Não era para o cristão ter medo de morrer, não era
mesmo. Toda a vida cristã está marcada pela dinâmica da morte e ressurreição,
pela dinâmica da Páscoa de Cristo. A gente já começa a vida cristã fazendo um
exercício de morte.
O que é o batismo senão uma participação na morte
de Cristo? Só há ressurreição se houver morte, ou não? O apóstolo Paulo ensinou
isso claramente: no batismo mergulhamos nas águas da morte, com Cristo. Ali
afogamos o pecado, morremos para o pecado. Renascemos para a graça.
Ressuscitamos justificados por Cristo.
Então, a gente já começa a vida cristã se
exercitando na morte. Renunciamos ao pecado, às seduções do maligno. E toda
essa renúncia para abraçar o bem e a verdade que há em Deus. É esse o nosso ato
de fé no batismo. Mas, batismo não é só na pia batismal. É todo dia. Todo dia
procuramos viver como batizados, como filhos de Deus. Exercitamos cada dia a
renúncia ao mal, morrendo para o que não presta e só prejudica os outros e a
nós mesmos e ofende a Deus.
A espiritualidade cristã fala de sacrifício, de
fuga da ocasião de pecado. Cada dia, procuramos viver o batismo como adesão
incondicional ao Deus da vida, desmascarando o mal, vencendo o maligno. Assim,
a vida cristã vai se tornando um exercício de morte. É morrendo que se
ressuscita para a vida eterna, diz a oração de São Francisco. São Paulo explica
assim: Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Jesus foi claro:
“Quem quiser salvar sua vida vai perdê-la. Mas quem perder sua vida por minha
causa, vai salvá-la”. Conclusão: viver como cristãos é viver continuamente a
dinâmica da morte. Se quisermos viver para Deus, temos que nos desapegar de
tantas coisas, nos desviar de muitos maus caminhos, mantermo-nos longe do mal
deste mundo. É que nós rezamos no Pai Nosso: Livrai-nos do mal.
Batizado não era para ter medo de morrer. Já vive
na dinâmica da morte e ressurreição. Já mergulhou sua vida na páscoa de Cristo.
A cada dia, procura aperfeiçoar-se no caminho do evangelho que é o caminho
daquele que avisou que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida
pelos amigos”. E quando chegar o momento de apresentar-se ao Pai, já está
acostumado a entregar-se por inteiro nas mãos de Deus. Viveu para este
encontro. Não é naquela hora que vai querer fugir dele. Caminhou desde o
batismo para esse encontro definitivo. Confia que a morte é apenas uma passagem
para vida plena e verdadeira. Mesmo assim, sabe que o negócio não é
brincadeira. Por isso todo dia reza: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós
pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
E
como a morte é certa, é melhor a gente ir se preparando, vivendo bem; vivenciando
o batismo, na dinâmica de morrer cada dia para o mundo, para o egoísmo, para o
mal que nos habita. Para ressuscitar cada dia mais íntegro, mais de Deus.
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