PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: O dízimo

O dízimo

O povo da Bíblia, quando começava a colheita, apresentava uma oferenda
em agradecimento a Deus pela safra que começava a colher ou por seus
rebanhos em tempo de corte. Isso se chamava dízimo. Dizimar era
oferecer a Deus os seus primeiros frutos e suas primeiras criações de
corte, representando o fruto do seu trabalho.
Por esse gesto, a pessoa
expressava um forte sentimento de reconhecimento e de gratidão.
Reconhecia que Deus é quem lhe providenciava o necessário para a
sobrevivência. E agradecia a Deus por todos os benefícios recebidos.

Era assim que pastores e agricultores separavam uma cota
representativa do seu rebanho e de suas colheitas para apresentarem no
Templo, como reconhecimento e gratidão a Deus. Isso era o dízimo. E
havia também, em Israel, uma outra preocupação em relação ao dízimo, o
cuidado com os pobres. Como a pessoa devia levar ao Templo sua oferta,
igualmente devia socorrer os pobres, as viúvas, os migrantes sem terra
e os órfãos e de sua vizinhança. Separava algo para Deus e algo para
os pobres. Dizimar era o verbo que indicava reservar uma parte da
colheita ou do rebanho para Deus e para os pobres. Nesse sentido, não
era décimo. Era dízimo, isto é a dedicação de uma parte para Deus e
para os mais humildes.


E como é o dízimo na Igreja Católica? É uma norma muito simples: "cada
fiel deve participar, na medida de sua capacidade, na manutenção
material da Igreja". É o que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre
o tema. E só isso. "Cada fiel deve participar, na medida de sua
capacidade, na manutenção material da Igreja". Nesse sentido, o dízimo
(ou a oferta que o realiza) tem a seguinte destinação: sustentar o
trabalho missionário da Igreja, manter o culto, o templo e os
ministros; e financiar o serviço da caridade em relação aos mais
pobres.


Na verdade, a oferta do dízimo é um sinal de maturidade na fé por
parte de um cristão. A oferta só tem valor se for dada em espírito de
fé, como um louvor a Deus e como expressão de co-responsabilidade com
a comunidade eclesial. O contrário também é verdadeiro. A não
participação no dízimo significa, pelo menos, falta de sentido de
pertença e de responsabilidade com a própria Igreja.


É claro que a Igreja não é um clube a que eu pertenço e preciso pagar
uma mensalidade para ter direito aos seus serviços. Na verdade, a
Igreja é o mistério de nossa comunhão com o Pai, por meio do seu
Filho, no Espírito Santo. É a grande congregação dos filhos, cuja
cabeça é o próprio Jesus. Mas essa Igreja peregrina tem suas
necessidades: precisa bancar seu apostolado, seu serviço missionário,
pagar contas de água e luz, manter e construir novas edificações,
formar seus ministros... só para lembrar alguns itens da longa lista
de suas necessidades. E quem mantém tudo isso? A contribuição
financeira dos seus filhos adultos, contribuição oferecida como louvor
a Deus e como expressão de co-responsabilidade na Casa de Deus. Coisa
de gente iluminada pela fé, gente-aprendiz do Deus providente e bom
que não se deixa vencer em generosidade.

Pe. João Carlos Ribeiro – 08.08.2011

2 comentários:

  1. Quando se tem neste importante veículo várias idéias e posicionamentos sobre esse e aquele Tema. Me vem a mente que, maravilhoso é o direito constitucional de emitir opinião sem anonimato (art. 5º incisos IV e IX do Titulo II). Daí, lhes convido ─ ao dono do Blog e leitores do mesmo ─, a ler o meu Blog: O DÍZIMO, A BÍBLIA E A ERA DA GRAÇA, endereço ─ www.odizimoabibliaegraca.blogspot.com sobre o assunto.
    Atenciosamente JORGE VIDAL

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  2. Olá, a paz!


    Convido o amigo a ler um TCC acadêmico/teológico sobre o "dízimo" que está postado no site [ www.reformaja.org ] no link "arquivos": A sombra do Templo no Dízimo e na Igreja.

    Também acreditamos que o material produzido faça parte do vosso ambiente de estudo e análise. Por esta razão, leia a pesquisa até o fim se for possível, pois o desenvolvimento do texto/teoria é realmente impactante.

    Um abraço!

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