PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Sem a roupa certa

Sem a roupa certa

O convidado foi retirado da festa. Estava sem a veste nupcial. Era uma festa de casamento. Durante o evento, notaram que ele não estava vestido adequadamente para a ocasião e foi colocado pra fora. Esse é um curioso pormenor da parábola da festa de casamento que Jesus contou.
Está no Evangelho de São Mateus, no capítulo 22.

Jesus contou a parábola aos líderes do seu povo: anciãos e sumos-sacerdotes. Comparou o Reino de Deus com uma festa de casamento de um filho. O dono da casa convidou muita gente para essa festa. Mas os convidados não quiseram ir. Alguns nem deram atenção.  Outros se disseram impedidos pelas ocupações ou pelos negócios. E houve até quem espancasse os servos que levaram o convite. O pai de família mandou então convocar quem encontrasse pelas ruas, pelos caminhos, pelas praças. A casa ficou cheia. E estava tudo correndo bem, quando se notou que alguém não estava trajado de maneira  apropriada para a festa. E foi despachado, posto pra fora.

É fácil compreender o sentido geral da parábola. O casamento, a aliança, é uma imagem que perpassa toda a Bíblia Sagrada. Representa o pacto de amor entre Deus e a comunidade do povo eleito. O noivo, o esposo é sempre Deus. A noiva, a esposa é a comunidade de Israel. Esse pacto, essa aliança, esse matrimônio, com a vinda do Messias, se concretiza entre Jesus, o Filho e a comunidade restaurada de Israel. O Israel que crê une-se ao Filho, como em um casamento. O povo que crê é a Igreja, a esposa do Cordeiro, como esclarece o Apocalipse de São João.  Esse tempo novo de comunhão e aliança entre o Filho e os que creem nele e o amam é o Reino de Deus. É o que Jesus está ensinando.

Mas os primeiros convidados não aceitaram o convite para se integrar à festa de casamento do filho. É o que conta a parábola. Não ligaram, não aceitaram, maltrataram os servos. Não aceitaram a comunhão com Cristo. Lembremos que eles é que são a noiva. É. Não tem noiva na estória. A noiva é o povo que crê, que acolhe Jesus, que tem comunhão com ele. A noiva é a comunidade dos seguidores de Jesus, a sua Igreja. Como não aceitaram o convite, a convocação foi estendida a outros. Os primeiros convidados eram o próprio povo de Israel, representado por suas lideranças. Os que foram convidados depois são as pessoas mais distantes dos círculos de poder em Israel e os pagãos, os que estavam fora da comunidade do povo eleito.  Esses são os que creram em Jesus e uniram-se a ele na nova e eterna aliança. Aliança é a imagem do casamento. E o Reino de Deus é esse maravilhoso esponsal entre Cristo e a Igreja, na história.

Mas foi encontrado alguém sem a veste nupcial. Sem a veste nupcial! O que isto quer dizer? Que para participar da festa não basta estar presente, comparecer. É preciso estar em condições de se casar. De casar? Claro, pois não está se tratando do casamento entre Cristo e a  sua Igreja? E quem é a sua Igreja? Os que creem nele. A fé é a condição para unir-se a Cristo, para viver em comunhão com ele. O casamento é só uma imagem dessa nova condição da pessoa humana: a de estar em comunhão com Jesus. A fé é a condição fundamental para essa união, para esse casamento. Sem fé é como alguém que está sem a roupa da festa do casamento, sem a veste nupcial. O que vai acontecer com ele? Vai ser posto pra fora. Não está em condições de participar do casamento, de se casar.

Pe. João Carlos Ribeiro – 18.08.2011

Um comentário:

  1. "A fé é a condição fundamental para esta união com Cristo"!Que lindo Padre. São palavras que o Divino Espirito Santo colocou em sua boca Pe. João!
    As vezes nos falta esta veste nupcial, mas logo lembramos que o pequeno grão semeado dentro do nosso coração é o maior tesouro que o Bom Deus mesmo nos deixou: A FÉ e aí temos a esperança de trocar nossas vestes sujinhas, pelas limpinhas,que nos dá direito a participar do casamento!

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