PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Maria
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MARIA, BARRA DA MANHÃ QUE ANUNCIA A LUZ DO SOL

Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus (Mt 1, 21)
08 de setembro de 2018.
Nesse trecho tão breve do Evangelho de Mateus, temos o drama tão maravilhoso e fundamental da história da nossa salvação. A iniciativa do Pai, a ação do Espírito que gera a vida, a colaboração de Maria e de José e a vinda e a atuação salvadora de Jesus.
O Pai enviou Jesus, por amor ao mundo, para nossa salvação. Diz o evangelho de São João: “Deus amou tanto o mundo que enviou o seu filho único”. O Espírito Santo é quem fecunda o seio virginal de Maria (“e ela concebeu do Espírito Santo”). Jesus aceitou a missão que o Pai lhe confiou. Como diz o Salmo: “Vim com prazer, ó Pai, para fazer a vossa vontade”. Então, a vinda de Jesus na carne é obra do Pai (que o enviou), dele próprio, o Filho (ao aceitar a missão confiada pelo Pai) e do Espírito Santo (que fecunda o ventre materno). Na encarnação, vemos a atuação das três pessoas da Trindade Santa.
Mas, na história de nossa salvação, o Deus onipotente quer contar também com a participação humana. Na vinda de Jesus, o Pai solicitou a participação de Maria e de José.
Contemplemos a colaboração de Maria e de José no plano do Pai. “Ela dará à luz um filho”, diz o anjo: essa é a colaboração de Maria. O Pai a escolheu e a preparou para essa sublime missão. “O Senhor está contigo”, disse-lhe o anjo. Deus, na sua misericórdia a elegeu, como ela o reconheceu no seu Magnificat. O Espírito Santo que gera vida a assiste nessa missão de trazer à vida humana o Filho, nela gera Jesus. José e Maria participam dessa missão E a participação de José está clara nessa palavra do anjo: “Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus”. Na comunidade judaica, o pai reconhece o filho ao lhe atribuir o nome. Isso quer dizer que José recebeu o menino como filho, assumiu responsabilidade de pai em relação à criança que Maria gerou. Os dois, José e Maria, cada um a seu modo, participam do projeto Salvador de Deus, de enviar ao mundo o Salvador. “Ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”.
Guardando a mensagem
Vemos, nessa breve passagem, a iniciativa do Pai, a obediência do Filho e a comunicação da vida pelo Espírito Santo. Com a colaboração de Maria e de José, Jesus vem a nós, como Salvador de nossa história humana. É maravilhoso e desconcertante que Deus precise de nós para levar adiante o seu projeto de salvação. Maria e José são, hoje, modelos de como podemos participar da obra de Deus, na fé, com generosidade, e em espírito de obediência. Generosamente, eles põem-se a serviço da causa de Deus, que é a salvação do seu povo.
Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus (Mt 1, 21)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Hoje, celebramos a Natividade de Nossa Senhora, isto é, o seu nascimento, uma festa que sublinha o caminho de preparação para tua vinda ao mundo. O Pai escolheu Maria para tua mãe e a preparou, separando-a do pecado, desde a sua concepção. Tu és o sol da justiça que nos veio visitar, como disse Zacarias. Ela é a barra da manhã que anuncia a chegada do sol. Senhor Jesus, teu pai adotivo José recebeu o encargo de te conferir o nome. O nome, na cultura do Oriente Médio, era a missão que a pessoa recebia, a sua identidade. Tu recebeste o nome de Jesus. O anjo explicou a razão desse nome: porque salvarias o povo dos seus pecados. Pela profecia de Isaías, também tinhas outro nome: Emanuel, Deus conosco. É pelo ventre de Maria e pelos braços de José que entraste em nossa humanidade, assumindo a nossa história, fazendo-te Emanuel. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Num dia mariano como este, uma dica é rezar o terço. Não tendo jeito, rezar pelo menos um mistério.
Sábado é dia dos mistérios gozosos: o anúncio do anjo à Maria, a visita à Izabel, o nascimento de Jesus em Belém, a apresentação no Templo, a perda e o encontro de Jesus adolescente no Templo.

Pe. João Carlos Ribeiro – 08.09.2018

GABRIEL EVANGELIZANDO NA CASA DE MARIA

O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo’ (Lc 1, 28)
22 de agosto de 2018.
A cena é muito conhecida. O anjo Gabriel foi enviado por Deus a Maria. Ele a saudou de uma forma surpreendente: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”.  E anunciou a Maria que ela seria mãe, mesmo sendo virgem. E deu um testemunho maravilhoso sobre Jesus. Maria ouviu tudo, confusa coitada, e pediu uma explicação. E ele a tranquilizou: ela engravidaria por obra do Espírito Santo. E ela, com humildade e generosidade, aceitou a missão que Deus lhe confiava.
A gente sempre fica olhando para Maria. Claro, ela é o centro da cena. Mas, hoje podemos prestar mais atenção ao anjo que foi falar com ela. Podemos  organizar a visita dele em sete passos: ele foi enviado por Deus; ele entrou onde Maria estava e a saudou; ele a tranquilizou e lhe deu a boa notícia da gravidez do filho de Deus; respondeu à dúvida dela sobre como engravidaria; avisou sobre Izabel que estava já no sexto mês de gestação; recebeu a resposta positiva da Virgem; e retirou-se. Uma comunicação perfeita, em sete passos. Um modelo para a evangelização.
Prestemos também atenção no que Gabriel disse sobre a criança que iria nascer. Sobre Jesus, o anjo Gabriel revelou coisas maravilhosas a Maria. Podemos reunir o que ele disse em sete pontos:  Ele será concebido e gerado por ela, que lhe dará o nome de Jesus; Ele será grande; Ele será filho do Altíssimo; Ele receberá de Deus o trono de Davi; Ele reinará para sempre; Ele será reconhecido como Santo; Ele será filho de Deus, concebido pelo Espírito Santo.  Sete verdades maravilhosas que o anjo revelou a Maria sobre Jesus.
Tudo o que Gabriel disse sobre Jesus podemos resumir da seguinte forma: esse menino é filho de Maria e filho de Deus. Ele é grande e santo, igual ao Senhor Deus. E ele está nascendo para reinar sobre o seu povo, como um novo Davi, e reinará para sempre.
Jesus, homem e Deus, será o líder do povo santo e de toda a humanidade. O apóstolo Paulo dirá que ele é o novo Adão, que tudo nele recomeça - o novo Adão em comunhão com Deus e com seus irmãos; um Adão vencedor do pecado; a criação, a obra de Deus, levada a bom termo. Nele, recomeça a humanidade, agora em comunhão com o Criador.
Guardando a mensagem
No dia de hoje, celebramos a festa de Nossa Senhora Rainha. A festa da realeza de Maria está em continuação com a festa da sua assunção ao céu. Sua realeza é estar unida a Jesus, filho de Davi, na sua adesão à vontade de Deus. Na meditação de hoje, ficamos atentos ao anjo Gabriel. Ele fez bem a sua tarefa. Ele veio da parte Deus, como mensageiro, com uma missão muito especial. Entrou com grande respeito na presença de Maria, saudando-a como cheia de graça, comunicou-lhe a boa notícia que trazia, tirou suas dúvidas, recebeu sua resposta e se foi. A evangelização deve sempre produzir uma resposta, um engajamento da pessoa. O anjo Gabriel revelou coisas muito especiais sobre Jesus: ele, o filho de Deus e de Maria, é o líder do povo santo e de toda a humanidade.  A evangelização nos leva à pessoa de Jesus. E nos pede uma resposta sobre esse encontro com o filho de Deus que muda a nossa vida.
O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo’ (Lc 1, 28)
Rezando a palavra
O anúncio do anjo a Maria é celebrado, em nossa tradição cristã católica, de maneira especial, com a oração do ÂNGELUS.

Guia: O Anjo do Senhor anunciou a Maria.
Todos: E Ela concebeu do Espírito Santo.
Guia: Eis aqui a serva do Senhor.
Todos: Faça-se em mim segundo a vossa palavra.
Guia: E o Verbo se fez carne.
Todos: E habitou entre nós.
Ave Maria…
Guia: Rogai por nós, Santa Mãe de Deus!
Todos: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Guia: Oremos. Derramai, ó Deus, a Vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela mensagem do anjo a encarnação do vosso Filho, cheguemos, por Sua Paixão e Cruz, à glória da Ressurreição. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
Vivendo a palavra
Maria ficou prestando atenção no que Gabriel disse. Maria não entendeu tudo, mas ficou guardando e meditando tudo aquilo no seu coração. Hoje, faça como Maria. Preste bem atenção nas palavras do Senhor e guarde-as no seu coração.
Pe. João Carlos Ribeiro – 22.08.2018

VITÓRIA – É DISSO QUE SE TRATA


Doravante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada (Lc 1, 48)

19 de agosto de 2018.

Um domingo especial, na liturgia da Igreja no Brasil: a solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Na celebração que presidi ontem à noite, em Caetés, no Município de Abreu e Lima, Grande Recife, estimulei toda a comunidade a repetir várias vezes as palavras que Paulo escreveu na Primeira Carta aos Coríntios: “Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo”. Nem precisei fazer muito esforço para o povo memorizar e proclamar com gosto essa palavra. “Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo”.

Vitória – é disso que se trata. São as vitórias, as conquistas, as bênçãos que vamos colhendo ao longo do caminho e a vitória total e definitiva que já avistamos, no término da caminhada. O canto de Maria, o Magnificat, está no coração da liturgia da palavra de hoje. Nele, nossa mãe canta as vitórias de Deus na sua vida e na vida do seu povo. “A minha alma engrandece o Senhor... porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada”. Nossa mãe está louvando a Deus pelo que ele fez na vida de sua serva. Mas, também o bendiz pelo que ele está fazendo na vida do seu povo: “Ele mostrou a força do seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos, elevou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias”. O Senhor Deus está realizando suas promessas: fazendo justiça aos humilhados, destronando os potentados. Vitórias de Deus em sua vida e na vida do seu povo.

O antigo povo de Deus nos deixou essa preciosa herança: saber celebrar a ação de Deus que continua livrando e conduzindo o seu povo para a liberdade e a paz. A páscoa celebrava a vitória sobre a escravidão no Egito e todas as vitórias do longo caminho do deserto e da posse da terra prometida. O nosso caminho está cheio de pequenas e grandes vitórias conquistadas pelas nossas mãos e, sobretudo, pela mão de Deus. Assim, de vitória em vitória, já vislumbramos a vitória definitiva e total no fim de nossa jornada.

O fracasso entrou no mundo com Adão. Com ele, entrou a morte. Mas, a vitória chegou por Jesus. Com ele, entrou a vida, a ressurreição dos mortos.  A vitória será total quando a morte for derrotada. Quando olhamos para o horizonte, para onde nós estamos peregrinando, já vemos um homem ressuscitado dos mortos, Jesus, o filho de Deus. Ele está sentado à direita do Pai. Ele é a garantia de que lá também chegaremos, vencedores também sobre a morte. E ao lado de Jesus, já vemos alguém que também já está em Deus, representando toda a humanidade redimida. O Prefácio da Missa de hoje fala dela nestes termos: “Aurora e esplendor da Igreja triunfante, consolo e esperança para o povo ainda em caminho”. É Maria que lá está ressuscitada também.

Guardando a mensagem

Celebramos a Assunção da Virgem Maria. A Igreja proclamou, em 1950, esse dogma que o povo cristão já tinha no coração: Maria ressuscitou e está com Deus. Foi o que o Papa Pio XII escreveu na proclamação do dogma:  “A imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.  Essa é uma bela conclusão da Palavra de Deus proclamada hoje. Jesus ressuscitou, como primícias, depois nós o seguiremos, ensinou Paulo com toda clareza. Na visão de  São João, no livro do Apocalipse, Jesus foi levado para o trono de Deus (representação da ressurreição) e sua mãe estava toda possuída pela glória divina, vestida de sol. O anjo a tinha saudado como “cheia da graça”. E Izabel antecipou essa declaração da Igreja reconhecendo a grandeza de Maria e saudando-a como Davi saudou a Arca da Aliança. E Maria mesma, na sua humildade, hoje nos recorda: “O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor”. Sim, estamos felizes, Jesus ressuscitou. Maria também já ressuscitou e foi levada para junto do seu filho. Nós também ressuscitaremos. Vamos todos estar com Deus. Essa é a grande vitória que estamos avistando.

Doravante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada (Lc 1, 48)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Hoje é um dia para cantarmos as vitórias de Deus em nossa vida. Em nosso caminho e na história do nosso povo, apesar dos problemas e das dificuldades, são muitas as conquistas e vitórias. E nós reconhecemos, Senhor, que elas não são apenas obras nossas, são especialmente obra de Deus, misericórdia do seu coração. As nossas vitórias se completam e se plenificam na tua grande vitória sobre o pecado, o mal e a morte. Ressuscitado, és garantia de que chegaremos lá. E temos ainda outro testemunho desta tua obra admirável em nossa vida. Tua mãe já está contigo na glória. Ela é “aurora e esplendor da Igreja triunfante, consolo e esperança para o teu povo ainda em caminho”. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Reze com Maria o seu canto, o Magnificat. O texto está na sua Bíblia: Lucas 1, 46-55.

Pe. João Carlos Ribeiro – 19.08.2018


A VIRGEM OBEDIENTE

Todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe (Mt 12, 50)
16 de julho de 2018.
Neste 16 de julho, dia dedicado a Nossa Senhora do Carmo, o evangelho nos fala da família de Jesus. A expressão “sua mãe e seus irmãos”, que ocorre quatro vezes no evangelho de hoje, é uma forma de falar da família. É uma referência à família de Jesus, uma vez ele que não tinha mais o pai. “Sua mãe  e seus irmãos”. São seus parentes próximos. Jesus, você sabe, não teve irmãos de sangue, mas se criou junto com primos de primeiro grau; e primos, na Bíblia, são chamados de irmãos.
O texto nos ajuda a perceber como foi a reação dos parentes próximos de Jesus, quando este assumiu seu ministério público, depois da morte de João Batista. Claro, eles tiveram dificuldade para compreender o comportamento de Jesus e para se integrar na grande comunidade de seguidores que estava se formando ao seu redor.   
A cena é simbólica. Jesus está falando ao povo. Um grupo de parentes chega e fica do lado de fora, não se integra. E manda um aviso que quer falar com ele. Jesus ensina que o verdadeiro laço de parentesco com ele é a obediência à vontade do Pai. É isso que o define: ser cumpridor da vontade de Deus. Assim, ele deixa claro que o lugar dos parentes é dentro da casa ou da comunidade, como discípulos, aprendendo o caminho do Reino. Eles estão do lado de fora. Então, a palavra de Jesus é um convite para eles se tornarem discípulos, para entrarem.
Maria foi elogiada no Evangelho por ser cumpridora fiel da vontade do Pai. Izabel a bendisse porque ela acreditou na Palavra do Senhor que lhe fora comunicada. A resposta que ela deu ao anjo Gabriel foi: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra". A vontade de Deus, na sua vida, estava acima de qualquer interesse ou projeto pessoal. Ela prontamente aceitou cumpri-la, mesmo que isso significasse enfrentar "uma espada de dor que transpassaria seu coração".
‘Aquele que fizer a vontade do meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, irmã e mãe’.  Foi o que Jesus disse. Maria é modelo para os seguidores de Jesus. Ela tornou-se sua mãe porque foi obediente à vontade do Pai. Quem faz como ela, colocando a vontade de Deus antes de tudo e de todos, esse é o verdadeiro parente de Jesus.   
Vamos guardar a mensagem
O que nos faz próximos de Jesus, seus parentes, é a obediência à vontade de Deus, mais do que qualquer laço sanguíneo. Parente de Jesus é aquele que cumpre a vontade de Deus, da qual ele é o primeiro cumpridor. O discípulo fiel imita Maria, sua mãe, a Virgem obediente. Maria sempre colocou a vontade de Deus acima de tudo e de todos. Jesus a apresenta como modelo para todo discípulo. A vontade de Deus é a lei que rege a vida daquele que crê.
Todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe (Mt 12, 50)
Vamos rezar a palavra
Senhor Jesus,
Tu és o modelo de obediência para todos nós. Rezamos contigo, no Pai Nosso: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. Tua mãe te trouxe ao mundo, num gesto de obediência à vontade de Deus. E foi sempre a serva do Senhor, empenhada na realização de sua vontade. Temos parentesco contigo e com tua mãe, na medida em que nos tornamos fiéis cumpridores da santa vontade do nosso Deus. Neste dia dedicado à Nossa Senhora do Carmo, concede-nos, Senhor, por sua intercessão, a conversão e a santidade de nossas famílias. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Neste dia dedicado a Nossa Senhora do Carmo, encontre um tempinho para rezar, em sua Bíblia, o canto de Maria (o Magnificat) em Lucas 1,46-55.

Pe. João Carlos Ribeiro – 16/07/2018

A MISERICÓRDIA DE DEUS E O SIM DE MARIA

Eis aqui a serva do Senhor (Lc 1,38)
09 de abril de 2018.
Primeiro, Maria  ficou assustada. De repente, o anjo com uma saudação estranha. “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”. O que está acontecendo? O que isso significa? ‘Não tenha medo, Maria. Deus está muito feliz com você. Você vai conceber e gerar o filho dele, o filho que vai herdar o trono de Davi’. Maria ainda estava assustada, mas já tinha uma resposta. Deus estava feliz com ela e comunicando-lhe uma grande missão.
Depois do susto, veio a dúvida. ‘Não é possível uma coisa dessas... eu nem casada sou. Como é que uma virgem pode ser mãe?’ E o anjo: ‘Para Deus não tem isso não, Maria, tudo é possível para ele. Quer um exemplo? Izabel. Estéril, idosa, agora está grávida de seis meses’. ‘Como Deus é grande, como ele é bom’, pensou Maria. Desvaneceu-se a dúvida. Ele é o todo-poderoso. Ele faz maravilhas.
Passado o susto, ela dialogou responsavelmente para ver o alcance do que lhe estava sendo comunicado. A dúvida foi esclarecida. Vem agora a entrega. “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Entrega-se ao cumprimento da vontade do Senhor manifestada na palavra do anjo. Realizará a vontade do Senhor, como serva. Entrega humilde, generosa, total.
É, Deus sempre nos surpreende. Manda-nos seus recados. Ele nos pega de surpresa. Suas propostas alteram profundamente a normalidade do nosso caminho, de nossa vida. Ele tem planos  diferentes dos nossos. Mas, não é uma ordem do dia, uma distribuição aleatória de tarefas que se dá a qualquer um. É, antes de tudo, uma escolha amorosa. É um voto de confiança de quem ama a quem ele cumulou de toda graça, de toda bênção. A escolha é antes de tudo um sinal distintivo do seu amor. “Não foram vocês que me escolheram, fui eu que escolhi vocês”, afirmou Jesus.
Vamos guardar a mensagem
O sim de Maria foi muito especial. Depois do susto, ela procurou saber o alcance daquele convite tão especial da parte de Deus. Convenceu-se de que ele pode tudo e que, com ele, ela poderia vencer qualquer obstáculo, começando por fazer fecunda a sua virgindade. Teve fé. Izabel fez-lhe um elogio por sua fé: “Bem-aventurada a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor se cumprirá”. A primeira reação à entrada surpreendente de Deus em nossa vida, integrando-nos ao seu projeto de salvação, é o susto, a surpresa. Depois vem a dúvida. E por fim, a resposta. Às vezes, ela não é como a de Maria, a de entrega generosa e humilde. Às vezes, é presunçosa e egoísta. É, muitas vezes, Deus tem recebido um “não”. ‘Não vou, porque já tenho o meu projeto, vou cuidar da minha vida ao meu modo’... Mas, hoje, dia da Anunciação do Senhor, não é dia de ‘não’, hoje é dia de ‘sim’, do ‘sim’ de Maria e do seu ‘sim’ generoso e fiel, meu irmão, meu irmã.
Eis aqui a serva do Senhor (Lc 1,38)
Vamos rezar a Palavra
Senhor Jesus,
Temos, hoje, duas razões para estarmos alegres, felizes e muito agradecidos. Claro, em primeiro lugar a solenidade da anunciação, com a qual festejamos a iniciativa misericordiosa do Pai de enviar-te em nossa natureza humana, a tua adesão obediente de Filho amoroso e o ‘sim’ de tua mãe Maria, cheia da graça do nosso Deus. A segunda razão de nossa alegria, hoje, Senhor, é a nova Exortação Apostólica do nosso Papa Francisco. Justo hoje, ele nos manda uma carta tão bonita, que se chama ‘Gaudete et Exsultate, sobre o chamado à Santidade no mundo contemporâneo. Sejas bendito, Senhor, por tantos estímulos ao nosso crescimento como teus discípulos e discípulas. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a Palavra
Hoje, segunda-feira, no Terço Mariano, contemplamos os mistérios gozosos. Se você não puder rezar o terço todo, hoje, reze pelo menos o primeiro mistério, onde se medita a Anunciação do Anjo à Maria.


Pe. João Carlos Ribeiro – 08.04.2018

MARIA E JUDAS NA CEIA DE BETÂNIA

A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo (Jo 12, 3)
26 de março de 2018.
Seis dias antes da Páscoa, Jesus hospeda-se na casa de Marta, Maria e Lázaro, seus amigos e discípulos. Prepararam um bom jantar para receber Jesus e o seu grupo. Muita gente curiosa apareceu por lá. É que esse Lázaro era aquele que Jesus tinha ressuscitado. Durante o jantar, aconteceu uma coisa muito curiosa.
Marta estava servindo. Lázaro estava à mesa com Jesus, com outras pessoas. Aí Maria veio com meio litro de perfume de nardo puro, muito caro e ungiu os pés de Jesus. A casa ficou cheia do perfume de Maria. Judas ficou incomodado. Ele calculou que aquilo estava custando umas 300 moedas de prata. Fez logo um aparte: era melhor ter vendido aquele perfume para ajudar os pobres. Conversa daquele dissimulado, ele estava de olho no dinheiro que o perfume poderia render.
Maria representa quem aprendeu a amar como Jesus. O perfume é coisa que fala de amor, de carinho. Lavar os pés do visitante era um gesto de serviço, trabalho de criados. O que ela fez foi um gesto de amor, de gratuidade, de serviço. Com certeza, ela empregou um bom dinheiro para comprar aquele perfume e o derramou sem pena nos pés do Mestre. Foi um gesto de gratuidade, de um amor generoso que não faz as contas de quanto está gastando, quanto está empenhando, quanto está colocando de si. Amor gratuito, como o de Jesus que estava para dar a própria vida, sem reserva, sem fazer contas. Dar a própria vida: ninguém tem maior amor.
Judas representa quem não é capaz de amar como Jesus; ou quem não quer acolher o amor de Jesus, assim tão generoso e gratuito como é. Por isso, ele reclama do desperdício de derramar aquele perfume todo ou mesmo o dinheiro que poderia ter sido economizado para ajudar os pobres. Judas não entendeu: não se trata apenas de ajudar os pobres. Trata-se de amar os pobres, sendo solidários com eles com a própria vida. Como Jesus, comprometendo a própria vida, numa atitude de serviço gratuito e generoso.
Vamos guardar a mensagem
Maria ungiu os pés de Jesus com um perfume super caro. Jesus disse que ela fez isso já antecipando o dia do seu sepultamento. É como se já estivesse preparando o corpo do Mestre para a sepultura.  Na proximidade da morte de Jesus, temos aqui duas visões, a de Maria e a de Judas. Pelo seu gesto, vê-se que Maria intui que, na morte, Jesus realiza radicalmente a entrega de si mesmo em favor dos outros. Ele é o ungido (é o que quer dizer Messias) para servir e dar a sua vida em favor da humanidade. Pela conversa interesseira de Judas, sua percepção é que Jesus é uma oportunidade para se ganhar dinheiro. Ficou de olho no valor de 300 moedas de prata. Vendeu Jesus, depois, por 30 moedas de prata. Maria mostrou sua compreensão de Jesus como servidor até o fim. Estava pronta para segui-lo até à cruz. Judas mostrou sua compreensão de Jesus como uma oportunidade de um bom negócio. Não tinha mesmo condição de seguir Jesus até à cruz.
A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo (Jo 12, 3).
Vamos rezar a Palavra
Senhor Jesus,
Tua discípula Maria, naquele jantar de Betânia, mostrou que aprendeu contigo, assimilou bem tua vida. O perfume do seu amor e de sua fidelidade encheu a casa toda, encantando a todos. Teu discípulo Judas Iscariotes, naquela mesma mesa, mostrou que não aprendeu as tuas lições, não assimilou teu estilo de vida. Ele revelou o sentimento mesquinho de quem está interessado mesmo é no seu próprio bolso e não está disposto a por-se a serviço dos outros. Ajuda-nos, Senhor, a participar dessa Semana Santa com o desejo sincero de realizar tua palavra e de imitar teu modo de ser filho de Deus e irmão nosso, pela amorosa doação de si mesmo.  Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a Palavra
Responda no seu diário espiritual. Maria ofereceu o perfume do seu amor e do seu serviço, com largueza e generosidade. Quanto você tem oferecido de si mesmo, dos seus recursos, do seu tempo para o serviço de Deus e dos meus irmãos?

Pe. Joao Carlos Ribeiro – 25.03.2018

PORQUE A IMACULADA ESTÁ PISANDO NA SERPENTE


MEDITAÇÃO PARA O DIA 
DA IMACULADA CONCEIÇÃO, O8 DE DEZEMBRO

Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1,  28)

Olha que cena bonita: uma mulher e um anjo. Um anjo de Deus vem falar com Maria. “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” Foi a saudação do anjo Gabriel. Ele a chamou de ‘cheia de graça’, cheia da graça de Deus, habitada completamente pela graça do Altíssimo. Não tinha lugar para o pecado nela. Estava cheia da graça de Deus. Esta passagem, de maneira especial, deu razão à percepção que tinham os cristãos desde o primeiro século do cristianismo de que Maria era uma criatura muito especial, de que Deus a tinha cumulado de bênçãos de maneira absolutamente inédita. O anjo de Deus disse que Deus estava com ela, estava ao lado dela, queria-lhe todo bem. Ele disse “O Senhor está contigo”. Ela, coitada, ficou toda confusa e preocupada, sem entender o que estava acontecendo.

Bom, congela essa imagem do anjo bom falando com Maria. E vamos evocar outra cena. Nessa segunda cena, também tem uma mulher e um anjo. Um anjo mal veio falar com a Eva. “É verdade que Deus proibiu vocês de comer os frutos das árvores do pomar?”. ‘Não’, Eva lhe disse. ‘Ele só não quer que a gente toque naquela árvore está no meio do jardim. É um fruto venenoso, mata a gente”. Você está entranhando... e não era a serpente? Tudo bem, e quem era a serpente? Claro, o anjo mal, o demônio. Podemos prosseguir?  Ele, o anjo mal, a serpente, disse a Eva: “Hum hum... vou dizer uma coisa a você. Deus sabe que se vocês comerem aquela fruta, vocês vão conhecer o bem e o mal. Vocês serão deuses, como ele”. E a mulher já começou a ver aquela fruta de outra forma... que fruta bonita e vai nos dar entendimento! Foi lá e comeu. E deu também a Adão, que também participou do mesmo sentimento de desconfiança sobre o Criador. O que vemos nessa cena? Vemos que a humanidade afastou-se de Deus. O pecado entrou no mundo. A mulher, representando a humanidade, disse ‘não’ a Deus.

Congela aí essa imagem de Eva e do anjo mal. Voltemos à cena do anjo bom falando com Maria. Ele está lhe dizendo que ela encontrou graça diante de Deus. Que ela não tenha medo. Que vai ficar grávida e ter um filho. Ele será o filho de Deus, a quem será dado o trono de Davi. Será o rei. Essa é a vontade de Deus que o anjo está comunicando a Maria. Ela fica preocupada. Nem é casada ainda, como pode ser isso? O anjo bom explica que o Espírito vai gerar no seu ventre o filho de Deus. Mesmo sem compreender tudo, Maria confirma que quer realizar a vontade de Deus, que tudo aconteça como ele mandou dizer. Maria diz “sim” a Deus. “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim, segundo a tua palavra”. O que vemos nessa cena? A mulher, representando a humanidade, disse ‘sim’ a Deus.

Congela aí a cena de Maria. Vamos voltar para o livro do Gênesis, capítulo 3. O Senhor Deus está frente a frente com Adão e Eva. Eles romperam a confiança e a amizade que tinham com Deus. O seu pecado os distanciou dele. Aquele ‘não’ destruiu aquela aproximação que havia com o Criador, desequilibrou tudo e trouxe muito sofrimento. O homem pôs a culpa na mulher. A mulher pôs a culpa na serpente. E Deus fez um anúncio para o futuro: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. O que vemos nessa cena? A promessa de Deus que um dia a humanidade venceria a serpente.

Nessa promessa de Deus, bem no começo da história, está a promessa da vinda do Salvador. Ele é a descendência da mulher que esmaga a cabeça da serpente, que vence o maligno, que tira o pecado do mundo. Jesus é o salvador. Na vitória de Cristo, a humanidade também venceu o pecado, esmagou a cabeça da serpente. A humanidade redimida venceu o maligno, embora este ainda continue tentando morder-lhe o calcanhar.

Vamos guardar a mensagem de hoje

Maria é a nova Eva. Eva representa a humanidade decaída pelo pecado. Maria representa a humanidade redimida do pecado. Eva disse ‘não’ a Deus. Maria disse ‘sim’ a Deus. No batismo, pelos merecimentos de Cristo, fomos lavados dos nossos pecados. Os merecimentos de Cristo, a redenção que ele nos alcançou na sua paixão, também foram aplicados à Maria. E foram aplicados antes que ela nascesse. Assim, ela já veio sem o pecado, já veio imaculada. Nessa condição, de cheia de graça, de não ter o pecado original nem nenhum pecado, é que ela foi a mãe do Redentor. Quem pisa a cabeça da serpente? A humanidade redimida por Cristo, da qual Maria é a primeira representante.

Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1,  28)

Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece

Senhor Jesus,
A Igreja repete, com muito amor, a saudação do anjo bom à tua santa mãe, acrescenta o louvor que lhe fez Izabel, arrematando a prece com o reconhecimento de sua maternidade divina. Vamos fazer isso agora também.

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

Vamos vivenciar a palavra que meditamos hoje

Se não puder rezar o terço hoje, recite pelo menos o pai nosso e 10 ave-marias. É uma maneira de meditar na Imaculada Conceição de Maria.

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.12.2017

AS QUATRO TESTEMUNHAS

Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena (Jo 19, 25).
Quatro pessoas aos  pés da cruz do Senhor. E estão de pé.  Sua mãe Maria; Maria de Cléofas, sua tia; Maria Madalena, a libertada da dominação do mal; e o jovem disiscípulo João, a quem Jesus recomendou que cuidasse de sua mãe. A primeira da lista, sua mãe Maria, é a discípula número um. A que chegou antes de todos, pois o gerou na fé, por obra do Espírito Santo. A segunda é sua tia, casada com Cleofas, mãe dos primos-irmãos de Jesus, uma representação da família de sangue de Jesus.  Maria Madalena representa todos os que Jesus libertou; e João representa o grupo dos apóstolos. Quatro pessoas aos pés da cruz do Senhor. E estão de pé.
Quatro, porque aos pés da cruz, estão todos os discípulos de todos os tempos. Quatro é o número da totalidade. Lá é o nosso lugar. Como Igreja, nascemos aos pés da cruz, da morte redentora de Jesus na cruz. Lá, o seu coração foi rasgado pela lança do soldado, banhando-nos com a água do batismo, fonte que nasce do Templo que é o próprio Senhor na sua entrega radical por nós. Lá, do seu coração rasgado pela lança do soldado, mana o alimento sagrado do seu sangue que nos comunica a sua vida, qual pelicano que alimenta os seus filhotes tirando de si mesmo.

E essa Igreja, nascida aos pés da cruz, está de pé. De pé, que é a posição dos que foram libertados da paralisia do pecado, como o cego de nascença. De pé, que é a posição dos que tomavam a ceia da páscoa, prontos para a partida, em êxodo da escravidão do Egito. De pé, que é a posição dos que estão em comunhão com o Senhor que morre de pé na cruz, ressuscitando em vitória sobre o pecado, o mal e a morte.
Quatro discípulos, de pé, aos pés da cruz do Senhor. São quatro testemunhas de sua morte redentora e do derramamento do seu Espírito. De pé, porque sairão em missão, testemunhando a história de um Pai que deu seu próprio filho para salvar o mundo que ele amava. Quatro, numa só unidade, como a túnica sem costura que os soldados não rasgaram. Quatro, a espalharem a boa nova aos quatro cantos, como suas vestes que foram divididas com os quatro soldados estrangeiros.
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UM SUSTO, UMA DÚVIDA E A RESPOSTA.

Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38)
Primeiro, Maria ficou assustada. De repente, o anjo com uma estranha saudação. “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”. O que está acontecendo? O que isso significa? Não tenha medo, Maria. Deus está muito feliz com você. Você vai conceber e gerar o filho dele, o filho que vai herdar o trono de Davi. Maria ainda estava assustada, mas já tinha uma resposta. Deus estava feliz com ela e estava lhe comunicando uma grande missão.
Depois do susto, veio a dúvida. “Não é possível uma coisa dessa... eu nem casada sou”. Como é que uma virgem pode ser mãe? E o anjo: “pra Deus não tem isso não, Maria, tudo é possível para ele. Quer um exemplo? Izabel. Estéril, idosa, agora está grávida de seis meses”. Como Deus é grande, como ele é bom, pensou Maria. Desvaneceu-se a dúvida. Ele é o Todo-poderoso. Ele faz maravilhas.
Passado o susto, ela dialogou responsavelmente para ver o alcance do que lhe estava sendo comunicado. A dúvida foi vencida. Vem agora a entrega, entrega humilde e generosa. “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Entrega-se ao cumprimento da vontade do Senhor manifesta na palavra do anjo. Realizará a vontade do Senhor como serva. Entrega humilde, generosa, total.
É. Deus sempre nos surpreende. Manda-nos seus recados. Pega-nos de surpresa. Suas propostas alteram profundamente a normalidade do nosso caminho, de nossa vida. São planos diferentes dos nossos. Mas, não é uma ordem do dia, uma distribuição aleatória de tarefas ou peso que se dá a qualquer um. É, antes de tudo, uma escolha amorosa. É um voto de confiança de quem ama a quem ele cumulou de toda graça, de toda bênção. A escolha é antes de tudo um sinal distintivo do seu amor. “Não foram vocês que me escolheram, fui eu que escolhi vocês”.
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O ‘sim’ de Maria foi responsável e generoso. Depois do susto, ela procurou saber o alcance daquele convite tão especial da parte de Deus. Convenceu-se de que ele pode tudo e que, com ele, ela poderia vencer qualquer obstáculo, começando por fazer fecunda a sua virgindade. Teve fé. Izabel fez-lhe um elogio por sua fé: “Bem-aventurada a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor se cumprirá”.  
A primeira reação à entrada surpreendente de Deus em nossa vida, integrando-nos no seu projeto de salvação, é a surpresa. Depois vem a dúvida. E por fim, a resposta. Às vezes ela não é como a de Maria, a de entrega generosa e humilde. Às vezes, é presunçosa e egoísta. É, muitas vezes, Deus tem recebido um “não”. Não vou, porque já tenho o meu projeto, vou cuidar da minha vida a meu modo... Mas hoje não é dia de “não”, hoje é dia de “sim”, do “sim” de Maria e do “sim” generoso e humilde de muitos como ela.

É PRA LÁ QUE EU VOU

O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor (Lc 1, 49)

O domingo é o dia do Senhor. O dia da celebração da ressurreição de Jesus. A dele e a nossa também. São Paulo escreveu aos Coríntios (1 Cor 15), sublinhando essa grande verdade: Jesus morreu e ressuscitou. Esse é o núcleo do anúncio cristão. Para os Coríntios, gente de cultura grega, era difícil acreditar na ressurreição. Mas, Paulo insiste em sua catequese: “Por um só homem veio a morte, é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos”. Quem é esse homem pelo qual entrou a morte no mundo? Adão. O seu pecado trouxe a morte. Tem até aquela história da serpente e da mulher que foi enganada por ela, no paraíso. E quem é esse outro homem, pelo qual entrou a ressurreição dos mortos, a vida? Jesus Cristo. Ele ressuscitou e nós todos ressuscitaremos. Olha Paulo explicando: “Primeiro, Jesus, como primícias (que dizer primeiros frutos da colheita); depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião de sua vinda (nós,  é claro)”. Hoje, há muita gente precisando receber essa catequese de Paulo: Cristo morreu e ressuscitou. Ele ressuscitou primeiro. Quando ele voltar, também nós vamos ressuscitar. Hoje é domingo, dia de celebrar a ressurreição de Jesus e a nossa.

O apóstolo João teve uma visão.  Ele viu uma cena espetacular no céu. Ele viu a antiga serpente, aquela lá do tempo de Adão.  E estava tão grande, tão monstruosa, que tinha virado um dragão terrível. E ele viu uma mulher grávida de nove meses, envolvida pelo sol. E o dragão estava só esperando o filho nascer para devorá-lo. Quando o menino nasceu, Deus o levou para junto do seu trono. E a mulher fugiu para o deserto. Quem era esse menino?  Olha o que São João explicou: “A mulher deu a luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro”. Quem é esse filho? Claro, é Jesus, o filho de Deus e de Maria. E quem é essa mulher? Claro, é Maria. Maria, que também está representando a própria Igreja que gera na história a presença de Jesus; e representando ainda o povo de Israel, que foi o povo que, por meio dela, trouxe Jesus ao mundo. Prova disso é a coroa de doze estrelas que ela tinha na cabeça: as doze tribos de Israel e os doze apóstolos.  Agora, essa mulher nessa visão, além de coroada,  estava vestida de sol e protegida pela lua debaixo dos pés. Sabe o que isso representa? Ela estava envolvida pela glória de Deus. Essa roupa feita do sol diz quanto essa mulher está aproximada da glória de Deus. E o que aconteceu com o filho? Foi arrebatado. Esse ‘ser levado para junto de Deus’ é uma representação da sua ressurreição. Jesus ressuscitado está na glória de Deus.

Depois que o anjo anunciou a Maria, que ela seria mãe do filho de Deus, sabendo da situação de sua prima Izabel, ela viajou para as montanhas, para a casa de Izabel. Foi lá que Izabel, cheia do Espírito Santo, fez dois elogios maravilhosos a Maria: bendita por ser a mãe do Salvador e bendita por acreditar nas palavras de Deus. Agora, Izabel disse outra coisa que a gente não pode deixar passar despercebido hoje: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar?”. Essas foram as palavras de Davi quando trouxeram a arca da aliança para sua casa. Maria é a nova arca da aliança. Izabel intuiu, assistida pelo Espírito Santo, a grandeza de Maria, a mãe do seu Senhor. E Maria cantou agradecida a obra de Deus em sua vida e na história do seu povo: “O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor”.

Hoje, celebramos  a Assunção da Virgem Maria. A Igreja proclamou, em 1950, esse dogma que o povo cristão já tinha no coração: Maria ressuscitou e está com Deus. Foi o que o Papa Pio XII escreveu na proclamação do dogma:  “A imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.  Essa é uma bela conclusão da Palavra de Deus proclamada hoje. Jesus ressuscitou, como primícias, depois nós o seguiremos, ensinou Paulo com toda clareza. Na visão de  São João, Jesus foi levado para o trono de Deus (representação da ressurreição) e sua mãe estava toda possuída pela glória divina, vestida de sol. O anjo a tinha saudado como “cheia da graça”. E Izabel antecipou essa declaração da Igreja reconhecendo a grandeza de Maria e saudando-a como Davi saudou a Arca da Aliança. E Maria mesma, na sua humildade, hoje nos recorda: “O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor”. É, estamos felizes, Jesus ressuscitou. Maria também já ressuscitou e foi levada para junto do seu filho. Nós também ressuscitaremos. Vamos todos estar com Deus. É pra lá que eu vou.

O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor (Lc 1, 49)

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