PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Conversão
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ALGUMA COISA MUDOU NA SUA VIDA?

Vocês serão testemunhas de tudo isso (Lc 24, 48).

15 de abril de 2018.

Chegamos ao terceiro domingo da Páscoa. Estamos tranquilos. Jesus ressuscitou. Festejamos isso na liturgia. Tudo bem. Mas, isso mudou alguma coisa na sua vida? E era pra mudar? Certamente, que sim. Se tudo continua igual como antes, o que significou a ressurreição de Jesus?

Talvez tenha sido isso que aconteceu aos discípulos, após a ressurreição. Jesus ressuscitado apareceu-lhes quando estavam reunidos, mas parecia que aquilo não mudava muita coisa. Eles continuavam acuados pelo medo, pela descrença, pelo pensamento de que seria um fantasma. São Lucas procurou limpar a barra deles. Disse que eles estavam tão alegres que não puderam acreditar.

Jesus, sempre paciente, faz o possível para que eles percebessem o que estava acontecendo e tomassem novo ânimo. Ele estava vivo, ali presente no meio da comunidade. Mostrou-lhes as mãos e os pés. Comeu na frente deles. Explicou como as Escrituras se cumpriam na sua morte e na sua ressurreição. E que eles seriam suas testemunhas.

Esse esforço de Jesus, ajudando os discípulos a assimilarem a ressurreição, está valendo para nós também. O risco é que a ressurreição de Jesus fique apenas uma solenidade que comemoramos a cada ano. E nos escape a verdade que ele, Jesus, o pastor do rebanho, exatamente por causa de sua ressurreição, está vivo entre nós, conduzindo-nos como nosso verdadeiro guia e agindo no mundo por meio de nós.

O que os apóstolos diziam ao povo, anunciando a morte e a ressurreição do Senhor, era que isso aconteceu em expiação dos seus pecados. E, assim, convencidos por este amor tão grande de Deus que veio ao seu encontro, se arrependessem de seus pecados, se convertessem. Pela conversão, acolhemos a graça da reconciliação que nos chega por meio de Cristo. Conversão é viver agora a vida nova que ele conquistou para nós. Ele nos alcançou o perdão e nos deu o seu Espírito.

A  nós que temos conhecimento que Jesus está ressuscitado, nos cabe, uma vez convertidos, viver em comunhão com ele. Ele não é apenas um personagem da história ou da Bíblia, de quem nos recordamos. Ele é uma pessoa humana e divina que está conosco. Ele é agora plenamente o Emanuel, Deus conosco. Não é à toa que, na celebração do dia do Senhor, ocorre várias vezes essa saudação: “O Senhor esteja convosco” e a resposta: “Ele está no meio de nós”.  Nós o reconhecemos no Pão repartido, nós o entendemos na Palavra, nós guardamos os seus Mandamentos. Estamos em comunhão com ele, na comunidade dos discípulos, a sua Igreja, na Palavra, no Pão repartido, na prática dos seus Mandamentos.

Somos, agora, testemunhas dele. Somos testemunhas porque nós tocamos de perto o mistério de sua ressurreição, atestamos que ele está vivo. Somos testemunhas porque anunciamos ao mundo que a salvação chegou por meio dele.

Vamos guardar a mensagem

Jesus ressuscitou. E está no meio de nós. Isso não se esgota na festa da páscoa. Isso é uma mudança radical em nossa vida e na vida do mundo. Em primeiro lugar, isso nos chama à conversão: superamos a vida do pecado para viver na graça, na santidade de vida. Em segundo lugar, vivemos agora em comunhão com ele: no entendimento de sua Palavra, no reconhecimento do Pão repartido, na prática dos seus Mandamentos. Em terceiro lugar, a missão, agora somos suas testemunhas: atestamos e anunciamos sua obra salvadora em favor de todos. É bom você não se acostumar com a ressurreição. Ela é a vida nova da qual já participamos; uma reviravolta na sua vida, um princípio de mudança para esse mundo velho.

Vocês serão testemunhas de tudo isso (Lc 24, 48).

Vamos rezar a Palavra

Senhor Jesus,
Nós já vamos na terceira semana da páscoa e tudo parece igual em nossa vida. Ainda estamos na escuridão do medo. Ainda te confundimos com fantasma. Ainda somos um cenáculo de janelas e portas fechadas.  Ajuda-nos, Senhor, pela presença do teu Santo Espírito em nós e em nossas comunidades, a vivermos em ritmo de conversão, em comunhão contigo e abraçando a missão de testemunhas do novo que entrou na história pela tua vitória sobre o pecado, o mal e a morte. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém
.
Vamos viver a Palavra

Leia, hoje, em sua Bíblia o evangelho deste domingo: Lucas 24, 35-48. E compartilhe a Meditação com outras pessoas. Assim, você já vai exercendo a tarefa de testemunha que Jesus lhe deu.

Pe. João Carlos Ribeiro – 14.04.2018

NICODEMOS E O NOVO NASCIMENTO


Você deve nascer do alto (Jo 3, 7b)
10 de abril de 2018.
Você se lembra de Nicodemos! Foi aquele fariseu, mestre da lei, membro do Sinédrio de Jerusalém, que foi falar com Jesus, de maneira sigilosa, à noite. Ele tinha uma simpatia por Jesus. Mas, como membro do Sinédrio, o grande conselho da capital, tinha medo da reação dos seus colegas e com certeza medo de perder sua posição. Quando Jesus foi preso, ele protestou contra a decisão já tomada, sem ao menos o acusado ter sido ouvido. Quando Jesus morreu na cruz, ele ajudou José de Arimatéia a cuidar do seu enterro. Nicodemos é o tipo da pessoa importante, que por causa das conveniências do poder, tem dificuldade em assumir publicamente sua adesão a Jesus e ao seu Evangelho.
A elite também precisa ser evangelizada, claro. É o que Jesus fez com Nicodemos. Jesus lhe disse que ele precisava nascer de novo. Ele era um mestre da lei, com assento no grande conselho de Jerusalém. Isso não lhe fazia cidadão do Reino. Só renunciando a si mesmo, se pode seguir Jesus. Só fazendo-se pequeno, é que se entra no Reino de Deus. Ele precisava nascer de novo. Passar por uma conversão. Renovar-se pelo batismo. Nascer de Deus.
Como Nicodemos era profundo conhecedor das Escrituras, Jesus lembrou-lhe o episódio da serpente de bronze, no deserto. Ele, como mestre da Lei, poderia perceber facilmente que Jesus foi enviado pelo Pai para salvar o seu povo.
No tempo passado, o povo estava atravessando o deserto, depois da saída da escravidão do Egito. O caminho da superação do mal exige esforço, compromisso, perseverança. O povo começou a se cansar e se revoltar contra Deus, reclamando do calor do deserto, da comida repetida que era o maná, do cansaço da caminhada. Deu uma peste de serpentes venenosas. Começou a morrer muita gente por causa de sua má vontade, do clima de murmuração e de revolta contra Deus. A haste com uma serpente de bronze foi um sinal. Deus mandou Moisés fazer essa representação. Quem fosse picado pelas serpentes, olhando para aquele sinal era salvo da morte.
Vocês sabem que a medicina tem um símbolo assim: uma haste com uma ou duas serpentes, chamado bastão de Asclépio. É um símbolo antiquíssimo da medicina, da arte de cuidar da saúde, de livrar da morte. É uma referência a mitos de religiões muito antigas.
Esse símbolo, no Antigo Testamento, preparou o sinal de Jesus na cruz. A verdadeira salvação, a verdadeira cura, a libertação do pecado é Jesus em sua cruz. Fomos salvos por sua vida oferecida naquela haste da cruz. Como o povo antigo no deserto olhando para a haste com a serpente de bronze se curava, assim também nós pecadores temos um sinal de salvação, a cruz de Cristo, isto é a morte redentora de Jesus. Crendo em Jesus que morreu e ressuscitou por nós, encontramos a vida eterna.
Vamos guardar a mensagem
Nicodemos é o representante das pessoas importantes, chamadas à conversão. Ele, que tinha tanto conhecimento das Escrituras, poderia facilmente entender o que Jesus estava explicando. Deus o mandou para salvar o mundo. O povo está como aquela gente do tempo do deserto, morrendo por causa dos seus pecados. E como no deserto, agora Deus também está nos dando um sinal de salvação. Crendo em Jesus crucificado e ressuscitado, o pecador encontra a salvação.
Você deve nascer do alto (Jo 3, 7b)
Vamos rezar a Palavra
Senhor Jesus,
Vemos em Nicodemos, que para acolher o Reino de Deus, é preciso se desapegar de sua grandeza, de seu poder, de seus grandes conhecimentos. O filho de Deus nasce do alto, do Espírito Santo. A cruz, que é a grande humilhação que te impusemos, Jesus, longe de ser um sinal do teu fracasso, é o sinal de tua vitória e da salvação de todos os que aceitam o teu caminho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.  
Vamos viver a Palavra
A cruz nos lembra o sacrifício redentor de Cristo, pelo qual fomos salvos. Você sabe rezar o sinal da cruz? Se não sabe, peça a ajuda de alguém com mais experiência. Reze, hoje, mais de uma vez o sinal da cruz.
Pelo sinal + da santa cruz + livrai-nos Deus + nosso Senhor + dos nossos + inimigos +  Em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

Pe. João Carlos Ribeiro – 10.04.2018

DEPOIS DOS QUARENTA DIAS, UMA NOTÍCIA MARAVILHOSA

MEDITAÇÃO PARA O PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA, DIA 18 DE FEVEREIRO DE 2018.
Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)
Primeiro domingo da Quaresma, 5º dia deste tempo penitencial que iniciamos na quarta-feira de cinzas. A cada dia, um novo passo no caminho da Páscoa. O foco de hoje está no tema da CONVERSÃO. A conversão é a chave para entrarmos no Reino de Deus.
‘O Reino de Deus está chegando!’ Esta é a boa notícia que Jesus anunciou. O evangelista Marcos fez um resumo do programa pastoral de Jesus. Em quatro curtas frases, ele resume toda a sua pregação. “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”
O texto do evangelho de hoje é bem pequeno e ainda pode ser dividido em duas partes. A primeira parte em torno do DESERTO. A segunda parte em torno do REINO DE DEUS.
Vamos à primeira parte, que realça o tema DESERTO. Depois do batismo no Rio Jordão, o Espírito Santo levou Jesus para o deserto. E, no deserto, ele ficou quarenta dias e aí foi tentado por satanás. Essas poucas palavras evocam coisas muito importantes na história do povo de Deus. Depois de liberado do Egito, o povo peregrinou longamente pelo deserto, até entrar na posse da terra prometida. Foi uma dura peregrinação de quarenta anos. E houve muitos momentos de tentação, em que o povo caiu, revoltou-se contra Deus e contra Moisés. Jesus, membro do povo eleito, simbolicamente refaz a caminhada do seu povo. Ele está no deserto, por quarenta dias e, aí, diferentemente de Israel, ele vence as tentações.
Vamos à segunda parte, em torno do tema REINO DE DEUS. Vencidos os quarenta anos de peregrinação e purificação pelo deserto, o povo de Deus entrou na posse da terra prometida. A terra prometida não era só o território de Canaã, mas um conjunto de sonhos e promessas que, infelizmente, não se realizaram todos na posse da terra. Vencidos os quarenta dias de purificação, Jesus anuncia que estava na hora de entrar no Reino de Deus. O que foi a terra prometida para o povo antigo, agora podia ser experimentado de maneira mais completa e plena no Reino de Deus.
‘O tempo já se completou’, quer dizer ‘a espera terminou’. São João fala da plenitude dos tempos que tinha chegado. ‘O Reino de Deus está próximo’, isto é, aproximou-se, está perto da gente, está acessível. É a terra prometida que já se avistava. Essa é a boa notícia: Deus está reinando sobre o seu povo. Jesus, com suas atitudes e palavras, manifesta o Reino de Deus presente na história. Precisamos acreditar nessa boa notícia (crer no evangelho). E, diante dessa boa notícia, precisamos nos voltar para Deus (conversão). É assim que devemos receber a boa notícia do Reino (o evangelho): pela fé e pela conversão.
Vamos guardar a mensagem
O movimento de João, no deserto, preparou o povo para acolher o tempo novo que estava chegando com o Messias. Com a sua prisão, Jesus começa publicamente sua missão. E anuncia o tempo novo que estava chegando. Em suas primeiras palavras, está o programa de todo o seu trabalho: ‘O tempo da espera terminou. O Reino de Deus está próximo de vocês. Creiam nessa boa notícia. E voltem-se para Deus, pela conversão do coração’. Conversão é a grande palavra da Quaresma. E conversão é crer nessa boa notícia, acertar o passo com Jesus e rever seus compromissos, sua vida à luz do reinado de Deus. A sua quaresma são os quarenta dias de Jesus: oração, jejum, resistência às tentações, acolhida do Reino. No fim dessa jornada, celebramos a Páscoa com Jesus.
Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)
Vamos acolher a mensagem,
Com a Oração da Campanha da Fraternidade deste ano, que versa sobre ‘Fraternidade e Superação da Violência”.


Deus e Pai,
nós vos louvamos pelo vosso infinito amor
e vos agradecemos por ter enviado Jesus,
o Filho amado, nosso irmão.

Ele veio trazer paz e fraternidade à terra
e, cheio de ternura e compaixão,
sempre viveu relações repletas
de perdão e misericórdia.

Derrama sobre nós o Espírito Santo,
para que, com o coração convertido,
acolhamos o projeto de Jesus
e sejamos construtores de uma sociedade
justa e sem violência,
para que, no mundo inteiro, cresça
o vosso Reino de liberdade, verdade e de paz.
Amém!


Vamos viver a palavra
É dia de você pegar sua Bíblia e ler nela a passagem de hoje: Marcos 1, 12-15. Aproveite e sublinhe na sua Bíblia, nessa passagem, as palavras  DESERTO e REINO DE DEUS.  

Pe. João Carlos Ribeiro – 17.02.2018

O JEJUM NOS UNE A CRISTO E AOS IRMÃOS


MEDITAÇÃO PARA A SEXTA-FEIRA, DIA 16 DE FEVEREIRO DE 2018.

Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão (Mt 9, 15)

Chegamos ao terceiro dia da Quaresma. É muito importante que a gente não perca nenhum dia desse programa de crescimento que é a Quaresma. O passo a ser dado hoje é sobre o jejum, como expressão de nossa conversão.  

A pergunta veio de um grupo muito querido de Jesus, os discípulos de João. Jesus tinha participado do batismo de João Batista, no rio Jordão. João o tinha apontado como cordeiro de Deus. E alguns dos discípulos do Batista tinham se tornado discípulos seus. Então, a pergunta deles era séria. Não tinha segundas intenções. E o que eles queriam saber? Queriam saber por que os discípulos de Jesus não praticavam o jejum como eles e os fariseus o faziam? A resposta de Jesus foi essa: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. O que Jesus quis dizer com isso?
Podemos entender todo o ministério de Jesus como a renovação da aliança com Deus. Jesus veio pra isso: para restaurar a comunhão com Deus, que foi destruída pelo pecado (desde Adão) e pela infidelidade de Israel, o povo da Aliança. Não é à toa que o evangelho de São João praticamente comece com as bodas de Caná, o casamento que precisou da intervenção de Jesus para dar certo. A aliança, à moda do casamento, é entre Deus e o seu povo. Jesus é o noivo. Veja o que ele respondeu: enquanto o noivo está presente (ele), os amigos do noivo (os discípulos) não podem jejuar. Mas, depois que o noivo for tirado do meio deles (a execução de sua morte), eles jejuarão.
O jejum é uma expressão de nossa conversão. Bom, nossa primeira conversão foi celebrada no batismo, na água. Lá, fomos lavados dos nossos pecados. Mas, infelizmente, continuamos a cair, a falhar, a pecar. Por isso, precisamos estar em permanente atitude de conversão. Deus sempre nos perdoa. Mas, para isso, precisamos da conversão do nosso coração. O jejum é uma forma de cultivamos essa conversão.  Ficamos tristes pelo pecado que cometemos. Esse sentimento do reconhecimento de nosso pecado, da dor que sentimos por nossa infidelidade a Deus, é expresso também nas práticas externas do jejum, da esmola e da oração. Essas práticas
nos ajudam a cultivar a conversão interior e a implorar a misericórdia de Deus, o seu perdão. Ele que já nos purificou pela água do batismo, pode também nos purificar pelas lágrimas do nosso arrependimento.

O jejum tem, então, essa conexão com Deus, a quem ofendemos e a quem demonstramos nosso arrependimento, cultivando a conversão do nosso coração. Mas, o jejum tem também uma conexão com minhas atitudes em relação aos meus irmãos. No livro do Profeta Isaías, o próprio Deus nos diz qual a verdadeira obra que ele espera de nós, o jejum que ele prefere. São sete obras pelas quais procuramos, em relação ao nosso próximo, o alívio do seu sofrimento, a libertação da opressão, a partilha do pão, do teto e da roupa com os mais sofridos.

Vamos guardar a mensagem

O jejum é uma forma de penitência, pela qual me uno ao padecimento de Cristo, em sua paixão. É também um gesto de amor fraterno, no sentido de que me faço solidário com quem está em dificuldade. Você pode jejuar em qualquer dia na Quaresma. O mínimo está previsto pela disciplina da Igreja: na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da paixão. A abstinência de carne às sextas-feiras da Quaresma também faz parte de nossa caminhada penitencial, nesse período. Além do alimento, a gente pode fazer jejum de televisão, de barzinho, de bebida alcoólica, de cigarro, de internet, de whatsapp. Renunciar, pra ficar mais resistente, pra ter mais força interior, para unir-se a Cristo em sua cruz e aos irmãos em suas necessidades.  
Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão (Mt 9, 15)

Vamos acolher a mensagem
Senhor nosso Deus,
Que te deixas comover pelos que se humilham e te reconcilias com os que reparam suas faltas, ouve como um pai as nossas súplicas. Derrama a graça da tua bênção sobre nós que estamos em Quaresma, desejosos de ouvir a palavra do teu filho Jesus, de ser fieis à vida de oração pessoal, e de praticar a penitência e a caridade, em preparação das celebrações da Santa Páscoa que se aproximam.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Vamos praticar a palavra
Bom, não temos pra onde correr. A prática da palavra de hoje é o jejum, jejuar. Se você passou batido(a) na quarta-feira de cinzas, tem uma outra proposta antes da semana santa. O Papa convocou todo mundo para um dia de oração e jejum pela paz no próximo dia 23 de fevereiro, de hoje a oito. E, hoje, como todas as sextas da quaresma, é dia de abstinência de carne. Você sabe, essas práticas externas têm valor se forem expressão de uma conversão do coração.

Pe. João Carlos Ribeiro - 15.02.2028

NÍNIVE VAI JULGAR A GENTE

No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. (Lc 11, 32)
Jonas, tendo desobedecido às ordens de Deus e tomando o rumo contrário do seu campo de missão, terminou sendo jogado para fora do navio. Passou três dias no ventre de um grande peixe e depois foi vomitado vivo, na praia. Jesus, mesmo obedecendo à vontade de Deus, terminou sendo executado fora da cidade. Também ele permaneceu no ventre da terra, tendo sido devolvido vivo, ao terceiro dia.
Jonas foi um sinal para o povo de Nínive. Ele, a mando de Deus, pregou por três dias na grande cidade de Nínive, anunciando o castigo de Deus sobre todo aquele povo. Castigo por conta de sua impenitência, de sua vida de maldade e violência. Mas, o povo, diante daquela pregação de Jonas, tomou consciência de sua condição e implorou a misericórdia de Deus. Acolheu a pregação de Jonas como um convite urgente à penitência e à conversão. Do pequeno ao grande, do pobre ao rei, todos se sentaram em cinzas e pediram perdão de seus pecados. Jonas foi um sinal para o povo de Nínive. Uma convocação à conversão. Mas, também um sinal da misericórdia de Deus, pois Deus, tendo desistido do seu intento de destruir tudo, mostrou a sua misericórdia, dando o seu perdão.
Esse sinal de Jonas para o povo do seu tempo estava sendo reeditado na presença de Jesus, na sua pregação. Como Jonas foi um sinal para o povo de Nínive, assim Jesus seria para o povo do seu tempo. Jonas pregou por três dias, cobrindo toda aquela cidade pagã. Jesus pregou por três anos, percorrendo todo o país. Ele também trazia um convite urgente à conversão. Jesus começou sua missão, convidando todos a acolherem o Reino que estava se aproximando: convertam-se e creiam no evangelho. O convite à conversão, na verdade, é um convite à acolhida da misericórdia de Deus. Jesus estava lembrando que o povo de Nínive recebeu melhor o profeta Jonas do que a ele. Converteu-se à pregação de Jonas. E ali, Jesus não estava encontrando a mesma acolhida, nem a mesma disposição para a conversão. O povo de Nínive iria ser juiz do povo de Deus do tempo de Jesus. E iria condená-lo.
Vamos guardar a mensagem de hoje
O povo pagão de Nínive converteu-se à pregação de Jonas. O povo de Deus do tempo de Jesus respondeu com indiferença à sua pregação que anunciava o Reino de Deus. E um bom grupo reagiu com violência à boa notícia anunciada por Jesus. A pregação do Evangelho, que anuncia o Reino de Deus, continua hoje e chega até você e sua família. Como é que vocês estão reagindo a esse anúncio que pede conversão e acolhida do amor de Deus? Como o povo de Nínive? Como o povo do tempo de Jesus?
No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. (Lc 11, 32)
Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece

APÁTICOS OU FERVOROSOS?


Se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês, há muito tempo teriam feito penitência (Lc 10, 13).
Corazim e Betsaida eram localidades da Galileia, na terra de Jesus. A Galileia foi a área de maior atuação do nosso Mestre. Por aquela região, ele circulou muitas vezes, pregou em suas sinagogas, curou muita gente.  Tiro e Sidônia eram localidades fora da área de Israel, consideradas terras de pagãos. Mesmo que estivessem nas fronteiras do povo eleito, eram comunidades estrangeiras. Segundo o pensamento reinante, os pagãos estavam fora da abrangência das promessas de Deus feitas a Israel. É verdade que Jesus fez diversas incursões pelo território dos pagãos, pelo estrangeiro. Mas, naquele primeiro momento, também ele estava mais preocupado com o povo da promessa. Uma vez, ele mesmo disse que tinha vindo somente para as ovelhas perdidas da Casa de Israel.
Corazim e Betsaida, como as outras localidades da Galileia por onde Jesus circulou com tanto zelo e prioridade, não responderam ao Mestre com entusiasmo, com adesão vibrante, com muitas conversões. Mostraram-se frias, apáticas, reticentes. Em Nazaré, Jesus tinha se queixado que “o profeta só não é bem recebido em sua própria pátria”.
A experiência dos apóstolos, depois da ressurreição de Jesus, foi a adesão entusiasta dos pagãos em muitos pontos do Império Romano. Paulo e Barnabé logo experimentaram isso em Antioquia, na vizinha nação Síria. E depois, Paulo e outros apóstolos, largaram-se mundo afora nas cidades da área do Mar Mediterrâneo, sempre encontrando pouca adesão nas sinagogas dos judeus e vibrante acolhida entre os pagãos.
Então, essa palavra de Jesus hoje é uma queixa contra a pouca acolhida que recebeu no meio do povo eleito (representado por duas localidades: Corazim e Betsaida) e a constatação que o seu ministério estava sendo bem recebido por comunidades fora da terra de Israel (representadas por Tiro e Sidônia).
Vamos guardar a mensagem de hoje
Corazim e Betsaida, hoje, podem ser você, sua família ou sua comunidade. Apesar do trabalho de missionários, de sacerdotes e de tantas oportunidades que vocês têm tido de conhecer o evangelho, pode ser que veja-se pouco crescimento e conversão. Vocês, quem sabe, estarão imitando Corazim e Betsaida, que apesar de terem tido Jesus pregando e libertando pessoas em seu meio, não se tocaram para uma verdadeira conversão. Se esse for o caso de vocês, é bom tomarem para si essa Palavra do Senhor e mudarem, enquanto é tempo.
Se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês,  há muito tempo teriam feito penitência (Lc 10, 13).

O SINAL DE JONAS

Nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas (Mt 12, 39).
Fale a verdade: Deus já lhe deu muitas oportunidades para você tornar-se um fervoroso seguidor de Jesus, uma fervorosa discípula do Senhor, não é verdade? Quantas chances, Deus já lhe deu, para você mudar de vida, converter-se? Agora, é bem capaz que você esteja esperando algo de grande impacto para que finalmente se entregue a esse grande amor!
Você lembra: outro dia, Jesus estava se queixando das cidades de Corazim, Betsaida e  Cafarnaum. Viram tantos milagres, mas não se converteram. Hoje, fariseus e mestres da lei, opositores de Jesus, estão lhe pedindo um milagre: ‘Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti’. Jesus deve ter ficado aborrecido.  Pessoas mesquinhas como aquelas pedindo para presenciar um milagre, mas olhe só. Jesus não fazia milagres pra se mostrar. Àquela altura, Jesus já tinha tomado uma decisão: não iria mais fazer milagre nenhum. Ele chamou aquele povo de geração má e adúltera. ‘Essa geração está pedindo sinais, milagres. Não vai ter mais. Só um sinal, eles vão ter agora: o sinal de Jonas’.
Você lembra do profeta Jonas?! Deus o mandou pregar em Nínive, capital da Assíria. Jonas calculou bem: Nínive, uma capital pagã... uma missão muito difícil, perigosa e, de toda forma, iria ser tempo perdido. E logo o que tinha que anunciar: que Deus iria destruir tudo por ali. Nem pensar. Jonas pegou um navio numa rota contrária. Sujeito teimoso esse Jonas. No meio da viagem, o mar ficou tão enfurecido que os marinheiros desconfiaram que alguém ali estivesse em falta muito grave contra o seu Deus. Jonas confessou que estava fugindo de Deus e da missão difícil que ele lhe confiara. Para salvar a tripulação e o navio, não houve outro jeito. Foi atirado no mar. O que aconteceu foi incrível e você recorda. Um peixe o engoliu e três dias e três noites depois ele foi vomitado na praia. Deus o mandou de volta para a tarefa que lhe tinha confiado.
Jesus disse que não teriam mais nenhum sinal, mais nenhum milagre. Só um: o de Jonas. E ele mesmo explicou: ‘assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estaria três dias e três noites no seio da terra’ (Mt 12, 40). Ele está falando, então, de sua morte e de sua ressurreição. Este seria o grande sinal, o milagre pelo qual lhes seria mostrado sua condição de Messias, enviado de Deus. Esse milagre é um dos mistérios centrais de nossa fé. Mistério recordado em cada celebração. Como Jonas engolido pelo peixe e devolvido vivo, ao terceiro dia. Esse é o grande sinal.

CURAS E MILAGRES

Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não se tinham convertido. (Mt 11, 20)
Hoje em dia fala-se muito de curas, de milagres, não é verdade? É verdade que Deus continua a ser bom e generoso para conosco, nos acudindo em nossas fraquezas e necessidades. Mas, será que as pessoas que recebem tantos favores de Deus voltam-se para ele de todo o coração, começam a andar na vida nova de sua graça, convertem-se de seus pecados? Você, o que acha? ... Será que muita gente está apenas se aproveitando de Deus e depois se esquecendo dele?
Olha o que temos no evangelho de hoje! Jesus mostrou-se decepcionado com as pessoas beneficiadas por seus milagres. Corazim e Betsaida eram pequenas cidades da Galileia. Cafarnaum era uma cidade um pouquinho maior, situada às margens do Mar da Galileia, onde Jesus morava. Nessas e em outras cidades, ele tinha feito muitas pregações e realizado muitos milagres. E ele estava ficando decepcionado com essas cidades. Tanta gente o procurava pedindo todo tipo de favor, e ele atendendo com tanta compaixão, manifestando o poder e o amor de Deus naqueles eventos extraordinários... Mas, àquela altura, ele já estava ficando irritado... onde estava a conversão daquele povo?
Ele mesmo comparou Corazim e Betsaida com duas grandes cidades pagãs, Tiro e Sidônia. Se nessas cidades pagãs tivessem acontecido aqueles milagres, estariam todos fazendo penitência, sentados na cinza, pedindo perdão a Deus. E o povo de Corazim e Betsaida continuava sua vidinha tranquila, sem dar sinais de conversão. E a própria Cafarnaum que já tinha visto todo tipo de milagres de Jesus - na sinagoga, na casa dele, na praça, no mar – e nem assim apresentava sinais de mudança. Aí ele fez outra comparação que certamente não agradou aos seus conterrâneos. Sodoma, a cidade que Deus destruiu com fogo por causa de sua maldade, teria se convertido se tivesse visto os seus milagres. No dia do juízo, as cidades pagãs e a própria Sodoma terão um tratamento mais brando do que aquele gente da Galileia, disse Jesus.
Quer dizer que Jesus esperava que os milagres ajudassem o povo a se voltar para Deus, a se converter. Todo milagre é uma demonstração do amor de Deus que restaura a pessoa humana. Na história do paralítico, ficou claro que mais do que o milagre físico, Jesus veio comunicar o perdão dos nossos pecados. Ele salvou a adúltera que ia ser apedrejada, mas lhe disse:  vá e não peque mais. A própria cura dos leprosos é uma amostra de como sua missão é nos purificar dos pecados. Espera, então, que essas pessoas alcançadas por gestos tão maravilhosos de Deus, passem a caminhar na fé, voltem-se para Deus, acolham o seu enviado.

O domingo de João Batista

Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo  (Mt 3, 1)

Jesus vem. É o mote desse tempo do advento. Jesus está chegando. Precisamos nos preparar. Precisamos preparar a sua chegada.  E qual será o modo melhor de nos prepararmos para a sua vinda? Esse segundo domingo do advento responde. Ele nos apresenta a figura de João Batista, que nos traz uma mensagem da conversão. Sua pregação é essa: “Convertam-se, porque o Reino dos céus está próximo”. Ele está preparando o caminho do Senhor, como disse o Profeta Isaías. O modo melhor de nos prepararmos para o encontro com o Senhor é a conversão.

João está pregando no deserto e batizando no Rio Jordão. “Deserto” lembra o longo tempo em que o povo peregrinou até entrar na terra prometida. Tempo de purificação. Tempo de celebração da aliança. No deserto, o povo recebeu a Lei, para ser o povo de Deus. Lá, fez aliança com o Senhor.  No deserto, tornou-se povo de Deus, povo da aliança. A  entrada na terra prometida deu-se pelo Rio Jordão. João está neste cenário: Deserto e Jordão. A imagem já fala por si: voltemos à aliança com Deus.

A mulher de Ló

Vocês não acham injusta aquela história da mulher de Ló? A pobrezinha olhou para trás e virou uma estátua de sal.  História do primeiro livro da Bíblia, o livro do Gênesis. Ló foi o único justo encontrado na cidade de Sodoma. Tudo de ruim havia naquela cidade de Sodoma. O justo foi convidado a sair dali, deixar tudo, abandonar aquela gente. Mas, é claro, o convite para sair dali foi feito a outros também. Mas, ninguém levou a sério. Ló saiu com sua família. Deus ia por um fim naquele antro de maldade, violência e perversidade. A família de Ló saiu da cidade. Havia uma recomendação: ninguém olhe pra trás. A certa altura, a mulher de Ló olhou para trás para ver o que estava acontecendo por lá. Não deu outra. Virou uma estátua de sal.

Bom, Sodoma e Gomorra destruídas pela cólera divina é uma história contada pelos antigos ensinando às novas gerações que Deus não tolera a civilização violenta e permissiva. Na história dos antigos, muito antes da existência do povo de Israel, essas duas cidades foram destruídas com uma chuva de enxofre. A imagem é a erupção de um vulcão, coisa que ainda hoje se pode ver em alguns lugares. E ao sul do Oriente Médio, encontra-se o Mar Morto, o mar do sal, cheio de montanhas de sal gema. Foi neste ambiente que circulava a história da mulher de Ló que virara uma estátua de sal.

Teria sido mesmo injusta essa punição: a mulher ter virado uma estátua de sal? Mesmo que isso seja uma história edificante, um discurso plástico sobre a seriedade com que devemos acatar as orientações divinas, precisamos digerir melhor esse final triste da pobre mulher. Bom, no evangelho, o próprio Jesus, relembrou essa antiga narrativa e tirou uma lição. A moral da história no seu discurso foi: "Quem quiser ganhar a sua vida, vai perdê-la".

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