Você, me diga uma coisa, já barraram você numa festa? Ah, é uma coisa muito chata. Uma vez, eu fui para a festa
de formatura de um colega, uma dessas solenidades feitas à noite em casas de
festas chic, com todo aquele glamour e, claro, muita segurança. Meu colega
tinha me enviado o convite, e junto mandou a senha de ingresso para a festa. Eu
já fui um pouco atrasado, dadas outras ocupações, e nem me lembrei da tal
senha. Resultado: fui barrado na entrada da festa. E não tive pra quem apelar.
Telefones desligados, seguranças mal humorados... Não deu outra, barrado na
festa. Você, já passou por uma situação desta? É muito chato.
A história do evangelho de hoje
conta uma história parecida, a história de cinco moças que foram barradas numa
festa, numa festa de casamento. E o mais chato, sabe o que foi, é que elas eram
pagens do noivo, faziam parte de um grupo que acompanharia o ingresso do noivo
na cerimônia. Naquele tempo, as casas de festa não eram tão chics, mas o
negócio era organizado. Eram dez moças que iam entrar na cerimônia,
acompanhando noivo... olha que história!
Dez moças estavam aguardando a
hora de entrar com o noivo na festa de casamento. Cada uma com sua lâmpada de
óleo na mão. Lembre que, no tempo de Jesus, não havia luz elétrica. O noivo
demorou a chegar. Elas acabaram cochilando e dormindo. Acordaram com alguém
gritando: “o noivo está chegando!”. Foi aquele alvoroço. Apareceu logo um
problema: cinco lâmpadas estavam já se apagando. E suas donas não tinham levado
uma reserva de óleo para reabastecê-las. E agora? Pediram às outras cinco para
dividir com elas o óleo de reserva que cada uma tinha levado. ‘Não dá. Assim,
no meio da festa, todas as lâmpadas de óleo vão se apagar. É melhor vocês
saírem para comprar óleo’. Lá se foram esbaforidas as cinco jovens, atrás de
comprar óleo numa hora daquelas. O noivo chegou, entrou todo mundo, as portas
se fecharam. Quando voltaram, coitadas, não puderam mais entrar. Até o noivo,
mandou dizer que não sabia quem eram elas. Barradas na festa.
Eu esqueci a senha para entrar na
festa de formatura do meu amigo. Por que me esqueci? Porque de fato não estava
muito ligado no acontecimento. Iria à festa se desse tempo, era apenas um
programa possível, não uma prioridade daquele meu dia. Esquecer a senha não foi
um detalhe. Foi um sinal de que eu não estava realmente ligado naquele evento
de formatura. As cinco moças esqueceram-se de levar um óleo de reserva. Por que
esqueceram? Com certeza, porque participar do casamento, mesmo como damas de acompanhamento,
não era o seu grande objetivo de vida. Com certeza, tinham sido escolhidas para
essa tarefa, mas elas não estavam realmente focadas nisso. Não se preparam
adequadamente prevendo uma reserva de óleo, nem tiveram tempo nem cabeça pra
isso, com outras tarefas do dia, com certeza. Não entrar na festa do meu amigo
não estragou minha vida. Fiquei só chateado. Mas, para as moças foi o fracasso
de suas vidas. Sabe por que? Porque elas viviam para esse grande momento, para
o encontro com o noivo. Bom, aqui precisava maior explicação, mas vamos assim
mesmo. Porque o noivo era o noivo delas. O noivo é Jesus. As moças somos nós,
sua Igreja. E vivemos para esse grande encontro com o Senhor que está chegando.
Reparou que, na historia, não tem noivas? As noivas são elas. A Igreja é a
noiva que aguarda a chegada do seu Senhor, para a celebração das núpcias
eternas. As noivas, compreendam, somos nós. Não entrar na festa é perder a eterna
salvação.
Vamos guardar a mensagem de hoje
O que será que Jesus quis ensinar
com essa parábola? A lição está no fim da história. “Portanto, fiquem
vigilantes, porque ninguém sabe o dia, nem a hora”. Está no contexto da
preocupação de Jesus pra gente não relaxar, enquanto esperamos a sua volta. O
noivo está demorando. O noivo é ele. Está demorando, mas chega a qualquer
momento. A noiva somos nós, a Igreja. Reparou que cinco se perderam. Ninguém se
perde só, já dizia Santa Terezinha. Por isso mesmo, nada de baixar a guarda, de
descuidar-se... O tempo de espera é tempo de compromisso, de construção. Vigilância é a marca desse tempo em que
estamos vivendo, enquanto o aguardamos. Vigilância é não deixarmos para depois
o que temos que fazer hoje, é fazer bem o que temos que fazer hoje, é estarmos
com tudo pronto para o grande encontro. Porque ninguém sabe o dia, nem a hora.
Chegaram também as outras jovens e disseram: ‘Senhor,
Senhor, abre-nos a porta!’ (Mt 25, 11)
Vamos acolher essa palavra com uma prece
Senhor Jesus,
Como são bonitas as tuas
histórias. Nessa de hoje, tu és o noivo e estás meio atrasado. Por nós podes
até demorar mais, kkk... Mas, esse tempo de espera é tempo de vigilância,
lâmpadas acesas, sustentadas pelo óleo da fé, da esperança e da caridade para
clarear a grande festa que se aproxima, o casamento profetizado no final do
livro do Apocalipse. A Igreja trajada de noiva, a nova Jerusalém, aguarda
ansiosamente a tua volta. Como diz o livro santo: “A Igreja e o Espírito dizem:
Maranatha! Vem, Senhor Jesus”. Amém.
Pe. João Carlos Ribeiro – 31.08.2017
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