PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: bem-aventuranças
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EU NÃO QUERO FICAR DE FORA

Bem-aventurados vocês, os pobres, porque o Reino de Deus é de vocês! (Lc 6, 20)

Jesus anuncia o Reino de Deus. É uma boa notícia, uma excelente notícia. O que Deus tinha começado com a aliança com a comunidade Israel, agora entrava num novo capítulo. Deus se aproximou ainda mais e ficou bem pertinho do seu povo. No seu filho, feito homem, abriu as portas de sua casa para todos os seus filhos. Em Jesus, Deus está integrando na comunhão de sua casa, todos os que ficaram pelo caminho, os que se afastaram de casa, os que foram deixados do lado de fora. Um tempo novo está começando.



Jesus dá esse aviso ao povo. Chegou o Reino de Deus. Para comunicar isso ele conta parábolas a esses filhos de Deus dispersos. Eles são as ovelhas perdidas da casa de Israel. São os filhos mais jovens que largaram a família e estão se dando mal num lugar distante. São os famintos atraídos por sua amizade, por sua palavra e por seu pão. São os enfermos que querem tocar nas suas vestes para alívio de seus sofredores. Esses são os filhos de Deus dispersos. Chegou o Reino de Deus para eles.

Todo tempo novo tem seu manifesto. Num certo momento, Jesus proclamou o manifesto do Reino. São as bem-aventuranças. Delas, temos duas versões, a de Mateus e a de Lucas. Na que lemos hoje, a de Lucas, há uma lista de 4 tipos de bem-aventurados e 4 tipos de mal-aventurados. Quatro, na Bíblia, é um número de totalidade. Todos estão contemplados nessas listas. Nós também.

Os bem-aventurados são os cidadãos do Reino de Deus, aqueles que não tinham sido convidados, mas agora estão sendo convocados e reunidos das praças e de todos os caminhos. Eles têm quatro representantes: os pobres, os famintos, os entristecidos, os perseguidos. Esses são os cidadãos do Reino. O Reino para eles é mudança completa de sua condição. É a sua herança, a fartura de pão, a festa da alegria, a recompensa de profeta.

Os mal-aventurados são os convidados que não compareceram à festa de casamento do filho. Eles se excluíram. Todos esses estão representados por quatro categorias: os ricos, os fartos, os gozadores, os aplaudidos. São falsos profetas. Vai ser muito ruim pra eles terem rejeitado a oferta do Reino de Deus. Ai de vocês, diz Jesus, à moda dos velhos profetas de Israel. Vocês se fecharam à novidade do Reino. Vocês estão consolados, fartos, felizes, aplaudidos. Preferiram a segurança da própria situação ao Reino. Mas, essa é só uma máscara. A verdade definitiva é o amor de Deus, o seu Reino.

Nessas bem-aventuranças de Lucas, Jesus diz “felizes vocês...” e “ai de vocês”. Então, os bem-aventurados e o mal-aventurados estão ali presentes. Estão aqui presentes. O convite está feito. A adesão é possível para quem se faz como criança, disse Jesus em outra ocasião. Despojar-se de toda grandeza, de toda auto-suficiência, de todo apego ao prestígio e ao poder. Isso é o que ele falou desde o início: a conversão.

Vamos guardar a mensagem de hoje

As bem-aventuranças são o manifesto do Reino de Deus. Nelas, Jesus define, com clareza, quem são os cidadãos do Reino. E quem não lhe pertence. A condição de necessitado, de carente, de perseguido já lhe põe na porta da Casa do Pai. O Reino é a sua riqueza, a sua alegria, a sua recompensa. Já está fora quem está satisfeito com a própria riqueza e a própria fartura. Não tem fome de Deus. Não tem fome de fraternidade.

Os aflitos

Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados (Mt 5, 4)
Jesus subiu o monte e sentou-se.  Esse ‘subiu o monte’ evoca Moisés no Monte Sinai. Moisés subiu o monte e conversou longamente com Deus. E Deus escreveu e lhe entregou a Lei da Aliança. O povo de Israel se organizou como povo de Deus, a partir da Lei da Aliança, a Lei de Deus, ensinada por Moisés. Jesus é o novo Moisés que nos ensina a Lei do Reino de Deus.

Jesus subiu o monte e sentou-se. Todo Mestre ensinava sentado. Os discípulos se sentavam ao seu redor, como as crianças na escola, quando a professora está contando uma história. Jesus sentou-se. Assumiu, portanto, a condição de um professor, de um rabino, de um mestre. Ele está organizando e instruindo o novo povo de Deus. O Sermão da Montanha é a nova Lei, completando e aperfeiçoando a Lei do Sinai, a Lei de Moisés.

A Lei da Nova Aliança ou as Bem-aventuranças

Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los (Mt  5, 1-2).


São quatro ações de Jesus descritas na abertura do Sermão da Montanha (Mt 5). Faça as contas: Vendo Jesus as multidões (1ª. Ação), subiu ao monte (2ª. Ação)  e sentou-se (3ª. Ação). Os discípulos aproximaram-se (essa ação é dos discípulos), e Jesus começou a ensiná-los (4a. Ação de Jesus). Quatro, você sabe, é um número de totalidade, abrangente como os quatro pontos cardeais.

Estamos no início do chamado Sermão da Montanha, que compreende os capítulos 5, 6 e 7 de Mateus. O Sermão da Montanha é a proclamação da Lei do povo da nova aliança.
Vamos às quatro ações iniciais de Jesus. A primeira foi “Vendo as multidões”... Ele vê o povo que acorre para ouvi-lo, para pedir a cura de suas doenças... Ele não vê só com os olhos, vê com o coração. Na história que contou do homem assaltado e caído na estrada, só o samaritano viu, aproximou-se e cuidou dele. O sacerdote e o levita viram, mas passaram adiante. Jesus vê as multidões como Deus que falou com Moisés no Monte Sinai: “Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi seu grito por causa dos seus opressores, pois eu conheço as suas angústias”. A primeira ação foi “Ver as multidões”, um olhar de compaixão e de compromisso com o seu bem.

Bem-aventuranças

Quantas vezes nós já escutamos o texto das bem-aventuranças! Houve um tempo em que explicá-las era uma coisa muito simples: "Deus escolheu os pobres e a partir deles ele instaura o seu reinado no mundo". Nas bem-aventuranças do capítulo 6 do Evangelho de São Lucas então a coisa parecia mais do que clara. "Bem-aventurados os pobres! Ai dos ricos!" Hoje, quando a gente vai explicar esta passagem fica cheio de dedos... na verdade, a gente gostaria de amenizar estas expressões tão duras, esses ais tão contundentes. Quem sabe se não seria possível espiritualizar a riqueza e a pobreza, e assim facilitar as coisas.

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