PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Servos inúteis

Servos inúteis

Assim também vocês: quando tiverem feito tudo o que lhes mandaram, digam: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’ (Lc 17, 10)

Essa parábola do patrão e do seu servo, o seu empregado, só tem no Evangelho de Lucas. Na verdade, Jesus comenta como era esse relacionamento e tira daí ensinamentos muito importantes. O servo trabalha no campo, planta e cuida dos animais. Quando volta do serviço, no fim do dia, o patrão lhe pede para preparar o seu jantar e servi-lo. Só depois, é o que o servo  vai jantar e descansar.  A conclusão do Mestre foi: “Vocês, também. Quando tiverem feito tudo o que lhes mandaram, digam: “Somos servos inúteis.  Fizemos o devíamos fazer”.

Quem é o servo? Você. Nós. Servimos a quem? Bom, o nosso primeiro senhor é Deus. Então, podemos pensar: Somos servidores de Deus.  E uma coisa podemos  aprender com o empregado da parábola. Como servo de Deus, devo colocar os interesses de Deus acima dos meus. Devo dar prioridade às coisas de Deus em minha vida. E nem sempre acontece assim... muita gente pensa primeiro em si, em seus interesses, em seu final de semana.... depois, Deus, se sobrar um tempinho, se ainda estiver com disposição. Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, e  tudo o mais nos será dado em acréscimo, ensinou Jesus. Neste sentido, servir é uma atitude de fé, porque damos a Deus o primeiro lugar.

Mesmo cuidando diligentemente dos interesses de Deus, nosso  Senhor, nunca pudemos pensar que com o nosso trabalho podemos conquistar os dons de Deus. O dom de Deus, sua bênção, a sua graça, a redenção em Cristo nos são dados, não porque merecemos pela nossa bondade ou por nossas obras,  mas porque Deus é bom e misericordioso.  Sem merecimento algum de nossa parte, enquanto ainda éramos pecadores, ele veio ao nosso encontro com o dom da salvação, nos lembrou  o apóstolo Paulo. Neste sentido, nosso muito trabalho,  nossas numerosas e beneméritas obras são apenas repostas do nosso amor, gratidão pelo bem que ele fez em nosso favor. Não compramos o dom de Deus.

Somos servidores de Deus. Cuidemos, em primeiro lugar, dos interesses do nosso Senhor. Demos a ele a prioridade em nossa vida. E nunca caiamos na tentação de pensar que nossas ações, nosso empenho pela glória de Deus, seja um crédito para alcançarmos os seus dons. Somos servos inúteis. Nossa grandeza é sermos servos de Deus.

Nós também somos servidores dos outros. E servimos com nosso exemplo, nossos compromissos, nosso serviço profissional. Somos servos dos outros. Não patrões. Não senhores. O maior é o servidor de todos, ensinou Jesus. Como servos, nossa alegria é servir. Quem não vive para servir, não serve para viver, dizia Dom Hélder Câmara.  Maria, depois de ter recebido a boa notícia do anjo que seria a Mãe do Salvador, colocou-se nas mãos de Deus, dizendo: “eu sou a serva do Senhor”. E logo, viajou pelas montanhas de Judá, para servir a Izabel. Servir é a marca do cristão.

A primeira recompensa do nosso serviço é fazer o serviço bem feito. E servir aqui é todo tipo de trabalho que realizamos na comunidade, na família, na sociedade, particularmente o serviço voluntário e o serviço profissional. De maneira muito especial,  com minha profissão eu sirvo à comunidade, como professor, como gari, como diarista, como atendente.... E a primeira recompensa do meu serviço é fazê-lo bem feito. O que deve ser feito deve ser bem-feito, dizia o padre Benevides, salesiano educador de muitas gerações. Deus viu que tudo estava bem feito. Foi a contemplação do Criador no final da obra da Criação.

Somos servidores dos irmãos. Nossa grande alegria é servir. Servir é a marca do cristão. E a minha primeira recompensa é ter feito o que eu tinha que fazer. Neste sentido, toda tentação de vaidade, de presunção, de vanglória pelo que fez é pura ilusão. Somos servos inúteis. Nossa grandeza é sermos servos dos irmãos.


Pe. João Carlos – 01.10.2017

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