MEDITAÇÃO PARA O DOMINGO, 11 DE FEVEREIRO DE 2018
Eu quero,
fica curado (Mc 1,41)
O evangelho deste domingo nos conta a história da cura de um
leproso. Ele pediu de joelhos a Jesus que o purificasse. Jesus, cheio de
compaixão, estendeu a mão, tocou nele e o mandou ficar curado. Pediu que ele
não divulgasse o fato, mas fosse logo se apresentar aos sacerdotes no Templo
para se reintegrar na comunidade. Mas, ele saiu divulgando o acontecido e Jesus
já não podia mais entrar publicamente numa cidade, mas ficava fora, em lugares
desertos.
Esse final da história é um pouco estranho para nós. Por que
Jesus ficou impedido de entrar publicamente numa cidade e teve que ficar fora,
em lugar deserto? Com certeza, porque as pessoas consideraram que ele estava
impuro, pois tinha tocado no leproso. Tocar num leproso era coisa proibida,
pois contraía impureza. E o impuro,
antes de voltar à convivência social, tinha que se purificar com rituais e
sacrifícios. Mas, com certeza esse ‘ficar fora da cidade’ tem um sentido ainda
mais profundo.
E, como este é um domingo especial, podemos olhar para esse
texto em dois níveis. O primeiro, em sintonia com a Jornada Mundial do Enfermo
que a Igreja celebra no dia de hoje. O segundo, já de olho na Quaresma, que
começa depois de amanhã, com a quarta-feira de cinzas.
A sensibilidade deste dia mundial do doente nos chama a
perceber como Jesus agiu diante desse irmão portador de uma doença contagiosa e
sem cura, naquele tempo, formalmente excluído da família e da comunidade, tendo
que habitar em lugares desertos, largado à própria sorte. Jesus não evitou a
sua aproximação. E ouviu o pedido que ele fez de joelhos ali na sua frente.
Teve compaixão dele, estendeu sua mão e o tocou. E assim o curou. E ainda pediu
para não sair espalhando a graça que tinha recebido, para não chamar a atenção
sobre si. Essas são as atitudes que nos convêm na atenção e no cuidado dos
doentes: proximidade, escuta, afeto, providências em favor de sua saúde,
orientação para sua inclusão na família e na comunidade e não pousar de
bonzinho ou ganhar ponto com a caridade feita. E mais do que tudo: mover-se com
compaixão, o sentimento de Jesus, o amor pelo pequeno e sofredor.
De olho na Quaresma que começa nesta quarta-feira de cinzas,
somos chamados a olhar esse texto num nível de maior profundidade. O leproso,
com uma doença que o destrói, é uma representação do pecador, da pecadora. O
pecado nos afasta de Deus, da família, da comunidade. Adão, depois da
desobediência, se escondeu com medo de Deus. O pecado desfigura a obra prima de
Deus que é o ser humano, o destrói física e espiritualmente. O próprio
evangelista nos deixou uma pista para essa compreensão. Jesus mandou o leproso
ao Templo oferecer o sacrifício pela sua purificação. Purificação é uma palavra
que nos remete à remoção do pecado, a obra redentora de Jesus.
Como Jesus nos purifica do pecado? Ele o expia em nosso
lugar. Como assim? Ele assumiu o castigo pelo nosso pecado, pagou no nosso
lugar. Vamos ver. Onde o pecado leva? É só olhar para a imagem do leproso
daquele tempo. O pecado leva à morte. A morte é o salário do pecado. O que
Jesus fez? Ele tomou o nosso lugar, na morte. Na cruz, ele expiou os nossos
pecados. Ele ficou no lugar do leproso. Se você entendeu, vai entender o final
da história. “Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava
fora, em lugares desertos”. Ele tomou o lugar do leproso, o meu lugar, o seu
lugar. Foi assim que ele nos purificou do pecado.
Vamos guardar a
mensagem
Olhando para Jesus, nesta história do leproso, precisamos
aprender dele como dar atenção e cuidar dos doentes de nossa família e os que
aparecem no nosso caminho. Em primeiro lugar, um grande amor no coração pelo
irmão ou irmã que está doente, como Jesus que teve compaixão do leproso. E,
como ele, ter proximidade, afeto, escuta; promover sua inclusão na família e na
comunidade; interessar-se pelo seu tratamento; e nunca pretender ganhar ponto
em cima da caridade que tiver feito.
Olhando para o leproso, nesta história, recordemos a imagem
do pecador que ele pode estar
representando. E o pecador sou eu, é você. Jesus nos purificou do pecado. E o
fez, morrendo em nosso lugar, oferecendo-se em sacrifício ao Pai em nosso
favor. Esse mistério de morte e ressurreição é o mistério da páscoa que
celebramos cada domingo e que vamos viver, de maneira especial, nesta Quaresma.
Eu quero,
fica curado (Mc 1,41)
Vamos acolher a
mensagem
Em sintonia com a jornada mundial do doente, rezemos inspirados na mensagem do Papa para esta ocasião.
Maria, Mãe da Igreja,
A ti queremos confiar todos os doentes no corpo e no espírito, para que os sustentes na esperança. Nós te pedimos também que nos ajudes a ser
acolhedores dos irmãos enfermos. Nós te suplicamos, mãe, que cada membro da Igreja viva com amor a vocação ao serviço à vida e à saúde. Ajuda as pessoas
doentes a viverem o seu sofrimento em comunhão com o Senhor Jesus, e ampara
aqueles que cuidam delas. Amém.
Vamos viver a palavra
Nós começaremos a quaresma com a quarta-feira de cinzas. Não
deixe a quaresma começar sem você. Vá logo planejando onde vai participar da
celebração das cinzas.
Pe. João Carlos Ribeiro – 10.02.2018
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