És tu
aquele que há de vir ou devemos esperar outro? (Mt 11, 3)
Ficamos sempre esperando um outro... um outro partido amoroso, um outro emprego, um outro ano. O que temos não nos parece bom o suficiente. Nós nos negamos a reconhecer que o que temos aqui seja o melhor, que nessa condição atual esteja a nossa felicidade, que este, aqui conosco, seja quem Deus enviou. É assim que desprezamos quem já está conosco, quem está perto de nós. E ficamos aguardando um que ainda venha. E que venha de longe, de fora e do alto, possivelmente, para lhe darmos crédito.
Foi o que aconteceu no tempo de Jesus. Não o reconheceram
como Messias. Ele não preencheu as expectativas daquele gente. O próprio João
Batista ficou em dúvida. Mandou alguns discípulos indagar se era ele mesmo ou
se deviam esperar outro.
João anunciou um Messias diferente. Na linha do profeta
Malaquias, João falou de um Messias que vinha com o fogo do julgamento. Iria
recolher o trio no celeiro, mas iria tocar fogo na palha. Seu machado já estava
posto à raiz das árvores. Quem não desse fruto, seria cortado. Um Messias implacável
como o fogo do fundidor, separando o ouro das impurezas com o calor do seu
julgamento. E Jesus não estava batendo com esse modelo de Messias. Pelo
contrário, ele mostrou-se manso e humilde de coração, próximo do povo, convivendo
com os pecadores. Não um juiz implacável, mas um pastor que vai atrás da ovelha
perdida. Não um lenhador de machado na mão, mas um agricultor semeando a sua
semente. Não um fundidor assoprando o seu forno com o fole, mas um pai abrindo
as portas de casa para receber o filho que volta. Um Messias surpreendentemente
diferente.
João Batista ficou confuso. Ele já apresentara Jesus ao
povo, como Messias. Mas, a coisa não estava batendo. Mandou saber. Em resposta,
Jesus mandou os emissários observarem e relatarem o que estavam vendo e
ouvindo. A ação de Jesus, como Messias, no meio do povo, estava na linha do
profeta Isaías. Em Isaías capítulo 35, o profeta fala da vinda do Messias. “Ele
vem para salvar vocês”, disse ele ao povo humilhado no tempo do Exílio: “Então,
os olhos dos cegos se abrirão, os ouvidos dos surdos se descerrarão, o coxo
saltará como um cervo e a língua dos
mudos se desatará. Os que o Senhor salvou, voltarão para casa”. Para
essa tradição profética, o tempo do Messias é o tempo do retorno à casa, o
tempo da libertação dos humilhados.
Olhando bem, os emissários e João Batista podiam concluir:
Jesus é o Messias que Deus mandou. Porque, como narrou o profeta Isaías, os
pobres estão sendo evangelizados: os cegos recuperam a vista, os paralíticos
andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam. São as
obras de Cristo, isto é do Messias. Obras de restauração, de libertação do seu
povo. Os cegos, os paralíticos, os leprosos, os surdos, os mortos representam o
povo machucado pelo sofrimento, mas também depauperado pelo pecado. Os pobres
são evangelizados. As curas são apenas exemplificação da restauração que o
Messias veio realizar. “Eis que faço novas todas as coisas”, diz o livro santo.
João Batista pode ficar sossegado em sua prisão, Jesus é o
Messias prometido por Deus. A novidade é que ele está restaurando a aliança de
uma forma que ninguém tinha imaginado: próximo do povo, cuidando das feridas de
quem foi assaltado e espancado, contando histórias de reconciliação e vida nova
ao povo, festejando a conversão dos pecadores, pastoreando o seu rebanho e arriscando
sua vida em defesa de suas ovelhas.
No natal, reconhecemos Jesus, o Messias, Deus que veio morar
com a gente, Deus que veio cuidar da gente. Quem continua esperando um outro...
um outro partido amoroso, um outro emprego, um outro ano... e desvalorizando o que tem, as pessoas que
estão ao seu lado... quem age assim, não entendeu Jesus, não entendeu o Natal.
És tu
aquele que há de vir ou devemos esperar outro? (Mt 11, 3)
Obrigado pelas sábias palavras.
ResponderExcluirObrigado por interessar-se pela leitura do comentário deste domingo em meu blog. Deus a abençoe.
ExcluirGlória a vós, Senhor.
ResponderExcluirObrigado por interessar-se pelo comentário deste domingo, Nilda Barroso. Deus a abençoe e ilumine.
ExcluirSenhor, dai-nos um coração semelhante ao vosso. Amém
ResponderExcluirObrigado por interessar-se pelo comentário deste domingo, Gilda Maria. Deus a abençoe.
ExcluirExcelente explicação padre. Como o mundo seria diferente se todos entendessem que Jesus é o caminho, a verdade é a vida e que não há outro.
ResponderExcluirExcelente matéria e forma como o padre João Carlos nos orienta sobre valorizar a conjuntura que temos e entender melhor o que é a natureza e jeito divinos...jeito simples e sábio para imitamos. Se nao interpretei bem , peço q o padre me esclareça. Cleide Ferraz
ResponderExcluirExcelente matéria e forma como o padre João Carlos nos orienta sobre valorizar a conjuntura que temos e entender melhor o que é a natureza e jeito divinos...jeito simples e sábio para imitamos. Se nao interpretei bem , peço q o padre me esclareça. Cleide Ferraz
ResponderExcluirObrigado senhor! Que Deus abençoe a todos. Amém!.
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