PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: QUE DEUS É ESSE?

QUE DEUS É ESSE?


O Reino dos Céus é como a historia do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha (Mt 20, 1).

Quase todo mundo diz que crê em Deus. Ficamos até satisfeitos com isso. Mas, em que Deus realmente crêem? Claro, só há um Deus, é nesse que cremos. Certo. Mas, o que conhecemos desse Deus? Será que o pensamos que ele seja bate realmente com o que ele é? Não será que muita gente tem uma imagem confusa de Deus? E, na verdade, crê é nessa imagem confusa que ele faz de Deus? Pode ser, não é verdade?

Quem sabe direitinho quem é Deus? Bom, o povo de Israel compreendeu muita coisa de Deus, ao longo de sua história. Deus fez aliança com eles, se revelou a esse seu povo. Então, seu testemunho de fé, nas Escrituras, nos mostra muito desse Deus que se manifestou a Moisés e aos profetas, libertando o povo da escravidão, dando-lhes uma lei e uma terra. Esse Deus libertador prometeu-lhes também o Messias. E o Messias veio, foi Jesus. Mas, eles tiveram dificuldade de reconhecê-lo.

Os que acolheram o Messias enviado na pessoa de Jesus, reconheceram que ele era o filho unigênito de Deus. Perceberam que sua vida, suas atitudes, sua morte e ressurreição manifestavam com maior clareza quem era esse Deus que havia se revelado a Israel.  O filho é quem sabe quem é o Pai. E o filho revelou que o Deus único que Israel conheceu é Pai, um pai onipotente, não simplesmente um senhor poderoso e distante. Um pai de família, preocupado com os seus filhos, não um fiscal marcando o que a gente faz de bom e de ruim. Pai, não só dos filhos de Israel, mas Pai amoroso de cada homem ou mulher vindo a esse mundo à sua imagem e semelhança. Pai, que é Deus junto com o Filho. E os dois nos comunicam uma terceira pessoa, o Santo Espírito, os três compondo a Trindade Santa, o único Deus. Pela obra de Jesus, o Pai dá a cada filho o seu Espírito. Assim, quem se une a Jesus, pelo batismo, recebe a adoção filial, fica filho de Deus.

A maior parte dos religiosos do tempo de Jesus irritou-se com essas coisas que Jesus revelou sobre Deus. Isso abalava o seu modo de viver a religião e de organizar a vida em sociedade. Jesus mostrava, com suas palavras e suas atitudes, que Deus estava mais preocupado com as pessoas do que com as leis, as normas, por mais religiosas que fossem. Os fariseus viam nisso uma falta de respeito ao sábado, uma coisa tão sagrada para louvar a Deus.  Jesus mostrou que o mais agradava a Deus era amar o irmão necessitado, com atitudes e obras, como o fez o samaritano da história que ele contou. Sacerdotes e levitas, a turma do Templo, ficaram com raiva dessa história. Nela, eles é que não acudiram o pobre. Quando prenderam Jesus, a principal acusação no Sinédrio foi que Jesus se dizia filho de Deus. O que Jesus revelou sobre Deus foi o que mais escandalizou o seu povo. Isso abalava o modo deles crerem e de organizarem a vida em sociedade.

Aí é que entra a parábola dos vinhateiros contratados em várias horas do dia. Chegou o tempo da colheita da uva, a vindima. Muita gente não tinha mais sua terrinha pra trabalhar e ia trabalhar na terra dos outros. Ficava-se esperando, na praça da cidade, algum contratante.  O dono de uma vinha passou às seis da manhã e contratou um grupo. Acertou a diária. E passou pela praça mais outras vezes, sempre contratando para o trabalho, mas sem marcar o preço: às 9 da manhã, ao meio dia, às três da tarde. E, de novo passou às cinco da tarde, uma hora antes de terminar o serviço. E levou mais um grupo. O pagamento era no fim do dia. Na hora de pagar, começou pelos últimos. E pagou uma diária. Ficou todo mundo surpreso. Quando chegaram os primeiros, estes receberam o combinado, uma diária. Ficaram revoltados. Revoltados com que? Com a generosidade do patrão. Ele não devia ter pago uma diária a quem só trabalhou uma hora. Era uma injustiça.

O que Jesus revelou sobre Deus, com essa parábola? Ficou claro que Deus está preocupado com todos os seus filhos, todos precisam ganhar o pão de cada dia. Por isso, o patrão deu oportunidade a todos. Passou e chamou todo mundo para o trabalho, durante vários horários do dia. Ficou claro que Deus não nos paga segundo os nossos méritos, conforme o que a gente faz. O povo do Antigo Testamento sempre pensou, e nós continuamos pensando, que Deus nos abençoa, segundo nossas boas obras e nossa santidade. O que conta é a bondade dele, não é o nosso merecimento, ter feito mais ou ter feito menos. Como todos precisavam sustentar sua família, o patrão pagou a todos por igual, começando dos últimos. Vendo  a nossa necessidade, ele nos cumula de todo bem e de toda graça. É misericordioso, bondoso, generoso. Assim é Deus.

Vamos guardar a mensagem de hoje

Não basta dizer que crê em Deus. Como é esse Deus que você crê? Jesus nos revela quem é esse Deus maravilhoso que fez aliança com Israel em vista das nações da terra e o enviou como nosso redentor. Na parábola dos trabalhadores contratados em vários horários do dia, aparece um Deus preocupado com todos os seus filhos, criando oportunidades para todos e provendo suas  necessidades, sem levar em conta quem tem mais merecimento ou importância. Aliás, como bom Pai, para ele o mais importante é o filho mais frágil, desprezado e com menos oportunidade. E por que os religiosos do seu tempo ficaram tão irritados com Jesus, a ponto de crucifica-lo? Porque conhecer e amar a esse Deus leva a pessoa a mudar suas atitudes de vida e a buscar um mundo bem diferente do que esse que temos.

Pe. João Carlos Ribeiro – 23.09.2017 


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