PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: fé
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O CEGO QUE VIU ÁRVORES ANDANDO

Estás vendo alguma coisa? (Mc 8, 23)

19 de fevereiro de 2020.

Hoje, temos mais uma história de cego. No evangelho, são várias. Por um lado, essas histórias nos mostram, plasticamente, a missão de Jesus acontecendo. Quando Jesus leu, na Sinagoga de Nazaré, a passagem que falava sobre sua missão, havia uma lista de sofredores: os pobres, os presos, os cegos, os oprimidos. Neles, se veria claramente a realização de sua missão: a evangelização dos pobres, a libertação dos presos e oprimidos e a recuperação da vista dos cegos. Então, em todas as histórias de cura do evangelho, vai se mostrando a obra redentora de Jesus acontecendo.

É claro que você está entendendo que, mesmo essas curas e libertações acontecendo, elas significam muito mais. Elas demonstram a obra de Jesus que não era exatamente curas as pessoas, mas restaurar a humanidade decaída pelo pecado, comunicando-lhe o amor de Deus. Essas histórias também nos dizem como as pessoas estão acolhendo a obra de Jesus em suas vidas.

Então, trouxeram um cego a Jesus. Jesus o tomou pela mão e o levou para fora do povoado. Cuspiu nos seus olhos, pôs as mãos sobre ele. O cego disse que estava vendo os homens como árvores andando. Jesus pôs de novo as mãos sobre os olhos dele. Ele ficou vendo tudo. Jesus o mandou pra casa.

Uma bela imagem da obra de Jesus como restauração da obra prima de Deus desfigurada pelo pecado meditamos, na semana passada, na história do surdo-mudo. A história de hoje tem traços dessa narração. Cuspir nos olhos do cego, por as mãos sobre os seus olhos evocam o artesão do barro consertando a sua obra quebrada. A antiga narração da criação do homem falava do boneco de barro que Deus fez e soprou nas suas narinas para lhe comunicar a vida.

Bem, a figura do cego também nos remete ao tema da fé, da adesão à pessoa de Jesus e ao anúncio do seu evangelho. A narração dos milagres, nos evangelhos, são catequeses sobre Jesus e nosso encontro com ele. É assim que podemos olhar para esse texto, como uma catequese sobre a fé. As histórias de cegueira física, no evangelho, são particularmente formas de falar da cegueira espiritual, da resistência ou da incompreensão diante da pessoa de Jesus ou do projeto de Deus. Cegueira, neste sentido, representa a falta de fé.

É muito interessante que esse cego não se curou de vez. A gente sempre fica esperando que a evangelização produza uma conversão radical, uma fé iluminada. A lição de hoje é que fé também cresce, passa por etapas, vai amadurecendo. Jesus é sempre o mesmo, ele nos evangeliza, nos restaura em nossa condição de pecadores. Num certo momento, nós começamos a ver, mas ainda meio confusamente. O cego já via, mas lhe parecia que os homens eram árvores andando. O serviço evangelizador de Jesus continuou. Daqui a pouco, sua visão já estava mais limpa e ele começou a ver tudo claramente.

Guardando a mensagem

Pela evangelização, o Senhor vem ao nosso encontro, gente desfigurada pelo pecado. Num primeiro momento, nossos olhos antes cegos começam a enxergar, mais ainda confusamente. É já a luz da fé em nós. É com a fé que acolhemos a obra de Deus em nosso favor, mas ainda de maneira muito imperfeita. A continuidade do serviço da evangelização vai nos conduzindo a ter uma fé cada vez mais forte, que nos leva a amar e a seguir Jesus, salvador da nossa humanidade decaída. Essa mesma fé é uma luz para compreendermos, com o olhar de Deus, a realidade ao nosso redor. Vemos melhor para nos conduzir melhor nesta vida. Vendo claramente o irmão caído na estrada, nos comprometemos com ele, como o bom samaritano.

Estás vendo alguma coisa? (Mc 8, 23)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Muitos de nós, ainda estão cegos. Não te vêem, não vêem o mundo com a tua luz. Dá-lhes, Senhor, a luz da fé, para que abracem a verdade e vivam iluminados por teu evangelho. Muitos de nós, ainda não vêem claramente. Enxergam o mundo, os outros, o futuro de maneira vaga e confusa. Têm apenas uma fé inicial. Continua, Senhor, a evangelizá-los, para que te reconheçam claramente e vejam o mundo com a tua luz. Nós te rendemos graças, Senho, pelos que, pela fé, acolhem a verdade que revelas sobre o mundo, sobre o homem, sobre Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, reze muitas vezes durante o dia, com aquelas palavras dos discípulos de Jesus no evangelho: “Senhor, aumenta a minha fé”.

19 de fevereiro de 2020

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




VIVEMOS ILUMINADOS PELA FÉ

Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)
06 dezembro de 2019
O texto de hoje conta a história de dois cegos que seguiram Jesus, gritando por ajuda. Chegando à casa, eles tiveram uma conversa com ele. Jesus lhe tocou os olhos e eles ficaram curados. O Mestre lhes pediu para não saírem espalhando o fato, mas foi perdido. Eles saíram falando pra todo mundo.
O evangelho não tem interesse em ficar contando milagres de Jesus, de qualquer jeito. Não é um “testemunho” pra chamar clientes para o próprio empreendimento religioso, como vemos hoje no rádio e na televisão. A narração dos milagres são catequeses sobre Jesus e nosso encontro com ele. É assim que vamos olhar para esse texto, como uma catequese sobre a fé.
Fé? Por que eu falei “fé”? Porque as histórias de cegueira física, no evangelho, são particularmente formas de falar da cegueira espiritual, da resistência ou da incompreensão diante da pessoa de Jesus ou do projeto de Deus. Cegueira, neste sentido, representa a falta de fé. Para confirmar essa compreensão, basta lembrar que, segundo o texto de Isaías que Jesus leu na sinagoga de Nazaré, “dar vista aos cegos” era um dos sinais da salvação trazida pelo Messias.
Afinal, quem são os cegos? Melhor, quantos são os cegos? Sua resposta: dois,  precisamente. Lembre-se do início do evangelho de Mateus. Jesus chamou primeiro dois irmãos: André e Simão. Depois, chamou mais dois: Tiago e João. E na história do filho pródigo, o pai tinha dois filhos. E outro pai falou com seus dois filhos para irem trabalhar na sua vinha. E na cruz, havia dois ao lado de Jesus, crucificados também. Eu só posso pensar nesses dois cegos como discípulos. E discípulos são os receberam o convite para seguir Jesus e puseram-se a caminho com ele.
Por falar nisso, escute bem o que está escrito: “dois cegos começaram a segui-lo”. E diferentemente de outro cego, que Jesus parou para atendê-lo, esses seguiram Jesus até à casa dele. E foi dentro de casa, que eles se aproximaram de Jesus e conversaram com ele. Seguimento, caminho, casa são indicações da condição de discípulos. Então, a história dos cegos é uma representação dos discípulos. E quando falamos de discípulos, não estamos falando só dos doze apóstolos, estamos falando das centenas de homens e mulheres que tinham Jesus como referência e até, muitos deles, andavam com ele.
E qual é a catequese sobre a fé que há nesse texto?  Vamos recolher três lições. A primeira: A fé nos põe no caminho de Jesus e vai se firmando, a cada passo. Os dois eram cegos e começaram a seguir Jesus. Gritavam por compaixão.  É no caminho que a fé vai se firmando, se aclarando, se consolidando. Lembra a história dos 10 leprosos? Foi no caminho, indo para Jerusalém, que eles se deram conta que estavam curados.  A fé vai crescendo no caminho que eu vou fazendo com Jesus.
A segunda lição:  A fé nos leva para a comunidade. Os cegos entraram na casa de Jesus (que é a casa de Pedro e de André). Na intimidade da casa, eles se aproximam de Jesus. É a comunidade que nos proporciona essa aproximação com Jesus, essa intimidade com ele. Os cegos-discípulos são acolhidos na família de Jesus, na sua casa, na sua comunidade.
A terceira lição:  A fé é aprofundada num diálogo esclarecedor, que chamamos de catequese. Jesus dialoga com os dois. Pergunta se acreditam nele. Eles respondem  que sim. Jesus toca nos olhos deles e diz “que seja feito conforme a sua fé”. E os olhos deles se abriram. Isso nos faz lembrar aqueles dois discípulos de Emaús. Após a catequese que Jesus fez no caminho, ceando com eles, fez os gestos da última ceia. Àquela altura, seus olhos se abriram. Eles viram Jesus ressuscitado. Devíamos falar de catequese e liturgia, mas não vamos complicar.





Guardando a mensagem
Você e eu somos os cegos. Mesmo com uma fé incompleta e frágil, começamos a seguir Jesus. Somos testemunhas que nossa fé vai se fortalecendo à medida em que vamos caminhando com ele. O caminho nos leva à sua casa, à sua comunidade, na qual somos acolhidos. A comunidade nos comunica a verdade sobre Jesus e celebra conosco a sua obra redentora. Na comunidade, os nossos olhos se abrem. E nos fazemos seus missionários, espalhadores de sua mensagem. Nosso testemunho não é que ele está operando milagres (ele não está interessado nesse tipo de propaganda). Testemunhamos que o encontramos, que somos um milagre dele. Éramos cegos e agora vemos. Vivemos iluminados pela fé.
Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
A história dos dois cegos é a nossa história. A cegueira física é uma representação da nossa cegueira espiritual. Com uma fé ainda frágil, nós nos colocamos no teu seguimento, respondendo ao teu chamado para sermos teus discípulos. É na caminhada contigo que a nossa fé vai se robustecendo. E a fé nos leva à comunidade, à vida de comunhão contigo e com os irmãos. Na catequese e na celebração, vemos com clareza sempre crescente o projeto do Pai que se realiza em ti e a nossa vocação de filhos e filhas de Deus. De toda forma, Senhor, estamos sempre necessitados de tua misericórdia. Por isso, continuamos a te pedir: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Faça seu este pedido insistente dos cegos: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Nesta prece, repetida várias vezes durante o dia de hoje, peça que a luz da fé seja sempre mais luminosa em sua vida.
Pe. João Carlos Ribeiro – 06 de dezembro de 2019.

O BOM EXEMPLO DE JESUS E DO PAGÃO

Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).

02 de dezembro de 2019.
Nós fazemos um bom esforço para viver o evangelho de Jesus, para sermos fiéis ao que Deus tem nos ensinado. Ao menos, pensamos assim. O povo de Deus do tempo de Jesus também tinha essa ideia sobre si mesmo. Eles insistiam sempre no conhecimento que tinham do Deus verdadeiro e na exclusividade de serem o povo em aliança com Deus. Jesus, filho de Deus, encarnado naquele mundo religioso e cultural de Israel, também tinha em grande conta a história do povo eleito. Mas, aberto à realidade como ele era, experimentou em várias ocasiões como a fé deles era vivida de maneira egoísta e interesseira. E como, em nome da aliança com Deus, marginalizava-se gente de dentro e todos os de fora.
No evangelho de hoje, Jesus faz uma constatação que deve ter aborrecido muita gente do seu tempo: “Em verdade vos digo, nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé”. O elogio foi feito ao comportamento de um pagão. No encontro que ele teve com o oficial romano, em Cafarnaum, este intercedeu em favor do seu empregado. Este oficial tinha a patente de centurião, tendo sob seu comando uma centena de soldados do império. Claro, era um estrangeiro, um pagão. Ele contou a Jesus que o seu empregado estava de cama, sofrendo terrivelmente com uma paralisia. Jesus, judeu que era, segundo as regras religiosas de então, não podia entrar na casa dele, já que ele era um pagão. Passando por cima dessa barreira, Jesus se prontificou a ir à sua casa para curar o seu empregado. A resposta do pagão foi surpreendente: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa”. Foi uma palavra sincera, um reconhecimento de sua condição de pecador, de pagão. E mostrou sua grande fé quando acrescentou: “Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. E até comentou com Jesus sobre sua experiência de dar ordens aos seus soldados e aos seus servos, e de ser prontamente obedecido.
Diante da resposta do pagão, Jesus ficou admirado com a sua fé. Foi aí que ele disse aquela palavra tão surpreendente: “Nunca encontrei alguém que tivesse tanta fé em Israel”. E disse mais: “Eu lhes digo, muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa do reino dos céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”. Nessa palavra, Jesus está em sintonia com os profetas, como Isaías, que anunciaram, muitos séculos antes, que também as nações pagãs se integrariam ao povo santo, chegariam também como peregrinos ao monte da Casa do Senhor. Deus quer integrar no seu reino também os outros povos, toda a humanidade.






Guardando a mensagem
Para nós que estamos começando o tempo do advento, Jesus nos aponta, hoje, um exemplo a ser imitado. Jesus elogiou a fé do oficial pagão, dizendo que não tinha encontrado ainda uma fé tão grande no meio do seu povo. Com esse elogio, o centurião pagão está sendo colocado como exemplo a ser seguido por nós. É bom nos darmos conta que, fora do nosso grupo e de nossa tradição religiosa, há quem demonstre mais fé do que nós. E podemos e devemos aprender com eles. Aprendamos com Jesus, que teve uma atitude missionária, apesar dos limites da prática religiosa do seu tempo: dispôs-se a ir à casa do pagão. Aprendamos com o pagão que Jesus elogiou: ele foi solidário com o seu empregado e foi humilde em reconhecer sua condição de pecador.  Além disso, esse pagão demonstrou uma grande fé, sugerindo que Jesus apenas desse uma ordem e seu empregado ficaria curado. Fora do nosso grupo, pode haver gente levando a fé mais a sério do que nós. Aprendamos com eles.
Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Ficamos encantados com teu espírito missionário. Desde o teu nascimento, vemos como os pagãos são acolhidos no caminho da salvação. São tantos exemplos nos evangelhos: a visita dos magos do oriente, aquela história da mulher siro-fenícia, da cananeia, das curas em território estrangeiro, essa história do empregado do centurião em Cafarnaum. E colocaste este pagão como exemplo a ser seguido por todos nós na sua solidariedade, na sua humildade e na sua fé. Ajuda-nos, Senhor, a acolher, sem discriminação, o bom exemplo de pessoas que não são do nosso grupo e da nossa tradição religiosa.  E a vivermos a nossa fé com maior seriedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Hoje, reze pela intenção geral de oração do Papa para este mês de dezembro, o futuro dos mais jovens: “Para que cada país tome as medidas necessárias para fazer do futuro dos mais jovens uma prioridade, sobretudo daqueles que estão sofrendo”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 02 de dezembro de 2019.

UMA LUZ PARA O CAMINHO

Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)
11 de novembro de 2019.
Depois de um domingo, em que acolhemos a palavra do Senhor nos instruindo a viver na esperança da ressurreição, vamos nos debruçar hoje sobre a virtude da fé. Os apóstolos, percebendo as exigências e as dificuldades no seguimento de Jesus, pediram-lhe: “Aumenta a nossa fé”. A fé, a esperança e a caridade são as três virtudes teologais. “As virtudes teologais são infundidas por Deus na alma dos fiéis para os tornar capazes de proceder como filhos seus e assim merecerem a vida eterna”, está escrito no Catecismo da Igreja (CIC-Catecismo da Igreja Católica 1813).  “A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo” (CIC 1817).
“A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos disse e revelou e que a santa Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a própria verdade” (CIC 1814). Seguramente, a força que nos sustenta na vida é a fé, a fé em Deus. Fé naquele que verdadeiramente nos ama e pôs Jesus Cristo no nosso caminho, uma fé esclarecida. É o que a Igreja nos tenta passar nos cursos, encontros, jornadas, na catequese.  "Fé cega, faca amolada" – diz a música de Gilberto Gil. Fé cega é uma arma perigosa. Fé esclarecida é a fé inteligente, de quem conhece o que ama. E que ama o que conhece.
A fé é a nossa segurança. A fé nos fala do que não passa, do que o vendaval do tempo não leva; nos fala daquele que sempre é, do Deus fiel, do Deus-Amor. E de seu plano de felicidade para cada um de nós. A fé é um dom, um presente de Deus. E a gente, com responsabilidade, tem que cuidar dela, para que ela possa ser cada dia ser mais robusta e forte.
A gente só sente a importância da luz quando escurece, quando a noite chega. A fé é essa luz que nós carregamos. Há momentos em nossa vida em que a gente precisa demais dessa luz: momentos de dor, de solidão, de perplexidade, de trevas. A fé a nossa segurança. Nessas horas, é que a gente mais precisa de fé e de esperança. Elas nos fazem enxergar na escuridão. A fé nos diz que o Senhor está perto de nós, que não nos faltará, que nossa vida está em suas mãos, que sua sabedoria e sua providência estão nos conduzindo. Por isso, seguimos confiantes, mesmo nas adversidades. Por isso, resistimos com uma força que não temos.
Guardando a mensagem
O evangelho de hoje reúne alguns ditos de Jesus. Ele considerou de muita gravidade o fato de alguém escandalizar um pequenino. E recomendou que se perdoasse o irmão sempre que ele se arrependesse. Só uma visão de fé nos faz ter essa sensibilidade no trato com os pequeninos e essa generosidade no perdão aos irmãos. Diante desses ensinamentos, os apóstolos pediram a Jesus que aumentasse a sua fé. E Jesus comentou que uma fé mesmo pequena já faz maravilhas.
Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Hoje vamos rezar como os teus apóstolos: “Aumenta a nossa fé”. Só com uma visão de fé podemos acolher os teus ensinamentos. Só com uma fé mais forte podemos enfrentar as dificuldades que também encontramos hoje: as crises, os escândalos, a falta de horizonte... sem a fé, sucumbimos aos problemas e fracassamos. É a fé que nos abre à novidade da ação de Deus, que abre à nossa frente o mar vermelho, descortinando novas possibilidades onde não víamos saída. Pela fé, irrompe em nosso peito a alegria da esperança, que nos faz levantar cedo e erguer a cabeça para enfrentar um novo dia, uma nova semana, com a convicção de que tudo podemos em ti que nos fortaleces. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Durante o dia de hoje, peça ao Senhor muitas vezes: ”Senhor, aumenta a minha fé!”.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb - 11 de novembro de 2019

AS TRÊS GERAÇÕES DE PEREGRINOS



A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido! (Lc 12, 48)

11 de agosto de 2019 – 19º Domingo do Tempo Comum, Dia dos Pais


Neste 19º Domingo do Tempo Comum, estamos também celebrando o dia dos pais. Esta é uma data em que manifestamos reconhecimento e gratidão aos nossos pais. Você ainda tem o seu pai vivo? Ah, o seu pai já é falecido!? O meu também já está com Deus. Aos pais vivos, nossas felicitações. Pelos que já partiram, nossas preces de intercessão em seu favor. Celebrando o dia dos pais, nos damos conta que o tempo vai passando, as gerações vão se sucedendo. Olhando pra trás, dá para identificar a geração dos nossos avós, a geração dos nossos pais e a nossa geração. Somos todos peregrinos, estamos de passagem.

Esta percepção de peregrinação na história, com certeza, pode nos ajudar a compreender a palavra de Deus proclamada neste domingo. A nossa história de fé começa com Abraão, passa pelo povo hebreu no Egito, se consolida na comunidade de discípulos de Jesus. É como se fossem as três gerações que percebemos em nossa família: a dos nossos avós (a de Abraão), a dos nossos pais (o povo hebreu) e a nossa geração (a dos discípulos de Jesus). Somos peregrinos na história, andamos buscando a realização de sonhos e promessas. 


Abraão representa a geração dos nossos avós. Ele tinha um sonho, uma promessa de Deus. Deixou a sua segurança e partiu em busca da promessa de uma terra abençoada e de uma descendência numerosa. Deus lhe fez uma promessa: uma TERRA, uma DESCENDÊNCIA. Abraão virou peregrino pelo meio do mundo, em busca da promessa de Deus. A carta aos Hebreus elogiou o patriarca: “Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia” (Hbr 11). Começamos assim, como peregrinos, como estrangeiros, buscando a terra da promessa. Começamos com Abraão. Qual foi a grande lição da geração de Abraão? A FÉ. A fé o sustentou nas dificuldades, na incerteza do futuro, em todas as provações. A FÉ. Continuamos sendo peregrinos. Sem a fé, nos instalamos, pondo a nossa confiança nas coisas desse mundo. Sem a fé, estacionamos, não caminhamos no rumo de Deus. 

O povo hebreu pode representar bem a geração dos nossos pais. Os hebreus foram escravizados no Egito do Faraó. Mas, eles não se conformaram com a escravidão. Clamaram a Deus e o Senhor os escutou. E prometeu-lhes o grande dom: a LIBERDADE. Precisavam sair, emigrar daquela situação, por-se a caminho. Foi marcada a grande noite da intervenção de Deus, a da morte dos primogênitos. As famílias dos hebreus prepararam-se para a partida. É o que lemos no Livro da Sabedoria: “A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos” (Sb 18). Intrépidos é valentes, corajosos, que não têm medo. Foi assim que eles celebraram a páscoa e partiram do Egito, em busca da liberdade. O Livro da Sabedoria sublinha o compromisso de solidariedade deles: “os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos”. Uma marca importante desta geração: a SOLIDARIEDADE. Solidariedade para enfrentarem juntos, caminharemos juntos, apoiando-se mutuamente na busca da LIBERDADE. 

A terceira geração de nossa família de fé que hoje contemplamos é a dos discípulos de Jesus. Ela pode representar a nossa geração. A eles, o Senhor prometeu o REINO. É o que lemos no evangelho de Lucas: “Não tenhas medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-te o Reino” (Lc 12). O Reino é o dom de Deus aos discípulos de Jesus, o pequenino rebanho dos que o acolheram. É a grande meta da jornada: o Reino de Deus, um povo obediente e fiel iluminando o mundo com a luz de Cristo. O Reino será pleno na manifestação definitiva de Jesus, na sua volta. A marcha continua, somos peregrinos neste mundo. Para nos mantermos no caminho certo, explicou Jesus de muitos modos, precisamos da VIGILÂNCIA. Está no evangelho de Lucas: “Que os seus rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12). É como no tempo do Egito, na noite da páscoa, prontos para a partida. Acordados, despertos, em serviço. Prontos para rechaçar o ladrão que ronda, de noite. Prontos para abrir a porta para o Senhor que volta, em hora não marcada. 

Guardando a mensagem 


Em nossa peregrinação neste mundo, hoje nos lembramos das gerações passadas que nos deixaram em herança tantos ensinamentos e conquistas. Olhando para a história de nossa família de fé, nos damos conta de três gerações marcantes: a de Abraão em busca da Terra da Promessa, a dos Hebreus buscando a Liberdade, a dos discípulos de Jesus buscando o Reino. Nessa caminhada, precisamos de FÉ, de SOLIDARIEDADE e de VIGILÂNCIA para continuarmos com fidelidade nossa jornada. Aqui, somos estrangeiros, peregrinos para a Casa do Pai.

A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido! (Lc 12, 48)

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 

Com este domingo do Dia dos Pais, estamos começando a Semana Nacional da Família. Abençoa os nossos pais, os vivos e os falecidos. Dá-nos a todos a sabedoria de nos percebemos peregrinos, nas gerações que vão se sucedendo. Cada geração completa um trecho da estrada, deixando sua contribuição em herança para quem vem atrás. Mas, todos viajamos na mesma direção, como peregrinos, para a mesma meta, Deus, o seu Reino, o mundo transfigurado no seu amor. Dá-nos, Senhor, caminhar fortalecidos pela FÉ, pela SOLIDARIEDADE e pela VIGILÂNCIA. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Hoje, claro, reze pelo seu pai. Faça um esforço para recordar o que ele deixou ou está deixando de significativo pra você, na caminhada de sua geração. E agradeça a Deus por ou por quem fez ou faz o papel dele em sua vida. 

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB – 11 de agosto de 2019.

NÃO FECHE AS PORTAS

E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé (Mt 13, 58).

02 de agosto de 2019.

Jesus suscitou muita admiração. Mas, engraçado, não foi aceito por todo mundo. A gente pode até identificar várias razões. Uns ficaram com inveja de sua popularidade; ou se sentiram ameaçados em suas posições de liderança. Outros perceberam que aceitá-lo seria mudar de vida, reconhecer o amor misericordioso de Deus em sua vida.  No geral, podemos dizer, muita gente gostava de Jesus, o admirava, mas não foi capaz de dar o passo decisivo: crer em Jesus.  

Jesus voltou à sua terra – Nazaré - e estava pregando na sinagoga. No início, todos estavam admirados com sua palavra simples e forte. Aos poucos, a reação passou da admiração à revolta. Acharam que, sendo ele uma pessoa crescida naquela comunidade, não podia ter aquela sabedoria toda, nem fazer milagres como diziam que ele fazia. Julgaram, então, que Jesus estivesse exorbitando, arvorando-se a ser quem não era. “Você não é um profeta coisa nenhuma!”, alguém deve ter gritado lá do fundo da sinagoga. Num certo momento, Jesus lamentou-se: “Um profeta só não é bem estimado em sua própria pátria e em sua família”. Eles não tinham fé. Jesus nem pode fazer os milagres que sempre fazia nessas ocasiões.  Essa visita à sinagoga de Nazaré, segundo o evangelho de São Lucas, terminou mal. Jesus foi expulso da Sinagoga. 

Afinal, não creram em Jesus, por quê? Aparentemente, porque conheciam a sua família. Só por isso?  Começaram a dizer que ele era o filho do carpinteiro, que a mãe era dona Maria e os primos-irmãos dele eram Tiago, José, Simão e Judas. Não havia essa palavra ‘primo’ na linguagem deles; para eles primos, tios, sobrinhos eram ‘irmãos’. E as irmãs também moravam por ali, casadas com certeza. Primas, claro. Afinal, Jesus era uma pessoa conhecida, de uma família dali, gente da comunidade. E era isso que eles não engoliam. Não podiam admitir que Deus estivesse agindo por meio de uma pessoa assim de origem humilde, de um vilarejo sem importância... esse era o problema! Eles estavam contrários exatamente ao modo como Deus estava agindo, na dinâmica da encarnação. 

A encarnação é a modalidade pela qual Deus enviou o seu filho, Deus como ele, nascido na carne. Nascido na ‘carne’ quer dizer nascido na fraqueza humana. Como disse Paulo, “nascido de uma mulher”. O povo de Nazaré reagiu contra a encarnação. Não aceitaram uma manifestação de Deus assim tão próxima deles.

Guardando a mensagem

A encarnação do Verbo é a verdade que desnorteia, que escandaliza o povo de Nazaré; e pessoas de hoje, também. Essa reação não está muito longe de nós. Tem muita gente que espera Deus agindo apenas lá de cima, sem passar pela fraqueza de pessoas aqui da terra e da terra dos pobres. Jesus ressuscitado conferiu a missão aos seus apóstolos e os enviou como seus missionários. Comunicou-lhes o seu Espírito e deu-lhes o seu poder. Assim, sua Igreja continua o seu ministério. Os pastores da Igreja, em nome de Cristo, continuam o seu ministério de perdoar, de ensinar, de conduzir... Os líderes das comunidades, os nossos pastores e todos os servidores do povo de Deus, homens e mulheres, em nome do Senhor, continuam orientando, evangelizando, abençoando. A atitude do povo de Nazaré se repete. Somos conhecidos, conhecem nossos pais e nossos irmãos, sabem de nossa origem humana e periférica, na maioria. Só na fé podem acolher o ministério de Jesus Salvador que exercitamos. Só na fé podem acolher a palavra que pregamos, em nome do Senhor. Sem a fé, correm o risco de fechar as portas para a graça que nós comunicamos.

E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé (Mt 13, 58).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Não foi fácil para os teus conterrâneos te acolherem como profeta e messias. É que eles estavam aguardando alguém que viesse de fora, dos círculos de poder, alguém que se mostrasse poderoso e superior. Mas, tu, de acordo com o teu Pai, vieste na humildade de um galileu daquela terra esquecida, com a sabedoria da convivência com o povo trabalhador e com a força da confiança em Deus. Tu, Deus verdadeiro, assumiste a condição humana e te expressaste na cultura do teu povo. Assim, nos ensinas a dar valor ao que somos e a valorizar os outros ao nosso redor. Agindo aasim, abrimos o caminho para te reconhecer agindo na Igreja e por meio dela, esta comunidade humana e frágil que carrega a grandeza de tua palavra e a força de tua graça redentora. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Neste mês vocacional, vamos celebrar, neste primeiro domingo, a vocação do Padre e dos Ministros Ordenados. Faça, hoje, uma prece em favor do padre e dos animadores de sua comunidade. 

Pe. João Carlos Ribeiro – 02 de agosto de 2019.

TEM UM TOMÉ NA SUA CASA

 Não sejas incrédulo, mas fiel (Jo 20, 27).
03 de julho de 2019 - Dia de São Tomé, apóstolo.
Hoje é dia do apóstolo Tomé. Ele era um discípulo de Jesus, sempre muito fiel, mas negou-se a crer na ressurreição de Jesus. Mas, claro, Deus sempre escreve certo em linhas tortas. Assim, o santo Papa Gregório Magno, escreveu “O discípulo, que, duvidando da Ressurreição do Mestre, pôs as mãos nas chagas do mesmo, curou com isso a ferida da nossa incredulidade”.
Em Tomé, está a nossa fraqueza, a nossa descrença. Mas, também a graça da fé em Cristo Jesus ressuscitado. Vendo por esse lado e aprendendo com a sua história, podemos considerar que Tomé cometeu três erros.
O primeiro foi o seguinte: Ele faltou à celebração. No domingo da ressurreição, à tardinha, os discípulos estavam reunidos... esta era a hora em que a comunidade se reunia nos primeiros tempos do cristianismo, ao entardecer do domingo. Nessa celebração do domingo de páscoa, o próprio Jesus ressuscitado se apresentou no meio deles. Tomé não estava nesta reunião. Não sei onde andava, mas faltou a esse momento tão importante. Jesus fez a saudação do shalom: A paz esteja com vocês! Mostrou-lhes as mãos e o lado, para eles terem certeza que era ele mesmo, o que fora crucificado. E a comunidade ficou, claro, exultante de alegria. Jesus lhes comunicou o Espírito Santo, soprando sobre eles. E lhes enviou em missão, a mesma missão de reconciliação que ele recebera do Pai. Tomé perdeu esse momento tão importante da vida da comunidade.
Por falar em faltar à celebração, hoje tem muito Tomé ausentando-se da celebração do domingo. Cada um tem sua desculpa, nem sempre válida. Faltando, acabam perdendo experiências que elevam qualitativamente a vida cristã naquela comunidade. Perdem o encontro com o Senhor ressuscitado que se revela presente no meio de sua Igreja, comunicando-lhe a sua paz, enchendo os seus corações da alegria de Deus e dando-lhes o seu Santo Espírito para confirmar a todos na missão. Se você, como Tomé, faltar à celebração, você está perdendo muita coisa e vai ficando de fora da caminhada da graça em sua comunidade. Esse foi o primeiro erro de Tomé: faltou à celebração.
Faltar já é uma coisa ruim, agora, duvidar... ah, esse foi o seu segundo erro: Tomé duvidou do testemunho da comunidade. Todo mundo lhe disse o que tinha acontecido. Jesus ressuscitado em pessoa esteve lá, mostrou as marcas de sua crucifixão, soprou sobre eles, os enviou em missão. ‘Não acredito’. Mas, como assim não acredita? ‘Isso é invenção, é fantasia, é conversa de vocês’. Não, Tomé, nós vimos o Senhor. ‘Viram nada! Se eu não vir a marca dos pregos na sua mão e não por a mão no seu lado aberto pela lança, eu não acredito’. ‘Não diga uma coisa dessas, Tomé!’. Duvidou do testemunho da comunidade.
Quando o cristão se ausenta das celebrações da Igreja, começa a se distanciar da fé. Vai incorporando o espírito do mundo: começa a duvidar, a achar defeito na sua religião, a por sob suspeita os ministros da Igreja e por aí vai. Perde a graça comunicada pelo Ressuscitado em cada celebração e vai perdendo o amor pelo seu Senhor e por sua comunidade. É bom não faltar. Mas, se faltar, tenha cuidado para não se distanciar da Igreja. Não deixe que o individualismo do mundo lhe diga que você se resolve diretamente com Deus. A comunidade é quem tem o testemunho sobre Jesus. Não deixe a dúvida entrar no seu coração.
O terceiro erro de Tomé mereceu uma boa reprimenda de Jesus. Precisou ver para crer. Ele só acreditou porque viu. No domingo seguinte ao da ressurreição, eles estavam reunidos de novo, à tardinha. Jesus de novo se apresentou no meio deles e fez a saudação de paz. Chamou logo Tomé e o mandou por o dedo nas marcas das chagas de suas mãos e no seu lado. E lhe disse: “Não seja incrédulo, seja fiel”. Tomé, graças a Deus, mostrou-se humilde e cheio de fé. Exclamou: “Meu Senhor e meu Deus”. Estava reconhecendo que Jesus era o Senhor, o servo glorificado. E que ele era Deus, como o Pai. “Meu Senhor e meu Deus”.
Guardando a mensagem
Tomé cometeu três erros: Faltou à celebração, duvidou do testemunho da comunidade e precisou ver para crer. Por sorte, teve um acerto de contas misericordioso com Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!”. Tomé - é você que falta à celebração, que está deixando o mundo encher o seu coração de dúvidas e suspeitas contra a fé. Você também tem a chance de reencontrar Jesus na comunidade e de crer nele de todo o coração. Que hoje seja o dia de sua experiência pessoal com Cristo! Que hoje seja o seu dia de Tomé que tocou nas chagas do Senhor.

Não sejas incrédulo, mas fiel (Jo 20, 27).
Rezando a Palavra
Senhor Jesus,
Ainda está ressoando a tua palavra dita à comunidade, naquela tarde de domingo: “Bem-aventurados os que crerem sem terem visto!”. Nós realmente não te conhecemos presencialmente, nunca te vimos, mas cremos em ti. Cremos que tu vives e estás conosco. Tens razão, não podemos nos guiar só pela lógica da comprovação, só aceitar o que for cientificamente provado ou querer entender tudo de Deus, como se tudo coubesse em nossa cabeça ou em nossa lógica humana. Só pela fé, podemos encontrar-te, Senhor, acolher a tua Palavra, celebrar a tua Eucaristia. Obrigado, Senhor, pela fé que habita os nossos corações. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém
Vivendo a Palavra
Na sua família, talvez haja alguém como Tomé. Hoje, é o dia de você contar-lhe a história deste apóstolo.

Pe. João Carlos Ribeiro – 03 de julho de 2019

OS DOIS CEGOS E A LUZ DE CRISTO

Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)
07 de dezembro de 2018.
O texto de hoje conta a história de dois cegos que seguiram Jesus, gritando por ajuda. Chegando à casa, eles tiveram uma conversa com ele. Jesus lhe tocou os olhos e eles ficaram curados. O Mestre lhes pediu para não saírem espalhando o fato, mas foi perdido. Eles saíram falando pra todo mundo.
O evangelho não tem interesse em ficar contando milagres de Jesus, de qualquer jeito. Não é um “testemunho” pra chamar clientes para o próprio empreendimento religioso, como vemos hoje no rádio e na televisão. A narração dos milagres são catequeses sobre Jesus e nosso encontro com ele. É assim que vamos olhar para esse texto, como uma catequese sobre a fé.
Fé? Por que eu falei “fé”? Porque as histórias de cegueira física, no evangelho, são particularmente formas de falar da cegueira espiritual, da resistência ou da incompreensão diante da pessoa de Jesus ou do projeto de Deus. Cegueira, neste sentido, representa a falta de fé. Para confirmar essa compreensão, basta lembrar que, segundo o texto de Isaías que Jesus leu na sinagoga de Nazaré, “dar vista aos cegos” era um dos sinais da salvação trazida pelo Messias.
Afinal, quem são os cegos? Melhor, quantos são os cegos? Sua resposta: dois,  precisamente. Lembre-se do início do evangelho de Mateus. Jesus chamou primeiro dois irmãos: André e Simão. Depois, chamou mais dois: Tiago e João. E na história do filho pródigo, o pai tinha dois filhos. E outro pai falou com seus dois filhos para irem trabalhar na sua vinha. E na cruz, havia dois ao lado de Jesus, crucificados também. Eu só posso pensar nesses dois cegos como discípulos. E discípulos são os receberam o convite para seguir Jesus e puseram-se a caminho com ele.
Por falar nisso, escute bem o que está escrito: “dois cegos começaram a segui-lo”. E diferentemente de outro cego, que Jesus parou para atendê-lo, esses seguiram Jesus até à casa dele. E foi dentro de casa, que eles se aproximaram de Jesus e conversaram com ele. Seguimento, caminho, casa são indicações da condição de discípulos. Então, a história dos cegos é uma representação dos discípulos. E quando falamos de discípulos, não estamos falando só dos doze apóstolos, estamos falando das centenas de homens e mulheres que tinham Jesus como referência e até, muitos deles, andavam com ele.
E qual é a catequese sobre a fé que há nesse texto?  Vamos recolher três lições. A primeira: A fé nos põe no caminho de Jesus e vai se firmando, a cada passo. Os dois eram cegos e começaram a seguir Jesus. Gritavam por compaixão.  É no caminho que a fé vai se firmando, se aclarando, se consolidando. Lembra a história dos 10 leprosos? Foi no caminho, indo para Jerusalém, que eles se deram conta que estavam curados.  A fé vai crescendo no caminho que eu vou fazendo com Jesus.
A segunda lição:  A fé nos leva para a comunidade. Os cegos entraram na casa de Jesus (que é a casa de Pedro e de André). Na intimidade da casa, eles se aproximam de Jesus. É a comunidade que nos proporciona essa aproximação com Jesus, essa intimidade com ele. Os cegos-discípulos são acolhidos na família de Jesus, na sua casa, na sua comunidade.
A terceira lição:  A fé é aprofundada num diálogo esclarecedor, que chamamos de catequese. Jesus dialoga com os dois. Pergunta se acreditam nele. Eles respondem  que sim. Jesus toca nos olhos deles e diz “que seja feito conforme a sua fé”. E os olhos deles se abriram.  Isso nos faz lembrar aqueles dois discípulos de Emaús. Após a catequese que Jesus fez no caminho, ceando com eles, fez os gestos da última ceia. Àquela altura, seus olhos se abriram. Eles viram Jesus ressuscitado. Devíamos falar de catequese e liturgia, mas não vamos complicar.
Guardando a mensagem
Você e eu somos os cegos. Mesmo com uma fé incompleta e frágil, começamos a seguir Jesus. Somos testemunhas que nossa fé vai se fortalecendo à medida em que vamos caminhando com ele. O caminho nos leva à sua casa, à sua comunidade, na qual somos acolhidos. A comunidade nos comunica a verdade sobre Jesus e celebra conosco a sua obra redentora. Na comunidade, os nossos olhos se abrem. E nos fazemos seus missionários, espalhadores de sua mensagem. Nosso testemunho não é que ele está operando milagres (ele não está interessado nesse tipo de propaganda). Testemunhamos que o encontramos, que somos um milagre dele. Éramos cegos e agora vemos. Vivemos iluminados pela fé.
Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
A história dos dois cegos é a nossa história. A cegueira física é uma representação da nossa cegueira espiritual. Com uma fé ainda frágil, nós nos colocamos no teu seguimento, respondendo ao teu chamado para sermos teus discípulos. É na caminhada contigo que a nossa fé vai se robustecendo. E a fé nos leva à comunidade, à vida de comunhão contigo e com os irmãos. Na catequese e na celebração, vemos com clareza sempre crescente o projeto do Pai que se realiza em ti e a nossa vocação de filhos e filhas de Deus. De toda forma, Senhor, estamos sempre necessitados de tua misericórdia. Por isso, continuamos a te pedir: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Faça seu este pedido insistente dos cegos: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Nesta prece, repetida várias vezes durante o dia de hoje, peça que a luz da fé seja sempre mais luminosa em sua vida.

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.12.2018

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