PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: cafarnaum
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O NOVO MORADOR



Jesus deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia (Mt 4, 13). 

06 de janeiro de 2020.

No evangelho de hoje, há uma notícia que desperta nossa atenção: Jesus se mudou de Nazaré para Cafarnaum. Ele morava em Nazaré e mudou-se para Cafarnaum. Daqui pra frente, sempre que o evangelho disser que ele voltou pra casa, já se sabe, chegou à Cafarnaum. 

Mudar de residência, mudar de cidade, é uma decisão que exige um pouco de reflexão, não é verdade? Você, com certeza, já se mudou de um lugar pra outro. Posso até apostar que onde você mora hoje não é o lugar onde você nasceu e se criou. Estou certo? As pessoas se mudam em busca de melhoria de vida: por ter se casado e precisar acompanhar o cônjuge, por razões de trabalho, estudo dos filhos, oportunidades melhores em outro local, etc. E ninguém se muda sem um processo razoável de reflexão e decisão, não é verdade?! E a razão é que mudar-se, sobretudo deixar o seu lugarzinho, o cantinho de sua família, de seus conhecidos é sempre doloroso. E a mudança precisa ser bem planejada para que dê certo. 

Boa parte do nosso povo migra de um lugar para outro, à procura de melhoria de vida. Somos um país de migrantes. Uns chegaram de fora. Outros se mandam do norte para o sul, do sudeste para o centro oeste, do nordeste para o sudeste, do sul para o norte... Em grande parte, se está longe do seu lugar de origem, dos seus pais e parentes mais próximos. Basta lembrar os brasileiros que estão nos Estados Unidos. E lembro deles porque, em bom número, na região de Boston, nos acompanham no Rádio e na Meditação diária. Afinal, somos todos migrantes, como Jesus. 

Por que será que Jesus se mudou de Nazaré para Cafarnaum? Fácil, com certeza, não foi. Deixou em Nazaré, sua mãe, seus parentes próximos, tios e primos. Por lá ficou sua história de quase trinta anos de convivência, conhecimento e trabalho. É verdade que nascera em Belém. Mas, foram poucos dias de recém-nascido até sair em viagem apressada para as bandas do Egito, nos braços dos pais aflitos com a notícia da perseguição de Herodes. De lá, voltaram para Nazaré, depois da morte do rei. Em Nazaré, está a sua história: os seus dias de criança, sua participação na escola da sinagoga, o aprendizado na oficina de carpintaria do pai. Em Nazaré, todo mundo o conhecia: Jesus, filho de José, o carpinteiro. Lá, tinha um nome, uma profissão, uma mãe de quem recebia bons conselhos, muito carinho e muitas orações em seu favor; um pai piedoso e trabalhador também, mas não sabemos se a esta altura, ele já tivesse falecido ou não. 

Perto dos seus trinta anos, Jesus, de alguma forma, acompanhou o movimento do Batista, filho de Zacarias e Isabel, seu parente. É possível que tenha tomado conhecimento das pregações de João Batista no deserto, em alguma de suas peregrinações a Jerusalém. Muita gente estava acompanhando João Batista. Ele era a voz no deserto, como anunciara o Profeta Isaías. Estava preparando o povo para a chegada do Messias. Convocava o povo à conversão e o batizava no Rio Jordão. Jesus participou de pregações do Batista, sensível àquele movimento de renovação e se batizou também no Rio Jordão, mesmo com o protesto do profeta. Essa movimentação do Batista se dava na Judeia, no deserto, na parte mais ao sul do país. E Jesus ainda estava na Judeia, quando soube – olha que tristeza – que João tinha sido preso. Foi, então, que tomou a decisão de se mudar: voltar para a Galileia (norte do país), se estabelecer numa cidade mais central e começar sua missão. 

Guardando a mensagem 

Jesus tomou a decisão de mudar-se de Nazaré para Cafarnaum, num momento muito delicado da vida do seu povo: o profeta João Batista fora preso por ordem do rei Herodes, o filho do velho Herodes do seu tempo de recém-nascido. Quanta gente foi presa por esse monarca corrupto, quantos desaparecidos, quantos mortos nos calabouços de seus palácios!... Até agora, com certeza, Jesus estava procurando entender melhor sua missão, numa longa preparação de trinta anos. Chegara a hora de aparecer publicamente e proclamar que o tempo da espera terminara: com ele, o Reino de Deus estava chegando. Nazaré era uma cidadezinha isolada, no norte, longe das estradas públicas. Cafarnaum era central, na Galileia. Ficava às margens do grande lago, chamado de Mar da Galileia. Muito perto de Cafarnaum, passava uma estrada que cortava todo o país, a via maris, a estrada do mar. Pela maior facilidade de locomoção, pela centralidade da cidade em relação aos povoados e cidades vizinhas, Cafarnaum seria um lugar estratégico para a missão de Jesus. 

Jesus deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia (Mt 4, 13). 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 
Sempre que lemos o teu evangelho, cresce em nós a admiração pelo mistério da encarnação do Verbo. Tu és o Deus que viveu a nossa vida humana, percorreu os nossos caminhos, fez história com o nosso povo. Tu também experimentaste mudar de uma cidade para outra, como quase todos nós, que somos um povo de migrantes, movidos pelas necessidades da sobrevivência. Certamente, não foi uma decisão fácil, por tudo que a tua pacata Nazaré representava em tua vida. Escolheste morar em Cafarnaum, uma cidade mais central e com mais facilidade de comunicação. Ainda assim, uma cidade mal vista pela elite de Jerusalém, que a considerava uma terra de pagãos e de judeus pouco praticantes da lei de Moisés. Escolher Cafarnaum como plataforma de tua missão foi já uma grande lição: Deus fala e age a partir dos pequenos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 

Não deixe de ler o texto de hoje em sua Bíblia: Mateus 4,12-17.23-25. Em seu momento de oração, recomende ao Senhor os seus parentes que moram longe de você. 

Pe. João Carlos Ribeiro – 06 de janeiro de 2020.



TEMPO DE CONVERSÃO

Na foto: Ruínas da cidade de Corazim
Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! (Lc 10, 13).
04 de outubro de 2019.
Muitas comunidades não mostram crescimento em seu caminho de identificação com o evangelho do Senhor. Entra ano e sai ano, e continuam patinando no mesmo egoísmo, nos mesmos desentendimentos, na mesma mediocridade. Comunidades e cristãos também.
Olha só o que temos no Evangelho de hoje! Jesus comparou localidades da Galileia onde ele investiu a maior parte do seu trabalho missionário (Corazim, Betsaida e Cafarnaum) com cidades pagãs que talvez tivessem sido mais receptivas ao Evangelho (Tiro e Sidônia).
Corazim e Betsaida eram localidades da Galileia, na terra de Jesus. A Galileia foi a área de maior atuação do nosso Mestre. Por aquela região, ele circulou muitas vezes, pregou em suas sinagogas, curou muita gente.  Tiro e Sidônia eram localidades fora da área de Israel, consideradas terras de pagãos. Mesmo que estivessem nas fronteiras do povo eleito, eram comunidades estrangeiras. É bem verdade que Jesus fez diversas incursões pelo território dos pagãos, pelo estrangeiro.
Corazim e Betsaida, como as outras localidades da Galileia por onde Jesus circulou com tanto zelo e prioridade, não responderam ao Mestre com entusiasmo, com adesão vibrante, com muitas conversões. Mostraram-se frias, apáticas, reticentes. Em Nazaré, Jesus tinha se queixado que “o profeta só não é bem recebido em sua própria pátria”.
A experiência dos apóstolos, depois da ressurreição de Jesus, foi a adesão entusiasta dos pagãos em muitos pontos do Império Romano. Paulo e Barnabé logo experimentaram isso em Antioquia, na vizinha região Síria. E depois, Paulo e os outros apóstolos, largaram-se mundo afora nas cidades da área do Mar Mediterrâneo, sempre encontrando pouca adesão nas sinagogas dos judeus e vibrante acolhida entre os pagãos.
Sendo hoje dia de São Francisco de Assis, podemos ver como  nele esse evangelho ganha atualidade. Acolhendo a graça de Deus em seu coração, o jovem Francisco largou sua vida de benesses e seguranças e colocou Deus no centro de sua vida, assumindo, com largueza de coração, a busca da fraternidade e da paz.
Guardando a mensagem
Corazim e Betsaida, hoje, podem ser você, eu, sua família, sua comunidade. Apesar do trabalho de missionários, de sacerdotes e de tantas oportunidades que temos tido de conhecer o Evangelho, pode ser que se veja pouco crescimento e conversão entre nós. Pode ser que nós estejamos imitando Corazim e Betsaida, que apesar de terem tido Jesus pregando e libertando pessoas em seu meio, não se tocaram para uma verdadeira conversão. Se esse for o caso, a repreensão profética desses ais são para nós.  
Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! (Lc 10, 13).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Talvez, nossa vida tenha traços de Corazim e Betsaida, localidades que resistiram à tua presença, ou mantiveram-se apáticas, mesmo escutando tua pregação e vendo os teus milagres. Senhor, se esse for o nosso caso, nós te pedimos, nos sacode com o teu Espírito para que vençamos a acomodação, a preguiça, a desconfiança... Queremos seguir-te com entusiasmo, enfrentar a vida ao teu lado, com fidelidade e destemor. Concede-nos, Senhor, que cresçamos mais no conhecimento de tua Palavra, corrigindo-nos naquilo que houver de menos evangélico em nossa vida e entusiasmando as pessoas com quem convivemos a te amarem e a te seguirem de todo o coração. Seja bendito o teu nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
A palavra de Deus não é um enfeite em nossa vida. É um convite permanente à conversão. Faça, hoje, um bom exame de consciência: a Palavra do Senhor está transformando a sua vida?
Hoje, eu queria que você escutasse, com carinho, e compartilhasse com outras pessoas, essa minha música CONFIAR EM DEUS. Ela é uma faixa do EP que estou lançando nesse mês missionário, em todas as plataformas digitais. 
A gente se vê, às 10 da noite, no facebook.

Pe. João Carlos Ribeiro – 04 de outubro de 2019

O TRABALHO DE NOSSAS MÃOS


Jesus disse ao homem da mão seca: 'Levanta-te, e fica aqui no meio” (Lc 6, 10)

09 de setembro de 2019.


Olhe bem para suas mãos. Olhou? Agora, me responda: O que as mãos representam? Mais uma chance. Olhe bem pra suas mãos... Olhou? O que as mãos representam? E se suas mãos fossem defeituosas, haveria algum problema? Veja se o pão de cada dia. Claro, elas representam mais do que isso. Mas, com as mãos defeituosas vai ficar muito difícil você construir uma casa, fazer uma limpeza, digitar um texto, dirigir um carro, fazer o almoço... está vendo? As mãos têm a ver com o trabalho.

Se isso é verdade hoje, mais ainda no tempo do povo da Bíblia. O povo trabalhava no campo, na lavoura ou nas criações de gado ou ovelhas, na pesca, no artesanato... Com um defeito nas mãos, a pessoa estava impossibilitada de ganhar o pão de cada dia.

Bom, até aqui estamos de acordo. Então, vou lhe fazer outra pergunta: você já percebeu que a lei do sábado, no tempo de Jesus, tinha a ver com o trabalho? Na Bíblia, duas tradições sublinham o valor do sábado, no Antigo Testamento. No Livro do Êxodo, o sábado tem a ver com o descanso de Deus, e, portanto, com a dignidade do trabalhador. No Livro do Deuteronômio, o sábado tem a ver com a saída da escravidão do Egito. Guardar o sábado é manter viva a memória da liberdade conquistada contra o regime do Faraó. Então, por um lado, o sábado sublinhava a dignidade do trabalhador: um dia de descanso e celebração dos frutos do seu trabalho; E por outro lado, o sábado afirmava a liberdade de um povo que não quer voltar à escravidão e é dono de sua terra e de sua história. Esse é o sentido do sábado, no Antigo Testamento. Claro, que isso tem um sentido religioso. Só um povo senhor do seu trabalho e de sua história pode render glória a Deus com a sua vida. Então, o sábado tem a ver com o trabalho.

E já que estamos nos entendendo, vamos ver o texto de hoje. Jesus está na sinagoga de Cafarnaum. É um dia de sábado, claro, dia do culto. E lá ele encontra um homem com a mão seca. Muita gente está de olho nele pra ver se ele vai curar no sábado. Curar é uma forma de trabalho. Para eles, isso não podia. Jesus fez uma pergunta incômoda. Ninguém respondeu. Ele perguntou se sábado era para fazer o bem ou fazer o mal? Ele sentiu a dureza do coração deles e ficou triste e aborrecido. E curou o homem da mão seca. Até aqui, tudo tranquilo. Agora, vamos prestar bem atenção no que ele disse àquele pobre homem.
Ele disse ao homem três coisas: ‘Levanta-te’ – ‘Fica aqui no meio’ – e ‘Estende a mão’. Essas palavrinhas fizeram toda a diferença. LEVANTA-TE! Você sabe, quando alguém se levanta assume uma posição, é um sinal de tomada de decisão. Ele estava sentado. Sentado pode indicar passividade, acomodação. Levantar-se é um sinal de desinstalação. De pé é a condição de Jesus ressuscitado. FICA AQUI NO MEIO! Pra que isso? Jesus podia tê-lo curado, sem tirá-lo do canto dele. Mas não, chamou-o para o meio. No centro da preocupação daquelas pessoas estava o sábado, a lei. Mas, no centro devia estar o homem necessitado. Que bela lição. ESTENDE A MÃO! Ele estendeu a mão e ela ficou curada. Se a pessoa humana em sua necessidade estiver no centro de nossa preocupação, na religião (representada aqui pelo sábado na sinagoga) atua a força de Deus para devolver a sua dignidade. O homem foi restaurado na sua capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia com as suas mãos.
Guardando a mensagem
A ação de Jesus nos ajuda a perceber que é necessário deslocar a preocupação com a instituição ou com a Lei para a pessoa humana. A pessoa humana é que deve ser o centro das atenções na religião, na economia, na política, em tudo. Na religião cristã, experimentamos a força de Deus que levanta os oprimidos e sofredores, fazendo-os sujeitos de sua história (Levanta-te!), reconhecendo a prioridade de sua situação (Vem para o meio!) e revelando a sua dignidade de filho de Deus (Estende a mão!). Uma fé comprometida com as pessoas, com os humildes, com os que têm alguma deficiência, com os doentes... Assim, o nosso culto fica verdadeiro. E nosso Deus, mais satisfeito conosco.
Jesus disse ao homem da mão seca: 'Levanta-te, e fica aqui no meio”  (Lc 6, 10)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Não podemos entender como, depois de tudo o que fizeste, no final do culto na sinagoga, vários saíram se combinando para te eliminar. Essas pessoas colocavam a Lei no centro de sua vida social e religiosa e não aceitaram o teu ensinamento sobre colocar a pessoa humana no centro. Às vezes, em nossas famílias, nos esquecemos das pessoas e ficamos mais preocupados com a segurança dos bens que temos, por exemplo. E na escola, alguém se preocupa mais com o conteúdo a ser dado do que com os estudantes que estão aprendendo. E até na Igreja, corremos o risco de nos preocupar mais com os ritos do que o povo santo que está celebrando. Obrigado, Senhor, por tuas lições. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Hoje, ao lavar as mãos, olhe bem para elas e tente lembrar a história do homem da mão seca. Aproveite e reze pelos desempregados; e para que eles estejam no centro de nossas preocupações na Igreja e na sociedade.
Pe. João Carlos Ribeiro – 09 de setembro de 2019.

EU E MINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR

Então, ele abraçou a fé, juntamente com toda a sua família (Jo 4, 53)
01 de abril de 2019
Vamos começar a semana e o novo mês com uma passagem do evangelho de São João, nos convidando a integrar nossa família no nosso processo de conversão.
O evangelista disse que foi o segundo sinal de Jesus. O primeiro foi nas bodas de Caná, a água transformada em vinho. Agora, é contado o segundo sinal: Um pai intercedeu pelo filho doente junto a Jesus e foi atendido. Vou logo lhe explicando que o evangelista João registrou, em seu evangelho, sete sinais na ação de Jesus. Os sinais são ações maravilhosas de Jesus que revelam a sua pessoa e o seu projeto missionário, que é o Reino de Deus. Por esses sinais, a comunidade pode reconhecer quem é Jesus e o que ele veio fazer.  Por que sete? Porque sete é o número da obra perfeita. a exemplo da obra da criação, que foi em sete dias.
Vou contar com sua curiosidade e já vou escutando sua pergunta: quais seriam os sete sinais de Jesus, no evangelho de São João? Posso lhe dizer agora (vá fazendo a conta): Jesus transforma a água em vinho – cura o filho do funcionário real – cura o enfermo na piscina de Siloé – multiplica os pães – caminha sobre as águas -  cura o cego de nascença – ressuscita Lázaro. Quantos sinais? Isso, sete. É a obra perfeita de Jesus, pela qual podemos conhecê-lo na sua compaixão pelos sofredores e na realização da missão que o Pai lhe confiou.
Bom, voltemos ao evangelho de hoje. É o segundo sinal. Jesus chegou de novo em Caná da Galileia. E veio um homem de Cafarnaum pedir por seu filho que estava doente. Cafarnaum devia ficar a uns 30 km de Caná, segundo os estudiosos. Aquele pai aflito pediu a Jesus para ele ir a Cafarnaum curar o seu filhinho que estava morrendo. Olha o que ele disse: “Senhor, desce a Cafarnaum, antes que meu filho morra!”. Jesus lhe respondeu: “Você pode ir, seu filho está vivo”. O homem entendeu o que Jesus lhe disse: que ele podia voltar pra casa, que a situação já estava resolvida. E ele acreditou. E voltou pra casa, em Cafarnaum. Antes que chegasse em casa, seus empregados o encontraram para avisá-lo da melhora do filho. Procurou saber a que horas o menino tinha ficado bom. E constatou que foi mesmo na hora em que Jesus tinha dito ‘pode ir, seu filho está vivo”. Aquele homem e sua família tornaram-se discípulos de Jesus, abraçaram a fé.
Guardando a mensagem
Aquele pai procurou Jesus numa hora de aflição. E acreditou na sua palavra. E, ao receber a graça da cura do seu filho, cheio de reconhecimento, abraçou a fé, junto com  sua família. Isto quer dizer: eles tornaram-se discípulos, membros da comunidade de Jesus. Muita gente pede ao Senhor pelas necessidades e dramas de seus filhos, de seus pais, parentes e amigos. Pede, até com insistência. E está muito bem. Precisamos mesmo recorrer ao Senhor, em nossas aflições, com humildade e fé. Agora, segundo a passagem de hoje, faltam ainda dois passos a serem dados: reconhecer a obra de Deus naqueles pelos quais intercedemos: a saúde, o livramento, a libertação. E abraçar a fé, isto é, tornar-se discípulo do Senhor, membro de sua comunidade. Pediu uma graça, alcançou, reconheça a intervenção divina e glorifique o Senhor por isso. E não se esqueça: torne-se um cristão amoroso e fiel. Você e sua casa.
Então, ele abraçou a fé, juntamente com toda a sua família (Jo 4, 53)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Quase todos os dias, te apresentamos nossas situações de sofrimento e aflição e pedimos a tua intervenção. Intercedemos pelas nossas necessidades e as dos outros. Hoje, estás nos dizendo que isso está muito certo, se o fizermos com humildade e com fé. Mas, estás nos dizendo ainda mais: ao recebermos a graça que pedimos, precisamos ser reconhecidos e agradecidos; e que essa ação de Deus em nossa vida, esse sinal, deve nos levar a uma resposta muito especial: abraçar a fé, entrar para a comunidade, tornarmo-nos discípulos. E esse evangelho ainda nos diz que a nossa conversão, a nossa adesão a ti, é a porta que se abre para a salvação de nossa família. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Você tem uma coisa especial para pedir ao Senhor, hoje, em favor de alguém de sua família? Então, peça com humildade, fé e confiança. E não se esqueça de reconhecer a obra de Deus na solução deste seu problema e de renovar seu compromisso de viver na fé da Igreja junto com sua família.

Pe. João Carlos Ribeiro – 01.04.2019

ONDE VOCÊ MORA?

O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz (Mt 4, 16)
07 de janeiro de 2019.
O evangelho é um testemunho sobre a pessoa de Jesus. Nele, se cumpriram as profecias bíblicas. Ontem, celebrando a visita dos magos, reconhecemos o cumprimento da profecia que falava da peregrinação das nações à Jerusalém, atraídas pela glória de Deus. Hoje, podemos ver o cumprimento de outra profecia, a grande luz que brilharia na Galileia, luz para um povo em trevas.
Quando a gente conhece uma pessoa, pergunta logo de onde ela é, onde mora, não é verdade? Essa é uma coisa necessária para a gente conhecer melhor a pessoa. Jesus era um galileu do povoado de Nazaré, no norte da Palestina. Ele, já rapaz, tinha andado pelo sul e entrado em contato com o movimento do Batista. Quando soube da prisão do profeta, voltou para a Galileia. Ao invés de manter-se no anonimato ou voltar para Nazaré, foi morar em Cafarnaum e aí iniciou sua missão. Começou a pregar. Convocava o povo à conversão, a voltar-se para o Reino de Deus que estava chegando. Nessa forte presença de Jesus em Cafarnaum, na Galileia, as comunidades reconheceram o cumprimento da profecia: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz”.
Galileia é uma região da terra de Jesus. A terra de Jesus é a Palestina. A Galileia ficava bem ao norte do país. Só pra gente entender melhor, grosso modo, o norte era formado pela Galileia e Samaria, e o sul pela terra de Judá, onde está Jerusalém.  Houve um tempo em que tudo foi um reino só, o tempo de Davi e Salomão. Mas depois, se formaram dois reinos: o do norte (Samaria e Galileia) e o do sul (Judá). No século VIII a.C, o reino do norte foi invadido pelos assírios, que exilaram muita gente daquela região e colonizaram a terra com estrangeiros. Assim, ficou uma região meio misturada nos costumes, na religião, na cultura. Por isso, era chamada de Galileia das Nações.
O povo do sul identificava o norte facilmente pelo sotaque. Quando Jesus estava preso na casa do Sumo-Sacerdote, um dos criados da casa identificou Pedro pelo sotaque: “Você fala igual a ele. Você é um galileu também. Você é do grupo dele!”. No tempo de Jesus, chamar alguém de “galileu” era quase uma ofensa. O povo do sul discriminava o povo da Galileia. Aliás, a discriminação já começava em casa. Natanael, também galileu, que se tornou apóstolo, ao saber da atuação de Jesus, perguntou: “De Nazaré, pode vir alguma coisa boa?“.
Boa parte da missão pública de Jesus se concentrou nesta região castigada e sofrida da Galileia, terra de judeus tidos como de segunda categoria, de gente discriminada, terra onde se cruzavam muitas nacionalidades e cultos. Há que se dizer também que a Galileia do tempo de Jesus foi a parte do país onde aconteceram mais levantes e revoltas contra a dominação do império romano.  A marca daquele povo era sofrimento e resistência. É nessa região que Jesus concentrou a maior parte de sua ação e de sua pregação. Circulava por suas cidades e vilas. Pregava em suas sinagogas. Curava muita gente.
Guardando a mensagem
Jesus dedicou a maior parte de sua missão à Galileia, uma região sofrida e desprezada. Lá, as pessoas começaram a experimentar que a sua sorte estava mudando. Com Jesus, o Messias, estava começando um novo tempo. A sua pregação anunciava o Reino e convocava o povo à conversão, isto é, à adesão ao reinado de Deus. As curas das doenças e enfermidades concretizavam a sua pregação. Por meio de Jesus, Deus estava restaurando o seu povo, libertando os seus filhos, expandindo o seu Reino.
O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz (Mt 4, 16)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Por amor, te fizeste um de nós, andando pelos nossos caminhos. Impressiona saber que cresceste em Nazaré, na Galileia, uma região pobre da Palestina. E que também dedicaste a maior parte do teu tempo de missionário ao povo sofrido da Galileia. A crise da prisão de João Batista te levou a iniciar a missão pública, começando pela mudança de endereço, indo morar em Cafarnaum.  Senhor, são muitas as pessoas que, levadas pela necessidade, mudam-se, deslocam-se para outras cidades. Que também as suas crises sejam geradoras de oportunidades. Acompanha, Senhor, a todos com a tua bênção. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Aparecendo oportunidade, hoje, se interesse pela cidade de origem de alguém. Como no caso de Jesus, este é um dado interessante para o conhecimento da pessoa.
Seria o caso também de você dar u  ma olhada no mapa da Palestina do Tempo de Jesus que postei no meu blog: www.padrejoaocarlos.com .

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.01.2019



O BOM EXEMPLO DE UM PAGÃO

Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).
03 de dezembro de 2018.
Nós fazemos um bom esforço para viver o evangelho de Jesus, para sermos fieis ao que Deus tem nos ensinado. Ao menos, pensamos assim. O povo de Deus do tempo de Jesus também tinha essa ideia sobre si mesmo. Eles insistiam sempre no conhecimento que tinham do Deus verdadeiro e na exclusividade de serem o povo em aliança com Deus. Jesus, filho de Deus, encarnado naquele mundo religioso e cultural de Israel, também tinha em grande conta a história do povo eleito. Mas, aberto à realidade como ele era, experimentou em várias ocasiões como a fé deles era vivida de maneira egoísta e interesseira. E como, em nome da aliança com Deus, marginalizava-se gente de dentro e todos os de fora.
No evangelho de hoje, Jesus faz uma constatação que deve ter aborrecido muita gente do seu tempo: “Em verdade vos digo, nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé”. O elogio foi feito ao comportamento de um pagão. No encontro que ele teve com o oficial romano, em Cafarnaum, este intercedeu em favor do seu empregado. Este oficial tinha a patente de centurião, tendo sob seu comando uma centena de soldados do império. Claro, era um estrangeiro, um pagão. Ele contou a Jesus que o seu empregado estava de cama, sofrendo terrivelmente com uma paralisia. Jesus, judeu que era, segundo as regras religiosas de então, não podia entrar na casa dele, já que ele era um pagão. Ainda assim, Jesus se prontificou a ir à sua casa para curar o seu empregado. A resposta do pagão foi surpreendente: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa”. Foi uma palavra sincera, um reconhecimento de sua condição de pecador, de pagão. E mostrou sua grande fé quando acrescentou: “Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. E até comentou com Jesus sobre sua experiência de dar ordens aos seus soldados e aos seus servos, e de ser prontamente obedecido.
Diante da resposta do pagão, Jesus ficou admirado com a sua fé. Foi aí que ele disse aquela palavra tão surpreendente: “Nunca encontrei alguém que tivesse tanta fé em Israel”. E disse mais: “Eu lhes digo, muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa do reino dos céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”. Nessa palavra, Jesus está em sintonia com os profetas, como Isaías, que anunciaram, muitos séculos antes, que também as nações pagãs se integrariam ao povo santo, chegariam também como peregrinos no monte da casa do Senhor. Deus quer integrar no seu reino também os outros povos, toda a humanidade.
Guardando a mensagem
Para nós que estamos começando o tempo do advento, Jesus nos aponta, hoje, um exemplo a ser imitado. Jesus elogiou a fé do oficial pagão, dizendo que não tinha encontrado ainda uma fé tão grande no meio do seu povo. Com esse elogio, o centurião pagão está sendo colocado como exemplo a ser seguido por nós. É bom nos darmos conta que, fora do nosso grupo e de nossa tradição religiosa, há quem demonstre mais fé do que nós. E podemos e devemos aprender com eles. Aprendamos com Jesus, que teve uma atitude missionária, apesar dos limites da prática religiosa do seu tempo: dispôs-se a ir à casa do pagão. Aprendamos com o pagão que Jesus elogiou: ele foi solidário com o seu empregado, foi humilde em reconhecer sua condição de pecador; e demonstrou uma grande fé, sugerindo que Jesus dissesse apenas uma palavra, desse apenas uma ordem e seria obedecido, seu empregado ficaria curado. Fora do nosso grupo, pode haver gente levando a fé mais a sério do que nós. Aprendamos com eles.
Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Ficamos encantados com teu espírito missionário. Desde o teu nascimento, vemos como os pagãos são acolhidos no caminho da salvação. Foi a visita dos magos do oriente, aquela história da mulher siro-fenícia, da cananeia, das curas em território estrangeiro, essa história do empregado do centurião em Cafarnaum. E colocaste este pagão como exemplo a ser seguido por todos nós na sua solidariedade, na sua humildade e na sua fé. Ajuda-nos, Senhor, a acolher, sem discriminação, o bom exemplo de pessoas que não são do nosso grupo e da nossa tradição religiosa.  E a vivermos a nossa fé com maior seriedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Hoje, em seu momento pessoal de oração, reze pela intenção geral do Papa Francisco para este mês de dezembro: “para que as pessoas comprometidas com o serviço da transmissão da fé encontrem uma linguagem adaptada aos nossos dias no diálogo com as culturas”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 03.12.2018

A PALAVRA DE JESUS NOS LIBERTA


Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem (Lc 4, 36)
04 de setembro de 2018.
Sabe o que foi? Jesus estava na sinagoga de Cafarnaum. Era um dia de sábado. O povo estava reunido para a oração e a escuta da palavra de Deus. E Jesus estava ensinando. As pessoas, ali, estavam admiradas com o seu ensinamento. Foi aí que um homem ali presente, possuído por um espírito impuro, começou a gritar e esbravejar contra Jesus. Jesus mandou o espírito calar a boca e sair daquele homem. Dito e feito. O homem foi lançado no chão pelo espírito mau e saiu. As pessoas ficaram assustadas, não era pra menos. E admiradas com aquele ensinamento novo de Jesus, com a sua autoridade.  
Desde o começo da reunião, as pessoas ali, na Sinagoga, estavam admiradas com o ensinamento de Jesus. E por quê? Porque ele falava com autoridade, diz o evangelista. As pessoas percebiam uma grande diferença entre o seu ensinamento e o ensinamento dos mestres da Lei. Certamente, a primeira coisa que marcava uma grande diferença era a atenção que Jesus dava aos sofredores e marginalizados. Estes estavam à margem de tudo, na vida social e na religião. E Jesus os incluía como pessoas importantes no anúncio do Reino de Deus. E a segunda coisa, que inclusive incomodava muito as lideranças religiosas, era a imagem que Jesus passava de Deus. Ele revelava um Deus como um pai amoroso, pronto para acolher o filho pecador de volta à sua casa. Esse não era exatamente o Deus que eles estavam acostumados a perceber como juiz e retribuidor da prática da Lei.
No conjunto, esse ensinamento de Jesus - feito de gestos de atenção e proximidade, de parábolas e diálogos sobre Deus e o seu reino – despertou muita indignação e ódio nos fariseus, nos sacerdotes do Templo, nos partidários de Herodes. Essa gente estava possuída por preconceitos contra o povo, seduzida pelas benesses do poder, tomada de ciúme... e muita coisa ruim mais. Era como se estivessem possuídos por um espírito mau. Claro, o mal lança seus tentáculos nas estruturas sociais e nas pessoas. O que o diabo disse na sinagoga é o que esses senhores gritavam por dentro: “Vieste para nos destruir?”.
Guardando a Mensagem
O povo de Cafarnaum sentia isso: Jesus falava com autoridade. E isto ficou muito mais claro, quando eles viram que Jesus não só anunciava o Reino, mas sua palavra denunciava o mal. E libertava as pessoas dele. Com esse episódio da expulsão do espírito mau, tiveram sua impressão confirmada: Jesus liberta as pessoas do poder do mal. Mesmo na comunidade, o mal pode estar está ali escondido, oprimindo a pessoa, sufocando, asfixiando... A palavra de Deus o desmascara. Jesus o liberta com sua palavra: "sai, retira-te deste homem". O que o evangelho continua anunciando é que de todas as opressões, a palavra de Jesus é uma força para nos libertar. Não é simplesmente uma palavra a mais. Ela é a palavra criadora de Deus que nos recria, nos restaura, nos liberta. É a palavra libertadora de Deus em nossa vida. O evangelho é uma força de mudança, anuncia o Reino de Deus aqui na terra. Jesus, com suas atitudes e palavras, estava instaurando o reinado de Deus. Esse evangelho, essa boa notícia, encontrou oposição também dentro da própria sinagoga, a comunidade de fé que ele frequentava. Essa oposição à novidade do evangelho que Jesus anuncia, ontem e hoje, só pode mesmo ter raízes no maligno. Mas, Jesus é vencedor sobre todo o mal. Com ele, nós também somos vencedores.
Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem (Lc 4, 36)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
O teu ensinamento liberta as pessoas. Na Sinagoga de Cafarnaum, o povo estava admirado com a tua palavra. Ali, eles viram que, enquanto estavas ensinando, o demônio se manifestou num pobre homem, e tu o repreendeste e o expulsaste. Hoje, como naquele tempo, tu continuas a falar com autoridade e poder, comunicando-nos o amor de Deus e nos libertando da dominação do mal. Obrigado, Senhor, pelo teu ensinamento cheio de sabedoria e autoridade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Ontem, aqui, eu lhe fiz um desafio. Durante esse mês de setembro, ler todo dia um pedacinho da palavra de Deus. E acertamos: ler o evangelho de São Marcos, que afinal tem somente 16 capítulos. Você topou o desafio? Já começou a ler? Se não começou, comece hoje. De acordo?!

Pe. João Carlos Ribeiro - 04.09.2018

GENTE MAIS INTERESSADA NO PRESENTE DO QUE NO PADRINHO


Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não tinham se convertido (Mt 11, 20)
17 de julho de 2018.
Ganhar presente é uma coisa muito boa. Agora, mais importante do que o presente que a gente recebe é quem nos dá o presente, não é verdade? É decepcionante para alguém dar um presente e ver que quem o recebeu está interessado mesmo no que ganhou, não em quem lhe ofertou aquilo. É, tem muita gente interessada mais no presente do que no padrinho.
Hoje, em dia, fala-se muito de curas, de milagres. É verdade que Deus continua a ser bom e generoso para conosco, nos acudindo em nossas fraquezas e necessidades. Mas, será que as pessoas que recebem tantos favores de Deus voltam-se para ele de todo o coração, começam a andar na vida nova de sua graça, convertem-se de seus pecados? Você, o que acha? ... Será que muita gente está apenas se aproveitando de Deus e depois se esquecendo dele?
Olha o que temos no evangelho de hoje! Jesus mostrou-se decepcionado com as pessoas beneficiadas por seus milagres. Corazim e Betsaida eram pequenas cidades da Galileia. Cafarnaum era uma cidade um pouquinho maior, situada às margens do Mar da Galileia, onde Jesus morava. Nessas e em outras cidades, ele tinha feito muitas pregações e realizado muitos milagres. E ele estava ficando decepcionado com essas cidades. Tanta gente o procurava pedindo todo tipo de favor, e ele atendendo com tanta compaixão, manifestando o poder e o amor de Deus naqueles eventos extraordinários... Mas, àquela altura, ele já estava ficando irritado... onde estava a conversão daquele povo?
Ele mesmo comparou Corazim e Betsaida com duas grandes cidades pagãs, Tiro e Sidônia. Se nessas cidades pagãs tivessem acontecido aqueles milagres, estariam todos fazendo penitência,  pedindo perdão a Deus. E o povo de Corazim e Betsaida continuava sua vidinha tranquila, sem dar sinais de conversão. E a própria Cafarnaum que já tinha visto todo tipo de milagres de Jesus - na sinagoga, na casa dele, na praça, no mar – e nem assim apresentava sinais de mudança. Aí ele fez outra comparação que certamente não agradou aos seus conterrâneos. Sodoma, a cidade que Deus destruíra com fogo por causa de sua maldade, teria se convertido se tivesse visto os seus milagres. No dia do juízo, as cidades pagãs e a própria Sodoma terão um tratamento mais brando do que aquela gente da Galileia, disse Jesus.
Era de se esperar que os milagres ajudassen o povo a se voltar para Deus, a se converter. Todo milagre é uma demonstração do amor de Deus que restaura a pessoa humana. Na história do paralítico, ficou claro que mais do que o milagre físico, Jesus veio comunicar o perdão dos nossos pecados. Ele salvou a adúltera que iria ser apedrejada, mas lhe disse: vá e não peque mais. A própria cura dos leprosos é uma amostra de como sua missão é nos purificar dos pecados. Jesus esperava, então, que essas pessoas alcançadas por gestos tão maravilhosos de Deus, passassem a caminhar na fé, voltassem-se para Deus, acolhessem o seu enviado.
Infelizmente, vê-se  hoje uma corrida para a bênção, a cura e o milagre, com pouca ou nenhuma conversão, com pouca ou nenhuma adesão à sua Palavra, ao seu evangelho. Está na hora de escutarmos essa Palavra do Mestre: ‘Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e tudo o mais lhes será dado em acréscimo’.
Vamos guardar a mensagem
Como acontece hoje, no tempo de Jesus, muita gente o procurava para alcançar a cura de suas doenças, a solução dos seus problemas. Mas, uma vez satisfeitos, esqueciam-se de Jesus e não mostravam nenhum interesse por seus ensinamentos. Jesus, apesar de tão bom e compassivo, ficou decepcionado com aquelas cidades onde ele tinha feito tantos milagres. Afirmou que, se cidades pagãs tivessem visto tantos milagres, teriam se convertido. E aproveitou para lembrar que, no dia do juízo, haverá uma cobrança muito maior para quem teve mais chances na evangelização. É, tem muita gente interessada mais no presente do que no padrinho.
Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não tinham se convertido. (Mt 11, 20)
Vamos rezar a palavra
Senhor Jesus,
Dá-nos a graça de nos deixarmos guiar pelo amor, não pelo interesse. Na lógica do amor, nós te buscamos porque nos sentimos amados e queremos te amar e viver no teu amor.  Na lógica do interesse, alguém te busca para conseguir uma graça ou proteção e te esquece logo que alcança seu objetivo. Sabemos, Senhor, que antes que venhamos bater à tua porta, tu já bateste à nossa, aguardando que a abramos para cear conosco, como está escrito no Livro do Apocalipse. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém
Vamos viver a palavra
Essa palavra de hoje merece um bom exame de consciência de sua parte. Pare uns minutinhos, assim que puder, e, em oração, se pergunte: O que o Senhor está me dizendo hoje?

Pe. João Carlos Ribeiro – 18.07.2018

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