PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Os três erros de Tomé

Meu Senhor e Meu Deus! (Jo 20, 28)

Chegamos ao segundo domingo da Páscoa. Domingo passado, poderíamos dizer, foi o domingo de Maria Madalena. Ela foi ao sepulcro cedinho, descobriu que estava aberto e vazio e avisou aos discípulos. Hoje, podemos dizer, é o domingo de Tomé. Ele precisou ver para crer. E mereceu um bom puxão de orelhas de Jesus.

Tomé cometeu três erros, penso eu. O primeiro foi o seguinte: Ele faltou à celebração. No domingo da ressurreição, à tardinha, os discípulos estavam reunidos... essa era a hora em que a comunidade se reunia nos primeiros tempos do cristianismo, ao entardecer do domingo. Nessa celebração do domingo de páscoa, o próprio Jesus ressuscitado se apresentou no meio deles. Tomé não estava nesta reunião. Não sei onde andava, mas faltou a esse momento tão importante.  Jesus fez a saudação do shalom: A paz esteja com vocês! Mostrou-lhes as mãos e o lado, para eles terem certeza que era ele mesmo, o que fora crucificado. E a comunidade ficou, claro, exultante de alegria. Jesus lhes comunicou o Espírito Santo, soprando sobre eles. E lhes enviou em missão, a mesma missão de reconciliação que ele recebera do Pai. Tomé perdeu esse momento tão importante da vida da comunidade.

Os sinais que eles não compreenderam

Impressionante como os discípulos tiveram dificuldade para perceber que Jesus estava ressuscitado. Também pudera, a ressurreição é algo radical, surpreendente e diverso de qualquer expectativa que eles tivessem! Eles estavam fixados na morte, no túmulo. Nesse texto, a palavra “túmulo” se repete sete vezes.

Preocupados como estavam com o túmulo, isto é, presos no horizonte da morte, não se dão conta dos sinais que estão à sua volta que estão apontando para a ressurreição. Dá para perceber pelo menos quatro sinais,  nesse breve relato de São João, que sinalizam a vitória de Jesus sobre a morte. O primeiro é a indicação de ser a madrugada do primeiro dia da semana. É nessa hora, ainda escuro, que Madalena vai ao túmulo. Com a ressurreição, está começando a nova criação, a nova humanidade redimida. Foi numa semana que Deus criou o mundo. O povo de Deus da antiga aliança guardava o sábado, o dia do descanso, o coroamento da obra de Deus. O povo cristão começou a guardar o domingo, o início da nova criação, o dia em que Jesus ressuscitou. Com a ressurreição, começou um novo tempo.

O segredo do jumentinho

Quando Jesus entrou em Jerusalém, a cidade inteira se agitou, e diziam: “Quem é este homem?” (Mt 21, 10).

Com certeza, você já participou de muitas romarias. Uma romaria ou uma peregrinação é uma experiência única, que desperta muitos sentimentos e nos deixa muitas saudades. Imagine-se participando da peregrinação anual da páscoa, indo a Jerusalém, com muitos peregrinos. Vamos lá... imaginação funcionando. Pronto?! Já estamos no meio dos peregrinos que estão indo à cidade santa de Jerusalém, na romaria da páscoa. Agora, não haja como turista. Nós somos desse povo. Vai todo mundo a pé, claro. Alguma família leva seu burrinho ou seu jumento com alguém montado e com provisões para a viagem. A páscoa é aquela festa em que se celebra a saída do Egito: Deus libertou nosso povo da escravidão do faraó.  O povo que vem da Galileia, do norte do país, como nós, que é uma região mais baixa, diz sempre que está subindo a Jerusalém.  Então, estamos subindo a Jerusalém, peregrinando para a festa da páscoa.

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