Tenho aqui o email de um
adolescente de 16 de anos. Ele quer um conselho. Ele tem um pai alcoólatra e
quer fazer alguma coisa por ele. Pede uma orientação. Um adolescente preocupado
com a situação da família, especialmente com o pai que bebe muito e apronta.
Viciado no álcool, o pai chega bêbado em casa, sai quebrando as coisas, tratando
mal os filhos, a esposa. Este adolescente angustiado com a situação, quer um conselho,
está procurando uma forma de ajudar.
Esse é, infelizmente, um problema
de muitos lares, e dos grandes. O álcool
gera pessoas dependentes, gera pessoas doentes. O vício da bebida alcoólica é
uma doença, essa é a primeira coisa que a gente precisa dizer. E a segunda
coisa a dizer é que a solução da bebida
tem que ser procurada não somente na boa vontade das pessoas. Na verdade, a
cura precisa ao menos de duas coisas: a vontade do dependente de sair dessa
situação e um grupo de apoio. O melhor grupo de terapia e apoio, nesse caso, é
a Associação de Alcoólicos Anônimos, o AAA. Algum remédio nessas circunstâncias
pode também valer, pois o doente, o dependente químico precisa desintoxicar o
seu organismo. Então, se não se contar com a sua boa disposição, a vontade de
parar, nada feito. Mas, é aí que a família pode entrar de maneira especial.
Os familiares podem ajudar o
dependente do álcool a querer mudar, e isso só se consegue com amizade,
compreensão. Ele precisa ter a sua autoestima elevada. A família pode ajudar demonstrando
afeto, companheirismo, proximidade. O diálogo com ele só é possível quando ele
estiver sóbrio. Esse pode ser um começo de mudança. E depois é preciso vencer a
raiva, as mágoas, os dissabores, e demonstrar carinho e afeição. A rejeição tão comum de vários membros família
não ajuda. O desprezo, a frieza, a indiferença, tudo isso pode reforçar a
dependência e empurrá-lo ainda mais para o vício.
E o que dizer ao adolescente
preocupado com o pai alcoólatra? Bom, você meu amigo, você e sua família que
tanto sofrem pelo vício do chefe da casa, precisam ficar ainda mais unidos e assim
conjuntamente lutarem pela recuperação dele, amá-lo ainda mais, demonstrar carinho
e compreensão. Esse é o primeiro passo. É preciso encontrar um jeito de dialogar
com ele sobre o seu problema, tantas vezes quanto necessário. Esse é o segundo
passo. Assim vocês estarão criando possibilidades para despertar nele vontade
de lutar, vontade de vencer a dependência do álcool, vontade de parar. Essa é o
terceiro passo. É claro que ele não
depende só de vocês, mas depende também. Sem vocês por perto, sem o amor de
vocês demonstrado, ele fica mais frágil, mais jogado à própria sorte, lá onde
já caiu por más companhias, ou quem sabe pela apreensão com os problemas, os
débitos ou outras frustrações da existência.
Se o terceiro passo for dado,
isto é, se despertar nele a vontade de querer parar, então é preciso encaminhá-lo
para um grupo de terapia e apoio. Esse é o quarto passo. E não se trata apenas
de ajudá-lo a evitar o primeiro gole, mas de apoiá-lo numa vida saudável e
feliz.
E se todas as tentativas
falharem? Bom, pelo menos terão a consciência tranquila de que tentaram, de que
fizeram o possível, não se omitiram. Mas, ainda assim não lhes pode faltar o amor
que faz família e que nos marca com cristãos; e a fé e a confiança em Deus,
para o qual nada é impossível.
Pe. João Carlos
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