PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Veio, vem, virá


A primeira vinda de Jesus foi o maior acontecimento de todos os tempos. Quem poderia imaginar que o Deus vivo e verdadeiro viesse morar com as pessoas dessa terra? Foi isso que aconteceu no primeiro natal. Deus veio e armou sua tenda entre nós. A Segunda pessoa da Trindade Santa, o Filho, assumiu nossa condição humana no seio de Maria Virgem. Nasceu e viveu entre nós. Como diz o Evangelho de João: "veio para o que era seu. Mas, os seus não o receberam" (Jo 1,11).


Ao lado da alegria que experimentamos no Natal – a vinda do Senhor – reconhecemos com pesar que ele foi rejeitado. Não foi bem recebido. Nem pelos seus conterrâneos, nem pelas autoridades de seu país, nem pelo povo judeu, em geral. No nascimento, Herodes o perseguiu para exterminar pela raiz qualquer possibilidade de oposição política. Na sua comunidade, em Nazaré, foi expulso da Sinagoga  pelos seus próprios conterrâneos. Na cruz, foram as autoridades do Templo e os representantes do Império Romano que o baniram como um malfazejo. Excluíram-no como um indesejado. Poucos o receberam. Mas, estamos com o evangelho de João: "A todos os que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus".

Jesus então já veio. Mas,  continua vindo, continua nos encontrando nas estradas desse mundo. É claro, ele hoje está à direita do Pai, governando a história, como Senhor do céu e da terra. Nisto cremos. Mas, sua promessa foi de ficar conosco, seu povo, sua Igreja, todos os dias até à consumação dos séculos. Assim é que ele continua presente anunciando o Reino, nos interpelando, nos guiando no caminho de volta para a casa do Pai. Ele continua vindo: fazendo-se presente na palavra das Escrituras, no sacramento da refeição eucarística, no conselho e na sabedoria dos irmãos, no sofrimento dos pobres, no clamor dos injustiçados. Ele continua vindo. Oxalá, saibamos reconhecê-lo e recebê-lo.

È certo, Jesus já veio uma primeira vez. E permanentemente, vem a nós, hoje. Mas, definitivamente, no fim dos tempos, virá para julgar vivos e mortos. Quando, não sabemos. Mas, precisamos tomar o seu conselho, estejamos vigilantes, preparados. Disto, tem-nos falado muito nesses dias nas Escrituras. "O dono da casa pode voltar a qualquer momento. Felizes os que estiverem acordados e vigilantes". Como voltará, não sabemos. Apenas temos as imagens da pregação dos profetas do Antigo Testamento. Um modo de falar apocalíptico que Jesus utilizou também. Mas, apenas um modo de falar. O "como' o "quando" voltará são realidades tão surpreendentes e fortes que dela podemos ter apenas uma vaga ideia. A verdade fundamental comunicada nesses textos é que Jesus, o filho de Deus, consumará sua obra fechando com chave de ouro a história, e entregando ao Pai, como um presente, o que de bom colher por aqui.

A Igreja – o povo de Jesus – vai voltando seus olhos, nesses dias do advento, para o presépio de Belém. Foi lá a sua primeira vinda. Mas, não pode deixar de abrir os olhos para o momento atual da história: é nele que o Senhor nos interpela, nos educa, abre o caminho da casa do Pai à nossa frente. Hoje ele continua vindo. Olhando ainda mais longe, apurando bem a vista, nos damos conta também que ele ainda virá. Será a sua segunda vinda. Virá para coroar sua obra iniciada e deixada aos nossos cuidados. E a Igreja, o povo santo, se enche de respeito profundo e sentimentos de penitência frente ao seu Senhor que veio, que vem e que virá. É o advento.

Pe. João Carlos Ribeiro

Ouvidos para ouvir

Pe. João Carlos Ribeiro

Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça. Foi o que Jesus falou. Quem tiver ouvidos para ouvir.  Significa que existe alguém que tem ouvidos, mas não escuta. Como ele disse, tem olhos, mas não vê. E o que há para ver e escutar? O que Jesus está anunciando sobre o Reino de Deus. O Reino de Deus que está se inaugurando com a presença de Jesus. Felizes os olhos que vêem o que vocês estão vendo. Muitos quiseram ver e ouvir, e não puderam.

Entende-se, então, que há uma coisa muito boa acontecendo, algo de muito importante está sendo revelado. A boa notícia, o evangelho, é o Reino. O Reino de Deus. Foi esse o anúncio de Jesus desde o início de sua atividade missionária: “o Reino chegou, convertam-se, creiam”. A presença de Jesus salvando, libertando, restaurando é o Reino acontecendo. As ações e as palavras de Jesus instauram o reinado de Deus entre nós. Suas palavras são confirmadas por suas atitudes e por suas ações.

Esse anúncio, essa boa nova (evangelho quer dizer boa nova) é uma comunicação que muda nossa vida, que dá novo sentido à realidade. Não é apenas uma notícia entre outras, uma manchete a mais. É a resposta que a humanidade estava esperando. A chegada do Messias que Israel acalentara em seus sonhos proféticos ao longo de séculos. É a revelação de algo maravilhoso: o Reino está ao nosso alcance, está batendo à nossa porta. Deus está cumprindo sua promessa: “Eis que faço novas todas as coisas”. É por essa razão que o Evangelho, em confirmação das palavras de Jesus, narra tantos milagres, curas, exorcismos. É o Reino se instalando como luz, como saúde, como paz, como perdão.

Não se pode ficar indiferente a esse anúncio da chegada do Reino. Essa boa nova nos pede uma resposta. Cobra-nos adesão, acolhida, conversão. Lembra o que Jesus falou? “O Reino chegou, convertam-se, creiam”. Conversão é mudar o foco e o rumo da própria vida, sintonizando-a com o Reino. Crer é acolher Jesus e o seu anúncio do Reino de Deus. Acolher Jesus, porque a Palavra afinal fez-se uma pessoa, o verbo que se fez carne.

Mas, também é possível a atitude contrária: não querer ouvir, não querer ver, rejeitar a boa notícia do Reino que chegou como salvação. A liberdade humana é respeitada por Deus, que nos criou como seres livres. O Reino não é uma imposição que nos anula, uma nova ordem que nos é imposta. Resta a liberdade da escolha ou da rejeição. Como diz o livro santo: “diante de ti estão a vida e a morte. Escolhe!”.  Ao amor de Deus manifesto em Cristo, a única resposta possível é o amor. E não existe amor obrigado, adesão compulsória. Só na liberdade, o homem pode responder adequadamente ao evangelho do Reino.

Talvez seja por isso que Jesus alertou: “Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça”.

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