PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Igreja sempre nova

Igreja sempre nova

Os eleitores do papa João XXIII nem de longe suspeitavam na revolução que ele iria iniciar na Igreja. O Concílio Vaticano II, convocado por ele, abriu as janelas da Igreja para o mundo, pôs muita coisa em discussão e liberou novas energias no corpo eclesial. O idoso Papa João estava certo: a Igreja nunca fica velha; o Espírito Santo é a sua eterna primavera.

O Concílio Vaticano II está completando 46 anos. Passados tantos anos, o Concílio continua encorajando novos rumos na Igreja; Igreja que quer continuar a ser fiel a seu Senhor e realizar sua missão nos dias de hoje. A Constituição dogmática sobre a Igreja "Lumen Gentium" (luz dos povos) se abre com estas palavras: "Sendo Cristo a luz dos povos, este sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja". A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo. Em sua face, resplandece a luz de Cristo.

Vocês certamente recordam quando Moisés subiu ao Monte Sinai para conversar com Deus na nuvem e dele receber as tábuas de pedra com a Lei. Quando desceu do monte, seu rosto resplandecia. Era a luz de Deus que nele brilhava. Assim, também retrata a cena de Jesus transfigurado no monte. Seu rosto, suas vestes tudo resplandecia. A luz de Deus brilhava nele. No rosto da Igreja, brilha a luz de Cristo, seu Senhor. Ele é a luz dos povos. Comunicar essa luz a todos é a missão da Igreja.

A Lumen Gentium nos diz que "Jesus deu início à sua Igreja pregando a boa nova, isto é, a vinda do Reino de Deus, prometido havia séculos nas Escrituras" (LG 5). A comunidade de Jesus começou com os que acolheram o anúncio do Reino.  Eles eram chamados de discípulos e discípulas. A pregação de Jesus, confirmada por seus milagres, atraía as pessoas. Os discípulos aprendiam do Mestre. Aderiam aos seus ensinamentos, mas, sobretudo, aderiam à sua pessoa. Dentre os discípulos, Jesus convocou 12, para enviá-los como apóstolos. A certa altura do seu ministério, Jesus começou a dedicar-se mais à formação do seu pequeno rebanho. Foi este pequeno grupo que depois foi confirmado, no Pentecostes, como sua Igreja. A este pequeno grupo, Jesus confiou o testemunho de sua obra até os confins da terra.

Passaram-se 20 séculos de fecunda história, desde a geração apostólica, passando pelo período dos padres do Oriente e do Ocidente, da época medieval, da idade moderna... Em muitos momentos, a Igreja parou para discutir o seu caminho e a sua fé em Sínodos e Concílios. O Concílio de Trento (após a reforma protestante) e o Concílio Vaticano I (em 1870)  marcaram muito a Igreja. Com o Concílio Vaticano II, a Igreja quis rever o seu caminho, acertar o passo com a novidade do Evangelho que não envelhece. O Concílio foi o desaguadouro de muitos movimentos de renovação no interior da Igreja.

O Vaticano II foi uma revolução na Igreja. Renovou a liturgia, sublinhando a participação do povo de Deus nas celebrações. Restaurou o diaconato permanente, possibilitando a ordenação de homens casados no grau de diáconos. Realçou a condição de cada cristão como membro do povo de Deus e participante do sacerdócio de Cristo. Ajudou a igreja a olhar o mundo moderno de maneira mais positiva. Abriu as portas para um novo ecumenismo e a convivência com as religiões não-cristãs. Recolocou a Palavra de Deus no centro da vida cristã. Chamou a atenção para a presença cristã nos meios de comunicação social. E, sobretudo, assumiu, com muita clareza, sua condição de companheira da humanidade em suas dores e esperanças e o seu papel de sacramento da salvação de Cristo na história.

Disse bem a Lumen Gentium: a Igreja deseja iluminar todos os homens com a claridade de Cristo, luz que resplandece na sua própria face.

Pe. João Carlos Ribeiro 

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