É só abrir os jornais ou ler os noticiários para ver que há
uma grande preocupação com as guerras, a crise econômica, a corrupção na
política. De fato, o avanço do terrorismo do estado islâmico é uma grande
ameaça para o mundo. E o desemprego continua a empurrar os jovens em migração
em busca de oportunidades em outras terras. E a corrupção destrói a credibilidade dos
governos e enfraquece a confiança das pessoas na política. Mas, talvez haja um
problema mais de fundo, uma coisa mais básica e mais vital que esteja em
profunda crise. É, não tenha dúvida, a família. Estamos passando por uma
profunda mudança cultural que está esfacelando ou ao menos redesenhando a
família. A crise do mundo passa pela crise da família.
O Papa Francisco convocou um duplo Sínodo para tratar deste
assunto: os desafios pastorais da família, no contexto da evangelização. Sínodo
é uma grande reunião com representantes da Igreja de todo o mundo, para
refletir e propor soluções no serviço da evangelização. Após a reunião
extraordinária neste ano, o Sínodo volta a se reunir no ano que vem e aí deve
tomar decisões importantes, com o Papa, sobre este tema tão candente. Antes do
Sínodo, em todas as Dioceses do mundo foi respondido um longo questionário que indagou
sobre os problemas da família, o que está acontecendo, o que se está fazendo e
o que poderá ser feito melhor. O Sínodo será a grande resposta da Igreja: como
nós, missionários do evangelho de Jesus, vamos contribuir para fortalecer a
família como uma célula básica da sociedade e da Igreja.
Mas, as respostas não estarão apenas no final do Sínodo. A
resposta já está presente no próprio acontecimento sinodal: temos que nos dar
conta do que está acontecendo e sair em defesa da família, ajudando-a a
realizar bem sua tarefa de escola de comunhão, de cidadania e de fé. O Sínodo
já é uma reposta. Precisamos ser gente que escuta a realidade e age para
transformá-la. Não podemos ficar de braços cruzados, “vendo a banda passar”,
apenas nos lamentando pelo desmonte da família por uma sociedade que estimula o
individualismo, o consumismo e a busca de prazer a qualquer custo. O Sínodo é
uma grande lição: um espaço coletivo de
discussão, em clima de abertura e franqueza, para conhecer a realidade e o
pensamento dos outros e reafirmar nosso compromisso com Cristo para iluminar o
mundo com a luz do seu Evangelho.
E as dificuldades para se realizar bem a família são bem
conhecidas, porque são feridas em nosso próprio corpo. Perguntei no facebook: qual
é o maior problema da família hoje? Centenas de respostas apontaram desunião,
falta de diálogo, individualismo; os vícios, a bebida, as drogas; a
infidelidade; a falta de respeito e obediência dos filhos; a doença e tantas outras
situações causadoras de sofrimento para as pessoas. A família sofre as
consequências de um mundo que se afasta dos valores cristãos e se entrega à
lógica do mercado.
Mas, o tempo não é apenas de lamentação, requer ação. E nós
precisamos nos unir para fazer alguma coisa pela família. E há muito o que
fazer. E cada um precisa fazer sua parte. E por onde podemos começar? Iniciemos
por onde o Sínodo começou, percebendo que família é um dom de Deus, acolhido
com fé. A família já estava no pensamento de Deus, desde o princípio. Somos
família, porque fomos criados à sua imagem e semelhança. Vamos começar com uma
visão de fé e de confiança nessa obra prima de Deus. Ela nasceu para dar certo. Ela conta com a força
do alto. A família não é apenas uma necessidade para nós, para a sociedade e
para a Igreja. Ela é importante também para Deus que a assiste sempre, para que
ela seja um lugar de sua bênção e de seu amor. Ter uma visão de fé sobre a
família já é um bom começo para nós que estamos mergulhados nesse mundo de
guerras, de crise econômica, de corrupção política. Vamos salvar a família, pra
consertar o mundo.
Pe. João Carlos /Ribeiro, sdb - 09.10.2014
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