PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

REZAR COMO UM BOM FILHO

 
23 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mt 6,7-15

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7“Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras.
8Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
14De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes”.

MEDITAÇÃO


Vocês devem rezar assim (Mt 6, 9)

Nossa caminhada quaresmal chega hoje ao sétimo dia. E o tema para nosso crescimento hoje é a Oração. O Pai Nosso é mais do que uma oração. É uma escola de oração. É como um discípulo ou uma discípula deve rezar sempre. No Pai Nosso, podemos encontrar as quatro características da oração dos discípulos do Senhor. 

A primeira característica é que é feita com INTIMIDADE e CONFIANÇA EM DEUS. Não se trata de uma audiência de um servo com seu patrão. Trata-se do diálogo amoroso entre pai e filho ou filha. Por isso, Jesus ensina a invocar a Deus como “pai”, “Pai Nosso”. Esse modo de falar com Deus era inteiramente novo na história do seu povo. Falar com Deus com intimidade e confiança. No sermão da montanha, Jesus chamou a atenção dos discípulos para não imitarem os fariseus, nem os pagãos. Em contraposição ao exibicionismo dos fariseus e mestres de lei, Jesus os orientou a proceder como um filho que conversa com seu pai ou sua mãe, a portas fechadas no seu quarto. Nunca imitar os pagãos nesse assunto da oração, recomendou Jesus. Eles recorrem à força de muitas palavras para serem ouvidos. O Pai já está sabendo de nossas necessidades antes que abramos a boca. INTIMIDADE E CONFIANÇA EM DEUS. É a primeira característica.

A segunda característica da oração cristã, sublinhada no Pai Nosso, é que ela busca, em primeiro lugar, A GLÓRIA DE DEUS. É quando a oração vira louvor, adoração. Os primeiros pedidos do Pai Nosso, no evangelho de São Mateus, referem-se a Deus, buscando a sua honra e a sua glória. “Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. São três pedidos, todos dirigidos à glória de Deus: a santificação do seu nome, a vinda do seu Reino, a realização de sua vontade. Buscar, em primeiro lugar, a GLÓRIA DE DEUS. É a segunda característica.

A terceira característica da oração cristã é o pedido a Deus pelo NOSSO BEM temporal e espiritual. É o que nós precisamos para viver com dignidade e em santidade. No Pai Nosso, são quatro os pedidos em nosso favor. “O pão nosso de cada dia, nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”. O pão de cada dia, o perdão dos pecados, a vitória sobre a tentação e a libertação do mal. O ‘pão de cada dia’ compreende o emprego, o trabalho, o alimento, a segurança... São as necessidades de nossa sobrevivência. Mas, nem só de pão vive o homem. Também precisamos do perdão dos pecados e da restauração da vida, a partir da conversão e do crescimento do homem novo. Igualmente, precisamos da vitória sobre a tentação e a libertação do mal. A BUSCA DO NOSSO BEM é a terceira característica.

A quarta característica da oração cristã é o COMPROMISSO. Nos três primeiros pedidos do Pai Nosso, desejando a glória de Deus, na verdade estamos nos comprometendo em santificar o seu nome, acolher o seu Reino, realizar a sua vontade. Nos quatro pedidos em nosso favor, não estamos delegando tudo a Deus, para ficar de braços cruzados esperando ele agir. Reconhecendo a mão de Deus em nossa vida, estamos nos comprometendo a ganhar o pão de cada dia com o nosso trabalho, a nos esforçar no caminho da conversão e do perdão aos nossos agressores, a fugir das ocasiões de pecado e a lutar contra o mal. A oração nos compromete. COMPROMISSO é a quarta característica.

Guardando a mensagem

Em nossa caminhada quaresmal, somos hoje instruídos por Jesus sobre a Oração. Ele ensinou o Pai Nosso, uma verdadeira escola de oração. Nele, encontramos as quatro características da oração dos discípulos do Senhor: intimidade e confiança em Deus, busca de sua glória, busca do nosso bem, e o compromisso em realizar a sua vontade. 

Vocês devem rezar assim (Mt 6, 9)

Rezando a palavra

Rezemos como Jesus nos ensinou:

Pai nosso que estás nos céus,
santificado seja o Vosso nome.
Venha a nós o Vosso Reino.
Seja feita a Vossa vontade,
assim na terra como no Céu.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
E não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.
Amém.

Vamos viver a palavra

A dica de hoje está evidente: rezar o PAI NOSSO, bem rezado. Eu sei, eu sei que você já reza bem. Mas, pode rezá-lo ainda melhor. Reze com atenção ao que está dizendo. Reze deixando espaço para o Espírito Santo rezar em você. 

O degrau de hoje (este sétimo dia da Quaresma) é este: Rezar como um bom filho, como uma boa filha.

Só para lembrar dos passos anteriores: Partir com humildade (na quarta-feira de cinzas), Seguir com Cristo, Jejuar para crescer, Vencer a acomodação, Crer no Evangelho, Amar à Igreja (ontem) e hoje: Rezar como um bom filho. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

AMOR À IGREJA


22 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mt 16,13-19

Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

MEDITAÇÃO

Sobre esta pedra construirei a minha Igreja (Mt 16, 18)

Hoje, festejamos a Cátedra de São Pedro.

Bem no início do cristianismo, foram se formando comunidades por todo o império romano. Havia uma florescente comunidade em Roma também. Naquele tempo, as comunidades se reuniam nas casas. Na carta de Paulo aos romanos se fala de um casal que reunia a comunidade em sua casa: Áquila e Prisca (Rm 16). O apóstolo Pedro, estando em Roma, participava das reuniões da comunidade, pregava, celebrava na casa deste casal, a casa da comunidade. Havia, ali, uma cadeira reservada ao apóstolo Pedro. Mesmo que ele não estivesse presente, todos, ao ver aquela cadeira, se recordavam dele. Sentado nela, ele ensinava aos irmãos a fé em Cristo. Esta cadeira, hoje muito enfeitada, está em um dos altares da Basílica de São Pedro, no Vaticano. É a Cátedra de São Pedro. Cátedra é a cadeira de quem ensina, a cadeira do mestre. Olhando para a cadeira de Pedro, lembramos o seu ministério de ensinar e testemunhar a fé em Cristo Jesus.

É oportuno recordar, hoje, o que o Concílio Vaticano II escreveu na Constituição Lumen Gentium: “Jesus Cristo, pastor eterno, edificou a Igreja tendo enviado os Apóstolos como Ele fora enviado pelo Pai; e quis que os sucessores deles, os Bispos, fossem pastores na Sua Igreja até o fim dos tempos. Mas, para que o mesmo episcopado fosse uno e indiviso, colocou o bem-aventurado Pedro à frente dos outros Apóstolos e nele instituiu o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão” (37). A festa da Cátedra de Pedro celebra esse ministério de unidade de fé e comunhão do apóstolo Pedro.

No evangelho de hoje, Jesus fez uma pergunta muita séria aos discípulos: ‘E vocês, o que dizem que eu sou?’ Simão Pedro respondeu em nome do grupo: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Jesus o elogiou: ‘foi o Pai que te disse isso. Feliz és tu!’ Quem é o Filho, só o Pai sabe e aquele a quem o Pai o revela.

O que Pedro disse resume a fé de todos os que encontraram Jesus e acolheram sua Palavra. Jesus é o enviado de Deus, o prometido a Israel, o Messias. Mais: esse enviado, o Messias, é o Filho do Deus vivo. É uma confissão de fé na divindade de Jesus, ele é Deus com o seu Pai. Jesus ficou muito satisfeito com essa resposta. É nessa fé que ele edifica a comunidade que dá continuidade ao seu ministério nesse mundo. “Sobre esta Pedra, construirei a minha Igreja. E o poder do inferno nunca poderá vencê-la”. A fé confessada por Pedro é a pedra sobre a qual Jesus edifica a Igreja. A pedra é também a pessoa de Pedro, o discípulo que confessou a fé em Jesus-Messias-filho de Deus.

Guardando a mensagem

Nos alicerces de nossa vida cristã, está essa confissão de fé: cremos em Jesus, o filho do Deus vivo, enviado pelo Pai para nossa salvação. Jesus edificou a sua Igreja sobre a rocha firme dessa fé confessada por Pedro (Catecismo da Igreja Católica 424). Hoje é um dia especial para renovarmos a confissão de fé em Jesus. Cremos em Cristo Jesus, e o seguimos como discípulos e discípulas. Somos chamados a colocar Cristo no centro de nossa vida. Ele é o nosso pastor, nosso guia. Cremos na Igreja que ele edificou sobre a fé de Pedro. Sejamos, cada vez mais, filhos amorosos e obedientes da Igreja.

Sobre esta pedra construirei a minha Igreja (Mt 16, 18)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Somos a tua Igreja fundada sobre a fé proclamada por Pedro. Dá a todos nós batizados nesta fé a graça da unidade. Abençoa os pastores que dirigem a tua Igreja, em continuidade histórica e doutrinária com os teus primeiros apóstolos, dando-lhes discernimento e sabedoria. Livra-nos de embarcar na atual onda de críticas e suspeitas contra nossos bispos e contra o Santo Padre. São forças reacionárias semeando desunião e divisão na tua Igreja. Abençoa o Papa Francisco e assiste-o com o teu Santo Espírito, nesta sagrada missão de conduzir todo o rebanho, na unidade da fé. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça, hoje, uma prece especial pelo Santo Padre que preside, na caridade, a Igreja de Cristo. Ele está sempre nos pedindo que rezemos por ele. 

Neste sexto degrau da escadaria da Quaresma, o convite é AMAR A IGREJA. Está acompanhando os passos dados até agora? Partir com humildade, Seguir com Cristo, Jejuar para crescer, Vencer a acomodação, (ontem) Crer no Evangelho e hoje: Amar à Igreja. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

CRER NO EVANGELHO



21 de fevereiro de 2021

1º. Domingo da Quaresma

EVANGELHO


Mc 1,12-15

Naquele tempo, 12o Espírito levou Jesus para o deserto. 13E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam. 14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”

MEDITAÇÃO


Convertam-se e creiam no Evangelho! (Mc 1, 15)

Chegamos ao primeiro domingo da Quaresma. A Quaresma se inspira nos quarenta anos de peregrinação do povo hebreu pelo deserto em direção à terra prometida. Esta longa peregrinação foi como um grande retiro que ajudou o povo a encontrar a sua identidade de povo de Deus. Jesus também ficou quarenta dias no deserto, como que refazendo a peregrinação do seu povo. Passados esses dias, ele começou a anunciar que o Reino de Deus já estava chegando, como os que antigamente tinham anunciado ao povo a alegria de já se estar avistando a terra prometida.

O Reino de Deus é o novo tempo que está chegando. É a nossa terra prometida. No anúncio de Jesus, ele já nos diz como acolher o Reino que está às portas: “Convertam-se e creiam no evangelho!”. A fé e a conversão são a resposta à pregação do evangelho, ao anúncio do Reino de Deus que vem a nós. E o Reino vem a nós em Jesus e por meio dele. 

No final do evangelho de São Marcos, evangelho que estamos lendo neste ano litúrgico, Jesus entrega a missão aos seus discípulos: anunciar o evangelho a toda criatura. O evangelho é a boa notícia de que o Reino de Deus chegou em Cristo e por meio dele, como salvação para todos. Quem receber essa notícia maravilhosa (que é o conteúdo da evangelização), precisa dar uma resposta. E a melhor resposta é a fé. A fé, a adesão a Cristo. “Quem crer e for batizado, será salvo”. O batismo é o mergulho de quem crê no mistério da morte e ressurreição do Senhor, na sua páscoa.

Para meditar esse grande mistério de nossa aliança com Cristo, pelo batismo, nas águas de sua morte e ressurreição, nos é contada hoje a história de Noé. Do grande dilúvio, nasceu uma humanidade purificada, salva na arca, uma humanidade em aliança com Deus (Gn 9). Na primeira carta de Pedro, nos é dito que esta arca representa o nosso batismo (1 Pd 3). Na purificação das águas da morte redentora do Senhor, nasce um povo em aliança com Deus, nós. Está escrito: “À arca, corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação”. O tema do batismo também está presente no evangelho de hoje (Mc 1). Depois do batismo no Rio Jordão, Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto. E lá, ele estava entre os animais selvagens, como Noé em sua barca. 

Neste domingo, podemos identificar mais um passo na subida dos 40 degraus, que podem representar a Quaresma: “Crer no evangelho” - Crer na boa notícia de que o Reino de Deus chegou em Cristo como salvação para nós. É como o aviso de que já se estava avistando a terra prometida, a terra da liberdade e da fartura. Crer é acolher com alegria essa boa notícia. E a boa notícia, no final das contas, é o próprio Jesus, sua presença e sua ação nos purificando com sua morte e nos pondo em aliança com Deus; e nos levando, pelo seu Santo Espírito, a traduzir o Reino neste mundo em fraternidade, solidariedade, justiça, paz, reconciliação. 

Guardando a mensagem

São quarenta dias, o tempo da quaresma. Podemos pensar em quarenta degraus, a serem subidos passo por passo. E já vamos no quinto-dia desta subida. No primeiro degrau, estava escrito: partir com humildade (foi a quarta-feira de cinzas). No segundo, seguir com Cristo. No terceiro, jejuar para crescer. Ontem, quarto passo, na história de Levi: vencer a acomodação. O passo de hoje pode ser este: crer no evangelho. O evangelho é a boa notícia de que o Reino de Deus chegou com Jesus. A fé e a conversão constituem a nossa resposta à pregação do evangelho. No batismo, celebramos a fé que acolhe esta boa notícia. Nele, somos purificados nas águas da morte e da ressurreição do Senhor. É a nossa páscoa com ele. A fé neste evangelho ilumina a nossa vida, nos ajudando a enfrentar e vencer os problemas e as tentações. A fé nos faz anunciadores e construtores de um mundo onde já brilhem os sinais do Reino de Deus: a liberdade, a unidade, o amor. 

Convertam-se e creiam no Evangelho! (Mc 1, 15)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Quando começamos a quaresma, ouvimos estas tuas palavras, ao recebermos as cinzas: “Convertam-se e creiam no evangelho”. E estamos entendendo que a boa notícia, o evangelho, é que “o tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo”. Crer neste evangelho é a resposta que esperas de nós, a acolhida de tua pessoa divina e humana entre nós. A tua obra redentora nos põe em aliança com Deus e nos reconcilia com todos os seus filhos e suas criaturas. Pela fé e pela conversão, acolhemos o Reino de Deus que nos chega como salvação. Pelo batismo, somos purificados nas águas de tua morte e renovados em tua ressurreição. Viver nessa verdade é viver em páscoa. Neste primeiro domingo da Quaresma, queremos renovar nosso ‘sim’ ao teu chamado, nossa adesão ao teu evangelho, nosso amor à tua Igreja. Nela, nós recebemos o santo batismo, pelo qual estamos em comunhão contigo e, por meio de ti e do Santo Espírito, unidos uns aos outros formando um só corpo. Dá-nos, Senhor, a graça de viver nesta fé e de anunciá-la com palavras e ações que, neste mundo, expressem fraternidade, construam a justiça e edifiquem a paz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Ouça com atenção as leituras da liturgia de hoje. Estou lhe enviando um link que dá acesso a esta Meditação e também a uma outra reflexão que fiz sobre esse mesmo evangelho, em outra ocasião. A leitura desses dois comentários pode lhe ajudar a compreender melhor a mensagem deste primeiro domingo da Quaresma.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




MEDITAÇÃO 2


NO FINAL DOS QUARENTAS DIAS, 

UMA MARAVILHOSA NOTÍCIA 


Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)

Primeiro domingo da Quaresma, 5º dia deste tempo penitencial que iniciamos na quarta-feira de cinzas. A cada dia, um novo passo no caminho da Páscoa. O foco de hoje está no tema da CONVERSÃO. A conversão é a chave para entrarmos no Reino de Deus.

‘O Reino de Deus está chegando!’ Esta é a boa notícia que Jesus anunciou. O evangelista Marcos fez um resumo do programa pastoral de Jesus. Em quatro curtas frases, ele resume toda a sua pregação. “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”

O texto do evangelho de hoje é bem pequeno e ainda pode ser dividido em duas partes. A primeira parte em torno do DESERTO. A segunda parte em torno do REINO DE DEUS.

Vamos à primeira parte, que realça o tema DESERTO. Depois do batismo no Rio Jordão, o Espírito Santo levou Jesus para o deserto. E, no deserto, ele ficou quarenta dias e aí foi tentado por satanás. Essas poucas palavras evocam coisas muito importantes na história do povo de Deus. Depois de liberado do Egito, o povo peregrinou longamente pelo deserto, até entrar na posse da terra prometida. Foi uma dura peregrinação de quarenta anos. E houve muitos momentos de tentação, em que o povo caiu, revoltou-se contra Deus e contra Moisés. Jesus, membro do povo eleito, simbolicamente refaz a caminhada do seu povo. Ele está no deserto, por quarenta dias e, aí, diferentemente de Israel, ele vence as tentações.

Vamos à segunda parte, em torno do tema REINO DE DEUS. Vencidos os quarenta anos de peregrinação e purificação pelo deserto, o povo de Deus entrou na posse da terra prometida. A terra prometida não era só o território de Canaã, mas um conjunto de sonhos e promessas que, infelizmente, não se realizaram todos na posse da terra. Vencidos os quarenta dias de purificação, Jesus anuncia que estava na hora de entrar no Reino de Deus. O que foi a terra prometida para o povo antigo, agora podia ser experimentado de maneira mais completa e plena no Reino de Deus.

‘O tempo já se completou’, quer dizer ‘a espera terminou’. São João fala da plenitude dos tempos que tinha chegado. ‘O Reino de Deus está próximo’, isto é, aproximou-se, está perto da gente, está acessível. É a terra prometida que já se avistava. Essa é a boa notícia: Deus está reinando sobre o seu povo. Jesus, com suas atitudes e palavras, manifesta o Reino de Deus presente na história. Precisamos acreditar nessa boa notícia (crer no evangelho). E, diante dessa boa notícia, precisamos nos voltar para Deus (conversão). É assim que devemos receber a boa notícia do Reino (o evangelho): pela fé e pela conversão. 

Guardando a Mensagem

O movimento de João, no deserto, preparou o povo para acolher o tempo novo que estava chegando com o Messias. Com a sua prisão, Jesus começa publicamente sua missão. E anuncia o tempo novo que estava chegando. Em suas primeiras palavras, está o programa de todo o seu trabalho: ‘O tempo da espera terminou. O Reino de Deus está próximo de vocês. Creiam nessa boa notícia. E voltem-se para Deus, pela conversão do coração’. Conversão é a grande palavra da Quaresma. E conversão é crer nessa boa notícia, acertar o passo com Jesus e rever seus compromissos, sua vida à luz do reinado de Deus. A sua quaresma são os quarenta dias de Jesus: oração, jejum, resistência às tentações, acolhida do Reino. No fim dessa jornada, celebramos a Páscoa com Jesus.
Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)

Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)

Vivendo a palavra

É dia de você pegar sua Bíblia e ler nela a passagem de hoje: Marcos 1, 12-15. Aproveite e sublinhe na sua Bíblia, nessa passagem, as palavras DESERTO e REINO DE DEUS. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

VENCER A ACOMODAÇÃO



20 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO


Lc 5,27-32

Naquele tempo, 27Jesus viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado na coletoria. Jesus lhe disse: “Segue-me”. 28Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu.
29Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí grande número de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30Os fariseus e seus mestres da Lei murmuravam e diziam aos discípulos de Jesus: “Por que vós comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os pecadores?”
31Jesus respondeu: “Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. 32Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão”.

MEDITAÇÃO

Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu (Lc 5, 28)

Chegamos ao 4º dia da Quaresma. A Quaresma é um programa de crescimento espiritual. A cada dia, um novo passo. Nestes primeiros dias, o convite é claro: seguir Jesus. Hoje, temos o exemplo de Levi, o cobrador de impostos. Um exemplo de resposta ao chamado do Mestre. 

Jesus viu um cobrador de impostos (o tal Levi). Ele estava sentado na coletoria. Jesus o chamou: “Segue-me”. Agora, preste atenção à resposta dele: Deixou tudo, levantou-se e o seguiu. Depois, preparou em casa um grande banquete para Jesus. No banquete, estava um grande número de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 

O evangelista narra a resposta de Levi em quatro ações: deixou tudo, levantou-se, seguiu Jesus e preparou, para ele, um banquete em sua casa. 

Ele era um funcionário, trabalhava coletando impostos para os romanos, profissão mal vista pelo seu povo. Deixou tudo. Tudo o quê? Tudo o que representava segurança, estabilidade, ser um elo na rede de arrecadação pública de impostos. Largou isso. Deu outro rumo à sua vida. Zaqueu também era um cobrador de impostos, mal afamado. Ao que parece, ele não deixou a sua profissão, como Levi, mas também deu novo rumo a ela. Prometeu reparar a quem prejudicou. Vá então pensando no seu caso. Deixar tudo pode significar dar um rumo novo ao seu trabalho, à sua profissão, ao seu casamento. 

Curiosamente, o evangelista anotou que Levi, que deixou tudo, levantou-se. Parece uma observação sem importância. Mas, veja: Jesus o viu sentado e o chamou; Ele, deixando tudo, levantou-se. Sentado é o sinal de instalação, acomodação, enquadramento. Levantar-se é a atitude de quem está se desinstalando, saindo de uma posição cômoda para enfrentar um novo desafio. Levantar-se para pôr-se a caminho. O Papa Francisco, escreveu na sua primeira encíclica, a Igreja tem que ser assim, “em saída”. O seguidor de Jesus, o cristão, há de ser uma pessoa “em saída”, disposta a caminhar, a empreender, a crescer, a partir. A igreja não é a casa dos acomodados, é o caminho dos que seguem Jesus. 

Bom, ele deixou tudo (deu um novo rumo ao que era e ao que fazia), levantou-se (venceu a acomodação de sua situação) e seguiu Jesus. Seguir é fazer-se aluno, discípulo. E segue Jesus, com os outros discípulos, faz comunidade com eles. Isto é a Igreja, que nasce por obra do Espírito Santo, unindo a Cristo os que se põem a caminho com ele. 

E a quarta ação de Levi foi o banquete em sua casa. O banquete é o sinal de alegria, de festa, de celebração da ressurreição. Levi é um novo homem. Ressuscitado em Cristo. É o que se vai fazer na Igreja todo domingo: celebrar a ressurreição, com Cristo. 

Guardando a mensagem

A Quaresma é um programa de crescimento em Cristo. Hoje, olhamos para a resposta de Levi. Jesus o chamou para o seu seguimento, como me chama e chama você. E Levi, numa resposta maravilhosa, completa (representada nas quatro ações), deixou tudo (deu novo rumo ao que era e fazia), levantou-se (rompeu com sua acomodação), seguiu Jesus (tomou Jesus como a direção de sua vida) e organizou um banquete em casa (celebrou, em comunidade, a vida nova em Cristo). É assim que deve ser a nossa resposta ao chamado de Jesus.

Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu (Lc 5, 28)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Obrigado por tua santa Palavra. Ela hoje me faz compreender que a conversão envolve toda a minha vida: é um novo rumo em tudo o que sou e faço, sob a tua direção. Na verdade, como disseste, tu és o caminho. Vamos por ti, andamos contigo, em ti está a realização completa do ser humano. Ajuda-nos, Senhor, a responder ao teu chamado com generosidade, com radicalidade, com alegria, como Levi. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Subindo os 40 degraus da Quaresma, hoje estamos no quarto passo. Os primeiros foram: partir com humildade (a quarta-feira de cinzas), seguir com Cristo, jejuar para crescer. O passo de hoje pode ser dito assim: vencer a acomodação. Assim, imitamos Levi, que levantou-se e seguiu Jesus. 

Amanhã, vamos celebrar o primeiro domingo da Quaresma. Vá se preparando para a celebração, em sua comunidade. Amanhã, celebro às 17 horas e você pode me acompanhar pelo aplicativo da Rádio Tempo de Paz. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O JEJUM NO CAMINHO DA CONVERSÃO



19 de fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mt 9,14-15

Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?”
15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”.

MEDITAÇÃO


Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão (Mt 9, 15)

Chegamos ao terceiro dia da Quaresma. É muito importante que a gente não perca nenhum dia deste programa de crescimento que é a Quaresma. O passo a ser dado hoje é entender o jejum, como expressão de nossa conversão. 

A pergunta veio de um grupo muito querido de Jesus, os discípulos de João. Jesus tinha participado do batismo de João Batista, no Rio Jordão. João o tinha apontado como cordeiro de Deus. E alguns dos discípulos do Batista tinham se tornado discípulos seus. Então, a pergunta deles era séria. Não tinha segundas intenções. E o que eles queriam saber? Queriam saber por que os seus discípulos não praticavam o jejum como eles e os fariseus? A resposta de Jesus foi essa: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. O que Jesus quis dizer com isso?

Podemos entender todo o ministério de Jesus como a renovação da aliança com Deus. Jesus veio pra isso: para restaurar a comunhão com Deus que foi destruída pelo pecado (desde Adão) e pela infidelidade de Israel, o povo da Aliança. Não é à toa que o evangelho de São João praticamente comece com as bodas de Caná, o casamento que precisou da intervenção de Jesus para dar certo. A aliança, à moda do casamento, é entre Deus e o seu povo. Jesus é o noivo. Veja o que ele respondeu: enquanto o noivo está presente (ele), os amigos do noivo (os discípulos) não podem jejuar. Mas, depois que o noivo for tirado do meio deles (a sua morte), eles jejuarão.

O jejum é uma expressão de nossa conversão. Bom, nossa primeira conversão foi celebrada no batismo, nas águas. Lá, fomos lavados dos nossos pecados. Mas, infelizmente, continuamos a cair, a falhar, a pecar. Por isso, precisamos estar em permanente atitude de conversão. Deus sempre nos perdoa. Mas, para isso, precisamos da conversão do nosso coração. O jejum é uma forma de cultivamos essa conversão. Ficamos tristes pelo pecado que cometemos. Esse sentimento do reconhecimento de nosso pecado, da dor que sentimos por nossa infidelidade a Deus, é expresso também nas práticas externas do jejum, da esmola e da oração. Essas práticas nos ajudam a cultivar a conversão interior e a implorar a misericórdia de Deus, o seu perdão. Ele que já nos purificou pela água do batismo, pode também nos purificar pelas lágrimas do nosso arrependimento.

O jejum tem, então, essa conexão com Deus, a quem ofendemos e a quem demonstramos nosso arrependimento, cultivando a conversão do nosso coração. Mas, o jejum tem também uma conexão com minhas atitudes em relação aos meus irmãos. No livro do Profeta Isaías, o próprio Deus nos diz qual a verdadeira obra que ele espera de nós, o jejum que ele prefere. São obras pelas quais procuramos, em relação ao nosso próximo, o alívio do seu sofrimento, a libertação da opressão, a partilha do pão, do teto e da roupa com os mais sofridos.

Guardando a mensagem

O jejum é uma forma de penitência, pela qual me uno ao padecimento de Cristo, em sua paixão. É também um gesto de amor fraterno, no sentido de que me faço solidário com quem está em dificuldade. Você pode jejuar em qualquer dia na Quaresma. O mínimo está previsto pela disciplina da Igreja: na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da paixão. A abstinência de carne às sextas-feiras da Quaresma também faz parte de nossa caminhada penitencial, nesse período. Além do alimento, a gente pode fazer jejum de televisão, de barzinho, de bebida alcoólica, de cigarro, de internet, de whatsapp. Renunciar, pra ficar mais resistente, pra ter mais força interior, para unir-se a Cristo em sua cruz e aos irmãos em suas necessidades. 

Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão (Mt 9, 15)

Rezando a palavra

Senhor nosso Deus,
Que te deixas comover pelos que se humilham e te reconcilias com os que reparam suas faltas, ouve como um pai as nossas súplicas. Derrama a graça da tua bênção sobre nós que estamos em Quaresma, desejosos de ouvir a palavra do teu filho Jesus, de ser fieis à vida de oração pessoal, e de praticar a penitência e a caridade, em preparação das celebrações da Santa Páscoa que se aproximam. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Vivendo a palavra

Bom, não temos pra onde correr. A prática da palavra de hoje é o jejum, jejuar. Se você passou batido(a) na quarta-feira de cinzas, tem ainda a sexta-feira da paixão. E, hoje, como todas as sextas da quaresma, é dia de abstinência de carne. Você sabe, essas práticas externas têm valor se cultivarem a conversão do coração em relação a Deus e aos sofredores.

Desejo, de coração, agradecer a quem participou ontem da Santa Missa pela Rede Vida ou, de qualquer forma, viu depois as postagens em nosas redes sociais. Festejamos os 25 anos da AMA, na verdade o início de  um ano comemorativo. A AMA contribui com a evangelização nos meios de comunicação social. Você também pode participar da AMA. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

CAMINHAR COM CRISTO


18 de fevereiro de 2021

EVANGELHO


Lc 9,22-25

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 22“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.
23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?”

MEDITAÇÃO


Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e me siga (Lc 9, 23)

Então, começamos, ontem, a caminhada de 40 dias em direção à Páscoa do Senhor. Começamos a Quaresma. É como se tirássemos esse tempo para caminhar com Jesus, aprendendo os seus ensinamentos, o seu modo de pensar e de agir. É um grande retiro, em companhia dos irmãos, no seguimento de Cristo. Seguimento de Cristo: precisamente, este é o foco de nossa meditação de hoje, segundo dia da Quaresma.

Jesus falou para todos: “Se alguém quiser me seguir...”. Eu quero! E você? Então, escutemos as condições que ele vai nos colocar: “Renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e me siga”. Renunciar a si mesmo significa a gente se tirar a si mesmo do centro. É que no centro de nossa vida estamos nós mesmos. A gente pensa e age assim: ‘isso é bom pra mim, isso me faz bem, isso eu gosto, isso eu quero ou não quero pra minha vida’. No centro, estou eu mesmo, o que me agrada, o que me convém. Agora, Jesus está dizendo que quem quiser segui-lo, tem que ser diferente: é ele que deve estar no centro. Renunciar a si mesmo. Não dá pra você seguir Jesus, continuando no centro. Entendeu?!

Aí ele completou: “Tome a sua cruz cada dia e me siga”. Ser cristão não é deixar de ter problemas, você sabe muito bem. Tomar a própria cruz é condição para seguir Jesus. E o que é tomar a cruz de cada dia? É assumir, com toda responsabilidade, o peso que a vida lhe entrega: problemas de saúde, dificuldades financeiras, desencontros dentro de casa, crises sociais... Tomar a cruz cada dia é não correr dos compromissos ordinários da existência: trabalhar, fazer feira, acompanhar os filhos, conviver com a vizinhança, estudar... As obrigações, compromissos e problemas do dia-a-dia não nos impedem de seguir Jesus. É com essa cruz que o seguimos.

Jesus começou falando do seu caminho, de como ele sofreria muito, seria rejeitado pelos grandes do seu povo, seria morto e ressuscitaria. O caminho do Filho do Homem, como ele gostava de se referir a si mesmo, não seria um caminho cômodo, nem fácil. O caminho da verdade, da coerência, da honestidade é um caminho doloroso. Sofrimento, rejeição, morte... e ressurreição, ao final. A vitória se colhe em meio a lutas, renúncias e dificuldades.

Jesus não quis pegar o atalho da vitória sem luta, do conchavo com os poderosos ou da solução mágica para os problemas. Foram essas, aliás, as tentações do demônio, depois de um jejum de 40 dias.

Guardando a mensagem

Jesus nos chama para segui-lo. Mas, nos indica que é preciso renunciar a estar no centro, para no centro estar a santa vontade de Deus. E nos lembra que no seu caminho tem cruz. É claro que Jesus não nos está chamando simplesmente para o sofrimento. Seria masoquismo. Ele está nos convidando a tomar a estrada que ele tomou: o caminho da simplicidade, da fidelidade, da verdade..., do amor aos pequenos, os preferidos de Deus. Esse não é um caminho fácil. O mundo, pervertido pelo desejo de enriquecimento, de prestígio, de luxúria, não aplaude o discípulo de Jesus. Mas, o nosso caminho é o caminho de Jesus.

Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e me siga (Lc 9, 23)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu, que és Deus, percorreste o caminho humano para nos deixar um modelo a seguir. Mas, não é fácil, Senhor, assumir o teu caminho. A tentação do mais fácil, do prazeroso, a cobrança da opinião dos outros... muita coisa nos empurra para um caminho sem renúncias. No fundo, preferimos um caminho sem sofrimento, a vitória sem luta, o amor sem doação. Ajuda-nos, Senhor, a responder positivamente ao teu chamado. Queremos te seguir, com fidelidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

A Quaresma é uma caminhada rica de estímulos para o seu crescimento. Seria muito bom você ter o seu caderno espiritual (uma agenda, um caderno de anotações). Muita gente me perguntou se é uma coisa especial que eu tenha para vender. De jeito nenhum. Compre um caderno em qualquer livraria. Ele será especial se você o utilizar bem para o seu crescimento espiritual. Bom, anote nele, hoje, uma resposta para esta pergunta: Para colocar Jesus no centro de sua vida, o que você precisa renunciar?

Como toda quinta-feira, celebro, hoje, a Santa Missa por você e por todos os que acompanham a Meditação e os nossos proramas de rádo. Acompanhe a Missa de hoje pela Rede Vida de Televisão, às 9 da manhã. Com ela, estamos abrindo um ano de comemoração dos 25 anos de nossa Associação Missionária Amanhecer, a AMA. Peço que compartilhe o pequeno vídeo que lhe enviei, ontem, avisando o horário da Missa.  

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

COMEÇANDO A QUARESMA




17 de fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mt 6,1-6.16-18

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 1“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. 2Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 3Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
5Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”.

MEDITAÇÃO


E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa (Mt 6, 4)

Estamos começando a Quaresma. A Quaresma se inspira no povo antigo que caminhou 40 anos no deserto, purificando-se, para entrar na posse da terra prometida. Jesus jejuou durante quarenta dias, no início do seu ministério. Recebendo as cinzas, entramos no clima desse tempo litúrgico: o reconhecimento de nossa fraqueza e a confiança no amor restaurador de Deus.

No sermão da montanha, comunicando a novidade do Reino, Jesus apresenta ao seu povo um modo novo de ver e realizar as antigas práticas religiosas. Fala da esmola, da oração e do jejum. Que tudo isso – nos pede ele – seja vivido sem demonstrações públicas, sem busca de reconhecimento dos outros. Essas três práticas de toda religião tradicional continuam valendo para nós, mas vividas com um novo espírito. 

A ORAÇÃO, sem ostentação, é um diálogo de filho, de filha, com o Pai, na intimidade do seu ser (o seu quarto). Quaresma é tempo de rezar mais e melhor. É na quaresma que se faz, a cada sexta-feira, a via-sacra. O conselho pra todo mundo é: não perder as celebrações dominicais em sua comunidade, nesse período. Nesse tempo de Quaresma, cabe um esforço especial para cada um ter seu momento de oração pessoal, todos os dias. A leitura frequente da Palavra de Deus é também parte de nossa vida de oração.

O JEJUM, sem exibicionismo, nos priva do alimento ou de alguma outra coisa. Todas as religiões que se prezam recomendam esta prática. O jejum, durante a Quaresma, está marcado para os católicos para hoje, quarta-feira de cinzas e a sexta-feira da Paixão. E abstinência de carne todas as sextas-feiras da quaresma. O jejum educa a gente, vocês sabem disto. Ajuda a quebrar o nosso egoísmo, a nossa presunção, o nosso orgulho. Sobretudo, nos ensina a solidariedade. Porque jejum que se preze é partilha: a gente passa para quem está com fome aquilo que deixamos de consumir.

A CARIDADE, sem busca de reconhecimento, nos faz realizar gestos de fraternidade. Concretamente, fazer alguma coisa pelos outros que precisam mais. Os profetas falavam de partilha da comida, da roupa, da água... Jesus fala de gestos de atenção em direção aos famintos, sedentos, enfermos, encarcerados, maltrapilhos... quem for fraterno com estes irmãos e irmãs, está sendo fraterno com o filho de Deus, Jesus Cristo. Por isso, na Quaresma também se fala de esmola. Mas, muita gente fica pensando logo num trocado que se dá a alguém. E a esmola de que se fala na Quaresma é a partilha do que temos com quem está passando necessidade.

Com a graça de Deus temos, no Brasil, a Campanha da Fraternidade, que justamente tem o seu momento forte na Quaresma. Assim, ninguém pode confundir gesto de fraternidade com apenas uma feirinha que se dá, ou uma ajuda financeira a uma família pobre. A Campanha da Fraternidade, a cada ano, aponta onde Jesus está esperando nosso compromisso de fraternidade. Neste ano, a Campanha é compartilhada com outras igrejas cristãs. Juntas, as igrejas que forMam o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC) escolheram o tema do compromisso com o Diálogo e a Paz. A Campanha nos ajuda a qualificar a nossa Quaresma, com a conversão na caridade. 

Guardando a mensagem

A Quaresma, que estamos começando com esta quarta-feira de cinzas, vale como um grande retiro para nós católicos. Quarentas dias de caminhada, de crescimento, de práticas religiosas, de gestos de fraternidade. Assim, vamos nos preparando para entrar, com Jesus, em Jerusalém para celebrar, com ele, a Páscoa. E a Quaresma começa já nos apontando três práticas religiosas especiais neste período: oração, jejum e caridade. Mergulhe de cabeça nesta Quaresma!

E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa (Mt 6, 4)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Como disse Paulo, em sua segunda Carta aos Coríntios: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação”. E nós não queremos e não podemos deixar passar essa oportunidade. A Quaresma há de ser para nós um tempo de crescimento espiritual, de fortalecimento de nossa fé e de realização de nosso compromisso de fraternidade. Abençoa, Senhor, este tempo de Quaresma que estamos começando. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Para viver a palavra de hoje, eu tenho uma boa sugestão que vale para toda a Quaresma. Você realizar, a cada dia, um momento pessoal de oração. Isso será muito vantajoso para o seu crescimento cristão. Que tal começar hoje?!

O que fazer nesse momento pessoal de oração diário: ler com calma o texto bíblico do dia, ouvir a meditação, anotar no seu caderno alguma descoberta, rezar algumas de suas orações conhecidas. 

E o convite que lhe fiz: você acompanhar a Santa Missa, amanhã, às 9 horas da manhã, pela Rede Vida de Televisão. Nesta Missa, nós vamos abrir o ano jubiliar da AMA, 25 anos de serviço missionário da nossa Associação Missionária Amanhecer. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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