O Pai ama o filho, claro. É o seu filho unigênito, isto é, o único. “Este é o meu filho amado”. Foi assim que Deus apresentou Jesus, no batismo do Jordão. E é este filho amado, o unigênito, que Deus dá para a salvação do mundo. E o dá para que o mundo encontre nele a vida eterna. Não é para o seu julgamento, para sua condenação, mas para sua salvação.

Guardando a mensagem

O amor é que move Deus a dar o seu unigênito ou a enviá-lo, o amor pelo mundo, pela humanidade decaída e o amor pelo filho. A própria criação foi feita à imagem do filho. “Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada se fez”, escreveu São João no prólogo do seu Evangelho. O amor pelo filho, que transbordou na criação, agora se excede na redenção. A esse amor tão grande de Deus, que enviou o seu filho, qual será a nossa reação, a resposta da humanidade pecadora? A melhor resposta é crer, acolher o filho amado. Crer é acolher Jesus e o seu serviço libertador. Crer nos liberta da condenação do pecado. Não crer, pelo contrário, é permanecer na condenação.

Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito (Jo 3, 16).

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
Por que vieste a nós? A resposta está no evangelho de hoje: vieste a nós, enviado pelo Pai, por causa do amor que o Pai tem por nós, humanidade pecadora. O nosso pecado nos condenou a viver longe de Deus, nos desviou de nossa vocação de filhos de Deus. E vieste nos resgatar para a amizade, a comunhão com Deus. Por que aceitaste vir a nós? A resposta está no amor que tens pelo Pai. Fazer a vontade dele é o teu maior empenho. A resposta está no amor que tens por nós, humanidade pecadora. Disseste isto: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”.  A tua Palavra também nos diz como devemos te acolher. Com amor, claro. Com a acolhida do teu serviço redentor na cruz, com a fé pela qual reconhecemos tua divindade em nossa humanidade, com o seguimento fiel de teus ensinamentos e do teu caminho humano de filho amado do Pai. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

Transcreva, em seu caderno espiritual, as palavras de Jesus em João 3, 16-18. Em seguida, faça delas sua oração. 

Amanhã, quinta-feira, dia 15, a Associação Missionária Amanhecer (AMA) realiza um dia missionário. Será um dia de oração com os associados. A Santa Missa das 11 horas, pelas redes sociais, será o ponto mais alto do nosso dia missionário.  Participe, com a gente. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O PASSO QUE FICOU FALTANDO


13 de abril de 2021

EVANGELHO


Jo 3,7b-15

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 7b“Vós deveis nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”.
9Nicodemos perguntou: “Como é que isso pode acontecer?” 10Respondeu-lhe Jesus: “Tu és mestre em Israel, mas não sabes estas coisas? 11Em verdade, em verdade, te digo, nós falamos daquilo que sabemos e damos testemunho daquilo que temos visto, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12Se não acreditais, quando vos falo das coisas da terra, como acreditareis se vos falar das coisas do céu? 13E ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna”.


MEDITAÇÃO


Se vocês não acreditam, quando lhes falo das coisas da terra, como acreditarão se lhes falar das coisas do céu? (Jo 3, 12).

Nesta terça-feira, Nicodemos ainda está em cena, conversando com Jesus. Nicodemos representa o povo de Israel, na dificuldade que teve de entender e acolher Jesus. Nos anos que se seguiram à ressurreição de Jesus, as comunidades cristãs foram se organizando e se espalhando por toda parte. As comunidades guardavam a memória de Jesus e viviam e difundiam o seu evangelho, com grande fervor. Nas comunidades, além de judeus, começaram a ser acolhidos também os pagãos. E como viviam junto ou dentro das comunidades judaicas, o conflito foi crescendo entre as comunidades cristãs e as sinagogas. Nesse diálogo entre Jesus e Nicodemos, está muito dos debates entre os cristãos e os judeus desse período.

Nicodemos é um mestre da Lei, um fariseu, membro do grande conselho de Jerusalém. E Jesus está lhe dizendo que ele precisa nascer de novo, nascer do alto. ‘Que história é essa – pensa Nicodemos – o Messias que nós estamos esperando vem restaurar Israel, levar nosso povo à vitória contra nossos inimigos, vem elevar nossa nação. E esse Jesus, em vez de anunciar a restauração de Israel, está falando do homem novo, de uma nova humanidade; não de um novo Israel, mas de um novo homem’.

Isso mesmo. Jesus está dizendo que, para entrar no Reino de Deus, é preciso nascer de novo, nascer do alto. Ele está explicando que o que dá acesso ao Reino não é o título de membro do povo de Deus ou a prática da Lei de Moisés, mas ser renovado por obra de Deus. O novo nascimento é obra de Deus, pelo seu Espírito Santo.

A essa altura, podemos nos perguntar: Por que Nicodemos não se tornou abertamente um discípulo de Jesus, depois dessa conversa tão esclarecedora?

Nicodemos, ao que parece, permaneceu apenas um admirador de Jesus. Para tornar-se discípulo, precisava abandonar a segurança que ele encontrava na Lei de Moisés. Para ele, o Reino de Deus se ganhava pelo cumprimento fiel do que a Lei mandava. E Jesus explicava que o Reino não é um prêmio aos mais comportados, mas um dom de Deus a quem ele ama. Na verdade, a todos que o amam, reconhecendo nele o enviado do Pai.

Nicodemos, ao que parece, não se tornou abertamente um seguidor de Jesus porque aderir a Jesus significava aderir ao seu evangelho, à sua pregação, aos seus ensinamentos. E Jesus abertamente amava e defendia os mais fracos, os mais sofridos, os discriminados. Isso implicaria ele ter um modo de viver e agir como Jesus, sem a busca de privilégios pessoais e na defesa dos injustiçados e oprimidos. Isso seria uma mudança muito grande para uma pessoa como ele, da elite social e religiosa do seu povo. Certamente, isso pegaria muito mal no Sinédrio. Ele seria mal visto, criticado e, quem sabe, até expulso do grande conselho. Ele não quis correr esse risco.

Guardando a mensagem

Nicodemos, mesmo reconhecendo que Jesus era um homem de Deus, parece que não conseguiu dar o grande passo da conversão. Permaneceu na sua condição de segurança como Mestre da Lei, não percebendo que a novidade estava em Jesus que, por sua morte e ressurreição, comunicava o perdão, a vida de Deus, o Santo Espírito. Pelo Espírito comunicado pelo ressuscitado, renascemos para uma nova vida, a vida da graça e da comunhão com Deus e com os irmãos. O novo ser humano, nascido do Espírito Santo, como o vento, é livre. Não está mais amarrado à letra da Lei, mas se move com liberdade nas suas novas opções.

Se vocês não acreditam, quando lhes falo das coisas da terra, como acreditarão se lhes falar das coisas do céu? (Jo 3, 12).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
O novo nascimento de que falavas, na conversa com Nicodemos, é o batismo. O batismo, o recebem os que creem em ti e aderem à tua pessoa e ao teu evangelho. No batismo, celebramos o derramamento do teu Espírito sobre nós, nos lavando dos pecados e nos comunicando a graça de sermos filhos de Deus. Dá-nos, Senhor, a graça de viver santamente a nossa nova condição de filhos e irmãos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Será que, em você, há alguma coisa de Nicodemos? Em seu momento de oração de hoje, peça a Jesus a graça da conversão; conversão que é adesão fervorosa a Jesus e ao seu estilo de vida.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O BATISMO: NOSSO NOVO NASCIMENTO




12 de abril de 2021

EVANGELHO


Jo 3,1-8

1Havia um chefe judaico, membro do grupo dos fariseus, chamado Nicodemos, 2que foi ter com Jesus, de noite, e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele”.
3Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus”. 4Nicodemos disse: “Como é que alguém pode nascer, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?”
5Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. 6Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é espírito. 7Não te admires por eu haver dito: Vós deveis nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”.



MEDITAÇÃO


Você deve nascer de novo (Jo 3, 7)

Você se lembra de Nicodemos! Foi aquele fariseu, mestre da lei, membro do Sinédrio de Jerusalém, que foi falar com Jesus, de maneira sigilosa, à noite. Ele tinha uma simpatia por Jesus. Mas, como membro do Sinédrio, o grande conselho da capital, tinha medo da reação dos seus colegas e com certeza medo de perder sua posição. Quando Jesus foi preso, ele protestou contra a decisão já tomada, sem ao menos o acusado ter sido ouvido. Quando Jesus morreu na cruz, ele ajudou José de Arimateia a cuidar do seu enterro. Nicodemos é o tipo da pessoa importante, que por causa das conveniências do poder, tem dificuldade em assumir publicamente sua adesão a Jesus e ao seu Evangelho.

As lideranças também precisam ser evangelizadas, claro. É o que Jesus fez com Nicodemos. Jesus lhe disse que ele precisava nascer de novo. Ele era um mestre da lei, com assento no grande conselho de Jerusalém. Isso não lhe fazia cidadão do Reino. Só renunciando a si mesmo, se pode seguir Jesus. Só se fazendo pequeno é que se entra no Reino de Deus. Ele precisava nascer de novo. Passar por uma conversão. Renovar-se pelo batismo. Nascer de Deus.

Jesus disse a Nicodemos que ele tinha que nascer de novo. Essa expressão pode ser traduzida também por nascer do alto. Nicodemos quis tomar a palavra de Jesus ao pé da letra, dizendo que não cabia mais no ventre de sua mãe. Não se trata disso. Alguém pode pensar em reencarnação, também não se trata disso. Trata-se de ser renovado pela graça da redenção alcançada na cruz e celebrada no batismo. O batismo é o novo nascimento. Nele, nascemos de Deus, sendo lavados dos nossos pecados pela ação santificadora do Espírito Santo. Jesus explicou a Nicodemos: “Quem nasce da carne é carne. Quem nasce do Espírito é espírito”. Nascer na carne é a nossa vida biológica, nossa condição natural. Nascer do Espírito é ser renovado pela graça de Deus. O novo nascimento é o batismo. Foi o que Jesus explicou a Nicodemos: “Quem não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus”.

Como Nicodemos era profundo conhecedor das Escrituras, Jesus lembrou-lhe o episódio da serpente de bronze, no deserto. Ele, como mestre da Lei, poderia perceber facilmente que Jesus foi enviado pelo Pai para salvar o seu povo. No tempo passado, o povo estava atravessando o deserto, depois da saída da escravidão do Egito. O povo começou a se cansar e se revoltar contra Deus, reclamando do calor do deserto, da comida repetida que era o maná, do cansaço da caminhada. Deu uma peste de serpentes venenosas. Começou a morrer muita gente por causa de sua má vontade, do clima de murmuração e de revolta contra Deus. A haste com uma serpente de bronze foi um sinal. Deus mandou Moisés fazer essa representação. Quem fosse picado pelas serpentes, olhando para aquele sinal seria salvo da morte.

Esse símbolo, no Antigo Testamento, preparou o sinal de Jesus na cruz. A verdadeira salvação, a verdadeira cura, a libertação do pecado é Jesus em sua cruz. Fomos salvos por sua vida oferecida naquela haste da cruz. Como o povo antigo no deserto olhando para a haste com a serpente de bronze se curava, assim também nós pecadores temos um sinal de salvação, a cruz de Cristo, isto é a morte redentora de Jesus. Crendo em Jesus que morreu e ressuscitou por nós, encontramos a vida eterna.

Guardando a mensagem

Nicodemos é o representante das pessoas importantes, chamadas também à conversão. Ele, que tinha tanto conhecimento das Escrituras, poderia facilmente entender o que Jesus estava explicando. Deus o mandou para salvar o mundo. O povo está, como aquela gente do tempo do deserto, morrendo por causa dos seus pecados. E como no deserto, agora Deus também está nos dando um sinal de salvação. Crendo em Jesus crucificado e ressuscitado, o pecador encontra a salvação.

Você deve nascer de novo (Jo 3, 7)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
Vemos em Nicodemos, que para acolher o Reino de Deus, é preciso se desapegar de sua grandeza, de seu poder, de seus grandes conhecimentos. O filho de Deus nasce do alto, do Espírito Santo. A cruz, que é a grande humilhação que te impusemos, Jesus, longe de ser um sinal do teu fracasso, é o sinal de tua vitória e da salvação para todos os que aceitam o teu caminho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

A cruz nos lembra o sacrifício redentor de Cristo, pelo qual fomos salvos. Você sabe fazer o sinal da cruz? Se não sabe, peça a ajuda de alguém com mais experiência. Faça, hoje, mais de uma vez , o sinal da cruz.

Pelo sinal + da santa cruz + livrai-nos Deus + nosso Senhor + dos nossos + inimigos + Em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

Agradecendo ainda a participação   no SHOW DA PÁSCOA, sábado passado. Para quem não pode participar, pode vê-lo ainda no meu canal do Youtube (Padre João Carlos): Clique aqui para ver o Show da Páscoa. O próximo show nas redes sociais já está com data marcada: 05 de junho. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

FESTA DA DIVINA MISERICÓRDIA



11 de abril de 2021
2º. Domingo da Páscoa, Festa da Divina Misericórdia

EVANGELHO


Jo 20,19-31

19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.
20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.
24Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.
26Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.
27Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. 28Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” 29Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”
30Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

MEDITAÇÃO 


Estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19)

O evangelho deste segundo domingo de Páscoa nos conta a história de Tomé que só creu porque tocou nas chagas de Jesus. Assim, assegurou-se que o ressuscitado era mesmo o crucificado. Esta cena nos fala da fé que precisamos ter no Senhor ressuscitado, mesmo sem nunca tê-lo visto. Jesus esteve presente em duas reuniões dos discípulos, em dois domingos seguidos, mostrando-se vivo e enviando-os em missão. 

Lendo este evangelho, dentro deste nosso contexto de isolamento social, saltam aos olhos alguns detalhes que até agora certamente nos passaram despercebidos. As portas estavam fechadas. E os discípulos estavam trancados em casa. Olha que interessante! Nas duas aparições, Jesus encontra os discípulos reunidos dentro de casa, com as portas trancadas. E por que? Porque estavam com muito medo, medo da perseguição que tinham movido contra Jesus e que, com certeza, os poderia atingir. Com o seu Mestre preso, condenado e executado, eles ficaram malvistos e poderiam sofrer mais do que suspeitas, grosserias e agressões. Assim, para não se exporem, estavam a portas fechadas. E o que eles estavam fazendo? O texto diz que eles estavam reunidos. Com certeza, conversavam e rezavam. Mas, com medo.

A situação dos discípulos naquele segundo domingo da páscoa bem parece com a nossa, não é verdade? Inclusive, tem sempre um Tomé pelo meio do mundo, que por alguma razão não está presente na reunião. Nossas famílias estão em casa e estão temerosas, com o avanço do vírus.

Muito interessante que os discípulos estivessem reunidos em casa. Nos primeiros tempos da Igreja, não havia templos. Nem estavam autorizados a construí-los. No livro dos Atos dos Apóstolos, está a informação de que os discípulos e convertidos, em Jerusalém, frequentavam o Templo e partiam o pão pelas casas e unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração (At 2). ‘Partiam o pão pelas casas’. Partir o pão é um gesto que lembra a última ceia, é um modo de se referir à celebração da Eucaristia nos primeiros tempos. E partiam o pão, em refeição, com alegria e simplicidade. Jesus também tinha valorizado muito a casa das pessoas, visitando os doentes, fazendo refeição ou reunindo as pessoas em casa. Nos primeiros séculos, a casa era o lugar de reunião dos cristãos.

Mesmo com as portas fechadas, Jesus ressuscitado entrou e se apresentou ao grupo reunido. Fez-lhe a saudação de paz. “A paz esteja com vocês!”. A paz é nova situação inaugurada na cruz: perdão para os pecadores, reconciliação com Deus. A paz é remédio para o medo e para a divisão.

Este encontro de Jesus com os discípulos nos deixa três lições maravilhosas. A primeira: Ele está presente. Por sua ressurreição, agora ele está conosco sempre. Ele lhes mostrou as mãos e o lado rasgado pela lança. Eles ficaram muito felizes por vê-lo. Na missa, sempre fazemos a saudação da paz, como ele fez, e o povo de Deus responde: “Ele está no meio de nós”. A segunda lição: Ele nos envia em missão. A morte e ressurreição de Jesus nos reconciliaram com Deus. Jesus soprou comunicando o Espírito Santo e os mandou reconciliar o povo com Deus, perdoar os seus pecados. A terceira lição é esta: Crendo, temos a vida em seu nome. Jesus reclamou com Tomé: “não seja incrédulo, mas fiel”. A fé é a nossa resposta. Trata-se de acolher a verdade que ele está vivo, presente na comunidade, reconciliando os pecadores por meio do ministério dos seus discípulos.

Guardando a mensagem.

Neste domingo da Divina Misericórdia, no clima da páscoa, estamos em nossas casas, de portas fechadas, com medo da ameaça do coronavírus. Tem sempre um Tomé circulando por aí, às vezes por necessidade, às vezes por falta de consciência. A casa sempre foi a igreja dos cristãos, desde o tempo que não tínhamos templos. E mesmo com as igrejas, os cristãos nascem, crescem e vivem em suas igrejas domésticas. Foi assim que Jesus, no domingo da ressurreição e no domingo seguinte, se apresentou aos discípulos que estavam reunidos, numa casa, a portas trancadas. Três lições podemos guardar dessa visita de Jesus ressuscitado. Primeira: Ele está no meio de nós. Sua paz nos faz vencer o medo. Sua presença viva, permanente, entre nós é fruto da ressurreição. Segunda: Ele nos envia em missão, nos comunicando o dom do seu Espírito e dando autoridade à sua Igreja para administrar o perdão aos pecadores. A reconciliação e o Santo Espírito são dons preciosos que nos chegam pela ressurreição. E a terceira lição: Crendo, temos a vida em seu nome. A fé nos faz reconhecer que ele está presente entre nós e nos faz povo portador da reconciliação para todos. Celebrando a Festa da Divina Misericórdia, nos lembramos, que a mensagem da Misericórdia nada mais é do que o Evangelho de Jesus Cristo Ressuscitado. 

Estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Nós te agradecemos porque estás conosco. Pela tua ressurreição, és de fato o Emanuel, o Deus conosco. O teu Santo Espírito, Senhor, atualiza a tua presença em nossa convivência, na meditação de tua Palavra, na solidariedade com os mais sofridos, em nossas celebrações. Na tua ressurreição, tu nos fazes um povo missionário portador da Palavra e do Perdão de Deus a todos os filhos pródigos. Na tua paz, vencemos o medo. Somos, agora, agentes da vida nova que começou na manhã da ressurreição. Abençoa, Senhor, nossas casas, nossas famílias, a tua Igreja. Livra-nos do vírus da incredulidade e desse coronavírus, também. Jesus, eu confio em vós. Amém.

Vivendo a palavra

Na sua Bíblia, leia João 20,19-31, o evangelho de hoje. Participando da Missa de hoje, mesmo pelos meios de comunicação, ouça com muita atenção e respeito as leituras da Palavra de Deus e a homilia. É Jesus mesmo nos instruindo e nos confortando. 

A todos os que estiveram comigo, ontem, no Show da Páscoa, meu agradecimento sincero. Foi um lindo momento de evangelização e espiritualidade. Se Deus quiser, nos encontraremos de novo no início do mês de junho.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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