PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Dom Hélder, 13 anos de partida

Dom Hélder, 13 anos de partida

13 anos da morte de Dom Hélder Câmara. A Igreja se reuniu na Sé de Olinda, sob a presidência do Arcebispo Dom Fernando Saburido em solene liturgia. Os restos mortais do saudoso profeta foram depositados em capela apropriada ao lado de seu bispo auxiliar Dom Lamartine e do seu colaborador assassinado pela ditadura militar, Pe. Antônio Henrique.

Dom Hélder marcou a região metropolitana do Recife, nos anos em que foi nosso arcebispo. Esteve à frente do rebanho em momentos sociais muito tensos e difíceis, como foi o tempo da ditadura militar. O Brasil e o mundo conheceram um Dom Hélder porta-voz dos injustiçados e dos empobrecidos. Um homem lúcido, profeta segundo o evangelho, dono de palavras fortes e contundentes. Mas nós conhecemos mais do que esse profeta respeitado no exterior e temido, em seu país, por suas posições em favor de um mundo fraterno e solidário e de uma igreja pobre e servidora. Conhecemos um Dom Hélder respeitoso das pessoas e cheio de amor para com os sofredores. Um homem simples e ao alcance das pessoas de qualquer classe social.


Com toda certeza, uma das obras mais significativas de Dom Hélder foi o Encontro de Irmãos. O Movimento de Evangelização Encontro de Irmãos nasceu da confiança do Dom no povo pobre da periferia. Ele acreditou no povo sofredor dos bairros populares e o convocou para a grande tarefa da evangelização. Começou no rádio, dando dicas sobre o trabalho com a Bíblia. Passou a reunir as lideranças que foram surgindo. O povo pegou a Bíblia nas mãos e foi à luta. Formaram-se grupos que passaram a ler e estudar a Bíblia semanalmente. A meditação dos textos sagrados animou a participação das pessoas nas lutas dos bairros, reforçou a presença dos cristãos nas associações de moradores, formou gerações de cristãos de fé e de compromisso. E continua formando, porque o Encontro de Irmãos continua vivo e atuante, graças a Deus.

É o Dom Hélder do qual hoje nos lembramos. Um homem do povo. Um homem de Deus. Como ele falava de Deus... havia tanto amor nas suas palavras, quando se referia ao Criador e Pai.... havia tanta emoção nas palavras da consagração que o vimos muitas vezes chorando ao celebrar a Missa. E sempre repetia com toda convicção que o verdadeiro celebrante da Missa é Nosso Senhor Jesus Cristo.

Não há quem não se lembre com afeto da figura de Dom Hélder: a simplicidade de vida que ele abraçou, morando na sacristia da Igreja das Fronteiras; como ia a pé para a Cúria na Rua do Giriquiti, mesmo sob ameaça de forças paramilitares ligados ao regime militar; como abraçava os bêbados, os bêbados que teimavam em pedir-lhe a bênção na rua ou na porta de sua casa. Como esse homem era respeitoso com as pessoas: a qualquer um recebia e abraçava, independentemente de quem fosse, com a mesma alegria e sinceridade.

Reverenciar a memória do Dom: mais uma oportunidade para reavirmos em nossa mente e em nosso coração a imagem desse vulto abençoado e santo. Uma oportunidade a mais para aprendermos, com ele, o respeito pelos humildes, a confiança nos sofredores, o amor incondicional ao Pai e Criador.
                
Pe. João Carlos Ribeiro.     

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