E da nuvem uma voz dizia: “Este
é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutem-no!” (Mt 17, 5).
E chegamos
ao segundo domingo da Quaresma. No
primeiro domingo, subimos com Jesus ao Monte das Tentações. Ali, ele enfrentou o
Tentador e venceu as tentações. Com ele, entramos no novo tempo em que o pecado
de Adão foi superado pela obediência do novo homem, Jesus. Então, no primeiro
domingo da Quaresma, Jesus foi comparado com Adão. Ele é o vencedor da
tentação, do pecado.
Nesse
segundo domingo da Quaresma, subimos com Jesus à montanha da transfiguração. A Lei e os Profetas, os livros santos de
Israel representados por Moisés e Elias, nos dizem quem é esse Jesus. Ele é o
novo Moisés, libertador do povo, restaurador da aliança. E o próprio Deus
intervém, como no tempo do Sinai, para dizer que Jesus é o seu filho amado e para
nos recomendar que o escutemos.
O cenário é o
do Sinai, no tempo de Moisés. O povo, em sua peregrinação pelo deserto, acampou
aos pés do Monte Sinai. Moisés subiu com três colaboradores e os líderes do
povo. No Sinai, Moisés encontrou-se com Deus, no meio de muitas manifestações
da grandeza de Deus, que assombraram o povo. Naquela ocasião, uma nuvem cobriu
o Monte. Foi de lá que Deus falou com o seu servo Moisés. E lhe deu a Lei para
o povo se conduzir em aliança com ele.
Esse
evangelho da transfiguração evoca os acontecimentos do monte Sinai. Jesus sobe
a uma alta montanha, com três discípulos. Lá, eles o vêm transfigurado,
glorioso: o rosto brilhando com o sol, as roupas alvas como a luz. Veem o próprio Moisés e o Profeta Elias conversando
com Jesus. Querem até fazer tendas, com aquelas do povo acampado no tempo do
Êxodo. E a nuvem luminosa baixou no monte. E da nuvem ouviu-se a voz de Deus: “Este
é o meu filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutem-no”. É uma
grande revelação de Deus aos discípulos: Jesus é seu filho amado. Ele é o novo
Moisés que restaura a aliança de Deus com o seu povo. A Lei e os Profetas (as Escrituras de Israel),
representadas por Moisés e Elias, nele encontram o seu cumprimento e a sua
plenitude.
A
experiência da Montanha termina. Os discípulos estavam assustados, com medo, de
cabeça baixa. Jesus toca neles, os encoraja. A visão tinha passado. E Jesus
manda que não contem nada daquilo a ninguém, até que ele ressuscite dos mortos.
Essa experiência foi uma visão antecipada de sua condição de ressuscitado, e a
revelação de quem ele era e qual era a sua missão. Ele é o filho amado do Pai, o
novo Moisés, que comunica a Lei do Reino de Deus e está restaurando a aliança com
o seu povo. Ele está constituindo um povo em comunhão com Deus. A sua palavra é
a nova Lei. A sua peregrinação humana e a paixão que se aproxima ganham sentido
na esperança de sua ressurreição, de sua glorificação pelo Pai. Essa experiência
da glória de Jesus há de sustentar os discípulos na hora da paixão e em todas
as horas de dificuldade.
Vamos
guardar a mensagem de hoje:
O grande
apelo na Quaresma é a conversão: acertar o passo com Jesus. No horizonte, está a
páscoa do Senhor, onde renascemos vencedores do pecado e do mal. Quem é esse
Jesus, do qual somos seguidores? É o novo Adão, vencedor do pecado (nos disse a
liturgia do primeiro domingo da Quaresma). É o novo Moisés, o construtor de um
povo em aliança com Deus, o portador da nova Lei (nos diz a liturgia desse
segundo domingo da Quaresma). O próprio Pai nos revela que ele é o seu filho
amado e nos recomenda que o escutemos, que acolhamos a sua Palavra, a nova Lei.
Pe. João Carlos Ribeiro, SDB - 10.03.2016
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