PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

A HISTÓRIA DOS PORCOS


Quando viram Jesus, pediram-lhe que se retirasse de sua região (Mt 8, 28)
01 de julho de 2020.
Eu vou lhe explicar essa história dos porcos que se afogaram no mar. Uma manada de porcos se perdeu. A economia daquelas famílias ficou arruinada. Resultado: a cidade inteira saiu ao encontro de Jesus e o expulsou de sua região. E o que tinha acontecido? Jesus chegou a uma região já fora do seu país, uma região de pagãos. Apareceram dois homens possuídos pelo mal. Os demônios ficaram incomodados e pediram a Jesus, no caso de serem expulsos, de irem para a manada de porcos. Dito e feito. Os dois homens foram libertos, mas os porcos desceram de ladeira abaixo e se jogaram no mar. O povo da cidade não gostou do resultado e expulsou Jesus de suas terras.
Agora, vamos fazer uns descontos. Você lembra que o povo de Israel não comia porco e não criava porco de jeito nenhum. Porco era um símbolo da impureza, um sinal dos pagãos. Lembra a parábola do filho pródigo? O jovem judeu terminou no fundo do poço, empregou-se como cuidador de porcos. Foi a máxima humilhação. Então, vejam, Jesus está numa região de pagãos, logo tem porco por ali. Porco, para os judeus, era um sinal de coisa ruim, de gente que vivia longe da fé no Deus vivo. Mais do que uma história, a narração quer mostrar o significado da ação libertadora de Jesus também fora do povo de Deus e a reação negativa das pessoas. Para isso, a narração pode ter ficado um tanto aumentada. Quem conta um conto, sempre aumenta um ponto.
A verdade é que a ação de Jesus que liberta o homem de todas as amarras e opressões não é bem recebida por todo mundo. Uma sociedade má reage contra Jesus, expulsa-o. Por exemplo, libertar pessoas das drogas - os narcotraficantes ficam furiosos, é uma ameaça à sua economia. Libertar pessoas do analfabetismo político - alguém vai logo dizer que é comunismo, porque se beneficia da ingenuidade dessa gente. Denunciar a prostituição de meninas e meninos - a rede que se beneficia desse tipo de exploração reage com violência, pois fica no prejuízo. É o que está dito no texto de hoje. A população pagã daquela região viu-se prejudicada no triste fim da manada de porcos. Preferia que os diabos continuassem oprimindo aqueles homens, mandando naquela terra, impedindo que o povo andasse por aquelas estradas. Expulsaram Jesus de sua região.
Guardando a mensagem
A ida de Jesus àquela região pagã é uma amostra de seu compromisso missionário com todos, não somente com os judeus. O povo hebreu não comia porco, nem criava porco. Porco era uma marca das regiões pagãs, consideradas impuras. Contando esse fato sobre a ida de Jesus a uma terra estrangeira, era natural que aparecesse porco na história. Livrar a terra dos porcos é também uma forma de falar da purificação daquele ambiente. É claro que essa não é uma narração jornalística, é uma história polarizada pelas disputas entre judeus e pagãos. A reação da cidade à ação de Jesus é a reação ao bem que se faz. Quem faz o bem sempre encontra resistência.
Quando viram Jesus, pediram-lhe que se retirasse de sua região (Mt 8, 28)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Nós nos entristecemos quando procuramos fazer o bem e encontramos tanta má vontade, resistência, oposição. Foi assim naquela região pagã que visitaste. Fizeste o bem, libertando aqueles dois homens possuídos pelo mal e liberando a estrada para o povo passar sem medo. Mas, o povo, invocando prejuízos na economia, acabou te expulsando. Essa desculpa da economia, do dinheiro, do administrativo é motivo para muita gente resistir à tua Palavra, esquivar-se da conversão e da mudança de vida. Concede-nos, Senhor, acolher com abertura de coração e espírito de obediência a tua santa Palavra. E não desistirmos, quando trabalhando pelo bem dos outros, encontrarmos incompreensão, oposição, rejeição. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Pare um pouco pra pensar. Você já foi incompreendido(a) numa coisa boa que tenha feito? Desistiu ou continuou? Talvez alguém perto de você precise de uma força neste assunto.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A TEMPESTADE


Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo (Mt 8, 25).
30 de junho de 2020.
Foi este o pedido de socorro dos discípulos a Jesus que estava dormindo, na barca. Estavam no meio de uma grande tempestade, a barca estava sendo coberta pelas ondas. E no meio dessa preocupante situação, Jesus dormia, calmamente. Eles o acordaram aos gritos: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo”.
Jesus acordou, certamente sem muita pressa. E lhes fez uma pergunta muita séria: “Por que vocês estão com tanto medo, gente fraca na fé?”. Levantou-se e repreendeu os ventos e o mar, e estes se acalmaram. O medo é a reação de quem se sente acuado, sem saída. O medo é a resposta de quem não tem fé ou de quem tem uma fé muito fraca.
Podemos nos perguntar, por que Jesus estava dormindo àquela hora, na barca, em pleno lago da Galileia? Bom, talvez estivesse cansado. É que a sua vida era uma loucura. Está escrito no Evangelho que ele nem tinha tempo para comer, tantas eram as pessoas que o procuravam. E, além da atenção permanente às pessoas, havia os longos deslocamentos a pé, o cuidado permanente com a formação dos discípulos, as noites de oração... tudo isso contribuía para o seu cansaço. Possivelmente, o seu sono era de cansaço.
Mas, há outra coisa que podemos considerar também. Quem dorme assim na barca, ou no avião ou no carro, dorme tranquilo se tiver confiança em quem está na direção, o motorista, o piloto, não é verdade? Jesus dormiu tranquilo porque estava cansado e também porque confiava na experiência dos seus discípulos pescadores. 
Agora, cansaço é uma coisa. Estresse é outra. Quem está apreensivo, estressado, preocupado, dorme bem? O que acha? Não dorme. O estressado pode perder o sono, ou adormecendo, dorme um sono agitado pelos sonhos que se cruzam com suas preocupações, chegando até a ter pesadelo... e já acorda agitado, nervoso, irritado. Quem está estressado, descansa um pouco, mas o seu sono não é tranquilo, não é repousante.
O sono de Jesus, na barca, estava tranquilo ou agitado? Pela chamada de atenção aos discípulos, podemos deduzir que ele estava tranquilo, sereno. ‘Por que vocês estão com tanto medo?”. Agitados estavam os discípulos, coitados, esbaforidos com a tempestade agitando a barca. Para eles, estavam de cara com a morte, podendo naufragar a qualquer momento.
O mar agitado é uma imagem das crises que se abatem em nossa vida: as crises no casamento, a enfermidade, a situação gerada pelo desemprego, os problemas internos da comunidade, do país... Tem sempre uma tempestade no mar. O que muda é como nós as enfrentamos: com sinais de desespero ou com serenidade? O clamor amedrontado dos discípulos despertou Jesus. O medo é o contrário da confiança. Pedir é correto. Mas, pedir porque confia, porque se está seguro que Deus nos ampara em todas as nossas tribulações. Mas, nunca como expressão de desespero, de desconfiança que estamos perdidos, que vamos naufragar. Deus está em nosso barco, não vamos naufragar. A fé nos dá serenidade em nossas crises. Faz-nos estar calmos no meio da tempestade, embora buscando saída, procurando solução, trabalhando para resolver os problemas que nos afligem. Mas, movidos pela fé, confortados pela convicção profunda que Deus está conosco, que ele não nos abandona, que é ele a nossa segurança.
Guardando a mensagem
O mar estava revolto. Os discípulos estavam agitados. Bateu o desespero. Gritaram, acordaram o Mestre que estava na barca. “Estamos perecendo, salva-nos!”. Jesus pediu calma, serenidade. Essa é atitude de quem tem fé. Ele mesmo estava dormindo um sono tranquilo, cansado, mas confiante na liderança dos seus discípulos. A serenidade nasce da confiança em Deus, em si mesmo e nos outros. A serenidade é o brilho da fé. Se você estiver vivendo uma tempestade, veja se Jesus está no seu barco, peça a ajuda dele. Não se desespere, não morra de medo. Enfrente serenamente a tempestade, com fé, com confiança. Ela vai passar.
Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo (Mt 8, 25).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
São tantas as tempestades em nossa vida pessoal, em nossa familia, em nossa vida profissional. Agora mesmo, muita gente está atravessando grandes turbulências. Como cristãos, Senhor, renascidos na tua morte e na tua ressurreição, estamos confiantes que a vida, o amor, a fraternidade, a justiça terão a última palavra; que a tua ressurreição entrou para a história humana como sinal de superação de todas as crises, sinal da vitória sobre o mal. Por isso, o nosso olhar é um olhar transfigurado pela fé e pela esperança. A todos, chegue, Senhor, a tua palavra e a tua presença que acalmam os ventos fortes e o mar bravio. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No meio dos problemas que você talvez esteja vivendo, faça um ato de confiança no Senhor Jesus, Deus conosco, e nas pessoas que estão à sua volta. Muita gente merece sua confiança. Você pode contar com elas também . 
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

ORAÇÃO DA NOITE

SEGUE-ME

Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos (Mt 8, 22).
30 de junho de 2020


Depois da meditação de ontem, em torno dos apóstolos Pedro e Paulo, em que nos recordamos de nossa vocação de discípulos e missionários, o evangelho de hoje nos fala das exigências do seguimento de Cristo.

Nos evangelhos, encontramos textos maravilhosos em que aparece a generosidade de pessoas que foram chamadas a seguir Jesus e largaram tudo para atender ao seu convite. É Deus quem chama. Seguir Jesus é uma expressão para indicar a condição de ser seu discípulo, sua discípula. Caminhar com ele, ao lado dele, como muitos faziam, era uma espécie de escola, de tempo de formação e um modelo para toda a vida. Mesmo não andando com Jesus o tempo todo, o discípulo ou a discípula tinha sempre em mente estar caminhando com ele, seguindo os seus passos.

Generosos foram os primeiros discípulos, como narrado nos evangelhos. Aqueles pescadores largaram o barco, o mar, a família e passaram a acompanhar Jesus em suas andanças missionárias. Levi, sentado na coletoria de impostos, deixou tudo, ao ouvir o convite ‘Segue-me’. Mas, nem sempre a resposta foi pronta e generosa por parte de quem foi chamado. É assim que lemos, no texto de hoje, dois casos em que os convidados se mostraram reticentes e pouco generosos diante do convite para seguir Jesus.

A um que se apresentou para segui-lo, um mestre da Lei, Jesus, por alguma razão, disse-lhe: “As raposas têm tocas. Os pássaros têm ninhos. Mas, eu não tenho nem onde deitar a cabeça”. Está claro. O discípulo não está atrás de segurança e de comodidades. Deve acompanhar Jesus em seu despojamento. Esse tal, pela conversa de Jesus, não estava disposto à vida de andarilho e sem conforto que Jesus levava.

Outro discípulo arrumou logo uma desculpa para retardar o seu engajamento total no movimento de Jesus: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. Isso quer dizer que ele adiaria o seu seguimento de Jesus para depois que o seu pai se fosse. Aí, sim, pensou ele, estaria livre, desimpedido... Não, meu amigo, o chamado é pra hoje. “Deixe que os mortos enterrem os seus mortos, mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. Anunciar o Reino de Deus é comunicar ao povo uma boa nova, uma notícia maravilhosa. É anunciar a vitória da vida sobre a morte e o mal. O pai dele precisava exatamente desta boa notícia. Não de um coveiro.

O Reino de Deus pede prioridade e exclusividade. ‘Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus’, ensinava Jesus. 

Guardando a mensagem

Nos evangelhos, são narrados muitos exemplos de pessoas que, sentindo-se chamadas para o seguimento de Jesus, deixaram tudo e prontamente aderiram ao convite do Senhor. O evangelho de hoje, curiosamente, traz dois exemplos de convidados que não foram generosos e prontos na resposta. O primeiro estava preocupado com a segurança e as comodidades. Precisava entender o despojamento de Jesus e imitá-lo. O segundo condicionava sua adesão ao convite de Jesus ao final da vida do seu pai. Precisava entender que seguir Jesus é participar da experiência e do anúncio da vida nova, com plenitude e sentido. Esse era o bem maior a fazer ao seu pai.

Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos (Mt 8, 22).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Dom Hélder Câmara dizia com propriedade: “Começar é uma graça. Mas, graças das graças é perseverar”. Então, nós te pedimos, Senhor, essa graça das graças: não interrompermos o que começamos com tanto entusiasmo em nossa vida cristã, em nossa caminhada de batizados, mas ir contigo até o fim, como teus discípulos e missionários. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Será que alguma coisa está impedindo você de seguir Jesus com mais entusiasmo? Seria interessante você escrever alguma coisa sobre isso, no seu caderno espiritual.

Ontem, celebramos, na liturgia, São Pedro e São Paulo. Mas, em nosso calendário social, hoje é o dia de São Pedro. Na Itália e em outros países, a celebração dos apóstolos Pedro e Paulo, com o Dia do Papa, é hoje. Então, continuemos a rezar pelo Papa Francisco. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SÃO PEDRO E SÃO PAULO

Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la (Mt 16, 18) 

28 de junho de 2020 – Solenidade de São Pedro e São Paulo. 

Fechando esse mês de junho, e também o ciclo junino, celebramos hoje Pedro e Paulo, apóstolos ‘que plantaram a Igreja e a regaram com o próprio sangue’. É também o dia do Papa, bispo de Roma e sucessor de Pedro. Celebrar o dia do Senhor com essa festa dos dois apóstolos-colunas nos une ainda mais em torno de Cristo, como sua Igreja em missão. 

E, como Igreja, nós temos, na atualidade, dois desafios a enfrentar. O primeiro é que o nosso povo batizado conhece pouco a fé cristã, inclusive boa parte nem pisa na Igreja. O segundo é que os que participam se contentam com a Missa de vez em quando e não se sentem responsáveis pela evangelização dos outros. 

Quando houve aquela grande assembleia de bispos da América Latina em Aparecida, em 2007, eles transformaram esses desafios em um compromisso duplo: levar o povo católico a ser um povo de discípulos missionários. Como bons discípulos do Senhor, cada um conhecer melhor a fé cristã, professá-la com sinceridade e ensiná-la aos outros. Como seus missionários, levarmos o fermento do evangelho ao mundo, levando a boa nova aos afastados, distantes e excluídos. 

A solenidade de São Pedro e São Paulo, que celebramos hoje, pode reforçar essa nossa caminhada de formação e compromisso como discípulos missionários. Os dois apóstolos Pedro e Paulo são exemplos, modelos de compromisso com o Senhor e com a missão evangelizadora. Eles são igualmente nossos intercessores junto a Deus na animação de comunidades de discípulos missionários, igreja em saída para as periferias humanas. Mesmo sendo os dois apóstolos modelos de discípulos missionários, podemos olhar para cada um deles e identificar de maneira mais acentuada uma dessas dimensões. 

A grandeza de Pedro, por exemplo, foi proclamar a fé, em nome dos seguidores de Jesus. Como disse o Mestre, fé que é revelação de Deus, mais do que conhecimento humano. ‘TU ÉS O MESSIAS, O FILHO DO DEUS VIVO’ (Mt 16,16). Disse tudo, disse toda a fé da Igreja, em sua forma mais nuclear. Cremos que Jesus é o Messias, o ungido, prometido por Deus ao povo de Israel. Esse Jesus, de fato, é o Cristo, tradução grega da palavra hebraica Messias, Ungido. Cremos que Jesus de Nazaré é o próprio filho do Deus vivo, vindo a nós em nossa condição humana, homem e Deus verdadeiro, nosso Salvador. Pedro, como disse Jesus, é essa pedra, esse alicerce, essa fé sobre a qual ele funda a sua Igreja. 

Com Pedro, aprendemos a ser discípulos. Somos discípulos, na medida em que conhecemos a fé da Igreja, a fé de Pedro, acolhendo a revelação de Deus, professando-a e vivendo-a com alegria e simplicidade. 

Já a grandeza de Paulo foi levar a mensagem do evangelho às nações pagãs, ultrapassando as barreiras culturais e religiosas em que o mundo judeu delimitava o povo de Deus. Ele é o apóstolo dos gentios, missionário dos pagãos. Fez quatro grandes viagens por quase todo o mundo conhecido, pregando o evangelho e edificando novas comunidades. Paulo reconheceu: “O Senhor esteve ao meu lado e me deu forças, ELE FEZ COM QUE A MENSAGEM FOSSE ANUNCIADA POR MIM INTEGRALMENTE E OUVIDA POR TODAS AS NAÇÕES” (2 Tm 4,17). 

Com Paulo, aprendemos a ser missionários. Somos missionários, na medida em que nos preocupamos e nos responsabilizamos pelo anúncio do evangelho em todos os ambientes, em toda a sociedade.

Guardando a mensagem 

Nossos desafios são dois: conhecer melhor a fé cristã e participar de fato da evangelização. Em Aparecida, abraçamos um programa de crescimento maravilhoso: vamos nos empenhar para ser melhores discípulos e missionários do Senhor. Pedro inspira nosso compromisso de bons discípulos de Jesus, abraçando e conhecendo melhor a fé cristã. Em sua proclamação de fé, ele é a pedra, sobre a qual Jesus edificou sua Igreja. Paulo anima nosso compromisso de missionários entusiastas do Reino. Ele é o homem das viagens missionárias, da evangelização das nações. Paulo inspira o impulso missionário dos discípulos e das comunidades de hoje – Igreja em saída. 

Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do inferno nunca poderá vencê-la (Mt 16, 18) 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 
Neste domingo, nos alegramos com a solenidade de São Pedro e de São Paulo. Eles, com sua pregação apaixonada do evangelho, seu exemplo de seguidores e o testemunho do seu martírio, enriqueceram a tua Igreja com um povo convertido e fiel. Essa comemoração nos chama a um maior compromisso com a fé cristã, vivida com fidelidade e anunciada com entusiasmo em todos os ambientes onde vivemos, trabalhamos, nos divertimos. Dá-nos, Senhor, uma profunda sintonia com a tua Igreja e uma ardorosa adesão aos caminhos de conversão e renovação que o teu Santo Espírito tem inspirado. Abençoa, Senhor, o Papa Francisco no seu ministério de unidade. Abençoa também nossas famílias, os doentes, os idosos, o pessoal da saúde. Dá-nos vitória, Senhor, nesta luta contra este vírus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 

O nosso Papa Francisco sempre pede que rezemos por ele. Com a festa de São Pedro e São Paulo, festejamos também o Dia do Papa. Ontem, ele completou 28 anos de ordenação episcopal. 
Então, com grande amor pela Igreja, reze hoje pelo Papa Francisco.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A FÉ DO SOLDADO

Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).

27 de junho de 2020

Nós fazemos um bom esforço para viver o evangelho de Jesus, para sermos fiéis ao que Deus tem nos ensinado. Ao menos, pensamos assim. O povo de Deus do tempo de Jesus também tinha essa ideia sobre si mesmo. Eles insistiam sempre no conhecimento que tinham do Deus verdadeiro e na exclusividade de serem o povo em aliança com Deus. Jesus, filho de Deus, encarnado naquele mundo religioso e cultural de Israel, também tinha em grande conta a história do povo eleito. Mas, aberto à realidade como ele era, experimentou em várias ocasiões como a fé deles era vivida de maneira egoísta e interesseira. E como, em nome da aliança com Deus, marginalizava-se gente de dentro e todos os de fora.

No evangelho de hoje, Jesus faz uma constatação que deve ter aborrecido muita gente do seu tempo: “Em verdade vos digo, nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé”. O elogio foi feito ao comportamento de um pagão. No encontro que ele teve com o oficial romano, em Cafarnaum, este intercedeu em favor do seu empregado. Este oficial tinha a patente de centurião, tendo sob seu comando uma centena de soldados do império. Claro, era um estrangeiro, um pagão. Ele contou a Jesus que o seu empregado estava de cama, sofrendo terrivelmente com uma paralisia. Jesus, judeu que era, segundo as regras religiosas de então, não podia entrar na casa dele, já que ele era um pagão. Passando por cima dessa barreira, Jesus se prontificou a ir à sua casa para curar o seu empregado. A resposta do pagão foi surpreendente: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa”. Foi uma palavra sincera, um reconhecimento de sua condição de pecador, de pagão. E mostrou sua grande fé quando acrescentou: “Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. E até comentou com Jesus sobre sua experiência de dar ordens aos seus soldados e aos seus servos, e de ser prontamente obedecido.

Diante da resposta do pagão, Jesus ficou admirado com a sua fé. Foi aí que ele disse aquela palavra tão surpreendente: “Nunca encontrei alguém que tivesse tanta fé em Israel”. E disse mais: “Eu lhes digo, muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa do reino dos céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”. Nessa palavra, Jesus está em sintonia com os profetas, como Isaías, que anunciaram, muitos séculos antes, que também as nações pagãs se integrariam ao povo santo, chegariam também como peregrinos ao monte da Casa do Senhor. Deus quer integrar no seu reino também os outros povos, toda a humanidade.

Guardando a mensagem

Para nós que estamos começando o tempo do advento, Jesus nos aponta, hoje, um exemplo a ser imitado. Jesus elogiou a fé do oficial pagão, dizendo que não tinha encontrado ainda uma fé tão grande no meio do seu povo. Com esse elogio, o centurião pagão está sendo colocado como exemplo a ser seguido por nós. É bom nos darmos conta que, fora do nosso grupo e de nossa tradição religiosa, há quem demonstre mais fé do que nós. E podemos e devemos aprender com eles. Aprendamos com Jesus, que teve uma atitude missionária, apesar dos limites da prática religiosa do seu tempo: dispôs-se a ir à casa do pagão. Aprendamos com o pagão que Jesus elogiou: ele foi solidário com o seu empregado e foi humilde em reconhecer sua condição de pecador. Além disso, esse pagão demonstrou uma grande fé, sugerindo que Jesus apenas desse uma ordem e seu empregado ficaria curado. Fora do nosso grupo, pode haver gente levando a fé mais a sério do que nós. Aprendamos com eles.

Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Ficamos encantados com teu espírito missionário. Desde o teu nascimento, vemos como os pagãos são acolhidos no caminho da salvação. São tantos exemplos nos evangelhos: a visita dos magos do oriente, aquela história da mulher siro-fenícia, da cananeia, das curas em território estrangeiro, essa história do empregado do centurião em Cafarnaum. E colocaste este pagão como exemplo a ser seguido por todos nós na sua solidariedade, na sua humildade e na sua fé. Ajuda-nos, Senhor, a acolher, sem discriminação, o bom exemplo de pessoas que não são do nosso grupo e da nossa tradição religiosa. E a vivermos a nossa fé com maior seriedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra
Amanhã, vamos celebrar a solenidade de São Pedro e São Paulo, as duas colunas da Igreja. Rezemos pela Igreja, por nossa grande tarefa da evangelização. Rezemos pelo Papa Francisco, pedindo que o Senhor o assista em todas as suas necessidades. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb.

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