A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido! (Lc 12, 48)
11 de agosto de 2019 – 19º Domingo do Tempo Comum, Dia dos Pais
Neste 19º Domingo do Tempo Comum, estamos também celebrando o dia dos pais. Esta é uma data em que manifestamos reconhecimento e gratidão aos nossos pais. Você ainda tem o seu pai vivo? Ah, o seu pai já é falecido!? O meu também já está com Deus. Aos pais vivos, nossas felicitações. Pelos que já partiram, nossas preces de intercessão em seu favor. Celebrando o dia dos pais, nos damos conta que o tempo vai passando, as gerações vão se sucedendo. Olhando pra trás, dá para identificar a geração dos nossos avós, a geração dos nossos pais e a nossa geração. Somos todos peregrinos, estamos de passagem.
Esta percepção de peregrinação na história, com certeza, pode nos ajudar a compreender a palavra de Deus proclamada neste domingo. A nossa história de fé começa com Abraão, passa pelo povo hebreu no Egito, se consolida na comunidade de discípulos de Jesus. É como se fossem as três gerações que percebemos em nossa família: a dos nossos avós (a de Abraão), a dos nossos pais (o povo hebreu) e a nossa geração (a dos discípulos de Jesus). Somos peregrinos na história, andamos buscando a realização de sonhos e promessas.
Abraão representa a geração dos nossos avós. Ele tinha um sonho, uma promessa de Deus. Deixou a sua segurança e partiu em busca da promessa de uma terra abençoada e de uma descendência numerosa. Deus lhe fez uma promessa: uma TERRA, uma DESCENDÊNCIA. Abraão virou peregrino pelo meio do mundo, em busca da promessa de Deus. A carta aos Hebreus elogiou o patriarca: “Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia” (Hbr 11). Começamos assim, como peregrinos, como estrangeiros, buscando a terra da promessa. Começamos com Abraão. Qual foi a grande lição da geração de Abraão? A FÉ. A fé o sustentou nas dificuldades, na incerteza do futuro, em todas as provações. A FÉ. Continuamos sendo peregrinos. Sem a fé, nos instalamos, pondo a nossa confiança nas coisas desse mundo. Sem a fé, estacionamos, não caminhamos no rumo de Deus.
O povo hebreu pode representar bem a geração dos nossos pais. Os hebreus foram escravizados no Egito do Faraó. Mas, eles não se conformaram com a escravidão. Clamaram a Deus e o Senhor os escutou. E prometeu-lhes o grande dom: a LIBERDADE. Precisavam sair, emigrar daquela situação, por-se a caminho. Foi marcada a grande noite da intervenção de Deus, a da morte dos primogênitos. As famílias dos hebreus prepararam-se para a partida. É o que lemos no Livro da Sabedoria: “A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos” (Sb 18). Intrépidos é valentes, corajosos, que não têm medo. Foi assim que eles celebraram a páscoa e partiram do Egito, em busca da liberdade. O Livro da Sabedoria sublinha o compromisso de solidariedade deles: “os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos”. Uma marca importante desta geração: a SOLIDARIEDADE. Solidariedade para enfrentarem juntos, caminharemos juntos, apoiando-se mutuamente na busca da LIBERDADE.
A terceira geração de nossa família de fé que hoje contemplamos é a dos discípulos de Jesus. Ela pode representar a nossa geração. A eles, o Senhor prometeu o REINO. É o que lemos no evangelho de Lucas: “Não tenhas medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-te o Reino” (Lc 12). O Reino é o dom de Deus aos discípulos de Jesus, o pequenino rebanho dos que o acolheram. É a grande meta da jornada: o Reino de Deus, um povo obediente e fiel iluminando o mundo com a luz de Cristo. O Reino será pleno na manifestação definitiva de Jesus, na sua volta. A marcha continua, somos peregrinos neste mundo. Para nos mantermos no caminho certo, explicou Jesus de muitos modos, precisamos da VIGILÂNCIA. Está no evangelho de Lucas: “Que os seus rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12). É como no tempo do Egito, na noite da páscoa, prontos para a partida. Acordados, despertos, em serviço. Prontos para rechaçar o ladrão que ronda, de noite. Prontos para abrir a porta para o Senhor que volta, em hora não marcada.
Guardando a mensagem
Em nossa peregrinação neste mundo, hoje nos lembramos das gerações passadas que nos deixaram em herança tantos ensinamentos e conquistas. Olhando para a história de nossa família de fé, nos damos conta de três gerações marcantes: a de Abraão em busca da Terra da Promessa, a dos Hebreus buscando a Liberdade, a dos discípulos de Jesus buscando o Reino. Nessa caminhada, precisamos de FÉ, de SOLIDARIEDADE e de VIGILÂNCIA para continuarmos com fidelidade nossa jornada. Aqui, somos estrangeiros, peregrinos para a Casa do Pai.
A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido! (Lc 12, 48)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Com este domingo do Dia dos Pais, estamos começando a Semana Nacional da Família. Abençoa os nossos pais, os vivos e os falecidos. Dá-nos a todos a sabedoria de nos percebemos peregrinos, nas gerações que vão se sucedendo. Cada geração completa um trecho da estrada, deixando sua contribuição em herança para quem vem atrás. Mas, todos viajamos na mesma direção, como peregrinos, para a mesma meta, Deus, o seu Reino, o mundo transfigurado no seu amor. Dá-nos, Senhor, caminhar fortalecidos pela FÉ, pela SOLIDARIEDADE e pela VIGILÂNCIA. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Hoje, claro, reze pelo seu pai. Faça um esforço para recordar o que ele deixou ou está deixando de significativo pra você, na caminhada de sua geração. E agradeça a Deus por ou por quem fez ou faz o papel dele em sua vida.
Pe. João Carlos Ribeiro, SDB – 11 de agosto de 2019.