PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Lc 11
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REINO DIVIDIDO

   

Todo reino dividido contra si mesmo será destruído (Lc 11, 17).
09 de outubro de 2020.
Jesus está realizando a sua missão. Qual é a missão de Jesus? Anunciar o Reino de Deus entre nós, aproximar as pessoas de Deus, refazer a aliança de Deus como o seu povo, salvar a humanidade que se separou do Criador pelo pecado. Esses são modos como tentamos explicar a missão de Jesus. Nós o vemos no seu trabalho redentor: anunciando o amor de Deus, convidando as pessoas à conversão, perdoando os pecadores, libertando pessoas da dominação do mal.
Que os demônios se opusessem a Jesus, isso a gente entende. Que os grupos privilegiados de Jerusalém o odiassem, até dá para entender. Mas, que pessoas religiosas, praticantes da Lei, se indispusessem contra Jesus, a ponto de o difamarem, tentando desmoralizá-lo ou até tramando a sua prisão, isto nos deixa perplexos. Pois, foi o que aconteceu. No evangelho de hoje, vê-se como eles começaram a espalhar que Jesus expulsava demônios com a autoridade do próprio satanás. Olha que jogo baixo: espalhar que Jesus agia em nome do diabo. Haja paciência! Era gente de má vontade procurando desqualificar a vitória de Jesus sobre o mal. Agora, o pior é que se tratava de gente muito religiosa.
Jesus chamou para a lógica. Se for assim, se o mal estiver combatendo contra si mesmo, diabo contra diabo, então estão realmente perdidos, pois ‘todo reino dividido contra si mesmo será destruído’, acaba se esfacelando, se autodestruindo. Não tem a menor lógica. Mas, essa palavra de Jesus também poderia ser entendida a respeito dos seus opositores. Esse grupo de gente maldosa estava cavando o buraco para o seu próprio povo. Se eles ficassem contra Jesus, fazendo propaganda contra ele, dividindo o povo, causando desunião... qual seria o fim do seu povo? “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído”. De fato, 40 anos depois da morte de Jesus, houve uma guerra dos romanos contra os judeus e não ficou pedra sobre pedra. Os judeus perderam tudo. Um reino dividido não prospera. 
O que Jesus diz no evangelho de hoje nos espanta. Ele tão tolerante, um dia não quis que os discípulos proibissem alguém que pregava e curava em seu nome sem pertencer ao grupo deles. Deixa, ele disse, “quem não está contra nós, está a nosso favor”. Mas, no evangelho de hoje, ele diz, a respeito dos que o estavam difamando: “Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”. Disse tudo.
Guardando a mensagem
Jesus, no exercício do seu ministério, encontrou muita oposição. Oposição das elites e de muitas lideranças populares, como foi o caso dos fariseus. Foi acusado de muita coisa. Uma dessas acusações dizia que ele agia em aliança com Satanás. Coisa triste, gente dividindo o povo. A difamação, as falsas acusações geram desconfiança e divisão na comunidade cristã. Hoje, com as redes sociais, é muito fácil falar mal de uma pessoa, difamá-la, destruir a sua imagem. E tem muita gente ruim interessada em desmoralizar a Igreja Católica e sua opção pelos pobres. Não repasse acusações maldosas contra a Igreja ou seus ministros. Não aceite que a defesa dos pobres seja taxada de comunismo. Trabalhe pela comunhão, pela unidade.
Todo reino dividido contra si mesmo será destruído (Lc 11, 17).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Tu nos chamas a reconhecer o Reino de Deus que chegou com tua presença, com tua palavra, com tua ação. Disseste: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vocês o Reino de Deus”. Cremos  em ti, Senhor, e não queremos apenas usufruir de tua graça e de teus dons. Queremos também estar ao teu lado, tomar tua defesa, quando maldosos continuarem te difamando ou te injuriando em tua Igreja, em teus ministros, em nossas pastorais. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
A unidade da Igreja não é só uma construção humana. É, sobretudo, dom do Espírito Santo que nos une a Cristo, cabeça do corpo e a todos os membros. Hoje, reze pela unidade de todos os que estão unidos a Cristo pela fé e pelo batismo.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O SINAL DE JONAS

No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão (Lc 11, 32)

04 de março de 2020



Parece que Jesus andava meio decepcionado... A pregação do Reino bem merecia uma acolhida mais entusiasta. Sua palavra, seus milagres... tanto esforço, tanto compromisso da parte dele e, ao que parece, pouco resultado. Certamente, por isso, ele estava dizendo: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas”.



Jonas foi um sinal para o povo de Nínive. Ele, a mando de Deus, pregou por três dias na grande cidade, anunciando o castigo de Deus sobre todo aquele povo. Castigo por conta de sua impenitência, de sua vida de maldade e violência. E o povo de Nínive, diante daquela pregação do profeta, tomou consciência de sua condição e implorou a misericórdia de Deus. Acolheu a pregação de Jonas como um convite urgente à penitência e à conversão. Do pequeno ao grande, do pobre ao rei, todos se sentaram em cinzas e pediram perdão de seus pecados. Jonas foi um sinal para o povo de Nínive. Uma convocação à conversão. Mas, também um sinal da misericórdia de Deus, pois Deus, tendo desistido do seu intento de destruir tudo, mostrou a sua misericórdia, dando o seu perdão.


Esse sinal de Jonas para o povo do seu tempo estava sendo reeditado na presença de Jesus, na sua pregação. Como Jonas foi um sinal para o povo de Nínive, assim Jesus seria para o povo do seu tempo. Jonas pregou por três dias, cobrindo toda aquela cidade pagã. Jesus pregou por três anos, percorrendo todo o país. Ele também trazia um convite urgente à conversão. Ele começou sua missão, convidando todos a acolherem o Reino que estava se aproximando: convertam-se e creiam no evangelho. O convite à conversão, na verdade, é um convite à acolhida da misericórdia de Deus.

Jesus estava lembrando que o povo de Nínive recebeu melhor o profeta Jonas do que o seu povo a ele. Converteu-se à pregação de Jonas. E ali, Jesus não estava encontrando a mesma acolhida, nem a mesma disposição para a conversão. O povo de Nínive iria ser juiz daquele povo do tempo de Jesus. E iria condená-lo. E quem estava ali anunciando a mensagem de Deus para eles não era simplesmente alguém como Jonas. Como ele mesmo disse, ali estava alguém maior que Jonas, o próprio filho de Deus. 

Guardando a mensagem

O povo pagão de Nínive converteu-se à pregação de Jonas. O povo de Deus do tempo de Jesus respondeu com indiferença à sua pregação. E um bom grupo reagiu com violência à boa notícia anunciada por ele. A pregação do Evangelho, que anuncia o Reino de Deus, continua hoje e chega até você e à sua família. Como é que vocês estão reagindo a esse anúncio que pede conversão e acolhida do amor de Deus? Como o povo de Nínive? Como o povo do tempo de Jesus?

No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão (Lc 11, 32)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

essa página do Evangelho vem reforçar nossa caminhada cristã, que é um permanente convite à conversão, à acolhida da vida nova que tu nos alcançaste em tua cruz. Concede-nos, Senhor, que vençamos a indiferença, que é atitude típica do nosso tempo: o não ligar, o deixar pra lá, o não dar importância. Que a tua Palavra encontre abrigo em nossos corações e em nossas vidas, nos animando num processo de verdadeira conversão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

A conversão é a nossa resposta à Palavra de Deus. A conversão é obra nossa e do Espírito Santo de Deus em nós. Assim, hoje, peça ao Santo Espírito, mais de uma vez, a graça da conversão.

04 de março de 2020.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

CONHECER MELHOR A FÉ

Ai de vocês, mestres da Lei, porque tomaram a chave da ciência (Lc 11, 52)
17 de outubro de 2019.
Uma acusação muito forte, esta, feita por Jesus. “Ai de vocês, mestres da Lei, porque tomaram a chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e ainda impediram os que queriam entrar”. Uma acusação contra os mestres da Lei. Quem eram os mestres da lei do tempo de Jesus? Gente que tinha estudado muito as Escrituras Sagradas; pessoas que tinham frequentado grandes mestres, como Paulo que estudou com um professor muito famoso chamado Gamaliel. Os mestres da lei, que afinal eram do grupo dos fariseus ou dos saduceus, tinham muita influência sobre as pessoas, pois conheciam bem os textos sagrados e instruíam o povo sobre como se devia praticar as tradições religiosas.
Jesus logo percebeu que aquela sabedoria toda daqueles homens era usada em vantagem própria: era fonte de muito prestígio para eles e de muito poder sobre o povo. Por isso, lhes fez várias críticas. Denunciou que eles exibiam santidade, mas por dentro eram violentos e interesseiros. Mais de uma vez, os chamou de sepulcros caiados. Jesus igualmente chamou a atenção dos seus discípulos para a vaidade e o exibicionismo de suas esmolas, de suas orações em público, de seus jejuns. Eles impunham um grande peso nas costas do povo, com tantas normas a serem cumpridas. Mas, eles mesmos nem de longe as praticavam.
Tanto conhecimento, tanta ciência.... mas, não em vantagem do Reino de Deus, do crescimento do povo, mas, sim, utilizados para manterem-se como uma elite, desfrutando privilégios e desclassificando os mais pobres.
Guardando a mensagem
Jesus bateu de frente com os mestres da Lei do seu tempo. Denunciou que, com o seu grande saber religioso, eles estavam não só se esquivando do anúncio do Reino de Deus, mas também obstruindo a adesão do povo. É necessário que os nossos ministros estudem e estudem muito para servir ao povo de Deus, com qualidade, com conhecimento, com a segurança da doutrina e a pedagogia de mestres de espírito. Mas, há sempre o perigo desse muito estudo acabar por constituir uma elite apartada da comunidade, disputando privilégios e fazendo desse conhecimento uma fonte de opressão sobre as pessoas. Pior ainda se, pelos títulos acadêmicos conseguidos, o evangelizador chegar a desprezar a fé dos simples e suas expressões religiosas. Aí realmente fica valendo esse “ai de vocês” profético de Jesus.
Ai de vocês, mestres da Lei, porque tomaram a chave da ciência (Lc 11, 52)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
O teu compromisso com a boa notícia do amor de Deus e com os destinatários dessa boa nova te levaram a anunciar o Reino de Deus, especialmente pela proximidade das pessoas. Esse é o mistério da tua encarnação. Tu és o verbo de Deus que se abaixou para nos encontrar em nossa condição frágil e pecadora. Por isso, não querias que os teus missionários confiassem mais nas estratégias do que na força da mensagem. E denunciaste os pregadores que usavam de sua ciência e de seus muitos conhecimentos para reforçarem seus privilégios e desqualificarem o povo em sua condição de povo em aliança com Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.  
Vivendo a palavra
O conhecimento da fé é um direito sagrado de todo cristão, não só de um pequeno grupo. Talvez você precise vencer certa passividade e procurar os meios disponíveis para o aprofundamento da fé cristã: catequese, leituras, colóquio, curso, retiro,... quem procura, acha. 
Para ler o texto da Meditação de hoje, acesse: www.padrejoaocarlos.com
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Pe. João Carlos Ribeiro – 17 de outubro de 2019

UMA RELIGIOSIDADE FALSA


Ai de vocês, fariseus! (Lc 11, 42) 


16 de outubro de 2019. 

Não basta sermos religiosos. Precisamos ser verdadeiros, autênticos. No tempo de Jesus, o povo de sua terra era muito religioso. Sobressaiam os fariseus, uma confraria de homens devotos e praticantes da Lei. No final do primeiro século, quando os judeus tinham perdido a guerra contra os romanos e tinham se espalhado pelo estrangeiro, a influência dos fariseus ficou ainda mais forte. Eles pareciam ter o modo mais certo e seguro de praticar a sua religião. Neste contexto, as comunidades cristãs, que nasceram no seio das comunidades judaicas, ficaram meio inseguras. Foi nesse tempo que os evangelistas reuniram em seus escritos as críticas que Jesus tinha feito àquela religiosidade baseada no cumprimento da Lei. 

Os antigos profetas, às vezes, ficavam bravos com o povo e com suas lideranças quando se desviavam da Aliança com Deus. Nessa oportunidade, eles lançavam os “ais” sobre o povo. Era uma forma de condenação das coisas erradas que estavam acontecendo. Jesus também se utilizou desse expediente. No caso dos fariseus, por exemplo, ele foi forte. No texto de hoje, tem quatros “ais” lançados contra a religiosidade doentia deles. 

O que Jesus disse sobre os fariseus daquele tempo, com certeza, também serve para nós, hoje. A nossa prática religiosa pode sempre ser corrigida e melhorada, não é verdade? Então, vamos ouvir com atenção os “ais” de Jesus contra os fariseus. E se a carapuça cair em nossa cabeça, vamos assumi-la como uma chamada de atenção de Jesus para sermos mais verdadeiros e autênticos. 

O primeiro “ai de vocês, fariseus” foi uma denúncia do seu legalismo. Eles se concentravam em coisas secundárias e deixavam de lado as mais importantes. Pagavam o dízimo de coisas pequenas (por exemplo da hortelã, do arruda, de outras ervas), mas deixavam de lado a justiça e o amor de Deus. Legalismo. 

O segundo “ai de vocês, fariseus” foi uma denúncia de sua busca de privilégios. Eles eram bem vistos e reverenciados pelo povo. Assim, adoravam ser saudados pelo povo nas praças e disputavam lugares de honra nas sinagogas e nos jantares. Busca de prestígio e de privilégios. 

O terceiro “ai de vocês, fariseus” foi uma denúncia contra o culto da aparência. Jesus os comparou com túmulos escondidos debaixo da grama por onde se anda. O externo é uma coisa, o interno... sai de perto. O culto da aparência. 

O quarto “ai de vocês, mestres da Lei” foi uma denúncia de sua incoerência. Não faziam o que pregavam. Sobrecarregavam o povo de cargas insuportáveis, mas eles mesmos não mexiam uma palha. Incoerência. 

O Papa Francisco, ontem, em sua homilia, falou precisamente sobre a hiprocrisia, o aparentar de uma maneira e ser de outra. É necessário ser curado deste comportamento, disse ele. O remédio é dizer a verdade diante de Deus. É começar reconhecendo o seu pecado, a sua hipocrisia. 

Guardando a mensagem 

Uma religiosidade baseada no cumprimento de normas, como a que viviam os fariseus, corre o risco de ser uma coisa estéril, com graves defeitos: legalismo, busca de privilégios, culto da aparência e incoerência. Fingindo o louvor de Deus, estão na verdade defendendo seu status quo e ampliando seus privilégios. A verdadeira religião leva à conversão do coração, à verdade, à caridade, à fraternidade. 

Ai de vocês, fariseus! (Lc 11, 42) 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 

As críticas que dirigiste aos fariseus nos assustam. E nos assustam porque o farisaísmo é sempre uma tentação permanente em nossa vida. Mas é sempre muito bom ouvir tua palavra que nos corrige, nos adverte, nos orienta no caminho da verdade e da vida. Concede, Senhor, que, apesar de nossa fraqueza, o teu Santo Espírito nos conduza pelos teus caminhos. Tu, Senhor, és o caminho, a verdade, a vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 

Dentro do espírito missionário desse mês, compartilhe a Meditação com os seus contatos. 

Para ler o texto da Meditação de hoje, acesse: www.padrejoaocarlos.com . 

Eu estou lhe enviando, hoje, o áudio da nova música QUERO QUE VALORIZE, a terceira faixa do meu novo trabalho musical. Espero que goste. 

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Pe. João Carlos Ribeiro – 16 de outubro de 2019.

O SEGREDO DE TEREZA

O Senhor disse ao fariseu: “Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubos e maldades (Lc 11, 39). 


15 de outubro de 2019. 

A Igreja hoje celebra uma de suas filhas mais ilustres, Santa Tereza de Jesus. Ela viveu na Espanha, no início do século XVI. No tempo dela, a situação da mulher era muito ruim. Não podiam estudar. Eram inteiramente dominadas pelos maridos. E havia sempre o risco de uma mulher inteligente e escritora cair na desconfiança da Inquisição. Tempos difíceis. Ela foi ser freira, pensando encontrar um espaço de maior liberdade. Liberdade mesmo ela encontrou quando conseguiu viver uma vida de grande amizade e comunhão com Jesus. Foi quando ela venceu o medo pelo amor: um profundo amor por aquele que a amou primeiro. A conversão ao amor de Deus, manifestado em Jesus crucificado, a curou de tudo e a tornou uma grande apóstola, escritora e fundadora. A misericórdia de Deus transformou sua vida. Começou a sonhar com uma comunidade de religiosas onde se vivesse o evangelho com autenticidade. E aos poucos, reformou a vida das freiras e organizou dezenas de novos conventos carmelitas segundo essa nova mentalidade: oração, trabalho, silêncio e fraternidade, fazendo de cada pequena ação um ato de amor para melhorar o mundo. O Papa Paulo VI, hoje santo, a proclamou doutora da Igreja. Foi a primeira mulher reconhecida nessa condição de mestra na Igreja. Santa Tereza de Jesus. 

Essa história de Santa Tereza nos ajuda a compreender o evangelho de hoje. Não basta a aparência. Aliás, não é a aparência que conta. O que conta é o coração. Há muito cristão de fachada. A religião não é apenas um conjunto de regras e normas para serem cumpridas. Não se é verdadeiro cristão por obrigação, por conveniência ou por medo. Tudo isso pode gerar um cristão só do lado de fora. Dentro, pode não ser uma pessoa de Deus, como aparenta. 

O que muda tudo isso é quando a pessoa faz experiência do amor de Deus, quando se deixa amar por ele. Tudo muda quando se ama. Só o amor pode nos libertar das amarras dos instintos, das prisões sociais, do simples cumprimento externo das normas. E o nosso grande amor, como o de Tereza, é Jesus Cristo. Nossa vida é uma caminhada para a completa união com Cristo. Tereza experimentou e ensinou que nossa liberdade e nossa realização estão nesta união com Cristo. Só assim um discípulo se torna um apóstolo ardoroso, como ela. 

O evangelho de hoje conta assim: Um fariseu convidou Jesus para jantar em sua casa. E Jesus aceitou. Sentou-se à mesa, na casa dele e começou a fazer a refeição. O fariseu escandalizado porque Jesus não lavou as mãos antes da refeição. Por que o fariseu ficou assim tão escandalizado? Porque Jesus estava descumprindo uma norma religiosa. Sem cumprir essa formalidade externa, de lavar as mãos antes de comer, parecia que a pessoa ficasse suja, impura, sem mais a bênção de Deus. Eles viviam uma excessiva preocupação com o exterior. 

Jesus pensava assim: O problema não é o que está fora. O problema é o que está dentro. Ali mesmo, no jantar, ele disse ao fariseu: ‘vocês fariseus limpam o copo e o prato por fora. O interior de vocês é que está sujo, podre, cheio de roubos e maldades’. Os fariseus eram cumpridores de centenas de normas e leis, mas descuidavam-se do principal da Lei de Deus: a justiça, a misericórdia, a piedade. Cuidavam da limpeza exterior, mas o interior é que estava sujo. Sem o amor, a religião vira um peso, uma formalidade cansativa. 

Guardando a mensagem 

Tereza não estava satisfeita em ser uma freira apenas cumpridora de suas obrigações. Isso não lhe trazia felicidade. Muita gente pode viver na religião por fuga, por medo, por conveniência. Assim, pratica uma religião de fachada. Por fora, está tudo certo. Mas, por dentro está tudo vazio. O que mudou a vida de Tereza, de Paulo, de Vicente, de Pedro, de Dulce foi experimentar o grande amor de Deus. Eles descobriram que Deus os amava demais, sem merecimento da parte deles. E eles deixaram-se amar. E responderam ao amor de Deus com um grande amor. Jesus passou a ser o amor de suas vidas. Passaram a viver em grande intimidade e comunhão com o Senhor Jesus. Mudou tudo na vida deles. Os fariseus eram muito religiosos, aparentemente. Viviam preocupados com a aparência, com as coisas externas, com a prática fiel das normas religiosas. Escandalizaram-se porque Jesus se descuidava das coisinhas miúdas da prática religiosa deles, como era o caso de lavar as mãos antes da refeição. Jesus ensinou que o importante é o que está dentro do coração. A limpeza tem que começar ali. 

O Senhor disse ao fariseu: “Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubos e maldades (Lc 11, 39). 

Rezando a palavra 

Rezemos com as palavras de Santa Tereza: 

“Ó meu Senhor, como és o amigo verdadeiro; és poderoso, quando queres podes, e nunca deixas de querer quem te quer! Louvem-te todas as coisas, Senhor do mundo! (Vida 25, 17) 

“Bendito sejas para sempre, porque, 
mesmo quando te deixei, 
tu não te afastaste de mim por inteiro, 
Dando-me sempre a mão 
Para que eu voltasse a me levantar; 
Muitas vezes, Senhor, eu não a queria, 
Nem procurava entender porque tantas vezes 
Me chamavas de novo”. (Vida 6,9) 

Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 

Bom, lavar as mãos não deixa de ser importante para a nossa saúde. Mas, é bom lembrar, hoje, ao lavar as mãos antes da refeição, que é mais importante e necessário purificar o próprio interior. Só um grande amor no coração pode sustentar uma vida de trabalho e doação. 

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Eu estou lhe enviando o link da nova música QUERO QUE VALORIZE, a terceira faixa do meu novo trabalho musical. Espero que goste. 

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Pe. João Carlos Ribeiro – 15 de outubro de 2019.

MAIOR DO QUE JONAS

No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão (Lc 11, 32)
14 de outubro de 2019.
Parece que Jesus andava meio decepcionado... A pregação do Reino bem merecia uma acolhida mais entusiasta.  Sua palavra, seus milagres... tanto esforço, tanto compromisso da parte dele e, ao que parece, pouco resultado.  Certamente, por isso, ele estava dizendo: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas”.
Jonas foi um sinal para o povo de Nínive. Ele, a mando de Deus, pregou por três dias na grande cidade, anunciando o castigo de Deus sobre todo aquele povo. Castigo por conta de sua impenitência, de sua vida de maldade e violência. E o povo de Nínive, diante daquela pregação do profeta, tomou consciência de sua condição e implorou a misericórdia de Deus. Acolheu a pregação de Jonas como um convite urgente à penitência e à conversão. Do pequeno ao grande, do pobre ao rei, todos se sentaram em cinzas e pediram perdão de seus pecados. Jonas foi um sinal para o povo de Nínive. Uma convocação à conversão. Mas, também um sinal da misericórdia de Deus, pois Deus, tendo desistido do seu intento de destruir tudo, mostrou a sua misericórdia, dando o seu perdão.
Esse sinal de Jonas para o povo do seu tempo estava sendo reeditado na presença de Jesus, na sua pregação. Como Jonas foi um sinal para o povo de Nínive, assim Jesus seria para o povo do seu tempo. Jonas pregou por três dias, cobrindo toda aquela cidade pagã. Jesus pregou por três anos, percorrendo todo o país. Ele também trazia um convite urgente à conversão. Ele começou sua missão, convidando todos a acolherem o Reino que estava se aproximando: convertam-se e creiam no evangelho. O convite à conversão, na verdade, é um convite à acolhida da misericórdia de Deus.
Jesus estava lembrando que o povo de Nínive recebeu melhor o profeta Jonas do que o seu povo a ele. Converteu-se à pregação de Jonas. E ali, Jesus não estava encontrando a mesma acolhida, nem a mesma disposição para a conversão. O povo de Nínive iria ser juiz daquele povo do tempo de Jesus. E iria condená-lo. E quem estava ali anunciando a mensagem de Deus para eles não era simplesmente alguém como Jonas. Como ele mesmo disse, ali estava alguém maior que Jonas, o próprio filho de Deus. 

Guardando a mensagem
O povo pagão de Nínive converteu-se à pregação de Jonas. O povo de Deus do tempo de Jesus respondeu com indiferença à sua pregação. E um bom grupo reagiu com violência à boa notícia anunciada por ele. A pregação do Evangelho, que anuncia o Reino de Deus, continua hoje e chega até você e à sua família. Como é que vocês estão reagindo a esse anúncio que pede conversão e acolhida do amor de Deus? Como o povo de Nínive? Como o povo do tempo de Jesus?
No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão (Lc 11, 32)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
essa página do Evangelho vem reforçar nossa caminhada cristã, que é um permanente convite à conversão, à acolhida da vida nova que tu nos alcançaste em tua cruz. Concede-nos, Senhor, que vençamos a indiferença, que é atitude típica do nosso tempo: o não ligar, o deixar pra lá, o não dar importância. Que a tua Palavra encontre abrigo em nossos corações e em nossas vidas, nos animando num processo de verdadeira conversão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
A conversão é a nossa resposta à Palavra de Deus. A conversão é obra nossa e do Espírito Santo de Deus em nós. Assim, nesta segunda-feira, peça ao Santo Espírito, mais de uma vez, a graça da conversão.
Pe. João Carlos Ribeiro – 14 de outubro de 2019

PEÇA DIREITO


Peçam e receberão. Busquem e acharão. Batam e lhes será aberto ( Lc 11, 9) 

10 de outubro de 2019 

Pois, quem pede, recebe; quem procura, encontra; e para quem bate, se abrirá.

Quando rezamos, costumamos pedir muito. E nem sempre sabemos pedir bem. O ensinamento de Jesus, hoje, vem em nosso auxílio. É certo que a nossa oração não pode ser só “de pedidos”, precisa ser também de louvação, de reparação e, sobretudo, de escuta da palavra de Deus. Mas, podemos pedir também. Neste caso, é bom aprender com ele.

No “Pai nosso”, que vem um pouco antes desse texto do Evangelho que estamos meditando, Jesus ensinou que a primeira coisa a pedir, na oração, é a glorificação do nome de Deus e a realização de sua vontade: “Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino”. Depois vêm os pedidos, a começar pelo pão de cada dia, mas também o pedido de perdão pelos nossos pecados e a vitória sobre a tentação. No pedido do “pão de cada dia” está tudo o que é necessário para nossa sobrevivência com dignidade: o trabalho, a saúde, a superação dos problemas que ameaçam nossa integridade e nossa paz.

“Peçam, e receberão. Busquem, e acharão. Batam, e lhes será aberto”. É um convite a pedirmos a Deus com humildade, com confiança, com perseverança.

Peçam e receberão. Pedir é coisa de quem precisa. Quem precisa, pede. Assim, exercita a humildade. Está na condição de necessitado, reconhece que precisa do outro, que precisa de Deus. Pede, não manda. E está pedindo, não está cobrando. É um exercício de humildade.

Busquem e acharão. A gente busca, porque sabe que pode encontrar, e que pode receber. É um ato de confiança. O pedido, na oração, nos pede confiança. Pedimos a Deus porque confiamos nele, seguros que ele pode nos conceder, certos de que ele vai nos dar o que pedimos. Sabemos que não temos merecimento para alcançar o que pedimos, mas confiamos na sua misericórdia, no seu amor. Confiamos.

Batam e lhes será aberto. Na história que Jesus contou do homem que bateu à porta do amigo, tarde da noite, pedindo pão, aparece claramente a necessidade de perseverança. Se não for atendido por amizade, será por insistência, pela importunação, como no caso da história. Perseverar, insistir é uma forma de mostrar que realmente damos importância ao que estamos pedindo.

Guardando a mensagem

Jesus está nos ensinando a rezar bem. Se vamos pedir, é preciso fazê-lo com humildade (“Quem pede, recebe”), com confiança (“Quem procura, acha”) , e com perseverança (“A quem bate, lhe será aberto”). Humildade, confiança, perseverança. É assim que deve ser nossa oração de pedido a Deus.


Peçam e receberão. Busquem e acharão. Batam e lhes será aberto ( Lc 11, 9) 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 

Aprendemos contigo a louvar o Pai pelo seu imenso amor, bendizê-lo por tudo que ele nos concede. E também pedir o pão de cada dia, o perdão dos nossos pecados e a libertação do mal. Pedir é o que nós mais sabemos fazer quando rezamos. Hoje, tu nos dás orientações importantes para nossa oração de pedido. Ajuda-nos, Senhor, com o teu santo Espírito a pedir com humildade, com confiança e com perseverança. Sendo uma coisa boa para nós, para nosso crescimento humano e espiritual, seremos atendidos, sobretudo se pedirmos em teu nome. Obrigado, Jesus. Tu és o nosso Mestre e Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Neste quarto dia de trabalho do Sínodo da Amazônia, faça um pedido a Deus, em sintonia com a toda a Igreja. Peça que o Espírito Santo nos conduza para sermos sempre mais uma igreja missionária, preocupada e comprometida com a evangelização de todos os filhos e filhas de Deus, especialmente dos mais pobres e sofredores.

A gente se vê, às dez da noite, no facebook.

Pe. João Carlos Ribeiro – 10 de outubro de 2019.

O PAI NOSSO DE JESUS

Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos (Lc 11, 3)
09 de outubro de 2019.
‘Senhor, ensina-nos a rezar’, foi o pedido dos discípulos. No Pai Nosso, Jesus ensinou como e o quê dizer em oração. Está aí um modelo de oração. Era assim que ele rezava. É assim que um discípulo deve rezar. Nos evangelhos, ficaram duas versões dessa prece do Senhor. A de hoje, a de Lucas, é um pouco mais enxuta. Mas, nas duas versões – a de Mateus e a de Lucas – pede-se ao Pai o pão de cada dia.
Jesus nos ensinou a pedir ao Pai “Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos”. Pedimos o necessário para a nossa sobrevivência, não riqueza, fortuna. Nossa confiança está em Deus, não no dinheiro. É o Senhor quem nos sustenta, quem nos guarda, quem cuida de nós. Como disse Jesus, é só olhar como ele alimenta os pardais e veste de maneira tão bela as flores do mato. Com maior empenho, ele cuida dos seus filhos e de suas filhas, de sua comida, de sua roupa, de suas contas. Nossa confiança não pode estar no dinheiro, na segurança econômica. Nossa confiança só pode estar em Deus, nosso Pai providente. A nossa escolha de vida é o trabalho honesto, no qual, com a providência de Deus, garantimos a sobrevivência de nossa casa, vivendo com sobriedade e essencialidade. Nosso ideal não é a riqueza e o luxo. Amamos o trabalho e valorizamos a partilha. Confiamos em Deus.
Jesus sentenciou: “Mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. Não é ter muita coisa, muito dinheiro, muitos bens que resolve. A felicidade não está em ter bens. Precisamos ter o suficiente para viver com dignidade. Na verdade, o acúmulo de coisas, de dinheiro, de valores pode nos dar a falsa impressão de segurança, de independência, de autonomia, de felicidade. De falsa felicidade. O coração humano não se contenta com coisas. Um coração voltado para a riqueza desvia-se de Deus e faz do dinheiro o seu senhor. Não por a confiança no dinheiro. Como diz o salmo 131: “Põe tua esperança no Senhor”.
Jesus nos ensinou a pedir ao Pai: “Venha o teu Reino”. Em nossa realidade, muitos entre nós estão vivendo dias muito difíceis, numa situação de desemprego. E muitos outros sobrevivendo precariamente na informalidade ou no subemprego. Nosso modelo econômico é perverso: não se preocupa com o emprego e a distribuição de renda. A oração de Jesus nos ajuda a enfrentar essa situação com esperança. Temos um Pai que não nos abandona, que cuida de nós; um Pai que nos abre à solidariedade e ao sentido do bem comum. Ele nos sustenta na esperança que não nos deixa desistir, nos abre oportunidades, nos estimula a buscar alternativas e nova qualificação, nos educa no caminho da justiça e da fraternidade. 
Guardando a mensagem
Os discípulos pediram que Jesus os ensinasse a rezar. Jesus lhes ensinou como estar em oração, com as palavras do Pai Nosso. Nessa oração-modelo de toda oração cristã, Jesus nos disse para pedir ao Pai, entre outras coisas, o pão de cada dia. Não pedir riquezas, nem para ganhar na loteria. Pedir a graça da sobrevivência com dignidade. É a graça do trabalho, da remuneração decente. Pedir é querer estar em sintonia com o projeto de Deus, que é o Reino. Pedir o pão de cada dia é reconhecer que dele dependemos e prometer que tudo faremos para acolher o seu dom e a sua graça pelo estudo sério, pela qualificação profissional, pelo trabalho honesto, pela solidariedade, pelo compromisso com o bem de todos. 
Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos (Lc 11, 3)
Rezando a palavra
“Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação” (Lc 11,1-4)
Vivendo a palavra
Reze muitas vezes, no dia de hoje, à moda de jaculatória: “O pão nosso de cada dia, nos dai hoje”.
Pe. João Carlos Ribeiro – 09 de outubro de 2019.

A LIÇÃO DE SANTA MARTA

Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa ( Jo 11, 20).

29 de julho de 2019

Na Igreja, hoje estamos festejando a discípula de Jesus de nome Marta. Marta é a figura de uma cristã cheia de fé, especialmente nos momentos de maior dificuldade e sofrimento. O caminho de fé de Marta é o caminho de fé da comunidade cristã e de cada um de nós.

Marta -  você lembra dela -  é a irmã de Maria e de Lázaro, amigos de Jesus que moravam em Betânia. Maria é aquela que ficou sentada aos pés de Jesus, escutando seu ensinamento, enquanto Marta ocupava-se dos afazeres da casa, lembra?! Na cena de hoje, Marta foi ao encontro de Jesus quando ele estava chegando e Maria ficou em casa, sentada. Curioso esse detalhe. Marta foi encontrar Jesus. Maria ficou sentada.
Bom, tinha acontecido uma coisa muito triste. Lázaro tinha morrido.  Elas, suas irmãs, tinham mandado chamar Jesus quando ele ainda estava gravemente enfermo. Mas, Jesus não apareceu. Quando ele veio chegar, Lázaro já estava morto há quatro dias.  A cena é essa: Jesus está chegando... Marta vai ao encontro dele, antes dele visitar o túmulo do amigo.

Vamos prestar atenção nas quatro coisas que Marta disse a Jesus:

A primeira palavra de Marta foi essa: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”. Na verdade, isso é uma queixa, porque Jesus demorou a ir ver o seu amigo. Elas contavam que Jesus o curasse da doença. Nós também passamos por momentos de muita dificuldade. Clamamos por Deus. Às vezes, parece que ele não vem nos socorrer. Nossa oração toma então um tom de reclamação.

Vamos à segunda palavra de Marta: “Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. Uma palavra que mostra sua confiança no poder de Deus que opera em Jesus. Seu coração está aberto à ação de Deus. Mesmo não sendo prontamente atendidos como pretendíamos, manifestamos ao Senhor nossa confiança. Confiamos nele. Não entendemos os seus planos, mas confiamos nele.

A terceira palavra de Marta no diálogo com Jesus foi essa: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. Ela tem a crença que boa parte do seu povo tem: no último dia haverá a ressurreição dos mortos. Sabe que Deus agirá no tempo dele. Nós também temos uma fé como a de Marta. Acreditamos que Deus é Senhor de tudo e lá no fim da história vai realizar todas as suas promessas.

A quarta e última palavra de Marta foi impressionante.  “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. É uma bela afirmação de sua fé. Reconhece que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, o prometido. Ela está dizendo que crê em Jesus que está ali presente, a revelação plena do Pai. Jesus tinha lhe dito: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais”. Ela confessa sua fé em Jesus, que está ali diante dela. O dom de Deus é não só para o final de nossa jornada. O dom de Deus, em Cristo, é já para hoje. Ele é a ressurreição e a vida.
Marta fez o caminho de fé, os quatro passos. Está pronta para o sinal da ressurreição do seu irmão Lázaro.

Guardando a mensagem  

Marta é uma discípula de Jesus. O seu caminho de fé é também o caminho de cada cristão, o nosso caminho. No seu caminho de fé, ela deu quatro passos no seu encontro com Jesus: passou da queixa para a confiança nele; e de uma fé genérica para uma fé pessoal em Jesus Salvador. Que bom que você possa percorrer esse mesmo itinerário: da queixa passar à confiança em Jesus; da fé genérica passar para uma adesão pessoal a Jesus Salvador. Nele, manifestou-se a vida de Deus. 

Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa ( Jo 11, 20).

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Como Marta, que perdeu seu irmão Lázaro, muitos de nós estão passando pela perda de um ente querido. É uma dor profunda, uma tristeza muito grande que se experimenta, sobretudo se se tratar de um pai, de uma mãe ou de um filho ou filha. Em muitas situações, rogou-se ardorosamente pela cura daquela pessoa e o milagre aparentemente não aconteceu. Perdoa, Senhor, se não compreendemos os teus desígnios. Essa vida biológica que nos deste se esgota com o tempo. Mas, a vida que nos deste não termina na morte do corpo. Olhamos para ti, Jesus, e contemplamos a tua ressurreição. Cremos que venceste a morte e estás vivo e ressuscitado. Cremos na ressurreição da carne. Como tu, seremos ressuscitados para vivermos sempre contigo, na comunhão do Pai e do Santo Espírito. Sabemos, na fé, que a ressurreição será plena e total, quando chegar o dia da ressurreição da carne, na tua volta. Queremos viver, Senhor, nessa fé. E acompanhar, na oração, os que partiram. Recebe a todos eles na tua santa morada. E conforta os corações sofridos pela ausência dos seus entes queridos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vamos viver a palavra

Reze, hoje, pelos seus falecidos. E, aparecendo oportunidade conforte alguém enlutado com as palavras da fé.

A gente se reencontra, hoje, às 22 horas, no facebook.

Pe. João Carlos Ribeiro – 29 de julho de 2019

APRENDENDO A REZAR COM JESUS

Senhor, ensina-nos a rezar (Lc 11, 1)

28 de julho de 2019 – 17º. Domingo do Tempo Comum

Quando pensamos na oração, nos lembramos logo de Jesus. Ele é o nosso modelo orante. Foi vendo-o em oração, que os discípulos tiveram vontade de rezar como ele. No Pai Nosso, que ele ensinou aos discípulos, temos o modelo de oração. Nele, estão os sentimentos, os argumentos, o conteúdo da oração dos cristãos. No Pai Nosso de Jesus, aprendemos que a oração cristã é oração de filhos comprometidos com a glória do Pai e com o bem de todos.

E o que a oração dos cristãos tem de especial? Aos menos quatro notas distinguem a nossa oração. A primeira é que ela é ESCUTA DE DEUS. Ela não é uma simples iniciativa de nossa parte. É Deus quem nos fala primeiro. No livro do Gênesis, contando a história da oração de Abraão, Deus toma a inciativa e vem conversar com ele. Lemos assim no capítulo 18: O Senhor disse a Abraão: “O clamor contra Sodoma e Gomorra cresceu, e agravou-se muito o seu pecado. Vou descer para verificar se as suas obras correspondem ou não ao clamor que chegou até mim”.O diálogo com Abraão começou aí. Deus tomou a iniciativa. Confidenciou-lhe essa sua preocupação com Sodoma e Gomorra. A oração cristã é, antes de tudo, escuta. Deus fala. É por essa razão, que sempre se recomenda que, em qualquer celebração nossa, haja um espaço para proclamação da palavra de Deus. Naquele episódio do jovenzinho Samuel, no Templo, o velho sacerdote o orientou: “Quando o Senhor o chamar, diga: Fala, Senhor, que o teu servo escuta”. Escutar é a primeira nota da oração cristã.

Uma segunda característica é, com certeza, a MEMÓRIA DAS OBRAS DE DEUS. A grande festa anual do povo de Deus, no Antigo Testamento, era a páscoa. Na páscoa, fazia-se memória da grande obra de Deus em sua história: a libertação do Egito. Os cristãos continuam celebrando, na Páscoa, a grande obra de Deus: a nossa salvação na morte e ressurreição de Jesus. Na carta de Paulo aos Colossenses está escrito: “Ora, vós estáveis mortos por causa dos vossos pecados, e vossos corpos não tinham recebido a circuncisão, até que Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados”(Col 2, 13). Nossa oração recorda, faz memória das obras de ontem e de hoje do nosso Deus em nosso favor. A Santa Missa é um memorial da paixão e ressurreição do Senhor. Nela, ele continua oferecendo-se em nosso favor. Fazer memória das obras de Deus é uma segunda nota da oração cristã. 

Uma terceira característica é o LOUVOR, A AÇÃO DE GRAÇAS, a adoração, a glorificação. O Salmo 137 traz essa oração de louvor: “Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, porque ouvistes as palavras dos meus lábios! Perante os vossos anjos vou cantar-vos e ante o vosso templo vou prostrar-me”.O próprio Jesus foi visto numa bela oração de louvor, bendizendo a Deus porque estava revelando o Reino aos pequeninos. A Missa pegou o nome de Eucaristia, porque esta palavra significa ‘ação de graças’. E é isso que a Missa é de maneira especial: louvor, ação de graças. Ali, nos unimos aos anjos e santos para bendizer o Senhor Deus. O LOUVOR, A AÇÃO DE GRAÇAS é uma terceira nota da oração cristã. 

A quarta característica é a INTERCESSÃO PERSEVERANTE em favor do mundo, da Igreja e de nossas necessidades particulares. Na história da oração de Abraão, ele intercedeu pelos justos que poderiam existir na cidade de Sodoma. No diálogo, ele alcançou de Deus a promessa de que, se encontrasse 10 justos naquela cidade, ela não seria destruída Na santa Missa, além do momento de preces após o credo, bem no coração da grande oração eucarística, intercedemos pela Igreja, pelos falecidos e pela comunidade reunida. No evangelho (Lc 11), Jesus contou a história do vizinho que precisava do favor de um amigo. E, pela insistência, conseguiu mais do que pediu, mesmo batendo na porta da casa do amigo, depois de meia noite. A intercessão perseverante é uma quarta nota da oração cristã. 

Guardando a mensagem

A oração, como aprendemos de Jesus, é, em primeiro lugar, ESCUTA DE DEUS. A nossa oração, que é um diálogo, começa por iniciativa dele. A principal oração do dia no tempo de Jesus era o Shemá: “Ouve, Israel”. A oração é também MEMÓRIA DAS OBRAS DE DEUS: memória dos prodígios pelos quais libertou seu povo da escravidão e da condenação do pecado. A oração dos cristãos é também LOUVOR, AÇÃO DE GRAÇAS pelas obras do Senhor, pela presença de Jesus Cristo anunciando o Reino. E finalmente a oração cristã é marcada também pela INTERCESSÃO PERSEVERANTE. Pedir com humildade, confiança e perseverança.

Senhor, ensina-nos a rezar (Lc 11, 1)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Hoje, te pedimos, como os primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Contigo aprendemos a entrar nesse dialogo amoroso e filial com Deus. Contigo aprendemos a dar a primeira palavra a Deus, colocando-nos em sua escuta; e a fazer memória dos seus feitos maravilhosos – a criação, a redenção, a santificação. Assim, nossas aclamações, nossos louvores, nossos cantos tornam-se ação de graças por seu amor e por sua misericórdia. Contigo aprendemos a interceder pelas necessidades do mundo, da Igreja e das nossas em particular. E ao Pai, que nos deu a ti como amigo, irmão e salvador, imploramos o dom do Espírito Santo, o grande dom do Pai à sua Igreja. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Neste domingo, ficaria bem você ler, em sua Bíblia, o evangelho de hoje: Lucas 11, 1-13. 

Pe. João Carlos Ribeiro – 28 de julho de 2019.

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