PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Lc 12
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QUANDO COMUNICAÇÃO VIRA APAGÃO

Quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado (Lc 12, 11) 

19 de outubro de 2019

Pecar contra Jesus, o Filho, tem perdão. Mas, pecar contra o Espírito Santo não tem perdão. Foi o que Jesus disse. Como entender isso? 

Jesus nos salvou por sua morte e ressurreição. Mas, a sua salvação nos chega por meio do Espírito Santo. No batismo, ele, o Santo Espírito, nos comunica o dom da filiação divina. Somos filhos, porque estamos habitados pelo Espírito Santo, que é Deus em nós. Mas, ele não é o Pai, nem o Filho. É uma terceira pessoa, com sua própria missão. 

É o Espírito Santo que atua em nós, nos permitindo estar em comunicação com o Pai. É o Espírito Santo quem atualiza a palavra de Jesus. É ele quem, pela oração de consagração, torna presente o Senhor Jesus no sacramento do pão e do vinho. É ele quem atua nos outros sacramentos, santificando a nossa vida: nos lavando do pecado no batismo, nos perdoando os pecados na confissão, abençoando o amor conjugal no matrimônio, conferindo alívio e cura ao doente na unção dos enfermos, consagrando os ministros para o serviço sacerdotal. Em tudo isso, age decisivamente o Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo Filho. 

Sempre rezamos ao Pai, por meio do Filho, no Santo Espírito. Não há oração sem o Espírito Santo. É ele quem ora em nós, com gemidos inexprimíveis, como São Paulo falou. O Filho, por sua morte e ressurreição, nos reconciliou com Deus, nos pôs na comunhão com o Pai. Nossa comunhão com o Pai é por meio do Filho, no Espírito Santo. 

Pecar contra o Espírito Santo é fechar nossa comunicação com o Pai. Apagar em nós o fogo do Espírito é extinguir a relação de filhos com o Pai. Não somos filhos, se não tivermos em nós o Espírito do Pai e do Filho. Sem o Espírito, não entendemos Jesus e não podemos ser seus discípulos. 

Na mensagem para o Dia Mundial das Missões, que vamos celebrar amanhã, o papa Francisco escreveu: “A nossa missão radica-se na paternidade de Deus e na maternidade da Igreja, porque é inerente ao Batismo o envio expresso por Jesus no mandato pascal: como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós, cheios do Espírito Santo para a reconciliação do mundo”. Jesus nos mandou em missão. Mas, sem o Espírito Santo, não a compreendemos, nem temos condições de realiza-la. O Espírito Santo é quem nos anima na missão. E a missão é a evangelização do mundo.

Guardando a mensagem 

Como discípulos de Jesus, cultivamos a docilidade ao Santo Espírito. Ele é o divino amigo em nós, nos movendo interiormente para o bem, para a verdade, para a justiça, para o amor. Infelizmente, podemos nos fechar a isso. No uso da liberdade que o Senhor nos deu e respeita, podemos bloquear essa ação estimuladora do Santo Espírito. Como escreveu o apóstolo Paulo, podemos “extinguir” o Espírito em nós. Apagando essa luz, ficamos à mercê dos nossos instintos e da influência do mal que nos rodeia. Ficamos na escuridão.

Quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado (Lc 12, 11) 

Rezando a palavra 

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai, Senhor, o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. 

Oremos: Ó Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis, com as luzes do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação.

Por Cristo Nosso Senhor. Amém

Vivendo a palavra

Nessa terceira música do meu novo trabalho musical, canto sobre a ação do Espírito Santo que nos comunica a dignidade de filhos de Deus e reza em nós com gemidos inexprimíveis. Ouça-a, então, em espírito de oração. 

Pe. João Carlos Ribeiro – 19 de outubro de 2019.

AS TRÊS GERAÇÕES DE PEREGRINOS



A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido! (Lc 12, 48)

11 de agosto de 2019 – 19º Domingo do Tempo Comum, Dia dos Pais


Neste 19º Domingo do Tempo Comum, estamos também celebrando o dia dos pais. Esta é uma data em que manifestamos reconhecimento e gratidão aos nossos pais. Você ainda tem o seu pai vivo? Ah, o seu pai já é falecido!? O meu também já está com Deus. Aos pais vivos, nossas felicitações. Pelos que já partiram, nossas preces de intercessão em seu favor. Celebrando o dia dos pais, nos damos conta que o tempo vai passando, as gerações vão se sucedendo. Olhando pra trás, dá para identificar a geração dos nossos avós, a geração dos nossos pais e a nossa geração. Somos todos peregrinos, estamos de passagem.

Esta percepção de peregrinação na história, com certeza, pode nos ajudar a compreender a palavra de Deus proclamada neste domingo. A nossa história de fé começa com Abraão, passa pelo povo hebreu no Egito, se consolida na comunidade de discípulos de Jesus. É como se fossem as três gerações que percebemos em nossa família: a dos nossos avós (a de Abraão), a dos nossos pais (o povo hebreu) e a nossa geração (a dos discípulos de Jesus). Somos peregrinos na história, andamos buscando a realização de sonhos e promessas. 


Abraão representa a geração dos nossos avós. Ele tinha um sonho, uma promessa de Deus. Deixou a sua segurança e partiu em busca da promessa de uma terra abençoada e de uma descendência numerosa. Deus lhe fez uma promessa: uma TERRA, uma DESCENDÊNCIA. Abraão virou peregrino pelo meio do mundo, em busca da promessa de Deus. A carta aos Hebreus elogiou o patriarca: “Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia” (Hbr 11). Começamos assim, como peregrinos, como estrangeiros, buscando a terra da promessa. Começamos com Abraão. Qual foi a grande lição da geração de Abraão? A FÉ. A fé o sustentou nas dificuldades, na incerteza do futuro, em todas as provações. A FÉ. Continuamos sendo peregrinos. Sem a fé, nos instalamos, pondo a nossa confiança nas coisas desse mundo. Sem a fé, estacionamos, não caminhamos no rumo de Deus. 

O povo hebreu pode representar bem a geração dos nossos pais. Os hebreus foram escravizados no Egito do Faraó. Mas, eles não se conformaram com a escravidão. Clamaram a Deus e o Senhor os escutou. E prometeu-lhes o grande dom: a LIBERDADE. Precisavam sair, emigrar daquela situação, por-se a caminho. Foi marcada a grande noite da intervenção de Deus, a da morte dos primogênitos. As famílias dos hebreus prepararam-se para a partida. É o que lemos no Livro da Sabedoria: “A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos” (Sb 18). Intrépidos é valentes, corajosos, que não têm medo. Foi assim que eles celebraram a páscoa e partiram do Egito, em busca da liberdade. O Livro da Sabedoria sublinha o compromisso de solidariedade deles: “os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos”. Uma marca importante desta geração: a SOLIDARIEDADE. Solidariedade para enfrentarem juntos, caminharemos juntos, apoiando-se mutuamente na busca da LIBERDADE. 

A terceira geração de nossa família de fé que hoje contemplamos é a dos discípulos de Jesus. Ela pode representar a nossa geração. A eles, o Senhor prometeu o REINO. É o que lemos no evangelho de Lucas: “Não tenhas medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-te o Reino” (Lc 12). O Reino é o dom de Deus aos discípulos de Jesus, o pequenino rebanho dos que o acolheram. É a grande meta da jornada: o Reino de Deus, um povo obediente e fiel iluminando o mundo com a luz de Cristo. O Reino será pleno na manifestação definitiva de Jesus, na sua volta. A marcha continua, somos peregrinos neste mundo. Para nos mantermos no caminho certo, explicou Jesus de muitos modos, precisamos da VIGILÂNCIA. Está no evangelho de Lucas: “Que os seus rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12). É como no tempo do Egito, na noite da páscoa, prontos para a partida. Acordados, despertos, em serviço. Prontos para rechaçar o ladrão que ronda, de noite. Prontos para abrir a porta para o Senhor que volta, em hora não marcada. 

Guardando a mensagem 


Em nossa peregrinação neste mundo, hoje nos lembramos das gerações passadas que nos deixaram em herança tantos ensinamentos e conquistas. Olhando para a história de nossa família de fé, nos damos conta de três gerações marcantes: a de Abraão em busca da Terra da Promessa, a dos Hebreus buscando a Liberdade, a dos discípulos de Jesus buscando o Reino. Nessa caminhada, precisamos de FÉ, de SOLIDARIEDADE e de VIGILÂNCIA para continuarmos com fidelidade nossa jornada. Aqui, somos estrangeiros, peregrinos para a Casa do Pai.

A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido! (Lc 12, 48)

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 

Com este domingo do Dia dos Pais, estamos começando a Semana Nacional da Família. Abençoa os nossos pais, os vivos e os falecidos. Dá-nos a todos a sabedoria de nos percebemos peregrinos, nas gerações que vão se sucedendo. Cada geração completa um trecho da estrada, deixando sua contribuição em herança para quem vem atrás. Mas, todos viajamos na mesma direção, como peregrinos, para a mesma meta, Deus, o seu Reino, o mundo transfigurado no seu amor. Dá-nos, Senhor, caminhar fortalecidos pela FÉ, pela SOLIDARIEDADE e pela VIGILÂNCIA. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Hoje, claro, reze pelo seu pai. Faça um esforço para recordar o que ele deixou ou está deixando de significativo pra você, na caminhada de sua geração. E agradeça a Deus por ou por quem fez ou faz o papel dele em sua vida. 

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB – 11 de agosto de 2019.

FELICIDADE NÃO É TER MUITA COISA


Mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens (Lc 12, 15) 



04 de agosto de 2019 – 18º Domingo do Tempo Comum, Dia do Padre.

Há um risco muito sério em nossa vida: concentra
r todas as nossas energias em conseguir coisas, bens, o sustento de casa, o conforto da família. Está certo, realmente, precisamos providenciar nossa sobrevivência, para viver com dignidade. Mas, a vida é mais do que isso, não é verdade? Há quem faça disso o único objetivo de sua vida. Alguns se sacrificam dia e noite para manter e aumentar os seus bens. E não vêem mais nada, nem as pessoas de sua família, só as coisas, o dinheiro. Para estes, os bens deste mundo vão se tornando o seu deus, o seu dono. 


As leituras deste Domingo nos fazem alguns alertas. Cuidado com essa vaidade de viver para ter coisas. É o que está no livro do Eclesiastes. A felicidade não está em ter muitos bens, nos diz Jesus no Evangelho. Não deixem o seu coração ficar preso nas coisas daqui de baixo, nos aconselha Paulo em sua carta. Senhor, dá-nos sabedoria para sabermos viver bem, reza o Salmo de hoje. 

A ganância se manifesta em muitas ocasiões. No evangelho de hoje, é a briga pela herança. Quanto aparece uma herança, se acaba qualquer vínculo de amizade, de respeito, de fraternidade. O ganancioso, parente ou não, quer açambarcar o mais que puder ou tudo, se possível. O dinheiro fala muito alto e o interesse pelos bens materiais pode dominar a pessoa. O ganancioso é um monstro, capaz de mentir, de prejudicar os outros, de manipular todo tipo de argumento para passar por cima do direito dos outros, em benefício próprio. 

No caso de uma disputa por herança, é claro que é importante se procurar a partilha justa dos bens. Se de verdade, alguém se sentir prejudicado, tem direito de defender e requerer os seus direitos, com os instrumentos do diálogo e, se necessário, da justiça. Mas, mesmo numa disputa por herança, a gente tem que se comportar como cristão. Cristão age, antes de tudo, movido pelo amor a Deus e aos irmãos; não age movido pelo dinheiro, seduzido pelos bens desta terra. Cristão não é um ganancioso, não faz do dinheiro um deus na sua vida. 

Mas não é só nas disputas por herança que a ganância se manifesta. O ganancioso nunca fica satisfeito com o que tem. Está sempre correndo para ter mais. O pecado da avareza se manifesta em manter o pensamento fixo em ter coisas, subir na vida de qualquer forma, passar os outros para trás e não repartir nada com ninguém: não repartir oportunidade, nem projetos, nem recursos financeiros; não compartilhar nada com ninguém. Nessa situação, o avarento não é transparente e não se sensibiliza pela situação e pelo sofrimento dos outros. 

Jesus ensinou: “Mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. Para ilustrar, Jesus contou a história de um homem rico. Depois que ele superlotou seus novos e maiores celeiros de trigo, foi dormir planejando usufruir de toda a sua riqueza e morreu naquela mesma noite. Juntar tesouros para si mesmo é loucura, arrematou Jesus. 

A vida da gente não pode ser apenas essa correria para se conseguir as coisas. Esse não é o objetivo de nossa vida. O Livro bíblico do Eclesiastes vê nisso uma grande vaidade, coisa sem futuro. E pergunta: “Que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o desgastam debaixo do sol? Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é vaidade”. (Ecl 1). 

Na carta aos Colossenses, São Paulo nos dá um conselho precioso: “Se vocês ressuscitaram com Cristo, esforcem-se por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirem às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl 3). 

Guardando a mensagem 

A palavra de Jesus hoje é para a gente ter cuidado com qualquer tipo de ganância. A felicidade não está em se ter coisas ou ter muitos bens. Precisamos lutar com responsabilidade pelo pão de cada dia, procurando poupar também para o futuro, mas sem por nossa esperança no dinheiro, sem fazer das coisas um novo deus. Como reza o salmo 89: “Ensina-nos a contar os nossos dias e dá sabedoria ao nosso coração”. Ao morrer, não se leva nada, a não ser as boas obras que fizemos, a caridade que praticamos, o amor que devotamos a Deus e aos irmãos. 

Mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens (Lc 12, 15) 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 

Tua palavra nos tem ensinado que não devemos por a nossa confiança nos bens desta terra, pois nossa vida aqui é uma passagem. Tu nos ensinas a buscar os bens que não passam, a viver com os olhos fixos nos bens eternos que já possuímos na esperança. No trato com os bens desta terra, nos ensinas a ser honestos, trabalhadores e solidários, fugindo de tudo que possa parecer avareza, egoísmo e ganância. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 

Sendo hoje o Dia do Padre, não deixe de cumprimentar o padre de sua comunidade ou um padre amigo seu. E, claro, reze por ele. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb – 04 de agosto de 2019.

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