PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: filho do homem
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O DIA DE LÓ

Lembrem-se da mulher de Ló (Lc 17, 32)
15 de novembro de 2019.
Houve o dia de Noé, o dia em que Noé entrou na arca. Esse dia foi um marco, separando a convivência distraída do povo e o dilúvio que acabou com tudo. O dia de Noé foi a intervenção de Deus, o juízo de Deus.
Houve o dia de Ló, o dia em que Ló deixou Sodoma. Esse dia foi um marco, separando a vidinha relaxada do povo e a chuva de fogo e enxofre que sepultou tudo. O dia de Ló foi a intervenção de Deus, o juízo de Deus.
Haverá o dia do Filho do Homem, o dia da revelação de Jesus, a sua manifestação no final da história. Esse dia será um marco, separando o tempo em que todo mundo foi convidado à conversão e a salvação dos justos. O dia do Filho do Homem será a intervenção de Deus, o julgamento de Deus.
Você está entendendo, Jesus está falando de seu retorno. Vivemos na expectativa de sua volta. O tempo da conversão é agora, enquanto o aguardamos.  Nesse contexto, Jesus falou da mulher de Ló. ‘Quem procura ganhar a sua vida, vai perdê-la’.
A história de Ló está no primeiro livro da Bíblia, o livro do Gênesis. Ló foi o único justo encontrado na cidade de Sodoma. Tudo de ruim havia naquela cidade. O justo foi convidado a sair dali, deixar tudo, abandonar aquela gente. Ló saiu com sua família. Deus poria um fim naquele antro de maldade, violência e perversidade. A família de Ló saiu da cidade. Havia uma recomendação: ninguém olhe pra trás. A certa altura, a mulher de Ló olhou para trás para ver o que estava acontecendo por lá. Não deu outra. Virou uma estátua de sal. Jesus relembrou essa antiga história bíblica e tirou uma lição: "Quem quiser ganhar a sua vida, vai perdê-la".
A chegada do Reino de Deus é como o convite para a saída de Sodoma. Em outras palavras, Jesus pregou desde o início: "O reino chegou, convertam-se". Conversão é reorientar a própria vida e a vida em nossa volta. Reorientá-la para Deus, em obediência à sua Palavra salvadora. Deixar o velho do pecado e abraçar o novo do perdão e da reconciliação oferecidos agora no próprio Jesus. Dar as costas à Sodoma e caminhar para um novo modo de ser e de viver. Não compactuar mais com a velha situação.  
Guardando a mensagem
Quem abraçou a novidade do Reino de Deus deixou para trás o que era antigo, isto é, o que era contrário ao Reino. Não dá pra continuar fazendo média com o que é desobediência a Deus. A mulher de Ló é o exemplo de quem abraça a novidade de Jesus e do seu Reino e fica olhando para trás. Fica com um pé na graça que nos gera novas criaturas, mas continua repetindo os velhos hábitos do Adão pecador. Quem foi gerado novo no Cristo Ressuscitado, superou o velho homem Adão, distanciado de Deus e amigo do pecado. A história da mulher de Ló é um alerta: abraçando o novo que nos chegou pela graça de Cristo, definitivamente nos apartemos do mundo do pecado que ficou para trás.
Lembrem-se da mulher de Ló (Lc 17, 32)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Deu pra entender, na palavra de hoje, que é pra gente não imitar o povo do tempo de Noé, levando na brincadeira a pregação da Palavra; que é pra gente não imitar o povo de Sodoma que não levou a sério os avisos de Deus sobre a vida devassa que estavam levando; que é pra gente não imitar a mulher de Ló, que convidada a sair de Sodoma, a destacar-se completamente daquela cidade de pecado, ainda continuava ligada a ela. Dá-nos, Senhor, a graça da conversão sincera e da perseverança no caminho da vida nova. Nós te pedimos também, Senhor, uma bênção para o nosso Brasil, que está celebrando  hoje o aniversário da República. Concede a nós, filhos da Igreja, sermos fermento de justiça e fraternidade em nosso país. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.     
Vivendo a palavra
Essa história de Ló é muito interessante. Você vai gostar de conhecê-la nos seus pormenores. Assim, poderá entender melhor as palavras de Jesus. Então, leia, hoje, o capítulo 29 do Livro do Gênesis.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb – 15 de novembro de 2019

O CAMINHO DA CRUZ


  
O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens (Lc 9, 44). 

26 de setembro de 2020

Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia. Mas, não entendiam o que Jesus dizia. Notaram? Admirados com que ele fazia, mas nem tudo que ele dizia chegavam a compreender. E ele foi claro: “Prestem atenção às palavras que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. Aí é que eles não entenderam mesmo. Não pegaram o sentido dessa palavra. E até mesmo tinham medo de fazer perguntas sobre isso. 

Pela insistência de Jesus, o que ele está dizendo é muito importante para que ele seja compreendido. “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. Quem é o Filho do homem? Jesus, ele mesmo. E ele gostava de se anunciar assim com essa expressão “o Filho do homem”. Essa expressão ocorre no livro do profeta Daniel. Chamar-se a si mesmo de “Filho do homem”, com certeza, era uma forma de sublinhar a sua encarnação, a sua condição humana. 

As pessoas estavam admiradas com aqueles sinais que mostravam sua ligação com Deus, sua participação no poder divino: a multiplicação dos pães no deserto, a tempestade acalmada no lago, a cura do cego de Jericó, a ressurreição de Lázaro... Esses são sinais de grandeza, de poder, reflexos de sua condição divina. Mas, ele assumiu a nossa condição humana. Encarnou-se. Nessa condição, será perseguido, condenado, executado. Agora, é claro, isso não podia passar pela cabeça dos discípulos. Pedro mesmo uma vez falou com Jesus, dando-lhe conselho para que ele não dissesse isso. Deus o livraria de qualquer coisa. 

Veja você, isso tem repercussão no modo como compreendemos Jesus. Jesus é Deus, mas de verdade fez-se gente, humano. E quando chegasse a hora da Paixão, ele não iria fugir, evadir-se pela força do seu poder divino. Não nos esqueçamos, ao olhar para Jesus, que ele assumiu de verdade a condição humana, no seio da virgem Maria e em nossa história. 

Apliquemos também esta compreensão à nossa vida. Mesmo sendo elevados à condição de filhos de Deus, ainda continuamos humanos, sujeitos às doenças, às contrariedades e à morte. Às vezes queremos escapar de nossa precariedade humana. Há quem até cobre de Deus que o livre de qualquer dor de cabeça, de uma doença perigosa, de uma complicação... mas, não podemos nos esquecer que essa nossa vida humana é o palco de nossa história de amor e fidelidade ao nosso Deus. É aqui, na precariedade de nossa vida, que experimentamos e vivemos nossa condição de filhos de Deus. Um dia, na eternidade, nossa condição de filhos de Deus será plenamente revelada.  

Guardando a mensagem 

Não podia passar pela cabeça dos discípulos que Jesus passaria por tantos sofrimentos e por uma morte cruel. Jesus os preveniu, repetidas vezes, que ele seria entregue nas mãos dos homens. Mesmo sendo Deus, Jesus fez-se humano de verdade, assumindo também o sofrimento, a traição e a morte como parte do seu caminho. Nós, em nossa condição humana, às vezes somos tentados a não aceitar os sofrimentos e as contrariedades que as nossas limitações humanas nos impõem. A encarnação de Jesus foi de verdade, por opção dele e do Pai. Assim, ele santificou o nosso caminho humano. Com todos os seus limites, nossa vida humana é o nosso caminho de santificação e de realização da vontade de Deus. 

O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens (Lc 9, 44). 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 
Que no meio de nossas dificuldades e problemas, de nossa fragilidade diante da doença, do sofrimento, expressemos, com fidelidade, o amor ao Senhor nosso Deus e Pai. Com a tua humanidade, santificaste o nosso caminho humano. Com a tua Paixão, encheste de sentido o percurso de nossos sofrimentos. Abriste um caminho para a vida, passando pela morte. Tu, Senhor, és o caminho, a verdade, a vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 

Será que você consegue recordar, ao menos, dois momentos de grande sofrimento em sua vida? E você conseguiu atravessar essas fases difíceis ao lado de Jesus? 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

PREPARE-SE PARA O CASAMENTO


Fiquem sabendo que o filho do homem está próximo, está às portas (Mc 13, 29)

18 de novembro de 2018.

Um mês atrás, abençoei o casamento de minha sobrinha Mariana. Casou-se com um rapaz chamado Lincoln. Foi uma festa linda, uma festa de família, celebrado na capela que minha família frequenta. Eles se preparam para esse casamento ao longo de quase dois anos. Depois do noivado, começaram a se organizar para a vida a dois: o apartamento, os móveis, as louças, tanta coisa... e mais próximo, o curso de noivos, os batistérios, os convidados, o tio padre, o cartório, a ornamentação da capela, a cerimônia de casamento, a comemoração depois em casa de festa. Do noivado ao casamento, um tempo de preparação, estimulado por uma sadia tensão com a proximidade da data do grande dia.

No capítulo 13 de São Marcos, estão reunidas muitas palavras de Jesus sobre um dia muito especial que vai chegar: o dia de sua volta- uma volta gloriosa, à moda de uma grande avaliação da humanidade. Com as imagens do livro do Apocalipse, podemos pensar num grande casamento. Jesus é o noivo. A noiva é a Igreja. Estas núpcias do cordeiro são aguardadas ao longo da história, com grande ansiedade pelo povo fiel. Para esse encontro, a noiva Igreja vem se preparando desde que o seu senhor voltou ao seio do Pai, na ascensão.

Sempre pensamos na volta de Jesus, como um evento que nos apavora. Há uma certa razão nisso, se nos fixarmos demais nas imagens utilizadas por Jesus neste capítulo 13 de São Marcos. Jesus fala de guerras, de perseguições, de tragédias naturais, de destruição da cidade santa de Jerusalém. E por que ele fala tudo isso? Para nos avisar que antes que ele volte, vamos passar por muita coisa; para nos animar a resistir, a perseverar na fé, no meio das provações e dificuldades. E para nos prevenir sobre a necessidade de nos preparar para esse momento máximo da história: a sua volta gloriosa ou, no dizer do Apocalipse de São João, as núpcias do cordeiro, o seu casamento místico com a comunidade dos redimidos. 



Esse tempo de espera da volta gloriosa do Senhor é tempo de preparação, como os dois anos de preparação do casamento de Mariana e Lincoln. Em nossas atitudes de hoje, mostra-se o grau de compromisso que temos com esse casamento que se avizinha. Nas próximas semanas, vamos ouvir bastante essa palavra: vigilância! Vigilância é mantermo-nos despertos, operosos, propositivos, comprometidos com Jesus e seu Evangelho. Assim, estamos nos preparando para  o grande momento de nossa vida: o encontro com o Senhor que vem para celebrar as bodas eternas.

Guardando a mensagem

Neste domingo, nos examinemos se estamos nos preparando bem para o encontro com o Senhor que vem. Podemos fazer como Mariana e Lincoln e suas famílias: na sadia tensão do dia do casamento que estava chegando, eles se organizaram, envolveram os familiares, investiram, convidaram, preparam-se. As núpcias do cordeiro estão chegando. É o grande casamento místico do Senhor com sua Igreja, pela qual entregou sua vida. Não é mais hora de vivermos distraídos, relaxados, despreocupados... a hora está chegando. No meio das dificuldades, resistamos. No corre-corre da vida, mantenhamos o foco. O dia mais feliz de nossas vidas está chegando. O Senhor vem!

Fiquem sabendo que o filho do homem está próximo, está às portas (Mc 13, 29)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Falaste para ficarmos atentos aos sinais dos tempos. Como os brotos e folhinhas verdes da figueira indicam que o verão está chegando, assim também poderemos reconhecer os sinais de tua iminente chegada em situações e acontecimentos da história. Ajuda-nos, Senhor, com teu Santo Espírito, a ler os teus sinais em nossa história. Sendo hoje o dia mundial dos pobres, logo nos lembramos deste grande sinal a nos indicar tua presença e teu senhorio: a solidariedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Na Missa deste domingo, após a consagração, preste bem atenção à oração que a assembleia  faz em resposta às palavras do padre: “Eis o mistério da fé!”. Veja se encontra nessa oração uma ligação com o evangelho de hoje.

Pe. João Carlos Ribeiro – 18.11. 2018

JESUS, OS ANJOS E A ESCADA

Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem (Jo 1, 51)
29 de setembro de 2018.
Jesus chamou Felipe para segui-lo. Filipe encontrou-se com Natanael e lhe contou que tinha encontrado o Messias, Jesus de Nazaré. Mesmo cheio de preconceito contra o povo de Nazaré, Natanael acompanhou Felipe que o levou até Jesus. Na verdade, Jesus já o conhecia, para admiração de Natanael. Foi quando Jesus lhe disse que ele iria presenciar coisas muito maiores. “Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1, 51)
Para entender essa palavra de Jesus a Natanael é preciso lembrar o sonho de Jacó, contado no livro do Gênesis cap. 28. Jacó, em viagem, dormindo ao relento, teve um sonho. Viu uma escada apoiada no chão e com a outra ponta tocando o céu. Por essa escada, os anjos de Deus subiam e desciam. Lá, no topo, da escada, lá em cima no céu, estava Deus sentado no seu trono. E ele se apresentou a Jacó. Disse que era o Deus de Abraão, seu antepassado, Deus de Isaac, seu pai. E que lhe daria toda aquela terra por onde ele e sua família peregrinavam.
Qual será o significado desse sonho de Jacó? O que seria essa escada da terra ao céu com os anjos subindo e descendo por ela? Esse sonho foi uma profunda experiência de Deus em que o Senhor revelou ao seu servo uma comunicação direta entre o céu e a terra, entre Deus e o seu povo. Estava aberto um canal de comunicação direta com o Senhor. Os anjos são seus mensageiros, vêm da parte de Deus. E levam a Deus nossas preces, os nossos rogos, nossos louvores. O céu aberto e os anjos indo e vindo pela escada é o tempo novo da comunhão entre o céu e a terra, entre Deus e os seus servos. Esse tempo sonhado por Jacó chegou plenamente com a presença de Jesus entre nós.
É o que Jesus disse a Natanael: Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem. Note essa parte: os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem. O Filho do homem é Jesus. Jesus nos abriu as portas do céu. A escada é ele mesmo. Jesus é a comunicação perfeita com o Pai, é aquele que nos liga ao Pai, é por ele que o Pai nos fala e se comunica conosco. Note que em todas as orações da Igreja, concluímos sempre dizendo: “Por Cristo, nosso Senhor”. ‘Por Cristo’ quer dizer por meio dele. Ele é o mediador entre o céu e a terra, a escada por onde nos comunicamos com o céu e por onde o Pai se comunica conosco.
Guardando a mensagem
Quando Natanael começou a seguir Jesus, o Mestre lhe disse que ele iria ver o céu aberto e os anjos subindo e descendo. Era uma referência ao sonho de Jacó, a comunicação direta entre o céu e a terra. Com Jesus, temos agora um canal de comunicação direta com Deus, o Pai, uma escada por onde podemos ascender ao céu. Lembre o que Jesus falou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”. É por ele que chegamos ao Pai. É por ele, que o Pai nos abençoa e nos conduz. Ele é o mediador entre o céu e a terra. Ele é a escada.
Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem (Jo 1, 51)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Hoje festejamos os anjos Miguel, Gabriel e Rafael. Na visão que Jacó teve da escada que unia a terra ao céu, ele viu os anjos subindo e descendo por ela. Com a tua obra redentora, Senhor Jesus, chegou esse tempo de comunhão entre o céu e a terra. Agora, sim, agora os anjos mensageiros de Deus e portadores de nossas preces podem estar em plena ação. Pois agora, essa comunicação entre o céu e a terra é possível por meio de ti, mediador da humanidade junto do Pai. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Jesus chamou Felipe para segui-lo. E Felipe chamou Natanael para conhecer Jesus. Se hoje, aparecer uma oportunidade para falar de Jesus a alguém... faça como Felipe. Não se deixe intimidar pelo preconceito. Fale do seu encontro com Jesus a essa pessoa.
Pe. João Carlos Ribeiro – 29.09.2018

UM CAMINHO HUMANO


O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens (Lc 9, 44).
Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia. Mas, não entendiam o que Jesus dizia. Notaram? Admirados com que ele fazia, mas nem tudo que ele dizia chegavam a compreender. E ele foi claro: “Prestem atenção às palavras que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. Aí é que eles não entenderam mesmo. Não pegaram o sentido dessa palavra. E até mesmo tinham medo de fazer perguntas sobre isso.
Pela insistência de Jesus, o que ele está dizendo é muito importante para que ele seja compreendido. “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. Quem é o Filho do homem? Jesus, ele mesmo. E ele gostava de se anunciar assim com essa expressão “o Filho do homem”. Essa expressão ocorre no livro do profeta Daniel. Chamar-se a si mesmo de “Filho do homem”, com certeza, era uma forma de sublinhar a sua encarnação, a sua condição humana.
As pessoas estavam admiradas com aqueles sinais que mostravam sua ligação com Deus, sua participação no poder divino: a multiplicação dos pães no deserto, a tempestade acalmada no lago, a cura do cego de Jericó, a ressurreição de Lázaro...  Esses são sinais de grandeza, de poder, reflexos de sua condição divina. Mas, ele assumiu a nossa condição humana. Encarnou-se. Nessa condição, será perseguido, condenado, executado. Agora, é claro, isso não podia passar pela cabeça dos discípulos. Pedro mesmo uma vez falou com Jesus, dando-lhe conselho para que ele não dissesse isso. Deus o livraria de qualquer coisa.
Veja você, isso tem repercussão no modo como compreendemos Jesus. Jesus é Deus, mas de verdade fez-se gente, humano. E quando chegasse a hora da Paixão, ele não iria fugir, evadir-se pela força do seu poder divino. Não nos esqueçamos, ao olhar para Jesus, que ele assumiu de verdade a condição humana, no seio da virgem Maria e em nossa história.


Apliquemos também esta compreensão à nossa vida. Mesmo sendo elevados à condição de filhos de Deus, ainda continuamos humanos, sujeitos às doenças, às contrariedades e à morte. Às vezes queremos escapar de nossa precariedade humana. Há quem até cobre de Deus que o livre de qualquer dor de cabeça, de uma doença perigosa, de uma complicação... mas, não podemos nos esquecer que essa nossa vida humana é o palco de nossa história de amor e fidelidade ao nosso Deus. É aqui, na precariedade de nossa vida que experimentamos e vivemos nossa condição de filhos de Deus.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Não podia passar pela cabeça dos discípulos que Jesus passaria por tantos sofrimentos e por uma morte cruel. Jesus os preveniu, repetidas vezes, que ele seria entregue nas mãos dos homens. Mesmo sendo Deus, Jesus fez-se humano de verdade, assumindo também o sofrimento, a traição e a morte como parte do seu caminho. Nós, em nossa condição humana, às vezes somos tentados a não aceitar os sofrimentos e as contrariedades que as nossas limitações humanas nos impõem. A encarnação de Jesus foi de verdade, por opção dele e do Pai. Assim, ele santificou o nosso caminho humano. Com todos os seus limites, nossa vida humana é o nosso caminho de santificação e de realização da vontade de Deus.
O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens (Lc 9, 44).

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