PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: fé
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TEM UM TOMÉ NA SUA CASA

 Não sejas incrédulo, mas fiel (Jo 20, 27).
03 de julho de 2019 - Dia de São Tomé, apóstolo.
Hoje é dia do apóstolo Tomé. Ele era um discípulo de Jesus, sempre muito fiel, mas negou-se a crer na ressurreição de Jesus. Mas, claro, Deus sempre escreve certo em linhas tortas. Assim, o santo Papa Gregório Magno, escreveu “O discípulo, que, duvidando da Ressurreição do Mestre, pôs as mãos nas chagas do mesmo, curou com isso a ferida da nossa incredulidade”.
Em Tomé, está a nossa fraqueza, a nossa descrença. Mas, também a graça da fé em Cristo Jesus ressuscitado. Vendo por esse lado e aprendendo com a sua história, podemos considerar que Tomé cometeu três erros.
O primeiro foi o seguinte: Ele faltou à celebração. No domingo da ressurreição, à tardinha, os discípulos estavam reunidos... esta era a hora em que a comunidade se reunia nos primeiros tempos do cristianismo, ao entardecer do domingo. Nessa celebração do domingo de páscoa, o próprio Jesus ressuscitado se apresentou no meio deles. Tomé não estava nesta reunião. Não sei onde andava, mas faltou a esse momento tão importante. Jesus fez a saudação do shalom: A paz esteja com vocês! Mostrou-lhes as mãos e o lado, para eles terem certeza que era ele mesmo, o que fora crucificado. E a comunidade ficou, claro, exultante de alegria. Jesus lhes comunicou o Espírito Santo, soprando sobre eles. E lhes enviou em missão, a mesma missão de reconciliação que ele recebera do Pai. Tomé perdeu esse momento tão importante da vida da comunidade.
Por falar em faltar à celebração, hoje tem muito Tomé ausentando-se da celebração do domingo. Cada um tem sua desculpa, nem sempre válida. Faltando, acabam perdendo experiências que elevam qualitativamente a vida cristã naquela comunidade. Perdem o encontro com o Senhor ressuscitado que se revela presente no meio de sua Igreja, comunicando-lhe a sua paz, enchendo os seus corações da alegria de Deus e dando-lhes o seu Santo Espírito para confirmar a todos na missão. Se você, como Tomé, faltar à celebração, você está perdendo muita coisa e vai ficando de fora da caminhada da graça em sua comunidade. Esse foi o primeiro erro de Tomé: faltou à celebração.
Faltar já é uma coisa ruim, agora, duvidar... ah, esse foi o seu segundo erro: Tomé duvidou do testemunho da comunidade. Todo mundo lhe disse o que tinha acontecido. Jesus ressuscitado em pessoa esteve lá, mostrou as marcas de sua crucifixão, soprou sobre eles, os enviou em missão. ‘Não acredito’. Mas, como assim não acredita? ‘Isso é invenção, é fantasia, é conversa de vocês’. Não, Tomé, nós vimos o Senhor. ‘Viram nada! Se eu não vir a marca dos pregos na sua mão e não por a mão no seu lado aberto pela lança, eu não acredito’. ‘Não diga uma coisa dessas, Tomé!’. Duvidou do testemunho da comunidade.
Quando o cristão se ausenta das celebrações da Igreja, começa a se distanciar da fé. Vai incorporando o espírito do mundo: começa a duvidar, a achar defeito na sua religião, a por sob suspeita os ministros da Igreja e por aí vai. Perde a graça comunicada pelo Ressuscitado em cada celebração e vai perdendo o amor pelo seu Senhor e por sua comunidade. É bom não faltar. Mas, se faltar, tenha cuidado para não se distanciar da Igreja. Não deixe que o individualismo do mundo lhe diga que você se resolve diretamente com Deus. A comunidade é quem tem o testemunho sobre Jesus. Não deixe a dúvida entrar no seu coração.
O terceiro erro de Tomé mereceu uma boa reprimenda de Jesus. Precisou ver para crer. Ele só acreditou porque viu. No domingo seguinte ao da ressurreição, eles estavam reunidos de novo, à tardinha. Jesus de novo se apresentou no meio deles e fez a saudação de paz. Chamou logo Tomé e o mandou por o dedo nas marcas das chagas de suas mãos e no seu lado. E lhe disse: “Não seja incrédulo, seja fiel”. Tomé, graças a Deus, mostrou-se humilde e cheio de fé. Exclamou: “Meu Senhor e meu Deus”. Estava reconhecendo que Jesus era o Senhor, o servo glorificado. E que ele era Deus, como o Pai. “Meu Senhor e meu Deus”.
Guardando a mensagem
Tomé cometeu três erros: Faltou à celebração, duvidou do testemunho da comunidade e precisou ver para crer. Por sorte, teve um acerto de contas misericordioso com Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!”. Tomé - é você que falta à celebração, que está deixando o mundo encher o seu coração de dúvidas e suspeitas contra a fé. Você também tem a chance de reencontrar Jesus na comunidade e de crer nele de todo o coração. Que hoje seja o dia de sua experiência pessoal com Cristo! Que hoje seja o seu dia de Tomé que tocou nas chagas do Senhor.

Não sejas incrédulo, mas fiel (Jo 20, 27).
Rezando a Palavra
Senhor Jesus,
Ainda está ressoando a tua palavra dita à comunidade, naquela tarde de domingo: “Bem-aventurados os que crerem sem terem visto!”. Nós realmente não te conhecemos presencialmente, nunca te vimos, mas cremos em ti. Cremos que tu vives e estás conosco. Tens razão, não podemos nos guiar só pela lógica da comprovação, só aceitar o que for cientificamente provado ou querer entender tudo de Deus, como se tudo coubesse em nossa cabeça ou em nossa lógica humana. Só pela fé, podemos encontrar-te, Senhor, acolher a tua Palavra, celebrar a tua Eucaristia. Obrigado, Senhor, pela fé que habita os nossos corações. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém
Vivendo a Palavra
Na sua família, talvez haja alguém como Tomé. Hoje, é o dia de você contar-lhe a história deste apóstolo.

Pe. João Carlos Ribeiro – 03 de julho de 2019

OS DOIS CEGOS E A LUZ DE CRISTO

Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)
07 de dezembro de 2018.
O texto de hoje conta a história de dois cegos que seguiram Jesus, gritando por ajuda. Chegando à casa, eles tiveram uma conversa com ele. Jesus lhe tocou os olhos e eles ficaram curados. O Mestre lhes pediu para não saírem espalhando o fato, mas foi perdido. Eles saíram falando pra todo mundo.
O evangelho não tem interesse em ficar contando milagres de Jesus, de qualquer jeito. Não é um “testemunho” pra chamar clientes para o próprio empreendimento religioso, como vemos hoje no rádio e na televisão. A narração dos milagres são catequeses sobre Jesus e nosso encontro com ele. É assim que vamos olhar para esse texto, como uma catequese sobre a fé.
Fé? Por que eu falei “fé”? Porque as histórias de cegueira física, no evangelho, são particularmente formas de falar da cegueira espiritual, da resistência ou da incompreensão diante da pessoa de Jesus ou do projeto de Deus. Cegueira, neste sentido, representa a falta de fé. Para confirmar essa compreensão, basta lembrar que, segundo o texto de Isaías que Jesus leu na sinagoga de Nazaré, “dar vista aos cegos” era um dos sinais da salvação trazida pelo Messias.
Afinal, quem são os cegos? Melhor, quantos são os cegos? Sua resposta: dois,  precisamente. Lembre-se do início do evangelho de Mateus. Jesus chamou primeiro dois irmãos: André e Simão. Depois, chamou mais dois: Tiago e João. E na história do filho pródigo, o pai tinha dois filhos. E outro pai falou com seus dois filhos para irem trabalhar na sua vinha. E na cruz, havia dois ao lado de Jesus, crucificados também. Eu só posso pensar nesses dois cegos como discípulos. E discípulos são os receberam o convite para seguir Jesus e puseram-se a caminho com ele.
Por falar nisso, escute bem o que está escrito: “dois cegos começaram a segui-lo”. E diferentemente de outro cego, que Jesus parou para atendê-lo, esses seguiram Jesus até à casa dele. E foi dentro de casa, que eles se aproximaram de Jesus e conversaram com ele. Seguimento, caminho, casa são indicações da condição de discípulos. Então, a história dos cegos é uma representação dos discípulos. E quando falamos de discípulos, não estamos falando só dos doze apóstolos, estamos falando das centenas de homens e mulheres que tinham Jesus como referência e até, muitos deles, andavam com ele.
E qual é a catequese sobre a fé que há nesse texto?  Vamos recolher três lições. A primeira: A fé nos põe no caminho de Jesus e vai se firmando, a cada passo. Os dois eram cegos e começaram a seguir Jesus. Gritavam por compaixão.  É no caminho que a fé vai se firmando, se aclarando, se consolidando. Lembra a história dos 10 leprosos? Foi no caminho, indo para Jerusalém, que eles se deram conta que estavam curados.  A fé vai crescendo no caminho que eu vou fazendo com Jesus.
A segunda lição:  A fé nos leva para a comunidade. Os cegos entraram na casa de Jesus (que é a casa de Pedro e de André). Na intimidade da casa, eles se aproximam de Jesus. É a comunidade que nos proporciona essa aproximação com Jesus, essa intimidade com ele. Os cegos-discípulos são acolhidos na família de Jesus, na sua casa, na sua comunidade.
A terceira lição:  A fé é aprofundada num diálogo esclarecedor, que chamamos de catequese. Jesus dialoga com os dois. Pergunta se acreditam nele. Eles respondem  que sim. Jesus toca nos olhos deles e diz “que seja feito conforme a sua fé”. E os olhos deles se abriram.  Isso nos faz lembrar aqueles dois discípulos de Emaús. Após a catequese que Jesus fez no caminho, ceando com eles, fez os gestos da última ceia. Àquela altura, seus olhos se abriram. Eles viram Jesus ressuscitado. Devíamos falar de catequese e liturgia, mas não vamos complicar.
Guardando a mensagem
Você e eu somos os cegos. Mesmo com uma fé incompleta e frágil, começamos a seguir Jesus. Somos testemunhas que nossa fé vai se fortalecendo à medida em que vamos caminhando com ele. O caminho nos leva à sua casa, à sua comunidade, na qual somos acolhidos. A comunidade nos comunica a verdade sobre Jesus e celebra conosco a sua obra redentora. Na comunidade, os nossos olhos se abrem. E nos fazemos seus missionários, espalhadores de sua mensagem. Nosso testemunho não é que ele está operando milagres (ele não está interessado nesse tipo de propaganda). Testemunhamos que o encontramos, que somos um milagre dele. Éramos cegos e agora vemos. Vivemos iluminados pela fé.
Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
A história dos dois cegos é a nossa história. A cegueira física é uma representação da nossa cegueira espiritual. Com uma fé ainda frágil, nós nos colocamos no teu seguimento, respondendo ao teu chamado para sermos teus discípulos. É na caminhada contigo que a nossa fé vai se robustecendo. E a fé nos leva à comunidade, à vida de comunhão contigo e com os irmãos. Na catequese e na celebração, vemos com clareza sempre crescente o projeto do Pai que se realiza em ti e a nossa vocação de filhos e filhas de Deus. De toda forma, Senhor, estamos sempre necessitados de tua misericórdia. Por isso, continuamos a te pedir: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Faça seu este pedido insistente dos cegos: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Nesta prece, repetida várias vezes durante o dia de hoje, peça que a luz da fé seja sempre mais luminosa em sua vida.

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.12.2018

SENHOR, AUMENTA A NOSSA FÉ!

Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)
12 de novembro de 2018.
A força que nos sustenta na vida é a fé. A fé em Deus. Mas não é qualquer fezinha não. Fé naquele que verdadeiramente nos ama e pôs Jesus Cristo no nosso caminho. E uma fé esclarecida. É o que a Igreja nos tenta passar nos cursos, encontros, jornadas, na catequese.  "Fé cega, faca amolada" – diz a música de Gilberto Gil. Fé cega é uma arma perigosa. Fé esclarecida é a fé inteligente, de quem conhece o que ama. E que ama o que conhece.
A fé é a nossa segurança. A fé nos fala do que não passa, do que o vendaval do tempo não leva; nos fala daquele que sempre é, do Deus fiel, do Deus-Amor. E de seu plano de felicidade para cada um de nós. A fé é um dom, um presente de Deus. E a gente, com responsabilidade, tem que cuidar dela, para que ela possa ser cada dia ser mais robusta e forte.
A gente só sente a importância da luz quando escurece, quando a noite chega. A fé é essa luz que nós carregamos. Há momentos em nossa vida em que a gente precisa demais dessa luz: momentos de dor, de solidão, de perplexidade, de trevas. A fé a nossa segurança. Nessas horas, é que a gente mais precisa de fé e de esperança. Elas nos fazem enxergar na escuridão. A fé nos diz que o Senhor está perto de nós, que não nos faltará, que nossa vida está em suas mãos, que sua sabedoria e sua providência nos guiam. Por isso, seguimos confiantes, mesmo nas adversidades. Por isso, resistimos com uma força que não temos.
Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos, diz a carta aos Hebreus (Hb 11,1). São João diz na sua primeira carta: O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. (1 João 5, 4)
Guardando a mensagem
O evangelho de hoje reúne alguns ditos de Jesus. Ele considerou de muita gravidade o fato de alguém escandalizar um pequenino. E recomendou que se perdoasse o irmão sempre que ele se arrependesse. Só uma visão de fé nos faz ter essa sensibilidade no trato com os pequeninos e essa generosidade no perdão aos irmãos. Diante desses ensinamentos, os apóstolos pediram a Jesus que aumentasse a fé deles. E Jesus comentou que uma fé mesmo pequena faria maravilhas.
Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Hoje vamos rezar como os teus apóstolos: “Aumenta a nossa fé”. Só com uma visão de fé podemos acolher os teus ensinamentos. Só com uma fé mais forte podemos enfrentar as dificuldades que também encontramos hoje:... as crises, os escândalos, a falta de horizontes... sem a fé, sucumbimos aos problemas e fracassamos. É a fé que nos abre à novidade da ação de Deus, que abre à nossa frente o mar vermelho, descortinando novas possibilidades onde não víamos saída. Pela fé, irrompe em nosso peito a alegria da esperança, que nos faz levantar cedo e erguer a cabeça para enfrentar um novo dia, uma nova semana, com a convicção de que tudo podemos em ti que nos fortaleces. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Durante o dia de hoje, diga ao Senhor muitas vezes: ”Senhor, aumenta a minha fé!”.

Pe. João Carlos Ribeiro  - 12.11.2018

A HISTÓRIA DE UM PAI AFLITO

Senhor, tem piedade do meu filho (Mt 17, 15)
11 de agosto de 2018.
Todo pai pede a Deus para que o seu filho venha com saúde. Às vezes, a natureza traz o filho com problemas. Não se pode colocar a culpa em Deus, de jeito nenhum. Deus faz tudo bem feito. O homem ou a natureza é que embaralham as coisas. Muita coisa a ciência ainda não sabe, está pesquisando. O certo é que, venha como vier, os pais recebam a sua criança com todo carinho. E Deus que é pai de todos está sempre por perto para socorrer, abençoar, providenciar o melhor para aquela família. Tenho visto que muitas vezes, por ter um filho com alguma deficiência (autismo, síndrome de down, uma grave alergia e tanta coisa mais...), exatamente por causa da fragilidade do filho, os pais terminam por se aproximar mais de Deus.
Bem na véspera do dia dos pais, nos vem esse belo texto do evangelho de São Mateus. Na cena do evangelho, “um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e disse: “Senhor, tem piedade do meu filho”. Jesus estava no meio de uma multidão. Mas, aquele pai, vencendo qualquer respeito humano, apresenta seu pedido desesperado ao Mestre. Já tinha tentado que os discípulos resolvessem, mas eles não tinham conseguido ajudar. Aproximou-se de Jesus... Aproximar-se de Deus é a atitude número um de um pai.  Aproximar-se do Senhor, ficar perto dele. O pai e a mãe, na verdade, já têm uma aproximação com Deus, porque eles participam do seu poder criador. Uma pessoa de fé sabe disso. O nascimento de uma criança é um dom maravilhoso de Deus, pela mediação de um pai e de uma mãe. A paternidade e a maternidade já deixam pai e mãe mais achegados a Deus.
Relendo o texto: Um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se...  Ajoelhar-se é a atitude de quem está diante de Deus. É uma atitude de adoração, de reconhecimento de sua dependência de Deus. A gente se ajoelha para acompanhar respeitosamente a consagração na Santa Missa ou diante de Jesus Eucarístico, em adoração. Ajoelhar-se é estar diante de Deus, com respeito e em reconhecimento de sua grandeza.  Foi ajoelhado diante de Jesus que o pai pediu: “Senhor, tem piedade do meu filho”. Também esta palavra “Senhor” na boca desse pai tem sabor de reconhecimento de que está diante de Deus. Reconhecer que Jesus é o Senhor é uma profunda atitude de fé. A oração desse pai é uma oração de intercessão. E esta é uma das atribuições da missão paterna ou materna: interceder diante de Deus pelos seus filhos, pedir a Deus que os abençoe, os proteja dos perigos, os guarde, livre-os do mal.
“Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epiléptico, e sofre ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água”, disse o pai. Ainda hoje quem tem epilepsia é alvo de preconceito. Imaginemos o que não era há mais de 2.000 anos atrás, ainda mais naquele povo antigo que explicava qualquer doença como sendo uma possessão do demônio. Olha a aflição desse pai: seu filho epilético está tendo ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. Imagine o cuidado permanente daquela família com esse filho.
Jesus mandou que trouxessem o menino, ou quem sabe já um adolescente. Dentro da lógica de sua gente, Jesus exorcizou o demônio da doença e o menino ficou bom, naquela mesma hora.
Guardando a mensagem
Um pai aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e pediu em favor do seu filho epilético. Pela paternidade e pela maternidade, pai e mãe já estão mais próximos de Deus. Ajoelhar-se é um reconhecimento da divindade de Jesus. O pai não foi com dúvidas se Jesus podia ajudar ou não. O pai mostrou, por ter tratado o Mestre de ‘Senhor’ e por ter se ajoelhado, a sua completa confiança em Jesus. Ele pediu clemência para o filho epilético. E Jesus o curou, exorcizando o mal que estava nele. O pai quer sempre o melhor para o seu filho. E nunca pode esquecer de que ele, na obra da geração humana e na obra da educação, é parceiro de Deus.
Senhor, tem piedade do meu filho (Mt 17, 15)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
No Evangelho, de vez em quando um pai vem ao teu encontro, pedindo em favor de um filho que está em situação desesperadora.  Jairo, por exemplo, veio te contar a situação de sua filha adolescente, que havia morrido e pediu tua intervenção. Esse pai do evangelho de hoje, com um filho epilético, implorou a tua misericórdia.  A todos, Senhor, tu atendias segundo a sua fé, não segundo os seus merecimentos. Continua, Senhor, ouvindo as preces dos pais e mães de hoje que te apresentam continuamente seus rogos em favor de seus filhos, sobretudo de quem está em perigo na alma e no corpo. Derrama, Senhor, tuas bênçãos sobre os pais, amanhã vamos festeja-los, no seu dia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
O melhor presente que você pode dar ao seu pai vivo ou falecido é rezar por ele. O maior presente é, com certeza, oferecer a Santa Missa em favor dele. Então, programe-se para, amanhã, participar da celebração em sua comunidade e oferecer a Santa Missa por seu pai.

Pe. João Carlos Ribeiro – 11.08.2018

FÉ, HUMILDADE E PERSEVERANÇA NA ORAÇÃO

Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos (Mt 15, 26)
08 de agosto de 2018.
No tempo de Jesus, as fronteiras do país não eram muito definidas. Mas, os judeus sabiam bem onde começavam os territórios pagãos. Desde a entrada na terra prometida, o povo tinha sido instruído a afastar-se das populações pagãs que moravam naquela terra de Canaã. Não deviam ter nenhuma consideração para com os cananeus, sua cultura e seus cultos idolátricos.
No texto de hoje, o evangelista Mateus nos dá notícia que Jesus está em territórios pagãos, na região de Tiro e Sidônia. Talvez quisesse se afastar um pouco daquela correria toda do seu trabalho missionário, com tanta gente atrás dele. Mas logo chega alguém pedindo ajuda. Uma senhora pagã, uma cananeia, veio ao encontro de Jesus com um pedido de socorro: a filha estava possuída pelo demônio. A resposta de Jesus foi estranha. Ficou calado. Ela continuou implorando, pelo caminho. Ele comentou com os discípulos que fora enviado somente para o povo de Deus. A mulher insistia, implorava... E a resposta dele foi dura: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”.
Chamar os pagãos de cachorros ou de porcos era comum por parte do antigo povo de Deus. Essa atitude agressiva para com os gentios, os pagãos, resultava da decisão de manterem distância dos seus cultos e de sua cultura, como a Lei de Moisés determinava. Jesus, enquanto humano, nasceu hebreu, aprendeu o modo do seu povo pensar o mundo e a religião. Portanto, certamente, ao menos até certa altura do seu apostolado, podia ter essa mesma atitude frente aos pagãos. Foi o que ele disse aos discípulos naquela ocasião: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”.
É importante entender o seguinte. Quem está contando essa história é o evangelista Mateus, uma história guardada pelas comunidades que se formaram na Palestina e nos território pagãos próximos. Um grande problema da evangelização, desde o início, foi como integrar os pagãos convertidos nas comunidades. Havia muita discussão: eles têm ou não tem direito à salvação em Cristo? Pra nós, é claro, passado tanto tempo, isso está bem resolvido. Mas, no começo, essa integração dos não judeus foi muito dolorosa. Pensava-se: Eles não têm aliança com Deus, não são herdeiros das promessas feitas a Israel, não seguem a Lei de Moisés, não são circuncidados... a coisa não foi fácil.
Você está me seguindo?  Está dando para entender?  Então, essa história de Jesus que a princípio rejeitou a mulher pagã, mas depois a atendeu, era muito importante para os seus seguidores entenderem como deviam proceder nesse assunto da inclusão das pessoas pagãs. Nessa história, todos podiam entender que os pagãos também tinham direito de fazer parte das comunidades e que não lhes cabia a pecha de cachorros, porque a salvação em Cristo também era para eles. Eles só precisavam ter fé, crer em Jesus, como a mulher cananeia.
Voltemos ao texto. Qual foi a reação da mulher? Diante da negativa de Jesus, ela insistiu com grande humildade: “É verdade, Senhor. Mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!'  Foi quando Jesus lhe disse: 'Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!'. Assim, sua filha foi libertada.
Guardando a mensagem
A mulher pagã foi procurar Jesus, prostrando-se aos seus pés. Isso é um sinal de sua fé, de sua acolhida de Jesus, como Messias. Não se intimidou com a aparente negativa dele, antes insistiu, perseverou no seu pedido... E, claro, mostrou uma grande humildade. Diante disso, Jesus concedeu o que ela estava pedindo com tanta humildade, perseverança e fé. A mudança de atitude de Jesus, incluindo os pagãos na salvação, será a atitude mais tarde das comunidades cristãs espalhadas pelo mundo.
Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos (Mt 15, 26)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
A mulher cananeia nos deixa uma grande lição. Diante da necessidade premente de sua filha, ela foi ao teu encontro s e soube ser perseverante no seu pedido. Não desanimou diante do teu silêncio, nem de tua negativa. E não se intimidou com a ofensa recebida por ser pagã, ao ser comparada aos cachorrinhos. Na sua fé, mostrou humildade e perseverança no seu pedido. Não só foi atendida, mas também te ajudou a ter uma nova compreensão da missão. Senhor, não nos deixes desanimar diante das primeiras dificuldades, nem desistir diante das barreiras que se nos apresentem intransponíveis. Que a nossa fé seja à toda prova e a humildade e a perseverança sejam a força de nossa fraqueza. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Converse com alguém sobre essa história de hoje (Mt 15,21-28). Ou pelo menos comente alguma coisa nas redes sociais sobre o assunto. Evangelize!
Pe. João Carlos Ribeiro – 08.08.2018

ESCUTAR, CONHECER E SEGUIR JESUS

As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10, 27)
24 de abril de 2018.
Um grupo rodeou Jesus, no Templo de Jerusalém, e queria que ele confirmasse se ele era mesmo o Messias. Jesus disse: ‘as obras que eu faço dão testemunho de mim. Vocês não acreditam, porque não são minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem’.
Olha que interessante. As ovelhas escutam a voz do pastor, reconhecem a sua voz e o seguem. As que não são do seu rebanho não escutam a sua voz e não o seguem. Aquele grupo não acreditava em Jesus, não escutava sua voz, não o reconhecia pelas obras que fazia, não o seguia.  
Há uma realidade de descrença, de gente que não escuta e não segue Jesus. Não integra o seu rebanho, não faz parte de suas ovelhas. Pela fé, nos aproximamos de Jesus. A fé é um dom de Deus. Mas, um dom, um presente pode não ser recebido, pode ser rejeitado. É que fomos criados na liberdade. Sem liberdade, não há amor. Sem liberdade, não se pode crer, porque crer é uma acolhida incondicional, uma entrega pessoal. Não se pode crer, nem amar por obrigação. Crer é um ato de liberdade.
Há quem realmente não creia. E há muita gente que, mesmo crendo, não permite que sua fé oriente a sua vida. É uma espécie de ateísmo prático. Até crê, mas a fé não é a luz que ilumina os seus passos. Vive como quem não crê, como quem não tem esperança, como quem não conheceu Jesus. Em Jesus, ficamos sabendo que Deus nos ama e o enviou para nos resgatar, nos conduzir para a vida plena. E, sobre isso, não podemos ficar indiferentes. Essa novidade pode mudar a nossa vida, pode ser uma revolução em nossa existência.
Não basta que Jesus seja o bom pastor e nos conheça e dê sua vida por nós. É necessário que nós, em resposta a esse amor do bom pastor escutemos a sua voz e, na fé, o sigamos. Ele disse: “As minhas ovelhas escutam a minha voz”. É preciso ouvir a sua voz. A oração diária do povo de Jesus incluía uma passagem do livro do Deuteronômio: “Ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor”. Ouve, Israel. É preciso escutar. A fé é a nossa resposta ao que ouvimos. O salmo 94 traz uma chamada de atenção: “Oxalá vocês ouçam hoje a sua voz”. A palavra nos pede para não fechar o coração como o povo antigo que tanto entristeceu a Deus por sua desobediência. “Oxalá vocês ouçam hoje a sua voz”.
Vamos guardar a mensagem
Escutar a voz do bom pastor é reconhecê-lo como orientação da própria vida, é assumir a sua palavra como guia de sua existência. Foi exatamente isso que Maria disse aos serventes nas Bodas de Caná: “Façam tudo o que ele disser a vocês”. O que Jesus diz, precisamos escutar, acolher, praticar. Isso é escutar a sua voz e segui-lo.
As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10, 27)
Vamos rezar a Palavra

Senhor Jesus,
Infelizmente, hoje, como no teu tempo, há muita gente que não te escuta de verdade. Uns permanecem indiferentes à tua voz, à tua Palavra;  não a distinguem no meio de tantas vozes do mundo de hoje. Outros te escutam com ouvido de mercador: não te levam em conta, não te ouvem com seriedade; não se deixam conquistar pelo amor de Deus que tu anuncias. Mas, que bom que muitos te escutam e te seguem. Peço-te, Senhor, que eu e minha casa estejamos sempre no número dos que te ouvem, te conhecem e te seguem. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vamos viver a Palavra

Minha sugestão é que você transcreva e reze a oração que Jesus rezava todo dia: Deuteronômio 6, 4-9. Ela começa convidando o povo de Deus a escutar, a ouvir uma coisa muito importante.

Pe. João Carlos Ribeiro – 24.04.2018

FÉ, PERSEVERANÇA, HUMILDADE – A HISTÓRIA DA MULHER CANANEIA.


MEDITAÇÃO PARA A QUINTA-FEIRA, DIA 08 DE FEVEREIRO DE 2018.
Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha (Mc 7, 29)
No tempo de Jesus, as fronteiras do país não eram muito definidas. Mas, os judeus sabiam bem onde começavam os territórios pagãos. Desde a entrada na terra prometida, o povo tinha sido instruído a afastar-se das populações pagãs que moravam na própria terra de Canaã. Nenhuma consideração para com os cananeus e seus cultos idolátricos.
No texto de hoje, o evangelista Marcos nos dá notícia que Jesus está em territórios pagãos, na região de Tiro e Sidônia. Talvez quisesse se afastar um pouco daquela correria toda do seu trabalho missionário, com tanta gente atrás dele. Mas logo chega alguém pedindo ajuda. É uma mulher pagã, cananeia, suplicando que expulsasse o demônio de sua filha. Jesus se fez de difícil. “Deixa que primeiro os filhos fiquem saciados. Não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”.
Chamar os pagãos de cachorros ou de porcos era comum por parte do povo hebreu. Essa atitude agressiva para com os gentios, os pagãos, resultava da decisão de manterem distância dos seus cultos e de sua cultura. Jesus, enquanto humano, nasceu judeu, aprendeu o modo judeu de pensar o mundo e a religião. Portanto, certamente, ao menos até certa altura do seu apostolado, podia ter essa mesma atitude frente aos pagãos. Ele mesmo tinha dito: “Eu vim para as ovelhas perdidas da casa de Israel”.
Naturalmente, contando a história de Jesus, a comunidade de Marcos refletia a própria história. As comunidades de Marcos eram comunidades fora da Palestina, em ambiente pagão. Nessas comunidades, havia judeus convertidos, mas, sobretudo, muitos pagãos que aderiam à fé em Jesus Cristo. E a Igreja, que nasceu no ambiente judeu, no início teve muita dificuldade para incluir os pagãos na comunidade. Isso só começou a ser bem resolvido numa grande reunião dos apóstolos e lideranças, em Jerusalém, com a presença de São Paulo.
Então, é claro que Marcos, ao escrever a história de Jesus, sublinhava os problemas e a situação de suas comunidades. Defendeu, claramente,  que os pagãos também tinham direito de fazer parte das comunidades e que não lhes cabia a pecha de cachorros, porque a salvação em Cristo também era para eles.
Voltemos ao texto. Jesus disse que o pão era em primeiro lugar para os filhos e que não estava certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos. Quem seriam os filhos? Claro, os judeus. E quem eram os cachorrinhos? Os pagãos, gente como aquele cananeia. Esse era o pensamento de qualquer judeu do seu tempo.
E qual foi a reação da mulher? Aquela coitada tinha vindo incomodar Jesus, suplicando que ele libertasse sua filha que estava possuída por um demônio. Tinha “caído aos seus pés”, quer dizer prostrou-se reconhecendo a grandeza de Jesus. E diante da negativa, ela insistiu com grande humildade: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”.
Vamos guardara a mensagem
Como era grande a fé daquela mulher! Foi procurar Jesus, prostrando-se aos seus pés. Isso é um sinal de sua fé, de sua acolhida de Jesus, como Messias. Não se intimidou com a aparente negativa dele, antes insistiu, perseverou no seu pedido... reconhecendo a sua pequenez (que era a situação dos pagãos).  E, claro, mostrou uma grande humildade. Fé, perseverança, humildade. Diante disso, Jesus mudou sua posição... Concedeu o que ela estava pedindo com tanta fé, perseverança e humildade. A mudança de atitude de Jesus, incluindo os pagãos na salvação, será a atitude mais tarde das comunidades cristãs espalhadas pelo mundo.
Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha (Mc 7, 29)

Vamos acolher a mensagem
Senhor Jesus,
Os teus seguidores deram o grande passo de construírem comunidades onde também os pagãos eram acolhidos. Foi um parto doloroso essa passagem. Não foi fácil passar de comunidades formadas exclusivamente de cristãos vindos do judaísmo para comunidades que integravam também convertidos vindos do paganismo. Por isso, essa história da mulher cananeia ficou na mente dessas comunidades. Tu deste o primeiro passo. Partilhaste o pão dos filhos, os judeus, com os pagãos. Ou melhor, reconheceste que também os pagãos são filhos de Deus. Que a nossa oração, Senhor, seja como a da mulher cananeia, que, mesmo se sentindo relegada, foi firme em sua fé, mostrou-se humilde e perseverante no seu pedido. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Estamos na semana mundial do enfermo. Faça alguma coisa por um doente. O quê? Uma visita, uma mensagem ou uma prece.

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.02.2018

SENHOR, AUMENTA A NOSSA FÉ!


Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)
A força que nos sustenta na vida é a fé. A fé em Deus. Mas não é qualquer fezinha não. Fé naquele que verdadeiramente nos ama e pôs Jesus Cristo no nosso caminho. E uma fé esclarecida. É o que a Igreja nos tenta passar nos cursos, encontros, jornadas, na catequese.  "Fé cega, faca amolada" – diz a música de Gilberto Gil. Fé cega é uma arma perigosa. Fé esclarecida é a fé inteligente, de quem conhece o que ama. E que ama o que conhece.
A fé é a nossa segurança. A fé nos fala do que não passa, do que o vendaval do tempo não leva. Nos fala daquele que sempre é, do Deus fiel, do Deus-Amor. E de seu plano de felicidade para cada um de nós. A fé é um dom, um presente de Deus. E a gente, com responsabilidade, tem que cuidar dela, para que ela possa ser cada dia ser mais robusta e forte.
A gente só sente a importância da luz quando escurece, quando a noite chega. A fé é essa luz que nós carregamos. Há momentos em nossa vida em que a gente precisa demais dessa luz: momentos de dor, de solidão, de perplexidade, de trevas. A fé a nossa segurança. Nessas horas, é que a gente mais precisa de fé e de esperança. Elas nos fazem enxergar na escuridão. A fé nos diz que o Senhor está perto de nós, que não nos faltará, que nossa vida está em suas mãos, que sua sabedoria e sua providência nos guiam. Por isso, seguimos confiantes, mesmo nas adversidades. Por isso, resistimos com uma força que não temos.
Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos, diz a carta aos Hebreus (Hb 11,1). São João diz na sua primeira carta: O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. (1 João 5, 4)
Vamos guardar a mensagem de hoje
O evangelho de hoje reúne alguns ditos de Jesus. Ele considerou de muita gravidade o fato de alguém escandalizar um pequenino. E recomendou que se perdoasse o irmão sempre que ele se arrependesse. Só uma visão de fé nos faz ter essa sensibilidade no trato com os pequeninos e essa generosidade no perdão aos irmãos. Diante desses ensinamentos, os apóstolos pediram a Jesus que aumentasse a fé deles. E Jesus comentou que uma fé mesmo pequena faria maravilhas.

A MENINA E A MULHER

Uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos veio por trás dele e tocou a barra do seu manto (Mt 9, 20).
O Chefe da Sinagoga chegou informando que sua filha acabara de morrer. E implorou que Jesus fosse à sua casa, trazer a menina de volta para a vida. Jesus já seguia pra lá quando uma mulher que sofria de fluxo de sangue tocou na barra do seu manto e ficou curada. Na casa da menina falecida, Jesus dispensou o povo e os músicos que estavam no velório. E levantou a menina pela mão e ela voltou a viver.
São duas histórias entrelaçadas, a da filha do chefe da Sinagoga e a da mulher que sofria de hemorragia. Nos evangelhos de Marcos e Lucas, essa história tem mais detalhes. Fica-se sabendo, por exemplo, o nome do chefe da Sinagoga, Jairo e a idade da menina, 12 anos. As duas histórias estão juntas por alguma razão. As duas mulheres têm um impedimento grave para gerar a vida, para ter filhos. Na menina, aos 12 anos, idade da primeira menstruação, o organismo estaria se preparando para a futura maternidade. Morrendo, morrem as possibilidades de futuro, corta-se pela raiz a possibilidade de ser mãe. No tempo de Jesus, as mulheres se casavam muito cedo. E a mulher, sofrendo de perda de sangue há 12 anos, também não podia ser mãe, possivelmente por ter a sua menstruação desordenada.  Afinal, as duas não podem gerar vida, ser mãe.
E não poder ser mãe era realmente um problema? Ainda é um problema muito grande. Muitos casais hoje vivem em grande sofrimento, porque a esposa não consegue engravidar, não é verdade? Nem sempre a causa está na mulher. No tempo de Jesus, a coisa era ainda mais grave. A mulher não sendo mãe era completamente desconsiderada. A viúva sem filhos não tinha nem direito aos bens deixados pelo marido. E família sem filhos, como a de Abraão, não tinha futuro. Para nos darmos conta do drama, basta nos lembrarmos das mulheres estéreis da Bíblia, como Sara (a esposa de Abraão) no Antigo Testamento e de Izabel (a esposa de Zacarias) no Novo Testamento. As duas viviam tristes por não poderem dar filhos aos seus maridos, por não garantirem o futuro de suas famílias. Deus interveio na vida dessas duas mulheres estéreis, garantindo–lhes a fertilidade.

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