PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: sinagoga de nazaré
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VOCÊ PRECISA CONHECER MELHOR JESUS

Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares (Mc 6, 4)
06 de fevereiro de 2019.
Diga-me uma coisa: a sua família é numerosa ou é bem pequena? ... O pessoal de outra geração tinha família muito grande, não é verdade? No tempo de Jesus, na Palestina, as famílias eram numerosas. Todos os aparentados com o chefe da casa ou que morassem juntos pertenciam à mesma família. Os parentes moravam na mesma casa ou eram vizinhos. E os filhos, claro, se criavam juntos, convivendo com os parentes da mesma idade. No hebraico, não há palavras específicas para parentes próximos. Todos são chamados de irmãos. Irmãos podem ser primos, tios, sobrinhos, etc.  Irmãos são todos os que pertencem à grande família.
No evangelho de hoje, aparece uma lista de irmãos de Jesus. Seriam irmãos mesmo ou é uma forma de designar os parentes próximos? Vamos à sinagoga de Nazaré pra ver o que está acontecendo. Jesus está pregando. É um dia de sábado. As pessoas dali mais ou menos devem ser conhecidas dele. É verdade que ele ficou um tempo fora, mas foi ali que se criou. As pessoas estão admiradas com sua pregação. Mas, já começa um burburinho, gente que está estranhando ou querendo desqualificar a presença de Jesus. Vamos ouvir...  “Oi, este homem não é o carpinteiro? É ele mesmo. Oi, e ele não é o filho de dona Maria? Não é irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? E as irmãs dele não vivem todas por aqui? Onde é que arrumou tanta sabedoria? E esses milagres que dizem que ele anda fazendo por aí? Como é isso?”.
Vamos sair um pouquinho da sinagoga, para eu lhe dar uma explicação. Venha aqui fora... Escute só:  “Irmãos” é uma forma de nomear os parentes próximos, possivelmente seus primos, aqueles com quem ele tinham se criado. Esses supostos irmãos Tiago, José, Simão e Judas aparecem em outras partes do evangelho, como filhos de outros pais e outras mães. A Igreja sempre entendeu, lendo a Bíblia Sagrada e escutando a Tradição desde o tempo dos apóstolos, que Maria teve apenas Jesus. Ele é o seu primeiro e único filho. Ser primogênito no povo de Deus era uma coisa muito especial, porque tinha uma relação especial com Deus, era consagrado ao Senhor. Jesus era um primogênito. Mas, isso não quer dizer que depois dele, vieram outros filhos. Tira qualquer dúvida o fato de Jesus, antes de sua morte na cruz, ter entregue sua mãe aos cuidados do seu discípulo João, este era filho de Zebedeu. Se Maria não ficou com nenhum filho é porque não os tinha, como não tinha mais o seu esposo José, àquela altura.
Bom, o importante é notar que ter conhecido Jesus, tê-lo visto crescer entre os seus muitos parentes, foi uma razão para muita gente em Nazaré não acolher a sua pregação. Tinham um conhecimento superficial da pessoa de Jesus. Julgavam conhecê-lo. E isso foi para eles um motivo para fechar o coração para a mensagem de Deus da qual ele era portador, para a pessoa divina que ele era e para sua mensagem sobre o Reino de Deus.
Guardando a mensagem
O povo de Nazaré, por ter acompanhado superficialmente a infância e a juventude de Jesus, por conhecer seus pais e seus parentes, negaram-se a crer na sua pregação. Fecharam o coração às maravilhas de Deus que ele testemunhava com suas palavras, suas atitudes e seus milagres. Que grande oportunidade eles perderam para reconhecer e acolher a manifestação de Deus na pessoa do seu filho humanado! Eles fecharam-se no sentimento mesquinho da inveja e do preconceito. Isso pode acontecer com você, com todos nós. Podemos permanecer com uma vaga ideia sobre a pessoa de Jesus, perdendo a chance de nos deixar evangelizar com maior profundidade. Ou nos deixar iludir por discussões inúteis que nos tiram do foco a pessoa do filho de Deus e seu anúncio sobre o Reino. Não faça como o povo de Nazaré, pelo amor de Deus.
Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares (Mc 6, 4)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Ficaste triste em Nazaré, decepcionado. Não te acolheram. Então, não acolheram o Pai que te enviou. Deram as costas ao anúncio do Reino de Deus. Foi quando disseste, com certo amargor: “É, um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e familiares”. Senhor, longe de nós, hoje, te decepcionar. Não queremos que nenhum preconceito ou opiniões duvidosas nos impeçam de acolher o evangelho do Reino que tu nos trazes. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Sabe quem conhece bem Jesus, em sua humanidade? A mãe dele. Ela pode lhe dizer muita coisa sobre ele. Faça hoje uma prece a essa nossa boa mãe: “Mãe, me diz quem é Jesus, me fala sobre ele”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 06.02.2019

OS TRÊS DEFEITOS


Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos (Lc 4, 28).



03 de fevereiro de 2019.

Domingo passado, nós estivemos juntos, na sinagoga de Nazaré, acompanhando o evangelista Lucas. Lá, ficamos encantados com a fidelidade com que Jesus guardava o sábado. Ele frequentava a sinagoga, com grande atenção às Escrituras. Tiramos, para nós, uma lição muito especial: guardar o dia do Senhor, o domingo, o dia de sua e nossa ressurreição, particularmente participando da celebração dominical e valorizando muito mais a Palavra de Deus. A Palavra do Senhor é o pão da vida, com o qual a Igreja nos alimenta em nossa caminhada. 

Na sinagoga de Nazaré, aldeia onde Jesus tinha se criado, vimos Jesus se levantar para ler o texto do profeta Isaías. E, quando ele se sentou para explicar aquela passagem, ele proclamou que aquilo se referia a ele e que estava se cumprindo em sua vida. O profeta Isaías falava do Messias, ungido pelo Espírito Santo, para evangelizar os pobres e libertar os sofredores e oprimidos. Estava todo mundo atento e admirado com essas palavras de Jesus. 

Depois da pausa de uma semana, voltamos à mesma cena. Continuamos sentados, ouvindo Jesus, na sinagoga de Nazaré. Ele acabou de dizer: “Hoje, se cumpriram essas palavras que vocês acabaram de ouvir”. E como na semana passada, a primeira reação das pessoas na sinagoga é de admiração. Mas, o clima começa a mudar.... A admiração vai se transformando em rejeição. Suspeitas, críticas, indignação vão se espalhando como faísca no palheiro: “E esse aí não é o filho de José?”, alguém pergunta maldosamente. As origens humildes de Jesus, ter ele se criado por ali e ser conhecido, julgam essas pessoas, não o credenciam a se apresentar como um enviado de Deus. Jesus nota o clima hostil e responde a uma murmuração: vocês estão me cobrando que eu faça milagres aqui, como ouviram dizer que eu fiz na sinagoga de Cafarnaum. Aí o que Jesus falou em seguida, eles tomaram como um grande desaforo. Jesus disse que, no tempo do profeta Elias, um tempo de fome, Deus enviou o profeta a uma viúva pagã. E, no tempo do profeta Eliseu, só um leproso foi curado, um pagão. Essa referência aos pagãos foi a gota d’água. A confusão foi grande. Expulsaram Jesus da sinagoga. E uns mais exaltados quiseram até matá-lo.

É, hoje, nossa ida à sinagoga terminou de maneira muito triste. Domingo passado, tínhamos aprendido a lição da fidelidade ao dia do Senhor. E qual será a lição de hoje? Bom, vamos pensar. Guardar o sábado, ir para a sinagoga, cantar os hinos e tudo o mais, aquele povo estava fazendo bem. Mas, aquela religiosidade tinha alguma coisa errada. Aquele povo acabou por rejeitar Jesus. Olha que lição: não basta guardar o domingo, indo à Missa, por exemplo, é preciso aderir a Jesus e ao seu evangelho, com maior profundidade. Mas, vamos com calma.

O povo de Nazaré rejeitou Jesus por três razões. Podemos até ouvir a conversa deles. Primeira: ‘a gente o conhece, é o filho de José’; Segunda: ‘faz milagres fora, aqui não faz’; Terceira: ‘o Messias vem pra nós, não para os pagãos’. Três defeitos na religiosidade daquele povo que guardava tão fielmente o sábado. Defeitos que o impediram de acolher Jesus, como enviado, como profeta de Deus. Será que esses defeitos não nossos também? Vejamos.

O primeiro defeito – ‘a gente o conhece, é o filho de José’ – é o defeito da religiosidade desencarnada. A gente espera que Jesus seja só do céu. Mas, ele é o Filho que se encarnou. E sua vida humana é o caminho para chegarmos ao Pai. 

O segundo defeito – ‘faz milagres fora, aqui não faz’ – é o defeito da religiosidade de milagres. Muita gente está atrás de bênçãos, de curas, de milagres, não de Jesus e do seu evangelho. Se não for Missa de cura, não pisa na Igreja. A proposta de Jesus é o seguimento. Carregar, com ele, a cruz de cada dia. 

O terceiro defeito – ‘o Messias vem pra nós, não para os pagãos’ – é o defeito da religiosidade egoísta. Gente muito devota, mas só pensa em si mesma. Não lhe dói o sofrimento dos outros. A proposta de Jesus e da Igreja é uma religiosidade missionária. 

Guardando a mensagem

Na sinagoga de Nazaré, Jesus leu o profeta Isaías e explicou ao povo que ali estava a sua missão. Ele era o ungido de Deus para evangelizar os pobres e libertar os oprimidos. A reação dos ouvintes foi passando da admiração para a indignação. Terminaram expulsando Jesus da Sinagoga. Os defeitos de sua vida religiosa podem também ser os nossos. Podemos praticar os ritos religiosos, mas corremos o risco de expulsar Jesus do nosso culto. Os motivos que levaram o povo de Nazaré a expulsar Jesus podem ser os nossos: religiosidade desencarnada, desinteressada do seguimento de Jesus e sem abertura missionária para os outros. 

Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos (Lc 4, 28).


Rezando a palavra



Senhor Jesus, 

Meditando o teu evangelho, queremos te dizer três coisas. A primeira: Nós cremos que tu és o filho de Deus, Deus verdadeiro que te encarnaste para nossa salvação. Viveste a nossa vida humana, de verdade. A segunda coisa que queremos te dizer, Jesus: Acolhemos o teu evangelho, como proposta de seguimento. Queremos que nossa vida seja uma resposta de seguimento ao teu chamado, vencendo qualquer tentação de buscar apenas benefícios para nós. E a terceira coisa é que queremos ter um coração como teu, cheio de compaixão pelos sofredores e zeloso pela salvação de todos. Assim, queremos evitar o fechamento em nós mesmos e em nossas necessidades. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Indo à Missa hoje, escute com a maior atenção as leituras da Palavra de Deus e a homilia, pela qual o Presidente da Celebração atualiza a Palavra para nossa vida. Não sendo possível a sua ida hoje à Missa, por um impedimento muito sério, leia atentamente o evangelho de hoje em sua Bíblia: Lucas 4, 21-30.

Pe. João Carlos Ribeiro – 03.02.2019

POR QUE ELES NÃO ACEITARAM JESUS


Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família (Mt 13, 57)
03 de agosto de 2018.
Quando o povo ouvia falar de Jesus, uma das lembranças que lhe vinha era a do profeta Jeremias. Os discípulos mesmos disseram a Jesus: “Uns acham que o senhor é  João Batista ou Elias; outros, dizem que o senhor é Jeremias ou um dos profetas” (São Mateus 16, 14). Jesus realmente tinha umas coisas parecidas com Jeremias, profeta que viveu no século VI aC . Jesus e Jeremias - cada um no seu tempo -  choraram ao ver a cidade santa de Jerusalém, lamentando a sua destruição. Foi Jeremias quem profetizou que o messias seria entregue por 30 moedas de prata. Jeremias tinha avisado que, se as coisas continuassem como estavam, o Templo seria destruído. Jesus disse o mesmo, na purificação do Templo. “Não vai ficar pedra sobre pedra”, disse ele. Uma das reclamações que Deus mandou Jeremias fazer é que o povo não escutava os profetas que ele enviava. Por falar nisso, quando Jeremias foi ao Templo e acabou de dizer tudo o que Deus lhe mandara, foi preso. Os sacerdotes, os profetas oficiais e o povo, todo mundo ficou contra ele. Foi por uma boca só: “Este homem tem que morrer!”. Está vendo, Jesus tinha muito de Jeremias.
A reação do povo contra Jeremias ou contra os profetas de Deus se repete contra Jesus, particularmente na sua terra, em Nazaré. Ele voltou à sua terra e estava pregando na Sinagoga. No início, todos estavam admirados. Aos poucos, a reação passou da admiração à revolta contra ele. Acharam que como ele era uma pessoa oriunda daquela pequena comunidade,  não dava para explicar a sabedoria que demonstrava e os milagres que a ele se atribuía. Assim, Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé. Essa visita à Sinagoga, segundo o evangelho de São Lucas, terminou mal. Jesus foi expulso da Sinagoga. A observação de Jesus foi “Um profeta só não é bem estimado em sua própria pátria e em sua família”.
Afinal, não creram em Jesus, por quê? Aparentemente, porque conheciam a sua família. Só por isso?  Disseram que ele era o filho do carpinteiro, que a mãe era dona Maria e os primos-irmãos dele eram Tiago, José, Simão e Judas. Não havia essa palavra ‘primo’ na linguagem deles, para eles primos, tios, sobrinhos eram ‘irmãos’. E as irmãs também moravam por ali, casadas com certeza. Primas, claro. Afinal, Jesus era uma pessoa conhecida, de uma família dali, tudo gente da comunidade. É isso que eles não engoliam. Deus agir por meio de uma pessoa assim de origem humilde, de um vilarejo sem importância... esse é o problema! Mas, isso faz parte da dinâmica da encarnação. A encarnação é a modalidade pela qual Deus enviou o seu filho, Deus como ele, em igual majestade, nascido na carne; Como disse Paulo, “nascido de uma mulher”. O povo de Nazaré está reagindo contra a encarnação. Não aceitam uma manifestação de Deus assim tão próxima deles.
Vamos guardar a mensagem
A encarnação do verbo é a verdade que desnorteia, que escandaliza o povo de Nazaré. E o povo de hoje, também. Essa reação não está muito longe de nós. Jesus ressuscitado conferiu a missão aos seus apóstolos e os enviou como seus missionários. Comunicou-lhes o seu Espírito e deu-lhes o seu poder. Assim, sua Igreja continua o seu ministério. Os pastores da Igreja, em nome de Cristo, continuam o seu ministério de perdoar, de ensinar, de conduzir... Os líderes das comunidades e todos os servidores do povo de Deus, homens e mulheres, em nome do Senhor, continuam orientando, evangelizando, abençoando. A atitude do povo de Nazaré se repete. Somos conhecidos, conhecem nossos pais e nossos irmãos, sabem de nossa origem humana e periférica, na maioria. Só na fé podem acolher o ministério de Jesus Salvador que exercitamos. Só na fé podem acolher a palavra que pregamos, em nome do Senhor. Sem a fé, podem fechar as portas para a graça que nós comunicamos.
Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família (Mt 13, 57)
Vamos rezar a palavra
Senhor Jesus,
Não foi fácil para os teus conterrâneos te acolherem como profeta e messias. É que eles estavam aguardando alguém que viesse de fora, dos círculos de poder, alguém que se mostrasse poderoso e superior. Mas, tu, de acordo com o teu Pai, vieste na humildade de um galileu daquele terra esquecida, com a sabedoria da convivência com o povo e com a força da confiança em Deus. Tu, Deus verdadeiro, assumiste a condição humana e te expressaste na cultura do teu povo. Assim, nos ensinas a dar valor ao que somos e a valorizar os outros ao nosso redor. Assim, abriste o caminho para te reconhecermos agindo na Igreja e por meio dela, esta comunidade humana e frágil que carrega a grandeza de tua palavra e a força de tua graça redentora. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Hoje, o STF está abrindo uma discussão sobre o aborto até a 12ª semana de gestação. Ajude a repercutir a palavra da Igreja em favor da vida. Na Igreja, fala Jesus, o salvador da humanidade.

Pe. João Carlos Ribeiro – 03.08.2018

O FILHO DO CARPINTEIRO

Não é ele o filho do carpinteiro? (Mt 13, 55)

1º de maio de 2018.
Jesus estava na sinagoga de sua terra, Nazaré. A sua pregação não foi bem acolhida. Murmuravam, estranhando a sabedoria que ele demonstrava e a fama dos seus milagres. Não lhe deram valor. Jesus disse: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!”
Isso que Jesus falou "nenhum profeta é bem recebido em sua pátria" foi uma afirmação, uma reclamação ou uma lamentação? Seus conterrâneos de Nazaré não quiseram lhe dar crédito. Ele estava explicando que as palavras do livro santo estavam se cumprindo naquela ocasião, em sua missão. Começaram a murmurar, achando que Jesus estava indo longe demais. Todos o conheciam, era o filho do carpinteiro. Seus parentes eram todos conhecidos naquela vila de Nazaré. De onde lhe viria tanta sabedoria? E chegaram a expulsá-lo da sinagoga e da Vila.  A acolhida fria, desconfiada e violenta dos seus conterrâneos dava razão ao ditado "nenhum profeta é bem recebido em sua pátria ". Foi uma lamentação o que Jesus disse, não foi uma afirmação. Não é que tem que ser assim. Infelizmente, é assim que acontece.
"Santo de casa não faz milagres" é o ditado que ainda corre o mundo. Mas isto não quer dizer que seja uma coisa correta. Por que é que nós não damos valor à prata da casa? Por que vemos com desconfiança alguém que nós conhecemos que ascendeu na vida, que se tornou um profissional renomado ou assumiu uma posição de liderança em nossa vizinhança? Na verdade, quando desqualificamos alguém do nosso grupo, estamos desqualificando a nós mesmos. Não acredito no outro porque não acredito em mim.   Aquele discípulo de Jesus, Natanael, quando ouviu falar de Jesus fez um comentário preconceituoso que representava boa parte da opinião corrente: "Por acaso de Nazaré pode sair alguma coisa boa?". Olha o preconceito! Será que os conterrâneos de Jesus tinham introjetado esse preconceito contra eles mesmos? Ou será que trancaram o coração e a razão por pura inveja? Ou quem sabe agiram como nós continuamos agindo porque não nos valorizamos, não damos valor ao que é da terra, considerando que o melhor é sempre o de fora, o do outro grupo, o da outra rua.  Com certeza, foi tudo isso junto e muito mais.
Vamos guardar a mensagem
Jesus, pregando na Sinagoga de Nazaré, sentiu fortemente o descrédito dos seus conterrâneos, dos seus amigos de infância, dos seus parentes. Refletiu que isso repetia a história deles mesmos: a desvalorização das pessoas de sua convivência, movidos, quem sabe, pelo preconceito, pela inveja ou pela alienação de seu próprio valor. Nessa lógica humana, mesquinha, alienada, Jesus para ser o salvador enviado por Deus devia ter chegado de fora, com toda pompa e poder, quem sabe arrodeado por um exército luminoso de anjos, sei lá... Que viesse de fora, de outro país, ou pelo menos de Jerusalém, da capital ou fosse membro das elites de Israel. Mas essa não foi a lógica de Deus e não foi assim que Jesus realizou sua missão. São João foi claro: "O verbo se fez carne". Ele abaixou-se, assumiu a nossa fraqueza. Encarnou-se na periferia do mundo, identificou-se com os humildes e nos resgatou desde lá de baixo. Essa é a lógica de Deus. É nessa lógica que podemos reconhecer Jesus e crescer em direção à plenitude. Acreditar em nós mesmos. Valorizar as possibilidades de nossa própria condição. Apostar que santo de casa é que faz milagre.
Não é ele o filho do carpinteiro? (Mt 13, 55)
Vamos acolher a mensagem
Senhor Jesus,
Na sinagoga de Nazaré, vê-se claramente como o preconceito produz exclusão e violência. Os teus conterrâneos de Nazaré te expulsaram da cidade. E alguns mais exaltados queriam te empurrar no precipício. Verdade, o preconceito produz violência. Ao desclassificar uma pessoa (por razão de cor, de religião, de opção sexual, de classe social,...), deixamos de reconhecer a sua dignidade e ela torna-se alvo fácil do ódio, da discriminação, da violência física. Fortalece, Senhor, com a força do teu Santo Espírito, o nosso caminho de conversão para agirmos sempre com verdadeiro acolhimento das pessoas, com grande respeito à sua dignidade e à sua liberdade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a Palavra
Eu queria fazer um desafio a você que me acompanha diariamente na Meditação: Neste mês de maio, rezar o terço todo dia. Rezar o terço é meditar o evangelho: é rezar a vida de Jesus, ao lado de Maria. Você topa o desafio? Neste mês de maio, rezar o terço todo dia. O dia de começar é hoje, primeiro de maio, abertura do mês mariano. Tomara que você tope!

Pe. João Carlos Ribeiro – 01.05.2018

UM FIEL FREQUENTE

Conforme seu costume, Jesus entrou na Sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura (Lc 4, 16)
O evangelho dá notícia que Jesus ensinava nas Sinagogas da Galileia e era muito elogiado pelo povo. A Galileia é a região onde estava o povoado de Nazaré, onde ele tinha se criado. E é na Sinagoga de Nazaré que ele está, no evangelho de hoje.
Temos, nesse evangelho, uma cena de uma celebração matinal em uma Sinagoga, a de Nazaré. Jesus está presente, faz a leitura e está pregando. O livro santo é um rolo do profeta Isaías. E Jesus lê uma passagem que se refere à sua missão. A primeira reação das pessoas é de admiração pelas palavras de Jesus. Depois, a atitude de comunidade foi de rejeição, infelizmente.
Está escrito que “conforme seu costume, Jesus entrou na Sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura”. Prestemos atenção a essa observação: “conforme seu costume”. Era, então, uma prática habitual sua, um costume, ir à Sinagoga aos sábados participar da celebração. Vindo a esse mundo, nascendo no seio do povo judeu, o nosso Jesus aprendeu com os seus pais e sua família a participar com assiduidade do ritmo religioso do seu povo. Templo, para oferecimento de sacrifícios, só existia um, em Jerusalém. E para lá os fieis se dirigiam em peregrinação em três festas durante o ano, sobretudo na festa da páscoa. Nas cidades e povoados maiores, havia as sinagogas, casas de culto onde os judeus se reuniam, sobretudo para ouvir os textos sagrados, cantarem os seus hinos e fazerem suas orações. O dia santo do povo judeu era o sábado, como recordação da criação do mundo, o dia em que Deus contemplou sua obra e viu que tudo estava bem feito.
E eu estou chamando a atenção de vocês para essa observação do evangelista: “Conforme seu costume, Jesus entrou na sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura”. Vemos um jovem comprometido com a sua comunidade de fé, fiel às tradições religiosas do seu povo. E, mesmo sendo o filho de Deus, está integrado numa prática religiosa, valorizando e participando das celebrações de sua comunidade. Claro, nós não somos judeus, embora conservemos no AT os seus livros sagrados. Guardamos o domingo, por causa da ressurreição de Jesus que foi nesse dia, mas conservamos o ritmo de celebrações semanais em nossas igrejas.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Um bom seguidor de Jesus o imita nesse zelo pela participação semanal em sua comunidade religiosa, para ouvir a Palavra de  Deus e celebrar a Ceia do Senhor. Isso tem que ser um hábito, um compromisso semanal. Sem esse ritmo, nossa vida cristã se alimenta vagamente e ocasionalmente. O resultado é uma vida espiritual fraca, apagada e desligada do ritmo litúrgico da Igreja. E isso é pra você. Aprenda com Jesus. Ele não faltava, aos sábados, à reunião da Sinagoga. Observe ainda como ele não apenas era um fiel presente, mas uma pessoa ativa que assumia tarefas na celebração. É o que lemos hoje: Levanta-se para ler, e, depois, comenta a palavra lida, como era costume os leigos fazerem.
Conforme seu costume, Jesus entrou na Sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura (Lc 4, 16
Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece
Senhor Jesus,

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