PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: cafarnaum
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ONDE VOCÊ MORA?

O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz (Mt 4, 16)
07 de janeiro de 2019.
O evangelho é um testemunho sobre a pessoa de Jesus. Nele, se cumpriram as profecias bíblicas. Ontem, celebrando a visita dos magos, reconhecemos o cumprimento da profecia que falava da peregrinação das nações à Jerusalém, atraídas pela glória de Deus. Hoje, podemos ver o cumprimento de outra profecia, a grande luz que brilharia na Galileia, luz para um povo em trevas.
Quando a gente conhece uma pessoa, pergunta logo de onde ela é, onde mora, não é verdade? Essa é uma coisa necessária para a gente conhecer melhor a pessoa. Jesus era um galileu do povoado de Nazaré, no norte da Palestina. Ele, já rapaz, tinha andado pelo sul e entrado em contato com o movimento do Batista. Quando soube da prisão do profeta, voltou para a Galileia. Ao invés de manter-se no anonimato ou voltar para Nazaré, foi morar em Cafarnaum e aí iniciou sua missão. Começou a pregar. Convocava o povo à conversão, a voltar-se para o Reino de Deus que estava chegando. Nessa forte presença de Jesus em Cafarnaum, na Galileia, as comunidades reconheceram o cumprimento da profecia: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz”.
Galileia é uma região da terra de Jesus. A terra de Jesus é a Palestina. A Galileia ficava bem ao norte do país. Só pra gente entender melhor, grosso modo, o norte era formado pela Galileia e Samaria, e o sul pela terra de Judá, onde está Jerusalém.  Houve um tempo em que tudo foi um reino só, o tempo de Davi e Salomão. Mas depois, se formaram dois reinos: o do norte (Samaria e Galileia) e o do sul (Judá). No século VIII a.C, o reino do norte foi invadido pelos assírios, que exilaram muita gente daquela região e colonizaram a terra com estrangeiros. Assim, ficou uma região meio misturada nos costumes, na religião, na cultura. Por isso, era chamada de Galileia das Nações.
O povo do sul identificava o norte facilmente pelo sotaque. Quando Jesus estava preso na casa do Sumo-Sacerdote, um dos criados da casa identificou Pedro pelo sotaque: “Você fala igual a ele. Você é um galileu também. Você é do grupo dele!”. No tempo de Jesus, chamar alguém de “galileu” era quase uma ofensa. O povo do sul discriminava o povo da Galileia. Aliás, a discriminação já começava em casa. Natanael, também galileu, que se tornou apóstolo, ao saber da atuação de Jesus, perguntou: “De Nazaré, pode vir alguma coisa boa?“.
Boa parte da missão pública de Jesus se concentrou nesta região castigada e sofrida da Galileia, terra de judeus tidos como de segunda categoria, de gente discriminada, terra onde se cruzavam muitas nacionalidades e cultos. Há que se dizer também que a Galileia do tempo de Jesus foi a parte do país onde aconteceram mais levantes e revoltas contra a dominação do império romano.  A marca daquele povo era sofrimento e resistência. É nessa região que Jesus concentrou a maior parte de sua ação e de sua pregação. Circulava por suas cidades e vilas. Pregava em suas sinagogas. Curava muita gente.
Guardando a mensagem
Jesus dedicou a maior parte de sua missão à Galileia, uma região sofrida e desprezada. Lá, as pessoas começaram a experimentar que a sua sorte estava mudando. Com Jesus, o Messias, estava começando um novo tempo. A sua pregação anunciava o Reino e convocava o povo à conversão, isto é, à adesão ao reinado de Deus. As curas das doenças e enfermidades concretizavam a sua pregação. Por meio de Jesus, Deus estava restaurando o seu povo, libertando os seus filhos, expandindo o seu Reino.
O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz (Mt 4, 16)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Por amor, te fizeste um de nós, andando pelos nossos caminhos. Impressiona saber que cresceste em Nazaré, na Galileia, uma região pobre da Palestina. E que também dedicaste a maior parte do teu tempo de missionário ao povo sofrido da Galileia. A crise da prisão de João Batista te levou a iniciar a missão pública, começando pela mudança de endereço, indo morar em Cafarnaum.  Senhor, são muitas as pessoas que, levadas pela necessidade, mudam-se, deslocam-se para outras cidades. Que também as suas crises sejam geradoras de oportunidades. Acompanha, Senhor, a todos com a tua bênção. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Aparecendo oportunidade, hoje, se interesse pela cidade de origem de alguém. Como no caso de Jesus, este é um dado interessante para o conhecimento da pessoa.
Seria o caso também de você dar u  ma olhada no mapa da Palestina do Tempo de Jesus que postei no meu blog: www.padrejoaocarlos.com .

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.01.2019



O BOM EXEMPLO DE UM PAGÃO

Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).
03 de dezembro de 2018.
Nós fazemos um bom esforço para viver o evangelho de Jesus, para sermos fieis ao que Deus tem nos ensinado. Ao menos, pensamos assim. O povo de Deus do tempo de Jesus também tinha essa ideia sobre si mesmo. Eles insistiam sempre no conhecimento que tinham do Deus verdadeiro e na exclusividade de serem o povo em aliança com Deus. Jesus, filho de Deus, encarnado naquele mundo religioso e cultural de Israel, também tinha em grande conta a história do povo eleito. Mas, aberto à realidade como ele era, experimentou em várias ocasiões como a fé deles era vivida de maneira egoísta e interesseira. E como, em nome da aliança com Deus, marginalizava-se gente de dentro e todos os de fora.
No evangelho de hoje, Jesus faz uma constatação que deve ter aborrecido muita gente do seu tempo: “Em verdade vos digo, nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé”. O elogio foi feito ao comportamento de um pagão. No encontro que ele teve com o oficial romano, em Cafarnaum, este intercedeu em favor do seu empregado. Este oficial tinha a patente de centurião, tendo sob seu comando uma centena de soldados do império. Claro, era um estrangeiro, um pagão. Ele contou a Jesus que o seu empregado estava de cama, sofrendo terrivelmente com uma paralisia. Jesus, judeu que era, segundo as regras religiosas de então, não podia entrar na casa dele, já que ele era um pagão. Ainda assim, Jesus se prontificou a ir à sua casa para curar o seu empregado. A resposta do pagão foi surpreendente: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa”. Foi uma palavra sincera, um reconhecimento de sua condição de pecador, de pagão. E mostrou sua grande fé quando acrescentou: “Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. E até comentou com Jesus sobre sua experiência de dar ordens aos seus soldados e aos seus servos, e de ser prontamente obedecido.
Diante da resposta do pagão, Jesus ficou admirado com a sua fé. Foi aí que ele disse aquela palavra tão surpreendente: “Nunca encontrei alguém que tivesse tanta fé em Israel”. E disse mais: “Eu lhes digo, muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa do reino dos céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”. Nessa palavra, Jesus está em sintonia com os profetas, como Isaías, que anunciaram, muitos séculos antes, que também as nações pagãs se integrariam ao povo santo, chegariam também como peregrinos no monte da casa do Senhor. Deus quer integrar no seu reino também os outros povos, toda a humanidade.
Guardando a mensagem
Para nós que estamos começando o tempo do advento, Jesus nos aponta, hoje, um exemplo a ser imitado. Jesus elogiou a fé do oficial pagão, dizendo que não tinha encontrado ainda uma fé tão grande no meio do seu povo. Com esse elogio, o centurião pagão está sendo colocado como exemplo a ser seguido por nós. É bom nos darmos conta que, fora do nosso grupo e de nossa tradição religiosa, há quem demonstre mais fé do que nós. E podemos e devemos aprender com eles. Aprendamos com Jesus, que teve uma atitude missionária, apesar dos limites da prática religiosa do seu tempo: dispôs-se a ir à casa do pagão. Aprendamos com o pagão que Jesus elogiou: ele foi solidário com o seu empregado, foi humilde em reconhecer sua condição de pecador; e demonstrou uma grande fé, sugerindo que Jesus dissesse apenas uma palavra, desse apenas uma ordem e seria obedecido, seu empregado ficaria curado. Fora do nosso grupo, pode haver gente levando a fé mais a sério do que nós. Aprendamos com eles.
Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Ficamos encantados com teu espírito missionário. Desde o teu nascimento, vemos como os pagãos são acolhidos no caminho da salvação. Foi a visita dos magos do oriente, aquela história da mulher siro-fenícia, da cananeia, das curas em território estrangeiro, essa história do empregado do centurião em Cafarnaum. E colocaste este pagão como exemplo a ser seguido por todos nós na sua solidariedade, na sua humildade e na sua fé. Ajuda-nos, Senhor, a acolher, sem discriminação, o bom exemplo de pessoas que não são do nosso grupo e da nossa tradição religiosa.  E a vivermos a nossa fé com maior seriedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Hoje, em seu momento pessoal de oração, reze pela intenção geral do Papa Francisco para este mês de dezembro: “para que as pessoas comprometidas com o serviço da transmissão da fé encontrem uma linguagem adaptada aos nossos dias no diálogo com as culturas”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 03.12.2018

A PALAVRA DE JESUS NOS LIBERTA


Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem (Lc 4, 36)
04 de setembro de 2018.
Sabe o que foi? Jesus estava na sinagoga de Cafarnaum. Era um dia de sábado. O povo estava reunido para a oração e a escuta da palavra de Deus. E Jesus estava ensinando. As pessoas, ali, estavam admiradas com o seu ensinamento. Foi aí que um homem ali presente, possuído por um espírito impuro, começou a gritar e esbravejar contra Jesus. Jesus mandou o espírito calar a boca e sair daquele homem. Dito e feito. O homem foi lançado no chão pelo espírito mau e saiu. As pessoas ficaram assustadas, não era pra menos. E admiradas com aquele ensinamento novo de Jesus, com a sua autoridade.  
Desde o começo da reunião, as pessoas ali, na Sinagoga, estavam admiradas com o ensinamento de Jesus. E por quê? Porque ele falava com autoridade, diz o evangelista. As pessoas percebiam uma grande diferença entre o seu ensinamento e o ensinamento dos mestres da Lei. Certamente, a primeira coisa que marcava uma grande diferença era a atenção que Jesus dava aos sofredores e marginalizados. Estes estavam à margem de tudo, na vida social e na religião. E Jesus os incluía como pessoas importantes no anúncio do Reino de Deus. E a segunda coisa, que inclusive incomodava muito as lideranças religiosas, era a imagem que Jesus passava de Deus. Ele revelava um Deus como um pai amoroso, pronto para acolher o filho pecador de volta à sua casa. Esse não era exatamente o Deus que eles estavam acostumados a perceber como juiz e retribuidor da prática da Lei.
No conjunto, esse ensinamento de Jesus - feito de gestos de atenção e proximidade, de parábolas e diálogos sobre Deus e o seu reino – despertou muita indignação e ódio nos fariseus, nos sacerdotes do Templo, nos partidários de Herodes. Essa gente estava possuída por preconceitos contra o povo, seduzida pelas benesses do poder, tomada de ciúme... e muita coisa ruim mais. Era como se estivessem possuídos por um espírito mau. Claro, o mal lança seus tentáculos nas estruturas sociais e nas pessoas. O que o diabo disse na sinagoga é o que esses senhores gritavam por dentro: “Vieste para nos destruir?”.
Guardando a Mensagem
O povo de Cafarnaum sentia isso: Jesus falava com autoridade. E isto ficou muito mais claro, quando eles viram que Jesus não só anunciava o Reino, mas sua palavra denunciava o mal. E libertava as pessoas dele. Com esse episódio da expulsão do espírito mau, tiveram sua impressão confirmada: Jesus liberta as pessoas do poder do mal. Mesmo na comunidade, o mal pode estar está ali escondido, oprimindo a pessoa, sufocando, asfixiando... A palavra de Deus o desmascara. Jesus o liberta com sua palavra: "sai, retira-te deste homem". O que o evangelho continua anunciando é que de todas as opressões, a palavra de Jesus é uma força para nos libertar. Não é simplesmente uma palavra a mais. Ela é a palavra criadora de Deus que nos recria, nos restaura, nos liberta. É a palavra libertadora de Deus em nossa vida. O evangelho é uma força de mudança, anuncia o Reino de Deus aqui na terra. Jesus, com suas atitudes e palavras, estava instaurando o reinado de Deus. Esse evangelho, essa boa notícia, encontrou oposição também dentro da própria sinagoga, a comunidade de fé que ele frequentava. Essa oposição à novidade do evangelho que Jesus anuncia, ontem e hoje, só pode mesmo ter raízes no maligno. Mas, Jesus é vencedor sobre todo o mal. Com ele, nós também somos vencedores.
Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem (Lc 4, 36)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
O teu ensinamento liberta as pessoas. Na Sinagoga de Cafarnaum, o povo estava admirado com a tua palavra. Ali, eles viram que, enquanto estavas ensinando, o demônio se manifestou num pobre homem, e tu o repreendeste e o expulsaste. Hoje, como naquele tempo, tu continuas a falar com autoridade e poder, comunicando-nos o amor de Deus e nos libertando da dominação do mal. Obrigado, Senhor, pelo teu ensinamento cheio de sabedoria e autoridade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Ontem, aqui, eu lhe fiz um desafio. Durante esse mês de setembro, ler todo dia um pedacinho da palavra de Deus. E acertamos: ler o evangelho de São Marcos, que afinal tem somente 16 capítulos. Você topou o desafio? Já começou a ler? Se não começou, comece hoje. De acordo?!

Pe. João Carlos Ribeiro - 04.09.2018

GENTE MAIS INTERESSADA NO PRESENTE DO QUE NO PADRINHO


Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não tinham se convertido (Mt 11, 20)
17 de julho de 2018.
Ganhar presente é uma coisa muito boa. Agora, mais importante do que o presente que a gente recebe é quem nos dá o presente, não é verdade? É decepcionante para alguém dar um presente e ver que quem o recebeu está interessado mesmo no que ganhou, não em quem lhe ofertou aquilo. É, tem muita gente interessada mais no presente do que no padrinho.
Hoje, em dia, fala-se muito de curas, de milagres. É verdade que Deus continua a ser bom e generoso para conosco, nos acudindo em nossas fraquezas e necessidades. Mas, será que as pessoas que recebem tantos favores de Deus voltam-se para ele de todo o coração, começam a andar na vida nova de sua graça, convertem-se de seus pecados? Você, o que acha? ... Será que muita gente está apenas se aproveitando de Deus e depois se esquecendo dele?
Olha o que temos no evangelho de hoje! Jesus mostrou-se decepcionado com as pessoas beneficiadas por seus milagres. Corazim e Betsaida eram pequenas cidades da Galileia. Cafarnaum era uma cidade um pouquinho maior, situada às margens do Mar da Galileia, onde Jesus morava. Nessas e em outras cidades, ele tinha feito muitas pregações e realizado muitos milagres. E ele estava ficando decepcionado com essas cidades. Tanta gente o procurava pedindo todo tipo de favor, e ele atendendo com tanta compaixão, manifestando o poder e o amor de Deus naqueles eventos extraordinários... Mas, àquela altura, ele já estava ficando irritado... onde estava a conversão daquele povo?
Ele mesmo comparou Corazim e Betsaida com duas grandes cidades pagãs, Tiro e Sidônia. Se nessas cidades pagãs tivessem acontecido aqueles milagres, estariam todos fazendo penitência,  pedindo perdão a Deus. E o povo de Corazim e Betsaida continuava sua vidinha tranquila, sem dar sinais de conversão. E a própria Cafarnaum que já tinha visto todo tipo de milagres de Jesus - na sinagoga, na casa dele, na praça, no mar – e nem assim apresentava sinais de mudança. Aí ele fez outra comparação que certamente não agradou aos seus conterrâneos. Sodoma, a cidade que Deus destruíra com fogo por causa de sua maldade, teria se convertido se tivesse visto os seus milagres. No dia do juízo, as cidades pagãs e a própria Sodoma terão um tratamento mais brando do que aquela gente da Galileia, disse Jesus.
Era de se esperar que os milagres ajudassen o povo a se voltar para Deus, a se converter. Todo milagre é uma demonstração do amor de Deus que restaura a pessoa humana. Na história do paralítico, ficou claro que mais do que o milagre físico, Jesus veio comunicar o perdão dos nossos pecados. Ele salvou a adúltera que iria ser apedrejada, mas lhe disse: vá e não peque mais. A própria cura dos leprosos é uma amostra de como sua missão é nos purificar dos pecados. Jesus esperava, então, que essas pessoas alcançadas por gestos tão maravilhosos de Deus, passassem a caminhar na fé, voltassem-se para Deus, acolhessem o seu enviado.
Infelizmente, vê-se  hoje uma corrida para a bênção, a cura e o milagre, com pouca ou nenhuma conversão, com pouca ou nenhuma adesão à sua Palavra, ao seu evangelho. Está na hora de escutarmos essa Palavra do Mestre: ‘Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e tudo o mais lhes será dado em acréscimo’.
Vamos guardar a mensagem
Como acontece hoje, no tempo de Jesus, muita gente o procurava para alcançar a cura de suas doenças, a solução dos seus problemas. Mas, uma vez satisfeitos, esqueciam-se de Jesus e não mostravam nenhum interesse por seus ensinamentos. Jesus, apesar de tão bom e compassivo, ficou decepcionado com aquelas cidades onde ele tinha feito tantos milagres. Afirmou que, se cidades pagãs tivessem visto tantos milagres, teriam se convertido. E aproveitou para lembrar que, no dia do juízo, haverá uma cobrança muito maior para quem teve mais chances na evangelização. É, tem muita gente interessada mais no presente do que no padrinho.
Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não tinham se convertido. (Mt 11, 20)
Vamos rezar a palavra
Senhor Jesus,
Dá-nos a graça de nos deixarmos guiar pelo amor, não pelo interesse. Na lógica do amor, nós te buscamos porque nos sentimos amados e queremos te amar e viver no teu amor.  Na lógica do interesse, alguém te busca para conseguir uma graça ou proteção e te esquece logo que alcança seu objetivo. Sabemos, Senhor, que antes que venhamos bater à tua porta, tu já bateste à nossa, aguardando que a abramos para cear conosco, como está escrito no Livro do Apocalipse. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém
Vamos viver a palavra
Essa palavra de hoje merece um bom exame de consciência de sua parte. Pare uns minutinhos, assim que puder, e, em oração, se pergunte: O que o Senhor está me dizendo hoje?

Pe. João Carlos Ribeiro – 18.07.2018

A CASA E A NOVA FAMÍLIA DE JESUS


Aqui estão minha mãe e meus irmãos (Mc 3, 34)

10 de junho de 2018.

‘Jesus voltou para casa com os seus discípulos’. É o que está escrito no evangelho de hoje. ‘Jesus voltou para casa com os seus discípulos’. Depois de muitas andanças país afora, eles estão de volta. A casa é em Cafarnaum. Mesmo sendo a casa da família de André e Simão, ninguém lembra mais disso. É a casa de Jesus. Chama a atenção a quantidade de gente que o procura, que se reúne na casa. Aquele povão todo, sentado, ao seu redor o escuta com  atenção. Estão dentro da casa. Há um novo laço de parentesco naquela casa. No final dessa passagem do evangelho, Jesus esclarece: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos”. Uma nova família está reunida em torno de Jesus, percebe? O laço de parentesco com Jesus não é mais o convencional. É parente dele quem faz a vontade de Deus.

Na casa de Jesus, está reunida a sua nova família, gente que faz a vontade de Deus. Por alguma razão, o evangelista exagera dizendo: “Havia uma multidão sentada ao seu redor”. Por que será que fala de multidão? Mesmo que a casa fosse grande, “multidão” é gente demais. E olha que com Jesus já estavam os seus discípulos. Tanta gente e tanto trabalho que, como informa o evangelista, eles nem sequer podiam comer. Com certeza, fala-se de ‘multidão’ para acentuar o caráter de povo que está ali. Ali, na casa de Jesus, está um povo que acolhe a palavra de Jesus. Esta é a nova família de Jesus. Um povo que acolhe a vontade de Deus.

Talvez este seja um resumo de toda a atividade de Jesus. Senão, vejamos. O que Jesus andava fazendo país afora?  Conversando com as pessoas, pregando o reino de Deus, curando os doentes, expulsando os demônios. E tudo isso pra que? Boa pergunta. Tudo isso pra que? Vamos ariscar alguma resposta. Para restaurar o povo de Deus. Para congregar as ovelhas dispersas. Para reconstruir a aliança de Deus com o seu povo. Para comunicar a vida plena onde havia sofrimento e morte. Estamos no caminho certo, não acha? Ele  veio refazer a aliança com Deus. Boa resposta.

Afinal, qual é o sentido de toda a atividade de Jesus? Pra que ele liberta a pessoa de uma doença? A sogra de Pedro responde: para reintegrá-la na família, como servidora. Pra que ele expulsa um demônio? O rapaz do cemitério responde: para que ele, livre de qualquer dominação, possa segui-lo. Pra que ele ressuscita um morto? O filho da viúva de Naim responde: para restaurar a sua família. Por que ele perdoa os pecados? O paralítico que desceu com sua maca em cordas dentro daquela casa responde: para reintegrar no povo de Deus. Numa palavra: Toda a ação de Jesus visa reconstruir o povo de Deus, uma família de filhos livres, felizes e reconciliados. Então, na casa já está o resultado da ação missionária de Jesus: um povo restaurado em aliança com Deus, a nova família de Jesus.

Uma nova família está nascendo, ao redor de Jesus. Um povo libertado, em comunhão com a vontade de Deus está emergindo do antigo Israel, pelo trabalho missionário de Jesus. É claro que essa obra não acontece sem conflitos e oposição. No evangelho de hoje, estão descritas duas dessas oposições. Uma, nasce dos familiares. Outra, dos religiosos. Os parentes de Jesus suspeitam que ele tenha enlouquecido. Foram atrás dele, mas não entraram na casa, ficaram do lado de fora. Mandaram chamá-lo. Jesus indica, no entanto, que verdadeiros parentes são os que estão dentro da casa, não os que ficam fora. Um chamado à conversão dos seus parentes. Os mestres da lei acusam Jesus dele estar endemoniado, agindo em nome de satanás. Jesus alerta para não se fecharem ao Santo Espírito de Deus. O Espírito é quem conduz Jesus, o inspira, o sustenta na missão. Este povo renascido em comunhão com Deus é obra de Jesus e do seu Espírito. Opor-se ao Santo Espírito, pecar contra ele é perder a chance do perdão.

Vamos guardar a mensagem

Toda a atividade de Jesus visa restaurar o povo de Deus. De um povo disperso e sujeitado pela Lei e pelo pecado, vai nascendo um povo libertado, comprometido com a vontade de Deus. Na casa de Cafarnaum, já está reunido esse povo novo, ao redor de Jesus. Os mestres da lei, como todos os líderes religiosos, reconheçam a novidade do Espírito que age em Jesus. Os parentes de Jesus, como todos os que se sentem próximos dele por laços religiosos, lembrem-se que o laço de parentesco com Jesus que mais vale é, como ele, fazer a vontade de Deus.

Aqui estão minha mãe e meus irmãos (Mc 3, 34)

Vamos rezar a palavra

Senhor Jesus,
Obrigado, Senhor. De um rebanho disperso, fizeste um povo novo, reunido no teu nome, animado pelo Espírito Santo. Obrigado, Senhor. Somos a Igreja, o povo santificado pela tua palavra e pelo sacrifício de tua vida. Que estejamos sempre ao teu redor, sentados à tua volta, na tua casa, aprendendo a conhecer e realizar a vontade de Deus. Que não imitemos os mestres da lei que não reconhecem a atuação do Santo Espírito na tua obra. Que não imitemos teus parentes, que estavam do lado de fora da casa, quando os teus verdadeiros parentes são os que estão dentro da casa, na comunidade. Obrigado, Senhor.

Vamos viver a palavra

A melhor vivência dessa palavra, neste domingo, é a participação na Santa Missa. Participando ou não, será muito útil ler, em sua Bíblia, o evangelho de hoje: Marcos 3, 20-35.

Pe. João Carlos Ribeiro – 10.06.2018

O SEGUNDO SINAL DE JESUS

O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora (Jo 4, 50)
12 de março de 2018.
O evangelista disse que este foi o segundo sinal de Jesus. O primeiro foi nas bodas de Caná, a água transformada em vinho. Agora, é contado o segundo sinal: Um pai intercedeu pelo filho doente junto a Jesus e foi atendido. Vou logo lhe explicando que o evangelista João registrou, em seu evangelho, sete sinais na ação de Jesus. Os sinais são ações maravilhosas de Jesus que revelam a sua pessoa e o seu projeto missionário, que é o Reino de Deus. Por esses sinais, a comunidade pode reconhecer quem é Jesus e o que ele veio fazer.  Por que sete? Porque sete é o número da obra perfeita. a exemplo da obra da criação, que foi em sete dias.
Vou contar com sua curiosidade e já vou escutando sua pergunta: quais seriam os sete sinais de Jesus, no evangelho de São João? Posso lhe dizer agora (vá fazendo a conta): Jesus transforma a água em vinho – cura o filho do funcionário real – cura o enfermo na piscina de Siloé – multiplica os pães – caminha sobre as águas -  cura o cego de nascença – ressuscita Lázaro. Quantos sinais? Isso, sete. É a obra perfeita de Jesus, pela qual podemos conhecê-lo na sua compaixão pelos sofredores e na realização da missão que o Pai lhe confiou.
Bom, voltemos ao evangelho de hoje. É o segundo sinal. Jesus chegou de novo em Caná da Galileia. E veio um homem de Cafarnaum pedir por seu filho que estava doente. Cafarnaum devia ficar a uns 30 km de Caná, segundo os estudiosos. Aquele pai aflito pediu a Jesus para ele ir a Cafarnaum curar o seu filhinho que estava morrendo. Olha o que ele disse: “Senhor, desce a Cafarnaum, antes que meu filho morra!”. Jesus lhe respondeu: “Você pode ir, seu filho está vivo”. O homem entendeu o que Jesus lhe disse: que ele podia voltar pra casa, porque o filho já estava curado. E ele acreditou. E voltou pra casa, em Cafarnaum. Antes que chegasse em casa, seus empregados o encontraram para avisá-lo da melhora do filho. Procurou saber a que horas o menino tinha ficado bom. E constatou: foi mesmo na hora em que Jesus tinha dito ‘pode ir, seu filho está vivo”. Aquele homem e sua família tornaram-se discípulos de Jesus, abraçaram a fé.
O evangelho relaciona as sete ações daquele pai. Ele era um funcionário do rei e o seu filho estava morrendo. O que ele fez? Suas ações são uma grande lição para todos nós. Vá fazendo a conta: Ele, saindo de sua cidade, foi ao encontro de Jesus – Pediu a Jesus para fosse a Cafarnaum curar o filho – Insistiu no pedido, mesmo diante das palavras meio reticentes de Jesus – Acreditou na palavra de Jesus e voltou pra casa – No caminho, foi informado da cura do filho – Reconheceu que aquilo fora obra de Jesus – Abraçou a fé com toda a sua família. Contou as ações? Sete, é o número da obra perfeita.
Vamos guardar a mensagem  
Aquele pai procurou Jesus numa hora de aflição. E acreditou na sua palavra. E, ao receber a graça da cura do seu filho, cheio de reconhecimento, abraçou a fé, junto com  sua família. Isto quer dizer: eles tornaram-se discípulos, membros da comunidade de Jesus. Muita gente pede ao Senhor pelas necessidades e dramas de seus filhos, de seus pais, parentes e amigos. Pede, até com insistência. E está muito bem. Precisamos mesmo recorrer ao Senhor, em nossas aflições, com humildade e fé. Agora, segundo a passagem de hoje, faltam ainda dois passos a serem dados: reconhecer a obra de Deus naqueles pelos quais intercedemos: a saúde, o livramento, a libertação. E abraçar a fé, isto é, tornar-se discípulo do Senhor, membro de sua comunidade. Pediu uma graça, alcançou, reconheça a intervenção divina e glorifique o Senhor por isso. E não se esqueça: torne-se um cristão amoroso e fiel. Você e sua casa.
O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora (Jo 4, 50)
Vamos acolher a mensagem
Senhor Jesus,
Quase todos os dias, te apresentamos nossas situações de sofrimento e aflição e pedimos tua intervenção. Intercedemos pelas nossas necessidades e as dos outros. E estás nos dizendo que isso está muito certo, se o fizermos com humildade e com fé. Mas, estás nos dizendo ainda mais: ao recebermos a graça que pedimos, precisamos ser reconhecidos e agradecidos; e que essa ação de Deus em nossa vida, esse sinal, deve nos levar a uma resposta muito especial: abraçar a fé, entrar para a comunidade, tornarmo-nos discípulos. Dá-nos, Senhor, a graça de aprender e imitar as atitudes de humildade, fé, reconhecimento e adesão ao evangelho que aquele pai de Cafarnaum nos dá hoje. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a Palavra
Você tem uma coisa especial para pedir ao Senhor, hoje, em favor de alguém de sua família ou de sua amizade? Então, peça com humildade, fé e perseverança. E não se esqueça de reconhecer a obra de Deus na solução do seu problema e de renovar seu compromisso de viver na fé na sua Igreja.

Pe. João Carlos Ribeiro – 11.03.2018

LIÇÕES DE UM PAGÃO


MEDITAÇÃO
PARA A SEGUNDA-FEIRA,
DIA 04 DE DEZEMBRO
Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa (Mt 8, 8)
Foi isso que o oficial romano disse a Jesus, lá em Cafarnaum. Ele foi falar sobre o seu empregado que estava de cama, na casa dele, sofrendo com uma paralisia. Olha a resposta de Jesus: “Vou curá-lo”. Foi quando o oficial disse que não era digno que Jesus entrasse em sua casa. Bastaria que dissesse uma só palavra e o seu empregado ficaria curado. Jesus se admirou e comentou com os discípulos que ainda não tinha encontrado alguém com tanta fé no meio do seu povo.
A fé demonstrada pelo oficial chamou a atenção de Jesus, que o apontou como exemplo. Ele veio ao seu encontro, contou-lhe a situação do seu servo e não se achou digno que o Mestre fosse à sua casa. Achou que era suficiente uma palavra de Jesus para a cura do seu empregado. Como ele estava acostumado a dar ordens a seus soldados e a seus servos e ser prontamente atendido, assim sabia que Jesus mandando, a doença obedeceria. Uma fé que não precisava de gestos especiais junto ao leito do doente, só uma palavra e à distância.
Agora, olha a humildade deste homem: uma pessoa importante, um centurião romano, com soldados às suas ordens e escravos lhe servindo em casa. E, mesmo sendo um estrangeiro, estando em posição de poder, no comando de forças de ocupação, está pedindo com humildade a Jesus. Nesta narração de Mateus, ele não manda chamar Jesus. Ele vai pessoalmente pedir a Jesus. E ainda reconhece que não é digno de recebê-lo em sua casa.
Jesus admirou-se com a sua fé. E certamente também com a sua humildade. Como romano, ele era um pagão, servia aos deuses do império. Pelas normas religiosas de então, um judeu contraía uma impureza muito séria ao entrar na casa de um pagão. Ele reconheceu, então, nessa atitude, sua condição de pagão, de alguém longe da santidade do Deus de Israel.
“Eu não sou digno que entres em minha casa”. Esta palavra do pagão, nós a repetimos na Santa Missa. Estando para receber a sagrada comunhão - Jesus mesmo presente no sacramento do pão, nos damos conta, como o romano, que não somos dignos, que é grande demais a graça de recebê-lo em nossa própria morada... Com essa oração, manifestamos nossa fé na presença real de Jesus que vem a nós e imitamos o centurião também na sua humildade.
Além da fé e da humildade, com certeza, outra coisa chamou a atenção de Jesus: a compaixão do chefe militar pelo servo doente. Ele foi interceder por seu empregado acamado, sofrendo terrivelmente com uma paralisia. Compaixão era o que Jesus sempre demonstrava pelos sofredores. Foi o que o oficial romano demonstrou também pelo seu servo. Certamente, foi diante dessa solidariedade com o doente, que Jesus se prontificou a acompanhá-lo à sua casa.
Vamos guardar a mensagem de hoje
No encontro do oficial romano com Jesus, admiramos três coisas que devemos imitar e praticar no nosso encontro com o Senhor: a compaixão que ele demonstrou pelo seu servo; a humildade, com que ele reconheceu sua condição de pagão diante da santidade do Deus de Israel; e a fé, pela qual confiava na autoridade de Jesus para curar o seu servo com uma simples ordem. Nos nossos encontros com o Senhor, na oração, seremos atendidos se nos apresentamos com os mesmos sentimentos do oficial: compaixão pelos sofredores por quem intercedemos; humildade, reconhecendo nossa condição de pecadores diante da misericórdia de Deus; e fé pela qual reconhecemos que Jesus é o Senhor e nosso Salvador.

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