PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: batismo
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NÃO É PROPAGANDA DE CURA, É UMA CATEQUESE SOBRE O BATISMO

Jesus viu o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: “Queres ficar curado?”  (Jo 5, 6)
02 de abril de 2019.
“Aonde chega o rio, chega a vida”. Essa frase está escrita no livro do Profeta Ezequiel, capítulo 47, versículo 11. O profeta foi levado por um anjo ao Templo e viu que jorrava água do Templo, do seu lado direito. E ele foi acompanhando aquela água que ia se espalhando na direção leste. O anjo foi medindo, e a cada 500 metros, mandava o profeta atravessar a água. Na primeira parada, chegava aos tornozelos. Na outra, chegava aos joelhos. Mais na frente, aquela água toda já chegava à cintura. Finalmente, só a nado se podia atravessar. E o profeta foi voltando pelas margens e vendo a paisagem transformada pelas águas: árvores frutíferas, plantações, animais, peixes em quantidade. Isso faz lembrar rios como o São Francisco, o velho Chico, do qual dependem milhares de agricultores e ribeirinhos. “Aonde chega o rio, chega a vida”.
Só pra saber se você está me acompanhando: onde nasce esse rio que leva tanta vida mundo afora? Não, não estou falando do Rio São Francisco que nasce em Minas, na serra da Canastra. Estou falando do rio do profeta Ezequiel. Onde ele nasce? No Templo. Ele jorra do lado direito do Templo. Você lembra que outro dia, Jesus disse que podiam destruir o Templo que ele reconstruiria em três dias? E por quê? Claro, porque o verdadeiro Templo é ele mesmo, o seu corpo. O Templo de Jerusalém, que não existe mais, foi um sinal do verdadeiro Templo, Jesus. Lembre também daquele episódio na cruz de Jesus. O soldado, vendo-o morto, em vez de lhe quebrar as pernas, perfurou o lado dele com a lança. E você pode me dizer o que aconteceu? Isso... Do seu lado aberto, escorreu sangue e água. Agora, junte as peças: Jesus é o verdadeiro Templo. Do seu lado aberto, jorrou sangue e água. Realizou-se nele o que o profeta tinha visto e anunciado: Do Templo, jorrava uma água que ia se espalhando, virando um rio, levando vida aonde chegasse. Do alto da cruz, do coração do Templo que é Jesus, jorra essa água que nos comunica a vida.
Com essa bagagem, vamos ao evangelho de hoje. Jesus foi a uma festa religiosa em Jerusalém. Lá havia uma piscina, a piscina de Betesda. Muita gente doente ficava ali na esperança de se curar, naquelas águas. Jesus encontrou ali um homem doente há trinta e oito anos. Ele estava prostrado, sem ninguém para ajudá-lo a se curar na água da piscina. Jesus perguntou se ele queria ficar bom. Imagine a resposta. Então Jesus disse: “Levante-se, pegue o seu leito e ande”. E ele ficou bonzinho da Silva. Pegou o seu leito e foi embora.
O homem doente, prostrado, à beira da piscina de Betesda é a imagem do pecador, da pecadora. Há muito tempo espera ser libertado. Quanto tempo já fazia que estava doente? 38 anos, quase quarenta. O povo de Deus, depois de uma peregrinação de quarenta anos, entrou  na terra prometida. O homem pecador, esse homem que peregrina em sofrimento há 38 anos é como a terra seca do sertão esperando a água do Rio São Francisco. Agora, chegou a sua libertação. A essa terra seca, chegaram as águas abençoadas de Cristo, renovando a sua vida, fazendo dele uma nova criatura. Essa é a  água que desce do alto da cruz, do coração rasgado pela lança. É o amor de Deus que se derrama. É o batismo lavando do pecado e comunicando a vida de Deus. Aonde chega esse rio, chega a vida.
Guardando a mensagem
A história do homem doente, à beira da piscina de Betesda, é uma catequese sobre o batismo. Estamos preparando a páscoa e a páscoa é a celebração da nossa salvação em Cristo. Por isso, na noite da páscoa, renovamos as promessas do batismo e batizamos novos cristãos. As águas que nos lavam do pecado e nos comunicam a vida de Deus vêm do Templo, do coração de Cristo rasgado pela lança, como num grande rio que vem descendo. A verdadeira piscina, que nos cura do pecado, é a do batismo. Somos restaurados nas águas que descem da cruz.
Jesus viu o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: “Queres ficar curado?”  (Jo 5, 6)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Que belo ensinamento sobre o batismo. Renascemos, como terra seca que recebe a água abundante da chuva ou da irrigação. É a tua graça, a tua Palavra, a tua vida comunicada na Eucaristia: são essas as águas que irrigam a nossa vida. Nós te bendizemos, Senhor. Estávamos prostrados à beira da piscina de Betesda, doentes há 38 anos e fomos restaurados nas tuas águas, no santo batismo. Em ti, renascemos, fizemos páscoa. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Uma coisa curiosa. O homem doente, quando foi curado, não sabia quem era Jesus, que o tinha curado. Mas, Jesus o reencontrou num certo lugar. Ali, ele ficou sabendo quem era ele. E assim pode sair testemunhando quem o tinha curado. Que lugar foi esse? Descubra, lendo o evangelho de hoje na sua Bíblia (João 5, 1-16).  
Se você tiver um tempinho, podemos nos encontrar, hoje, às 22 horas, em minha página de facebook. É só procurar padre João Carlos.

Pe. João Carlos Ribeiro – 02.04.2019

APURANDO E PURIFICANDO OURO

Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! (Lc 12, 49)
25 de outubro de 2018.
Esse evangelho de hoje deixa todo mundo confuso. Como assim: Ele veio para lançar fogo sobre a terra? Que fogo é esse? E diz que está esperando receber um batismo. Que batismo será esse? E o que tem uma coisa com a outra?  Calma. Vamos pedir ajuda ao profeta Malaquias.
Esse pequeno escrito do Antigo Testamento, o livro do Profeta Malaquias, fala, em alguns pontos, da vinda do Messias. Ao que parece, no tempo de Jesus, as profecias de Malaquias estavam muito presentes na mente das pessoas. Por exemplo, a ideia de que antes do Messias viria o Elias vem desse profeta. Por isso, alguns até diziam que Jesus era o Elias. Bom, isso só para dizer que esse escrito do profeta Malaquias tinha uma boa influência no povo do tempo de Jesus. Não seria estranho, então, Jesus usar imagens vindas deste escrito bíblico.
No capítulo 3, Malaquias descreve a chegada do Messias, depois da vinda do Mensageiro. Olha como está escrito: “Eis que ele chega. Quem poderá aguentar o dia de sua chegada? Quem ficará de pé quando ele aparecer? Ele é igual ao fogo de uma fundição. Sentado, o fundidor derrete a prata para beneficiá-la, assim também ele vai apurar os filhos de Levi, refiná-los como se fossem ouro ou prata. Só depois poderão se apresentar ao Senhor como uma oferenda como convém” (Ml 3, 1-3).
Esta é a ideia de que o povo de Deus está precisando ser purificado, está como ouro misturado com outros minerais pobres ou sujeiras. Ora, Jesus veio para isso, para nos purificar do pecado. E o que faz o fundidor para purificar o ouro? Põe todo o material para derreter no fogo, dentro de um recipiente resistente. Agora, tem que ter muito fogo para chegar a uma temperatura super alta que derreta tudo e assim separe o ouro das impurezas. Perceba que o profeta Malaquias está falando da missão do Messias esperado. Ele iria fazer como um fundidor, purificaria o seu povo com o fogo. Agora, escute a palavra de Jesus de novo, no evangelho de hoje: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso!”. Ele veio para nos purificar. E está usando a imagem do fundidor, como no profeta Malaquias.
Jesus disse também que iria receber um batismo. E estava ansioso até que tudo se cumprisse. Que batismo é esse? O batismo é para lavar do pecado. Mas, ele não tem pecado. É, mas nós temos. E ele tirou o nosso pecado, por meio desse batismo. Que batismo é esse? É a sua paixão, é a sua morte. Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Esse batismo, como a operação de purificação da prata, também está no Profeta Malaquias, quando descreve a ação da potassa da lavadeira.
Guardando a mensagem
Jesus disse que veio para lançar fogo sobre a terra. E que devia receber um batismo, pelo qual estava ansioso. O Profeta Malaquias nos ajuda a entender isso. Fogo e Batismo, nesse texto, estão em paralelo, os dois estão descrevendo a mesma obra de Jesus para nos purificar do pecado, para nos colocar em condições de ser uma oferenda digna. Como foi que ele nos purificou, nos libertou do pecado? Por sua paixão, morte e ressurreição. Esse foi o batismo com que ele precisou ser lavado, embora não tivesse pecado. Ele assumiu o nosso lugar. Como foi que ele nos purificou, nos libertou do pecado? Por sua paixão, morte e ressurreição. Esse foi o grande fogo que nos possibilitou emergir como ouro puro, livre das impurezas e minerais de segunda, isto é, purificados do pecado. Essa sua obra redentora ele quer espalhar em favor de todos na face da terra. Esse seu serviço purificador revela e vence o mal, o pecado. Por isso, aparentemente, cria divisão, separando o ouro da impureza.
Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! (Lc 12 49)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Nós te agradecemos por tua obra redentora. Fomos lavados nas águas da tua morte, no teu batismo. Fomos purificados no fogo de tua paixão e cruz. Emergimos como ouro puro na tua ressurreição, como povo santo, justificado dos nossos pecados, em comunhão com Deus. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.  
Vivendo a palavra
Em sinal de atenção à Palavra do Senhor, pegue hoje sua Bíblia e leia Malaquias 3, 1-4.  Só uma dica: Malaquias é o último livro do Antigo Testamento.

Pe. João Carlos Ribeiro – 25.10.2018

A ENCRUZILHADA DO PODER


Vocês não sabem o que estão pedindo (Lc 10, 38)

21 de outubro de 2018.

Jesus estava indo a Jerusalém, na sua grande viagem que culminaria na paixão. Essa é a lógica de sua vida: dar-se a si mesmo pelos outros. Ele nos resgata, pagando o preço de nossas vidas, como se fazia no resgate dos escravos. E o preço foi alto: a sua própria vida. Essa é a lógica de Jesus: servir, dando sua vida por nós. É assim que ele exerce o seu poder divino: inclina-se sobre a humanidade pecadora para lavar-lhe os pés, como servo, como escravo; purifica-nos, lavando-nos com o seu sangue derramado, tomando na cruz o nosso lugar de pecadores. Não veio para ser servido, mas para servir. Servir e dar a sua vida como resgate de muitos.

Ser cristão é assimilar essa lógica de Jesus. Ser discípulo é entrar nesse caminho e caminhar com ele, experimentando o poder como serviço aos outros. Jesus é o modelo. A vida cristã é um permanente compromisso de seguimento de Jesus e, portanto, de renúncia a modelos que estejam na contramão do evangelho. É permanente a tentação do poder como prestígio, como autopromoção, como busca de benefícios para si e para seus pares. Nesse modelo, ninguém dá a vida pelos outros. Serve-se dos outros para seu engrandecimento, buscando privilégios, enriquecimento, prestígio social. E para conseguir e manter essas benesses, humilha, oprime, discrimina, exclui os outros.

Nesse caminho para Jerusalém, Jesus se esforçava para explicar aos discípulos que o seu confronto com os grandes da capital lhe renderia a morte, mas não seria o fim. Dar a sua vida, em sintonia com a vontade do Pai, seria o coroamento do seu caminho, confirmado na ressurreição. Jesus falou disso várias vezes aos discípulos, no caminho. Mas eles tinham dificuldade para entender, justamente porque ainda não tinham assimilado a lógica do poder-serviço de Jesus. Foi assim que, dois dos discípulos, aproveitando a distância dos outros, fizeram um pedido suspeito a Jesus. Pediram não, eles quase exigiram. Queriam participar do poder de Jesus, quando este triunfasse em sua causa. “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória”. Queriam participar do poder de Jesus, comandar ao lado dele nos postos mais altos e destacados do seu governo ou sabe-se lá o que eles estavam pensando. Foi aí que Jesus lhes disse: “Vocês não sabem o questão pedindo”. E tentou que eles entendessem de outra forma. Até poderiam beber o cálice da perseguição e serem também batizados numa morte dolorosa como a sua, mas os cargos requeridos... isso não dependia dele. Ele também fazia a vontade do Pai.

O pedido interesseiro dos dois discípulos logo gerou um mal estar no grupo dos apóstolos. Claro, os outros também queriam participar do poder de Jesus. Sentiram-se passados pra trás. Jesus, então, juntou os doze e lhes fez uma bela catequese sobre o exercício do poder. Eles não deviam imitar o que viam no mundo que eles conheciam. Palavras de Jesus: “Vocês sabem que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Entre vocês, não deve ser assim”. E apresentou a sua vida como modelo: “eu não vim para ser servido, mas para servir. Quem quiser ser grande, seja o servo de vocês. Quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos”.

Guardando a mensagem

Vivemos em contato com experiências de poder que são o contrário do que Jesus fez e ensinou. Como disse Jesus: “Os chefes, os grandes tiranizam, oprimem as nações”. Não é a lógica de Jesus de estar a serviço do povo, como servos. É a lógica de servir-se do povo, como seus senhores. Não se quer garantir e promover os direitos de todos, particularmente dos mais pobres e vulneráveis. Busca-se o poder como modo de garantir os interesses das elites sobre o povo. O Mestre continua nos instruindo: “Entre vocês, não seja assim”.  Como ficou claro no caso dos dois discípulos, a tentação é permanente também no seio da comunidade eclesial. E a busca de privilégios e cargos sempre causa desunião e divisão dentro da Igreja. “Entre vocês, não seja assim”, continua  nos ensinando o nosso Mestre e Senhor.

Vocês não sabem o que estão pedindo (Lc 10, 38)

Rezando a palavra

Sendo hoje o dia mundial das missões, rezemos a oração missionária:

Deus Pai, Filho e Espírito Santo, nós vos louvamos e bendizemos pela vossa comunhão, princípio e fonte da missão. Ajudai-nos, à luz do evangelho da paz, a testemunhar com esperança um mundo de justiça e diálogo, de bondade e verdade, sem ódio e sem violência. Ajudai-nos a ser todos irmãos e irmãs, seguindo Jesus Cristo rumo ao Reino definitivo. Amém.

Vivendo a palavra

Começando essa última semana de debates sobre o próximo governo do Brasil, em oração, invoque o Espírito Santo de Deus para que ajude você no discernimento da melhor opção possível, no quadro que temos.

Despedida

Hoje é o nosso dia, o dia do Senhor e do povo redimido. Celebramos isto na Santa Missa. A Missa dominical é o nosso primeiro compromisso.

Vou lhe enviar, separadamente, o vídeo de minha nova música. Podendo, compartilhe com outras pessoas.  Um domingo abençoado pra você e para os seus.

Pe. João Carlos Ribeiro – 21.10.2018

CONSTRUTORES DE COMUNHÃO E UNIDADE


Vão e façam discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19)

27 de maio de 2018.

Ninguém sabia direito quem era Deus. Mas, todo mundo sempre teve lá dentro do coração uma espécie de saudade de Deus. É um sinal de parentesco espiritual que a gente tem com ele. Deus é alguém que nos marcou profundamente, não se sabe quando, nem como. Temos alguma coisa muito profunda em comum com ele. A pessoa pode até disfarçar, mas é como se a noção de Deus estivesse inscrita no seu DNA. Um cientista social imaginou que esse negócio de Deus fosse fruto da cultura, uma coisa aprendida no ambiente onde se vive. Nada, já vem com a gente. Outro, ateu, apostou que isso era mais uma alienação do ser humano. Não, Deus deixou marcas do seu ser em nós.

O apóstolo Paulo chegou em Atenas, numa praça em que os filósofos e pensadores debatiam as novidades do momento. Aí ele anunciou que estava ali para falar sobre o Deus desconhecido. Juntou foi gente para ouvi-lo. Ele elogiou aquele povo grego tão religioso, com tantos deuses que eles homenageavam. O Deus desconhecido que ele vinha anunciar era o criador de tudo que existe. Ele tinha feito o homem e organizado o tempo. E deixara tudo bem feito para que o próprio homem tentasse descobri-lo, mesmo que fosse às apalpadelas (como um cego faz tateando um objeto para saber o que é). Esse Deus é senhor de tudo e não cabe em nenhum santuário feito pelas mãos do homem, nem é um ídolo feito de ouro ou de pedra. Aí ele completou: “Ele não está longe de cada um de nós, pois nele vivemos, nos movemos e existimos”.

É isso. Deus não está longe de cada um de nós. O povo hebreu conheceu Deus mais de perto. O próprio Deus tomou a iniciativa e comunicou-se com Abraão e os primeiros patriarcas. Fez uma aliança com aquele povo. E foi se revelando aos poucos, através de sua ação na história desse povo e pela pregação dos profetas.  Aí, chegou o tempo em que ele mandou seu filho Jesus para viver conosco. Ele se comunicou conosco através de Jesus. E Jesus nos revelou quem é esse Deus maravilhoso.

Jesus, o Filho feito homem, nos revelou que Deus é uma comunidade de amor. Deus, o Pai, é o criador de tudo. Ele nos fez à sua imagem e semelhança. Pelo pecado, nós atrapalhamos o seu projeto. Mas, afinal, ele nos deu o seu filho, para nos restaurar no seu amor. Jesus, o enviado do Pai, pregou o Reino de Deus, o amor de Deus que constrói um povo segundo o seu coração. Perseguido pelos pecadores, ofereceu-se como vítima em expiação do nosso pecado. Por sua morte e ressurreição, abriu-nos o caminho da comunhão com o Pai. No seu retorno, o Pai enviou o Espírito Santo, para estar sempre em nós, reavivando as palavras e a presença de Jesus, para estarmos sempre unidos a ele.

Vamos guardar a mensagem

O Pai que nos cria, o Filho que nos redime, o Espírito que nos santifica são uma comunidade de amor. São pessoas distintas, mas são um só Deus.  Vivemos mergulhados nesse mistério da Santíssima Trindade. A evangelização nos faz anunciar o amor do Deus e uno e trino e inserir, pelo batismo,  os que crerem neste mistério de comunhão e unidade. Somos filhos amados do Pai, irmãos de Jesus, habitados pelo Espírito Santo. Rezamos ao Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo. Elevamos nossas mãos para bendizer o Deus único e verdadeiro: Santo, Santo, Santo!

Vão e façam discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19)

Vamos rezar a palavra

Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, com tem Filho único e o Espírito Santo, és um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo que revelaste e nós cremos a respeito de tua glória atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo. E, proclamando que és o Deus eterno e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma natureza e igual majestade. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Vamos viver a palavra

A verdade de Deus uno e trino, em nossa vida, nos leva a ser construtores de  comunhão e unidade. Reze hoje pela unidade na sua casa, na sua comunidade, na igreja, na sociedade. O Brasil está precisando muito de suas preces.

Pe. João Carlos Ribeiro – 27.05.2018

NICODEMOS E O NOVO NASCIMENTO


Você deve nascer do alto (Jo 3, 7b)
10 de abril de 2018.
Você se lembra de Nicodemos! Foi aquele fariseu, mestre da lei, membro do Sinédrio de Jerusalém, que foi falar com Jesus, de maneira sigilosa, à noite. Ele tinha uma simpatia por Jesus. Mas, como membro do Sinédrio, o grande conselho da capital, tinha medo da reação dos seus colegas e com certeza medo de perder sua posição. Quando Jesus foi preso, ele protestou contra a decisão já tomada, sem ao menos o acusado ter sido ouvido. Quando Jesus morreu na cruz, ele ajudou José de Arimatéia a cuidar do seu enterro. Nicodemos é o tipo da pessoa importante, que por causa das conveniências do poder, tem dificuldade em assumir publicamente sua adesão a Jesus e ao seu Evangelho.
A elite também precisa ser evangelizada, claro. É o que Jesus fez com Nicodemos. Jesus lhe disse que ele precisava nascer de novo. Ele era um mestre da lei, com assento no grande conselho de Jerusalém. Isso não lhe fazia cidadão do Reino. Só renunciando a si mesmo, se pode seguir Jesus. Só fazendo-se pequeno, é que se entra no Reino de Deus. Ele precisava nascer de novo. Passar por uma conversão. Renovar-se pelo batismo. Nascer de Deus.
Como Nicodemos era profundo conhecedor das Escrituras, Jesus lembrou-lhe o episódio da serpente de bronze, no deserto. Ele, como mestre da Lei, poderia perceber facilmente que Jesus foi enviado pelo Pai para salvar o seu povo.
No tempo passado, o povo estava atravessando o deserto, depois da saída da escravidão do Egito. O caminho da superação do mal exige esforço, compromisso, perseverança. O povo começou a se cansar e se revoltar contra Deus, reclamando do calor do deserto, da comida repetida que era o maná, do cansaço da caminhada. Deu uma peste de serpentes venenosas. Começou a morrer muita gente por causa de sua má vontade, do clima de murmuração e de revolta contra Deus. A haste com uma serpente de bronze foi um sinal. Deus mandou Moisés fazer essa representação. Quem fosse picado pelas serpentes, olhando para aquele sinal era salvo da morte.
Vocês sabem que a medicina tem um símbolo assim: uma haste com uma ou duas serpentes, chamado bastão de Asclépio. É um símbolo antiquíssimo da medicina, da arte de cuidar da saúde, de livrar da morte. É uma referência a mitos de religiões muito antigas.
Esse símbolo, no Antigo Testamento, preparou o sinal de Jesus na cruz. A verdadeira salvação, a verdadeira cura, a libertação do pecado é Jesus em sua cruz. Fomos salvos por sua vida oferecida naquela haste da cruz. Como o povo antigo no deserto olhando para a haste com a serpente de bronze se curava, assim também nós pecadores temos um sinal de salvação, a cruz de Cristo, isto é a morte redentora de Jesus. Crendo em Jesus que morreu e ressuscitou por nós, encontramos a vida eterna.
Vamos guardar a mensagem
Nicodemos é o representante das pessoas importantes, chamadas à conversão. Ele, que tinha tanto conhecimento das Escrituras, poderia facilmente entender o que Jesus estava explicando. Deus o mandou para salvar o mundo. O povo está como aquela gente do tempo do deserto, morrendo por causa dos seus pecados. E como no deserto, agora Deus também está nos dando um sinal de salvação. Crendo em Jesus crucificado e ressuscitado, o pecador encontra a salvação.
Você deve nascer do alto (Jo 3, 7b)
Vamos rezar a Palavra
Senhor Jesus,
Vemos em Nicodemos, que para acolher o Reino de Deus, é preciso se desapegar de sua grandeza, de seu poder, de seus grandes conhecimentos. O filho de Deus nasce do alto, do Espírito Santo. A cruz, que é a grande humilhação que te impusemos, Jesus, longe de ser um sinal do teu fracasso, é o sinal de tua vitória e da salvação de todos os que aceitam o teu caminho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.  
Vamos viver a Palavra
A cruz nos lembra o sacrifício redentor de Cristo, pelo qual fomos salvos. Você sabe rezar o sinal da cruz? Se não sabe, peça a ajuda de alguém com mais experiência. Reze, hoje, mais de uma vez o sinal da cruz.
Pelo sinal + da santa cruz + livrai-nos Deus + nosso Senhor + dos nossos + inimigos +  Em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

Pe. João Carlos Ribeiro – 10.04.2018

AONDE CHEGA O RIO, CHEGA A VIDA

O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada” (Jo 5, 7)
13 de março de 2018.
Nesses dias, eu vi mais de uma reportagem sobre uma microrregião do sertão nordestino, onde chegaram as águas da transposição do Rio São Francisco. Os testemunhos são impressionantes. Uma família, depois de uma penúria de seis anos de seca, está agora toda feliz, cultivando uma bela plantação de tomate, irrigada com as águas do distante velho Chico. O povo do sertão sabe disso mais do que ninguém: aonde chega o rio, chega a vida.
Olha o que eu acabei de dizer: “aonde chega o rio, chega a vida”. Essa frase está escrita no livro do Profeta Ezequiel, capítulo 47, versículo 11. O profeta foi levado por um anjo ao Templo e viu que jorrava água do Templo, do seu lado direito. E ele foi acompanhado aquela água que ia se espalhando na direção leste. O anjo foi medindo, e a cada 500m, mandava o profeta atravessar a água. Na primeira parada, chegava aos tornozelos. Na outra, chegava aos joelhos. Mais na frente, aquela água toda já chegava à cintura. Finalmente, só a nado se podia atravessar. E o profeta foi voltando pelas margens e vendo a paisagem transformada pelas águas: árvores frutíferas, plantações, animais, peixes em quantidade. “Aonde chega o rio, chega a vida”.
Só pra saber se você está me acompanhando: onde nasce esse rio que leva tanta vida mundo afora? Não, não estou falando do Rio São Francisco que nasce em Minas, na serra da Canastra. Estou falando do rio do profeta. Onde ele nasce? No Templo. Ele jorra do lado direito do Templo. Você lembra que outro dia, Jesus disse que podiam destruir o Templo que ele reconstruiria em três dias? E por quê? Claro, porque o verdadeiro Templo é ele mesmo, o seu corpo. O Templo de Jerusalém, que não existe mais, foi um sinal do verdadeiro Templo, Jesus. Lembre também daquele episódio na cruz de Jesus. O soldado, vendo-o morto, em vez de lhe quebrar as pernas, perfurou o lado de Jesus com a lança. E você pode me dizer o que aconteceu? Isso... Do seu lado aberto, escorreu sangue e água. Agora, junte as peças: Jesus é o verdadeiro Templo. Do seu lado aberto, jorrou sangue e água. Realizou-se nele o que o profeta tinha visto e anunciado: Do Templo, jorrava uma água que ia se espalhando, virando um rio, levando vida aonde chegasse. Do alto da cruz, do coração do Templo que é Jesus, jorra essa água que nos comunica a vida.
Com essa bagagem, vamos ao evangelho de hoje. Jesus foi a uma festa religiosa em Jerusalém. Lá havia uma piscina, a piscina de Betesda. Muita gente doente ficava ali na esperança de se curar, naquelas águas. Jesus encontrou ali um homem doente há trinta e oito anos. Ele estava prostrado, sem ninguém para ajudá-lo a se curar na água da piscina. Jesus perguntou se ele queria ficar bom. Imagine a resposta. Então Jesus disse: “Levante-se, pegue o seu leito e ande”. E ele ficou bonzinho da silva. Pegou o seu leito e foi embora.
O homem doente, prostrado, à beira da piscina de Betesda é a imagem do pecador, da pecadora. Há muito tempo espera ser libertado. Quanto tempo já fazia que estava doente? 38 anos, quase quarenta. O povo de Deus, depois de uma peregrinação de quarenta anos, entrou  na terra prometida. O homem pecador, esse homem que peregrina em sofrimento há 38 anos é como a terra seca do sertão esperando a água do Rio São Francisco. Agora, chegou a sua libertação. A essa terra seca, chegaram as águas abençoadas de Cristo, renovando a sua vida, fazendo-o nova criatura. Essa é a  água que desce do alto da cruz, do coração rasgado pela lança. É o amor de Deus que se derrama. É o batismo lavando do pecado e comunicando a vida de Deus. Aonde chega esse rio, chega a vida.
Vamos guardar a mensagem
A história do homem doente, à beira da piscina de Betesda, é uma catequese sobre o batismo. Estamos preparando a páscoa e a páscoa é a celebração da nossa salvação em Cristo. Por isso, na noite da pá scoa, renovamos as promessas do batismo e batizamos novos cristãos. As águas que nos lavaram do pecado e nos comunicam a vida de Deus vêm do Templo, do coração de Cristo rasgado pela lança, como num grande rio que vem descendo. A verdadeira piscina, que nos cura do pecado, é a do batismo. Somos restaurados nas águas que descem da cruz.
O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada” (Jo 5, 7)
Vamos acolher a mensagem
Senhor Jesus,
Que belo ensinamento sobre o batismo. Renascemos, como terra seca que recebe a água abundante da transposição. É a tua graça, a tua Palavra, a tua vida comunicada na Eucaristia: são essas as águas que irrigam a nossa vida. Nós te bendizemos, Senhor. Estávamos prostrados à beira da piscina de Betesda, doentes há 38 anos e fomos restaurados nas tuas águas. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a Palavra
Uma coisa curiosa. O homem doente, quando foi curado, não sabia quem era Jesus. Mas, Jesus o reencontrou num certo lugar. Ali, ele ficou sabendo quem era ele. E assim pode sair dizendo quem o tinha curado. Que lugar foi esse? Descubra, lendo o evangelho de hoje na sua Bíblia (João 5, 1-16).  Aproveite e me mande a sua resposta, por quem lhe repassa a Meditação.

Pe. João Carlos Ribeiro – 12.03.2018

O JEJUM NOS UNE A CRISTO E AOS IRMÃOS


MEDITAÇÃO PARA A SEXTA-FEIRA, DIA 16 DE FEVEREIRO DE 2018.

Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão (Mt 9, 15)

Chegamos ao terceiro dia da Quaresma. É muito importante que a gente não perca nenhum dia desse programa de crescimento que é a Quaresma. O passo a ser dado hoje é sobre o jejum, como expressão de nossa conversão.  

A pergunta veio de um grupo muito querido de Jesus, os discípulos de João. Jesus tinha participado do batismo de João Batista, no rio Jordão. João o tinha apontado como cordeiro de Deus. E alguns dos discípulos do Batista tinham se tornado discípulos seus. Então, a pergunta deles era séria. Não tinha segundas intenções. E o que eles queriam saber? Queriam saber por que os discípulos de Jesus não praticavam o jejum como eles e os fariseus o faziam? A resposta de Jesus foi essa: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. O que Jesus quis dizer com isso?
Podemos entender todo o ministério de Jesus como a renovação da aliança com Deus. Jesus veio pra isso: para restaurar a comunhão com Deus, que foi destruída pelo pecado (desde Adão) e pela infidelidade de Israel, o povo da Aliança. Não é à toa que o evangelho de São João praticamente comece com as bodas de Caná, o casamento que precisou da intervenção de Jesus para dar certo. A aliança, à moda do casamento, é entre Deus e o seu povo. Jesus é o noivo. Veja o que ele respondeu: enquanto o noivo está presente (ele), os amigos do noivo (os discípulos) não podem jejuar. Mas, depois que o noivo for tirado do meio deles (a execução de sua morte), eles jejuarão.
O jejum é uma expressão de nossa conversão. Bom, nossa primeira conversão foi celebrada no batismo, na água. Lá, fomos lavados dos nossos pecados. Mas, infelizmente, continuamos a cair, a falhar, a pecar. Por isso, precisamos estar em permanente atitude de conversão. Deus sempre nos perdoa. Mas, para isso, precisamos da conversão do nosso coração. O jejum é uma forma de cultivamos essa conversão.  Ficamos tristes pelo pecado que cometemos. Esse sentimento do reconhecimento de nosso pecado, da dor que sentimos por nossa infidelidade a Deus, é expresso também nas práticas externas do jejum, da esmola e da oração. Essas práticas
nos ajudam a cultivar a conversão interior e a implorar a misericórdia de Deus, o seu perdão. Ele que já nos purificou pela água do batismo, pode também nos purificar pelas lágrimas do nosso arrependimento.

O jejum tem, então, essa conexão com Deus, a quem ofendemos e a quem demonstramos nosso arrependimento, cultivando a conversão do nosso coração. Mas, o jejum tem também uma conexão com minhas atitudes em relação aos meus irmãos. No livro do Profeta Isaías, o próprio Deus nos diz qual a verdadeira obra que ele espera de nós, o jejum que ele prefere. São sete obras pelas quais procuramos, em relação ao nosso próximo, o alívio do seu sofrimento, a libertação da opressão, a partilha do pão, do teto e da roupa com os mais sofridos.

Vamos guardar a mensagem

O jejum é uma forma de penitência, pela qual me uno ao padecimento de Cristo, em sua paixão. É também um gesto de amor fraterno, no sentido de que me faço solidário com quem está em dificuldade. Você pode jejuar em qualquer dia na Quaresma. O mínimo está previsto pela disciplina da Igreja: na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da paixão. A abstinência de carne às sextas-feiras da Quaresma também faz parte de nossa caminhada penitencial, nesse período. Além do alimento, a gente pode fazer jejum de televisão, de barzinho, de bebida alcoólica, de cigarro, de internet, de whatsapp. Renunciar, pra ficar mais resistente, pra ter mais força interior, para unir-se a Cristo em sua cruz e aos irmãos em suas necessidades.  
Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão (Mt 9, 15)

Vamos acolher a mensagem
Senhor nosso Deus,
Que te deixas comover pelos que se humilham e te reconcilias com os que reparam suas faltas, ouve como um pai as nossas súplicas. Derrama a graça da tua bênção sobre nós que estamos em Quaresma, desejosos de ouvir a palavra do teu filho Jesus, de ser fieis à vida de oração pessoal, e de praticar a penitência e a caridade, em preparação das celebrações da Santa Páscoa que se aproximam.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Vamos praticar a palavra
Bom, não temos pra onde correr. A prática da palavra de hoje é o jejum, jejuar. Se você passou batido(a) na quarta-feira de cinzas, tem uma outra proposta antes da semana santa. O Papa convocou todo mundo para um dia de oração e jejum pela paz no próximo dia 23 de fevereiro, de hoje a oito. E, hoje, como todas as sextas da quaresma, é dia de abstinência de carne. Você sabe, essas práticas externas têm valor se forem expressão de uma conversão do coração.

Pe. João Carlos Ribeiro - 15.02.2028

OS IDOSOS, TESTEMUNHAS DO SENHOR

MEDITAÇÃO PARA A SEXTA-FEIRA, 02 DE FEVEREIRO DE 2018.

Meus olhos viram a tua salvação (Lc 2, 30).
Hoje, celebramos a festa da apresentação do Senhor. Maria e José levam seu menino ao Templo. Lá, vão cumprir uma prescrição da lei de Moisés, o resgate do primogênito. Esse rito, pelo qual se consagrava a Deus o primeiro filho, estava ligado à saída do povo do Egito. Naquela noite da páscoa, Deus poupou os primogênitos de Israel da grande mortandade que se abateu sobre os filhos dos egípcios.
No Templo, Simeão, idoso, movido pelo Espírito, reconheceu nele a luz da salvação que chegara para toda a humanidade. Ele disse, na sua oração, que agora, sim, podia partir em paz... Também uma senhora idosa, Ana, octogenária, participou desse momento de júbilo.
O texto de Lucas dá detalhes sobre essa senhora, oferecendo sobre ela sete informações: era uma profetisa; se chamava Ana, filha de Fanuel da tribo de Aser; quando jovem tinha vivido casada por sete anos; estava viúva; tinha 84 anos; não saía do Templo, dia e noite; servindo a Deus com jejuns e orações. Então, era uma pessoa de Deus, idosa, viúva, de alguma forma ligada ao Templo.
Vamos examinar a informação sobre a sua idade. Tinha 84 anos. Divida essa idade por 2 e teremos 42+ 42. ‘Quarenta’ é o número de anos da peregrinação do povo no deserto até a entrada na terra prometida. Ana também está contemplando agora a terra prometida, como Moisés que a viu de longe e encheu-se de alegria. Com a chegada de Jesus, chegou a salvação para o seu povo, a hora da entrada na terra prometida. Simeão disse a Deus, em sua prece, que finalmente seus olhos estavam vendo a salvação. Vivera para isso. Ana não disse com as palavras. Disse com sua idade. Depois da longa peregrinação no deserto (quarenta anos vezes dois), está avistando a terra prometida.
Bom, esse foi o clima de fé que cercou a consagração do Menino Jesus no Templo. E esse clima de fé, de exultação com a obra de Deus, José e Maria levaram para casa. E é nesse ambiente de fé que Jesus cresce. Diz o texto: “O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava com ele”.
Vamos guardar a mensagem
José e Maria levam o menino Jesus para ser apresentado no Templo. É a consagração do primogênito, o resgate do primeiro filho que devia ser de Deus. Os pais de Jesus são judeus piedosos e, com esse rito, estão inserindo seu filho na história da salvação do seu povo. O clima dessa consagração é de fé e oração. Dois idosos reconhecem naquela criança o Messias prometido. Foi esse clima de fé que Jesus respirou na casa dos seus pais em Nazaré. Foi nesse ambiente que ele cresceu. No batismo, de certa forma, o casal cristão imita Maria e José, inserindo seu filho, sua filha na salvação em Cristo. Os padrinhos, os avós, os idosos da família ou da comunidade são testemunhas de Cristo que reforçam o ambiente cristão no qual cresce uma criança que foi batizada.
Meus olhos viram a tua salvação (Lc 2, 30).
Vamos acolher a mensagem
Senhor Jesus,
A tua consagração no Templo foi cercada pelo testemunho de pessoas de fé, como Simeão e Ana; pessoas idosas, sofridas, mas cheias da esperança de Deus. E nesse clima de fé e obediência a Deus, teus pais te viram crescer física e espiritualmente. É isso que nós queremos para as crianças de hoje: que, como tu, cresçam sadias e santas, cheias da graça de Deus. Senhor, abençoa os Simeões e Anas de hoje que são os avós e idosos de fé de nossas comunidades. Que eles, com a grande experiência que acumularam, saibam reconhecer os sinais de Deus nas novas gerações e passar para elas sua fé e a sua confiança em Deus.  Abençoa, também, Senhor, as irmãs e os irmãos da vida consagrada e seus institutos e congregações. Hoje, estamos celebrando o 22º dia mundial da vida consagrada, com o tema “Vocações que anunciam a alegria do evangelho e o amor de Deus”. Reforça-os, Senhor, com novas vocações para renovarem o rosto da Igreja e do mundo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a Palavra
Em sintonia com o evangelho que apresenta testemunhas de Jesus na sua apresentação e com o dia da vida consagrada, hoje, reze pelos consagrados (os irmãos e irmãs dos institutos, ordens e congregações religiosas) e cumprimente ao menos um deles pela data de hoje.

Pe. João Carlos Ribeiro – 30.12.2017

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