Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim
(Jo 14, 6)
Chegamos ao 5º domingo da Páscoa, celebrando a ressurreição de Jesus e
a nossa ressurreição com ele. Para nos ajudar a meditar no sentido da morte e ressurreição
do Senhor, a Igreja abre conosco, hoje, o Evangelho de São João, no capítulo
14. Aí nos sentamos com os discípulos para ouvir Jesus falando sobre sua
partida e sobre a sua intimidade com o Pai. A morte é a sua partida para o Pai.
Quatro palavrinhas merecem uma atenção maior de nossa parte: Pai, eu vou, moradas e caminho.
Comecemos pela palavra “Pai”. A palavra Pai se
repete 12 vezes no evangelho de hoje. Jesus revelou que o Deus da Aliança é
Pai. Não é só o criador. Ele é eternamente Pai em relação a seu Filho único. E
o Filho é eternamente filho em sua relação com o Pai. Jesus revelou o Pai. O
Pai se revelou em Jesus. As primeiras comunidades ficaram pensando em tudo isso
que Jesus falou e amadureceram uma compreensão que transmitiram às gerações
seguintes. No ano 325, no Concílio Ecumênico de Niceia, a Igreja afirmou com
toda clareza: o Filho é consubstancial ao Pai, quer dizer é um só Deus com ele.
Vamos à segunda palavra: “Vou”, eu vou, para onde eu vou. Ele está tendo uma conversa de
despedida, com os discípulos. Um pouco antes, tinha dito que para onde estava
indo, eles não podiam ir. Pedro até queria ir também. Jesus disse: “mais tarde
tu irás, agora não”. Quando entenderam que Jesus estava falando de sua morte, claro,
ficou aquele clima de tristeza no ar. Então, Jesus insistiu para que não
ficassem com o coração perturbado, não tivessem medo. Ele irá para o Pai. A
morte é a sua partida para o Pai, a sua páscoa. Como os hebreus partiram do
Egito para a liberdade da Terra Prometida, assim Jesus vai partir, passando
pela morte e ressurreição. Está indo para o Pai.
A terceira palavra é “moradas.” Na casa do meu Pai tem muitas moradas. “Casa do Pai” e
“Moradas” falam da intimidade com Deus, da união com ele. Esta intimidade com
Deus só poderia ser alcançada com a ida de Jesus, com a sua morte. A sua morte
nos reconciliou com o Pai. Por sua morte, podemos viver agora em comunhão com ele.
Por isso, ele tem que ir na frente, para preparar um lugar. Sem ele passar pela
morte, não temos comunhão com Deus. Depois, ele virá e nos levará consigo. As
primeiras comunidades logo entenderam: um dia, muito em breve, ele vai voltar
e, então, será definitiva nossa comunhão com Deus.
E a quarta palavra é “caminho”. Eu sou o caminho, a verdade, a vida. Você sabe que essa forma de falar “Eu sou” é uma fórmula
de apresentação de sua condição divina, de sua união com Deus. Ele está se auto
revelando aos discípulos. Ele é o caminho que leva ao Pai. Para chegar à
comunhão com Deus, para viver em comunhão com o Pai, é preciso segui-lo e viver
os seus ensinamentos. Aliás, é mais do que isso: é imitá-lo. Ele não só nos
ensina o caminho para chegar ao Pai, ele é o caminho. O único caminho. Não é à
toa que as primeiras comunidades eram chamadas de “comunidades do caminho”.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Jesus é o caminho que nos leva ao Pai. A sua morte foi a partida para
a Casa do Pai. Com essa partida (a gente poderia dizer “com essa páscoa”) Jesus
abriu as portas da Casa do Pai. Todos os filhos pródigos agora podem voltar
para casa e serem acolhidos pela misericórdia do Pai O caminho pra chegar lá é
um só: Jesus Cristo. A ele precisamos acolher, amar e imitar. Ele é o caminho.
A comunhão com Deus, que começou em nós pelo batismo, será plena quando também
nós partirmos para estar ao lado dele, nas moradas do Pai. Ele revela o Pai em
suas palavras e em suas obras. Fala o que Pai mandou dizer e em suas ações, é o
Pai quem age. Ele é um com o Pai. É um Só Deus com ele.
Pe. João Carlos Ribeiro - 13.05.2017
Obrigado, Pe. João Carlos. Sua reflexão é luz para os nossos momentos de formação.
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