PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Lc 9
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UMA IGREJA MISSIONÁRIA

Não levem nada para o caminho (Lc 9,3)


25 de setembro de 2019.


“Jesus convocou os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças, e os enviou a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos”.



O envio dos doze apóstolos é uma página missionária da Igreja. Os doze representam a nossa comunidade, comunidade que nasceu do trabalho missionário de Jesus. Essa referência aos doze mostra uma comunidade organizada, em continuidade com o povo do Antigo Testamento. A missão é de todo o povo de Deus, com seus líderes à frente. E o envio dos doze é para que anunciem o Reino de Deus. O Reino é o reinado de Deus em nossas vidas e em nosso mundo. O reinado de Deus supera e vence o reinado do mal, por isso os missionários recebem poder sobre o demônio e sobre a doença. A doença é a cara do sofrimento que o mal e a morte espalham.




O Reino é um dom, é a libertação da dominação do mal e da morte, para estarmos como filhos e filhas na comunhão com o Senhor nosso Deus. Não é o resultado de uma estratégia bem montada pelos missionários. Eles são simples instrumentos. É obra de Deus. Aliás, o Reino é de Deus e o que os enviados conseguem realizar é pela sua força, pelo seu poder. Por isso a recomendação: ‘Não levem nada para o caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas’. 


Cajado é um sinal de defesa e segurança. Renunciem a isso. Sacola representa a confiança nos bens, nos instrumentos. O Reino não é uma estratégia. É um dom. Também não devem levar pão, que é o símbolo da sobrevivência. É preciso antes confiar na Providência. Nem levar dinheiro. É a renúncia à segurança financeira. Nem duas túnicas, duas mudas de roupa. A proteção necessária é a de Deus. Tudo isso é simbólico, para dizer: o missionário deve por sua confiança em Deus.

O evangelho de hoje, que começou com o envio dos doze e seguiu com as recomendações feitas por Jesus, termina dizendo que eles foram, anunciaram o Reino e curaram os enfermos. O envio não é apenas uma ordem de Jesus, é uma experiência concreta que os enviados vêm fazendo, desde o início. É um caminho que muitos já percorreram, em obediência ao mandato do Senhor e às suas recomendações.

Guardando a mensagem

A missão é de todos. E a missão é comunicar que o Reino de Deus chegou com Jesus. É sugerir às pessoas que abram o seu coração, abram as portas de suas vidas para acolhê-lo. O Reino de Deus ou o seu reinado é a vitória sobre o mal no mundo e o pecado, gerando uma família de filhos livres e amados. O Reino não é o resultado de uma intensa propaganda de massa. É um segredo facilmente compreensível pelos simples e humildes. E não se implanta pela força ou pelo prestígio de alguém. Não somos um exército impondo uma nova lei. O Reino supõe a liberdade. Se não abrirem as portas, o Reino não entra. Não é uma invasão. A gente só bate à porta, não a arromba. Por isso, o missionário precisa se despojar de qualquer segurança humana.

Não levem nada para o caminho (Lc 9,3)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Demoramos a compreender que estamos sendo enviados em missão, que somos responsáveis pelo anúncio do Reino de Deus em nossa casa, no lugar onde trabalhamos, em nossos ambientes de convivência, em todos os setores da sociedade. Proclamar o Reino é testemunhar que fomos alcançados pelo amor de Deus, amor gratuito e misericordioso que se manifestou em ti, Senhor Jesus. Não é um produto destinado a ser um sucesso de vendas. É uma boa notícia que muda a nossa vida, e dela, somos apenas portadores e testemunhas. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, escreva uma breve oração ao Senhor Jesus. Ele está contando com você como missionário, como missionária do Reino. Diga a ele como você se sente.

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB – 25 de setembro de 2019.

A HISTÓRIA DA NUVEM


Pedro estava ainda falando, quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra (Lc 9, 34) 

06 de agosto de 2019 - Dia da Transfiguração do Senhor

Uma vez, eu fui fazer um show numa diocese de Minas Gerais, Guanhães. Era a festa da dedicação da Catedral de São Miguel, no jubileu de prata da Diocese. O show foi ao entardecer daquele dia e teve a presença de caravanas de várias paróquias da Diocese. Era um dia de festa, a dedicação da Catedral, uma celebração pela qual o Bispo Diocesano consagra o Templo para o culto divino, ungindo as paredes e consagrando o altar. Depois de ter ungido o altar de pedra com óleo, em meio a orações e cantos, colocaram uma espécie de braseiro de ferro em cima do altar, com brasas acesas. E o bispo foi colocando incenso e mais incenso e mais incenso. Aos poucos, a fumaça perfumada do incenso tomou o altar, o presbitério e foi se espalhando. A Igreja toda foi ficando uma nuvem só. E os cantos continuaram por um bom tempo. Quando a nuvem de fumaça começou a se diluir, os ritos da Missa continuaram.

À noite, eu fui jantar na casa do bispo e quis saber direitinho porque aquela nuvem de fumaça tomando a Igreja toda. O bispo, me parece que era Dom Emanuel, me lembrou textos do Antigo Testamento. No tempo do Rei Salomão, quando levaram a Arca da Aliança para o Templo de Jerusalém, o Templo foi tomado por uma nuvem que ocupou tudo. Está em Êxodo 24. Era a glória de Deus que habitava aquela casa, doravante morada de Deus. Foi também assim, no tempo da travessia do deserto, a nuvem tomando a Tenda da Reunião. A nuvem, me explicou o bispo, é o sinal da presença de Deus, manifestação de sua glória.

Num episódio mais antigo – Êxodo 13 – quando o povo acampou aos pés do Monte Sinai, a glória de Deus se manifestou naquele monte, numa nuvem que o envolveu durante vários dias. Moisés subiu o monte, entrando pela nuvem, para receber a Lei do Senhor Deus. A nuvem é, então, uma representação da da presença gloriosa de Deus.

Estou lembrando essa história porque hoje estamos celebrando a festa da Transfiguração do Senhor. Jesus subiu ao monte, para rezar. E foram três discípulos com ele: Pedro, Tiago e João. Em oração, as feições de Jesus se iluminaram, suas vestes ficaram muito brancas e brilhantes. E apareceram, conversando com ele, dois personagens do Antigo Testamento, Moisés e Elias. Os discípulos estavam sonolentos e acabaram dormindo. Ao despertar, viram aquela beleza toda. Pedro teve uma ideia: fazer três tendas para Jesus e seus dois amigos, para ficarem por ali mesmo, no alto da montanha. Foi chegando uma nuvem e eles terminaram dentro dela, cheios de medo. Ouviu-se, então, uma voz: “Este é o meu filho, o escolhido. Escutem o que ele diz”. Nisso, Jesus ficou só. 

A nuvem é um sinal bíblico da presença gloriosa de Deus, como no monte Sinai ou no Templo de Jerusalém. A nuvem os cobriu. Eles ouvem a voz de Deus, apresentando o seu filho, o Messias; e recomendando que o escutassem. Numa palavra, os discípulos, no monte, em oração com Jesus, o reconhecem em sua glória: as Escrituras Sagradas, representadas por Moisés e Elias, explicam o sentido de sua vida, de sua paixão e anunciam a sua vitória; o próprio Deus o revela como Filho e Messias. A eles, cabe agora escutá-lo, crer nele, segui-lo.

Essa experiência da Transfiguração é uma experiência mística de encontro com Deus, de mergulho na sua glória. Os três discípulos precisavam desse momento, dessa experiência, pois iriam enfrentar tempos muito difíceis, os dias da paixão de Jesus. O monte da transfiguração é, em certo sentido, a oração, quando tocamos de perto a grandeza, a beleza e a glória de Deus.

Guardando a mensagem

Nós também vivemos dias difíceis, de crises e turbulências na família, na comunidade, no país. Muitas coisas põem em crise nossa vida de fé: doença, desemprego, descrença, ateísmo. Como os primeiros discípulos, precisamos de um momento de reanimação, de afervoramento, de resgate de nossa alegria de pertencer a Deus e ser seguidores de Jesus de Nazaré. Precisamos subir o monte da oração, da celebração litúrgica, ser envolvidos pelas nuvem, onde – mesmo por alguns instantes – vislumbramos a glória de Deus que se manifesta no seu filho e nos confirma no seu caminho.

Pedro estava ainda falando, quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra (Lc 9, 34) 

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
No meio de suas dificuldades, os três discípulos tocaram de perto o mistério de tua glória, experimentaram um pedacinho de céu. Aquela experiência, vivida na oração, serviria para animá-los e confirmá-los no caminho do teu seguimento, carregando também a sua cruz. Senhor, certamente esse é também o sentido de nossas celebrações. No meio de tantos problemas, respirarmos o ar da esperança, tocarmos a glória de Deus que é a realidade última e definitiva. E, assim, descermos a montanha, como testemunhas de que o caminho dos humildes, dos justos, dos perseguidos é um caminho de vitória; que Deus não nos abandona; que tu, Senhor Jesus, caminhas à nossa frente; que a paixão abre caminho para a ressurreição, a vida plena, a felicidade completa, obra tua, ó Redentor. Nosso encontro semanal contigo, Senhor Jesus Ressuscitado, na Santa Eucaristia, é o nosso Tabor, o monte da transfiguração. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Todo dia, a gente toca de perto a perplexidade das pessoas diante da situação do país e do mundo. Hoje, não engrosse a lamentação. Não espalhe má notícia. Não diga que está sem jeito. Hoje, acenda a luz da esperança, da fé em Jesus Cristo Ressuscitado. Ele é a razão de nossa esperança.


Pe. João Carlos Ribeiro – 06 de agosto de 2019.

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