Mais de 200 milhões: é o tamanho
da torcida brasileira. Preparados ou
não, somos os anfitriões dessa Copa. O número de turistas estrangeiros supera
os 600 mil previstos. As manifestações e greves nos deixam apreensivos. A CNBB,
que congrega os bispos católicos do país, já se pronunciou com preocupação. Copa
Mundial num ano eleitoral é uma mistura explosiva.
Qual é a preocupação da Igreja?
São várias: a proteção de vulneráveis
contra o turismo sexual e o tráfico de pessoas humanas para a prostituição ou o
trabalho escravo; a sorte das famílias que foram removidas para a construção
dos estádios e melhorias de acessos. A perda de memória dos superfaturamentos
das obras da Copa; a repressão a manifestações legítimas nesses dias.
Mas, ninguém pode negar que a
Copa é um grande momento do Brasil. E ninguém de nós está torcendo para que as
coisas deem errado. Pelo contrário, estamos na torcida que tudo dê certo, que
os turistas e torcedores voltem para casa com o testemunho de que o Brasil fez
uma Copa organizada e segura. Esse será o nosso maior troféu. Mas, ninguém pode
esconder que muita coisa foi feita de última hora e mal feita. E que o grande
faturamento não é do país.
O jornalista Vandeck Santiago
publicou, em importante jornal de nossa região, um artigo intitulado “Turista
não merece apito”. Ele lembra que “hospitalidade não tem ideologia e os
turistas que vêm para a Copa não têm nada a ver com nossas brigas
internas”. “Ser bem recebido é uma das
melhores lembranças que podemos levar de algum lugar”. Por isso ele recomenda:
receber bem, dar informação, alertar quem estiver em perigo, acolher com o
nosso calor brasileiro. Desperdício de dinheiro, superfaturamento de obras, má
qualidade de trabalhos devem ser apurados depois. E conclui: “Deixemos o
turista de fora dessas pendengas, na esperança de que ele leve daqui a imagem
real do Brasil de hoje: a de um país maior que suas próprias divergências
internas”.
A Igreja também está oferecendo
serviços religiosos em várias línguas. É importante que não mostremos somente
nossas praias e nossos pontos turísticos e nossa rica culinária. Mostremos
também nossa fé em Deus, nossas igrejas, nossas celebrações. Em muitos lugares,
a Igreja está organizando celebrações em inglês, espanhol, alemão ou francês. E
estão sendo atendidos os pedidos de grupos linguísticos em seus próprios
hotéis. Importante é que onde o turista for, na igreja que ele entrar, seja bem
recebido, como irmão e amigo. Isso é acolher bem. Isso é Brasil.
Mais do que torcer pela vitória da seleção, vamos torcer
pela Copa, para que tudo saia bem, que todos os percalços de sua preparação não
empanem o brilho desta festa mundial de congraçamento e que os brasileiros não
percam a sua fama de ser o povo mais acolhedor do planeta. O Brasil, um país
organizado e acolhedor: isso é muito mais do que o hexa. Faço votos ainda que
depois da Copa, nossa consciência crítica e nossa cidadania façam, com toda a
responsabilidade, a grande festa da democracia.
Pe. João Carlos Ribeiro – 10.05.2014
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