PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: CRIANÇA EMBURRADA

CRIANÇA EMBURRADA


Tocamos flauta para vocês e não dançaram; fizemos lamentações e não choraram (Lc 7, 32)
Brincadeira de criança é coisa séria. Nas brincadeiras, as crianças podem representar e reproduzir sentimentos e atitudes que estão à sua volta. A brincadeira é uma fonte de socialização para as crianças, mas também de elaboração da compreensão do mundo que as rodeia.  Nas brincadeiras, na forma de brincar, vão sendo cultivadas  atitudes positivas e generosas como a partilha, o perdão, a alegria pelo êxito do outro, o cuidado, a atenção ao mais frágil. Mas, também nas brincadeiras, aparecem tendências ruins para a violência, o egoísmo, a ganância, o isolamento, a discriminação.
Os adultos precisam estar sempre atentos às brincadeiras das crianças. E, precisam estar por perto especialmente, nos impasses, nas brigas, nos descontentamentos.  É aí que entram a mãe, o pai, os avós, os tios... corrigindo tendências negativas, estimulando os bons sentimentos, reforçando a melhor perspectiva, numa palavra, educando. E mais: evangelizando: levando as crianças a entender a bondade de Deus no sentido da festa, da alegria, do amor e a ver a sacralidade do outro coleguinha, imagem também de Deus. Afinal, fazendo da brincadeira um espaço de crescimento na fraternidade, no amor ao próximo.
E por que eu estou dizendo isso tudo? Para valorizar a palavra de Jesus, que partiu da observação das brincadeiras de crianças do seu tempo. Ele comparou o povo do tempo dele a uma cena que ele já tinha vivido com seus coleguinhas na infância em Nazaré ou visto nas brincadeiras das crianças nas ruas de Cafarnaum, a cidade onde ele estava morando.  A cena era essa: crianças emburradas que não estavam satisfeitas com nada. Olha a palavra dele:  “Com quem vou comparar essa geração? Ah, são como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta e vocês não dançaram. Entoamos lamentações e vocês não bateram no peito!”.
As crianças do tempo de Jesus brincavam com as situações que eles viam: festas de casamento, por exemplo; funerais celebrados em família com seus ritos. Podemos imaginar as brincadeiras a que Jesus está se referindo... “tocamos flauta e vocês não dançaram”: brincar de festa; “entoamos lamentações e vocês não bateram no peito”: brincar de alguma coisa triste, como enterro, exílio... As brincadeiras de criança imitam o mundo real.
Sempre acontecia nas brincadeiras, podemos supor, que um grupo emburrado se negava a participar da brincadeira. Uns começaram a brincar de festa e eles não topavam. Então, para contentá-los, tentavam brincar de uma coisa mais parada e eles também se negavam a participar. Olha, não tem coisa pior do que criança emburrada, que não quer brincar e fica pondo mau  gosto na brincadeira dos outros, não é verdade?
Jesus aplicou esse impasse das brincadeiras infantis ao que estava acontecendo ao seu redor. João Batista era um pregador austero, falava do julgamento de Deus. Um grupo ficou contra e falava mal do profeta. Veio Jesus, que pregou o Reino de Deus como uma festa, frequentava a casa do povo e falava do perdão de Deus. O mesmo grupo ficou contra, emburrado. Negou-se a participar.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Quem já brincou como criança, sabe o que Jesus está dizendo. E sabe que tem gente que se comporta como criança emburrada... Se for o seu caso, trate de melhorar seu mau humor. Abra o seu coração para o anúncio do Reino de Deus, agora mesmo. Destrave o coração para acolher Jesus e seu evangelho. É hora de entrar na brincadeira...
Tocamos flauta para vocês e não dançaram; fizemos lamentações e não choraram (Lc 7, 32)
Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece
Senhor Jesus,
O Reino de Deus continua sendo pregado pelos teus missionários. A evangelização é um convite permanente para entrarmos  na lógica de Deus. Infelizmente, muitos nos comportamos com desconfiança, com desinteresse, influenciando outros a não aderirem alegremente às propostas que nos fazes. Senhor, desata em nós as amarras do homem velho para nos comportarmos sempre como filhos livres, felizes e confiantes no amor de Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje  e sempre. Amém.

Pe. João Carlos Ribeiro – 2016 / 20.09.2017

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