PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

As três tentações

Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto’” (Mt 4, 10).



Três tentações. Três é uma conta certa, completa. As três tentações resumem todas as tentações na vida de Jesus e na nossa vida também.

A primeira tentação é essa: vida sem sacrifícios. Foi a tentação de transformar pedra em pão. O pão representa tudo o que toca à sobrevivência: a comida, a roupa, o trabalho, a saúde, o bem estar... Está com fome? Transforme pedra em pão. Nada de fome, de mortificação, de jejum. Nada de esforço, de luta, de sacrifício. E é isso mesmo! Queremos ganhar bem, mas com o mínimo de esforço possível. Possivelmente, ganhar na loteria. Ou ter um cargo comissionado, que só precise ir assinar uma vez por mês. Vida sem sacrifício. Cozinhar, demora, dá trabalho.  Vai de fast food, de refrigerante, de enlatados... Vida sem luta, nem sofrimento. Uma dorzinha de cabeça, corre, compra um remédio. Vai dar à luz, cesariana. Parto natural é doloroso. Desentendeu-se, separa, é mais fácil do que dialogar, do que perdoar.  A primeira tentação é ‘vida sem sacrifícios’. Transformar pedra em pão.  Na vida de Jesus, essa tentação foi vencida. Ele nunca usou o seu poder em benefício próprio. Levou vida itinerante, em grande despojamento. A cruz foi a grande marca de sua entrega em favor de todos. Para os seus seguidores, recomendou a renúncia a si mesmos, a partilha, a solidariedade com os sofredores, a caridade para com os pobres.

A vida que renasce das cinzas

Um dia Jerusalém foi tomada pelos babilônios, um império muito poderoso e cruel. O exército inimigo, depois de um longo período de cerco à cidade, entrou com tudo. Uma parte da corte e a elite da capital foram levados como escravos. O exército dos babilônios destruiu tudo o que podia. Os soldados derrubaram os muros da cidade, roubaram as coisas preciosas do templo e tocaram fogo no próprio templo, quebraram tudo. A cidade de Jerusalém, a bela capital da nação judaica, a cidade onde Deus morava no seu templo foi humilhada, queimada, destruída. O povo se dispersou, o reino de Israel se acabou. Isso foi por volta do ano 587 a.C.

Todos os anos, mais ou menos no aniversário daquela desgraça – a destruição da cidade santa de Jerusalém – muita gente voltava àquelas ruínas para visitá-las, lamentar-se pelo ocorrido e pedir a Deus que tivesse piedade do seu povo. No fundo, todos sabiam que tudo aquilo fora consequência dos atos irresponsáveis do próprio povo e de suas lideranças. O rei, os sacerdotes, a corte, os nobres, a população toda ... esses eram os verdadeiros culpados, pois distanciaram-se da aliança com Deus, foram infiéis às orientações dele, traíram sua fé com outros deuses e suas ideologias. O livro das Lamentações, parte da Bíblia, tem hinos desse tempo.

A preocupação

Não se preocupem, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? Os pagãos é que procuram essas coisas. O Pai de vocês, que está nos céus, sabe que vocês precisam de tudo isso  (Mt 6, 31-32)


Será que é possível viver sem preocupação? Preocupação não tem quem ainda não tem responsabilidades. Ou não está em seu pleno juízo. Você se preocupa com o agravamento da saúde de alguém muito próximo, com a segurança de sua casa, com as contas a pagar...  não se vive sem preocupação.
Bom, se a sua preocupação for um sinal de responsabilidade, então é uma coisa positiva. Se a sua preocupação for exclusivamente com os bens materiais, aí já é um desvio. Se a sua preocupação leva quase ao desespero, tome cuidado. Se ela faz de você uma pessoa negativa e aborrecida, claro, você está doente de preocupação.

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